Tuany, que ultimamente vem colaborando com ótimos guest posts, é publicitária em Floripa. Ela se animou a escrever este texto a partir dos anúncios absurdos que surgiram recentemente. Eu, que fui redatora publicitária durante 7 anos em outra reencarnação, me identifiquei:
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Anúncio das sopas Vono |
Uma das primeiras coisas que a gente aprende na faculdade de Publicidade e Propaganda é: leiam. Estudem. Vejam TV. Ouçam rádio. Vocês falam com pessoas, precisam saber como se comunicar com elas. A grande verdade é: tenho 8 anos de mercado e pouquíssimas vezes flagrei um colega de criação lendo portais de notícias. Eles se restringem aos blogs da área da propaganda que eu carinhosamente chamo de Mundo Encantando dos Anúncios que Jamais Faremos.
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Público-alvo? Anúncio da
Louis Vutton sapatos |
Outra coisa bastante dita é para conhecermos o público-alvo, saber com quem estamos falando. É aí que mora o perigo: normalmente isso se baseia em estereótipos de classe e gênero. Um dos exemplos na aula era, justamente, propaganda de cerveja. Por que as propagandas de cerveja são do jeito que são? Porque o público-alvo é de classe baixa e... homem. Isso me foi dito há 6 ou 7 anos e tudo continua igualzinho.
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Outdoor de cerveja nos EUA
removido após protestos: garota
grátis a cada lata |
O nome disso, pra mim, não é conhecer o público-alvo, é preguiça criativa, é conhecer a receita do bolo e repeti-la porque sabe que, desse jeito, ele vai dar certo. Pra que procurar outros caminhos sendo que esse aqui já foi feito tantas vezes e deu certo? Aí nós temos dois problemas:
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Muito inovador: anúncio de moto
em Alagoas |
INOVAÇÃO x CRIATIVIDADE: criatividade nada mais é que achar uma forma engraçadinha pra repetir algo já falado à exaustão. Isso as agências fazem com maestria. Sempre há um jeitinho novo de ser o eco do eco do eco. De outro lado temos a inovação. Inovação é fazer algo totalmente novo, mudar o discurso, rever os conceitos. Logo, nenhuma agência que eu conheço pode se autointitular inovadora.
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Anúncio de cerveja em
Moçambique: feministas
conseguiram retirá-lo |
PROPAGANDA É (APENAS) UM NEGÓCIO: agências de propaganda oferecem um serviço, o cliente paga. Normalmente, o cliente não aceita sugestões ou ideias que são contrárias aos seus princípios, pois na cabeça dele, ele é o expert daquele mercado. Exemplo: trabalhei numa agência que atendia uma sex shop e nos foi solicitado um material. Na foto, um homem branco beijava uma moça negra. A peça foi reprovada com o seguinte argumento (jamais vou esquecer essas palavras): “A foto dá uma ideia inter-racial. E nós não queremos isso”.
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"Bebeu perdeu": versão para meninas
é puro slut shaming |
Ou seja, não quero que negros se identifiquem com isso e não os quero frequentando minha loja. Quando fui rebater, meu chefe apenas me olhou e disse: “Faz o que ele quer, ele tá pagando”. Acho que esse diálogo resume bem a ideia que eu quis passar. O cliente paga e entregamos a ele o que ele quer, não o que julgamos melhor. Em tempo: a foto foi trocada pela de um casal branco e a peça, aprovada sem ressalvas.
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Versão para meninos: a vergonha e
os riscos são bem diferentes |
O que a propaganda esquece é que ela tem uma função social a cumprir. Propaganda influencia na sociedade de forma bastante visível, seja criando necessidades que as pessoas nem sabiam que tinham, seja colocando bordões na boca de todos. Todos nós temos uma propaganda que lembramos. Se conseguimos vender produtos que as pessoas não precisam, por que não podemos influenciar comportamentos positivos?
A resposta está logo acima: falta inovação e quem aposte na ideia, quem financie. Há medo do novo.
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Campanha da Conti Beer |
Por essas e outras que temos visto com frequência tantas propagandas problemáticas, vide a lata da Conti Beer com a moça que fica de biquíni quando a bebida está gelada, vide a propaganda do Ministério da Justiça do "Bebeu, Perdeu" e, semana passada, a da Skol com “Esqueci o Não em casa”. Essas propagandas sempre existiram, a diferença é que agora nós estamos problematizando, questionando e nos revoltando com isso.
E os publicitários não vão perceber enquanto estiverem focados apenas nos seus blogs do Mundo Encantando dos Anúncios que Jamais Faremos. O último caso citado, da Skol, acredito que será extremamente positivo pois, até onde li, o presidente da Ambev ligou para uma das moças que protestou contra a campanha e se comprometeu a recolher as peças. Os publicitários estão sendo obrigados a abrir os olhos.
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Uma leitora apontou que
a nova peça da Skol é
trollagem: repare no SQN
(só que não) |
Em tempo, um ponto que pode explicar bastante coisa: 99% das pessoas com quem já dividi a criação são.... sim, homens, brancos, cis e héteros. Junte isso a um mercado que valoriza o ego e o ganho acima de tudo e temos a fórmula do desastre. Nenhum desses colegas se interessa em saber se milhares de estupros ocorrem no carnaval (ocorrem o ano todo, mas no carnaval esse número é potencializado), se existe um movimento que combate o slut shaming. Isso, pra eles, é apenas coisa de “feminista chata”, “ninguém vai enxergar essa peça com esses olhos, você está exagerando”, “todo mundo faz desse jeito e nunca deu nada”.
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Campanha da Onu Mulheres cria um
ótimo exemplo |
Acho que temos, sim, que problematizar toda propaganda equivocada que vemos, temos que fazer barulho, temos que boicotar marcas. Quem sabe assim, os publicitários percebam que nada mais são que conservadores preguiçosos disfarçados de descolados com óculos de aro grosso. E quem sabe começarei a ser um pouquinho mais ouvida no meu próprio trabalho.
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Violência típica contra as mulheres |
Não entrarei no mérito de como é ser mulher e trabalhar na criação de uma agência, senão esse guest se estenderia até 2025, mas apenas um aperitivo: dias atrás estava discutindo uma ideia com meu diretor de criação quando, no meio de uma frase minha, ele vira as costas e sai andando. Quando o repreendi por me deixar falando sozinha ele me responde: “Tu é mulher, deve estar acostumada a ser rejeitada”. Esperar o que das campanhas que vão pra rua quando o machismo tá entranhado na espinha das agências? E dos clientes, e da sociedade...
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Intervenção em muro de Brasília: Por uma cerveja feminista!
Chega de propagandas machistas |
Ótimo guest, parabéns! Tenho visto muitas propagandas machistas e objetificadoras na tv, além daquelas que apresentam produtos para casa e cozinha como produtos "femininos". Estou cansada disso, até lâmina para depilação feminina coloca como um grande atributo e inovação o cabo ter várias versões coloridas. A sociedade nos trata como fúteis e inúteis.
ResponderExcluirQuanta ignorancia!!!
ResponderExcluirO que a propaganda quis dizer é que se um homem levar um 'nao' é como se a mulher dissesse 'nunca'!
Quanta ignorância!!!!!!!!!!!!
ExcluirO "e trouxe o nunca" é justamente a intervenção das mulheres que se posicionaram contra essa propaganda absurda.
Pena que nem todos os homens entendem não como nunca....
ResponderExcluirOff topic
ResponderExcluirSei que o tema é importante(e depois irei comentar), mas, te passo a notícia de uma comunidade hedionda no facebook de um racista, misógino doente mental que "saiu" mas não SAIU!
Ainda tem essa comunidade só que sem fotos.
Maiores informações no link abaixo:
https://mamapress.wordpress.com/2015/02/15/facebook-volta-atras-e-tira-do-ar-pagina-neonazista-que-atacava-mulheres-negras/
Diva
Parabéns pelo texto Tuane, imagino como deve ser trabalhar nesse meio e não ter poder para mudar. Vc está certa temos q continuar sendo chatas e reclamando, quem sabe um dia eles nos entendem.
ResponderExcluir99% das pessoas que acham "exagero", não pensam na possibilidade de ter uma esposa, filha, irmã, mãe, etc; vítima de um "homem que não conhece não".
ResponderExcluir-
Se a mulher não ta interessada em você, parta pra outra. Existem mais de 3 bilhões de mulheres no mundo, se nenhuma delas te quer, é porque você merece focar sozinho.
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Eu evito bebida, porque ela só serve para atrapalhar o raciocínio, abaixar o nível de testosterona(nos homens) e outras coisas do tipo. Não vejo benefícios em consumir isto.
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Mas o que discordo é o seguinte. O que é objetificação da mulher? Por que um homem como "colírio" da capricho pode e uma "tiazinha" não? Por que a Barbie reforça um padrão de beleza inalcançável e o he-man não? Assim como a mulher tem todo o direito de querer homens altos, fortes, bonitos e ricos, o homem tem todo o direito de querer uma mulher linda.
A verdade é que a maioria não vê mesmo a propaganda com os olhos que essas garotas viram, mas repercussão em rede social está tendo poder. Uma propaganda que atinge milhões de pessoas recebe 30 reclamações no Conar e é retirada do ar. O fato é que o cliente realmente conhece seu público, do contrário não seria bem sucedido no negócio nem teria dinheiro para contratar uma agência - e assim gerar o emprego e a renda da publicitária - e é óbvio que é a vontade dele que deve ser levada em conta. A função da publicidade comercial é vender o produto. Induzir mudança de comportamento social é papel da propaganda institucional. Creio que quando uma propaganda REALMENTE incomode o público alvo do produto, a melhor crítica seria o boicote, a rejeição do produto. Apesar do poder político junto aos órgãos reguladores das propagandas e com pressão suficiente pra defenestrar o publicitário que criou a peça, a verdade é que a maioria absoluta dos consumidores acha exagerada essa patrulha, ao menos é o que se percebe nos comentários dos portais de notícias.
ResponderExcluirBah, chato mesmo é quem reclama que as feministas são chatas. O machismo nessa propaganda é tão absurdo que até um ogro deveria perceber.
ResponderExcluirEngraçado, há uns oito anos atrás eu assisti a uma entrevista da vice presidente de uma grande agência de publicidade (Leo Burnett ) onde se discutia o machismo na propaganda e ela disse que o número de mulheres trabalhando em publicidade equivalia ao de homens, e que por isso o machismo nas propagandas não era uma questão de "domínio masculino" mas de mentalidade como um todo...
ResponderExcluircerto...mas o que dizer desse monte de mulheres nuas nos desfiles de ecsola de samba? Na hora de ficar pelada não existe machismo,não existe classismo,não existe racismo,não existe nada: é "meu corpo,minhas regras".Aí depois ficam de mimimi mulher objetificada...
ResponderExcluirNenhuma cervejaria criou o fio deental,ninguém nos obriga á usá-los na praia,as propagando só se utilizamn do que já existe,do que ajudamos a manter.Nós nos objetificamos mas feminista nega e insiste nessa hipocricia tosca.
Muito comédia vcs...
Puxando o tópico pra outro lado: Pq essa obrigatoriedade cultural de beber em qualquer evento? Eu não bebo e nem vejo bebida como fundamental pra que eu me divirta. Pelo contrário, aliás.
ResponderExcluirSinceramente acho que algumas mulheres se comportam de maneira tosca. Mas não é meu papel como feminista apontar o dedo na cara delas. E isso abre brecha pra aquele papinho "mulher objetificada na propaganda? culpa da atriz/modelo que aceitou o trabalho".
ResponderExcluirAí é o cúmulo da cara de pau.
Não é a mulher que se objetifica. Há todo um contexo social que leva a objetificação da mulher. Tava assistindo o desfile do Rio e me perguntando porque tem tanta mulher quase pelada. Qual a necessidade disso?
Anonimo das 21:39 - Estas mulheres ficam "nuas"(sic) porque querem. E ninguém tem nada a ver com isto. Elas não tão provocando ou algo do tipo por se vestirem desta forma.
ResponderExcluirE Sisyphus, a objetificação da mulher é bem pior que para homem. Se o homem é feio ou bonito, isto pouco o afeta. Já a mulher, a bonita, é assediada, corre riscos de ser estuprada, e tudo o que conseguir, foi por "favores sexuais"(sic - como se mulheres bonitas fossem incapazes de serem inteligentes) e se for feia, é alvo de chacota, deboche, etc.
ResponderExcluirPoxa e eu achando que o objetivo da publicidade, era vender um produto...dai vem uma feminista e diz que publicidade deve ser revolucionária, dane-se o que quer o cliente, e a aceitação do publico alvo.
ResponderExcluirMoça...publicidade não e lugar para Hippie, muito menos para comunista/socialista, publicidade e puro capitalismo, não tem nem logica.
Mulher bebe cerveja, mulher é consumidor também. Ou os capitalistas publicitários não sabem disso? Não tem nem logica tratar mulher como brinde e coisa nas propagandas. Quer dizer, pros publiciotários machistas parece que tem...
ExcluirSó que a grande m**da é: se eu criar uma marca de um cerveja que se vende como feminista. E fizer anúncios super legais sem objetificar ninguém... enfim. E fizer uma marca de cerveja que se vende como todas essas que já estão aí.
ExcluirQual vc acha que vai vender mais? Infelizmente propaganda visa lucro e por isso trabalha com estereótipos.
Ou deixamos de visar lucro, ou nos tornamos maioria...
"Se o homem é feio ou bonito, isto pouco o afeta"
ResponderExcluirDe fato, o que o afeta e o conceito social que tem, se de vitorioso, ou fracassado socialmente falando. E o publico alvo deste produto, são mulheres heterossexuais, não feministas, então fica difícil explicar
Pra quem veio com papo de objetificação e mulheres aceitando o trabalho:
ResponderExcluirPeguemos o exemplo da Andressa Urach que até recentemente ganhava muito $$$ posando pra revista, dando entrevista em portais, aparecendo em programa de tv, fazendo desfile, etc. Ou seja, sem música, sem trabalho de atriz, só exibição do corpo.
Um homem gostoso e bonito no mesmo nível da Andressa, será que ele ia ganhar o mesmo que ela nessa indústria? Porque será que nessa indústria da exibição de corpo pagam mais/há mais vagas pra mulher pelada/semi-nua do que para homem? Se as mulheres são 50% da população e também gostam de ver homens sarados, difícil entender porque um homem nessa mesmo ramo não consegue ganhar tanto quanto uma Andressa Urach ou outra Panicat.
O problema não é a mulher aceitar o trabalho, escolha individual dela. O problema é: quantos homens sarados vcs conhecem que ganham o mesmo que uma panicat, fazendo o MESMO que ela? (não vale citar ator, cantor, youtuber)
Porque a objetificação feminina é estimulada e a masculina não?
"Porque a objetificação feminina é estimulada e a masculina não?"
ExcluirPorque vivemos num mundo patriarcal e machista que enxerga mulher como coisa a desumanizando enquanto vê o homem como pessoa.
Essa foi fácil manda outra.
Se a mulher aceita o trabalho é porque tem alguém pagando. Aserá que esse mesmo alguém tá pagando homem pra tirar camisa e sair gostoso nas fotos? Ou só paga se for mulher?
ResponderExcluirMas se nenhuma mulher aceitar esses idiotas vão achar outras coisas pra fazer. Há os dois lados da moeda
ExcluirComplementando, de onde surgiu essa ideia de que existe mercado pra mulher exibindo o corpo mas para homem não? Porque é tão mais comum a gente ver na propaganda a objetificação do corpo feminino, mas não do masculino? Se mulheres são metade da população e também gostam de homens bonitos, tem algo errado nessa proporção. Porque o corpo feminino é tratado de modo tão diferente na propaganda, como se ele fosse o único que vendesse (ou melhor, como se ele fosse o único que devesse ser explorado)? É isso que o feminismo questiona, e não a objetificação feminina em si, sem contexto.
ResponderExcluir"Se o homem é feio ou bonito não importa..." É verdade. A cobrança em cima do homem é em relação ao sucesso profissional e desempenho sexual (o que, em muitas circunstâncias pode ser bem pior do que ser avaliado pela aparência).
ResponderExcluirNunca será pior. Sucesso profissional: basta trabalhar. Todos sabem que esse tal sucesso não é nada mais do que ser capaz de pagar as próprias contas com alguma sobra para poupança. Isso é importante para a formação de uma família, já que crianças dão despesa e necessitam de cuidados e comprometimento.
ExcluirDesempenho sexual: transar com regularidade, com alguma atenção (pelo menos) ao prazer feminino.
Isso tudo é passível de aprendizado e melhoria ao longo da vida. São coisas que a pessoa controla.
Aparência é contingente. E da forma como cobrada socialmente, uma prisão. Mais impede o desenvolvimento pessoal, do que contribui para ele.
O sucesso profissional e o desempenho sexual que o homem quer ter é mais pra se destacar de outros homens do que para mulheres. É só pra não fazer feio nas rodinhas masculunas, já que as mulheres, só enxergam como coisa.
As mulheres precisam se coisificar para atrair a atenção masculina.
Os homens precisam apenas serem humanos. Quanto mais humano, aliás, mais atraente.
Essa coisa de fazer o que o público alvo quer para vender não tem nada a ver. Se fosse verdade os publicitários focavam mais em histórias engraçadas de bêbados, que é o que os homens de classe baixa (público da Ambev)gostam quando saem para beber. Mas isso quase não é explorado.
ResponderExcluirTenho certeza do machismo dos publicitários e jornalistas, que para mim não tem muita massa cinzenta para fazer algo realmente inovador. Querem a massagear os próprios egos sem refletir mesmo.
A maioria dos sommeliers de cerveja são mulheres. Pq? as cervejas artesanais não tem apelo nas propagandas, são coisas sutis focando a qualidade do produto.
A verdade é que tudo o que é bom não precisa de propaganda.
Acho ótimo essa movimentação quanto às propagandas ridículas.. isso é evolução. A imagem da empresa em uma posição ruim é prejudicial principalmente se ela tem capital aberto, ações na bolsa.. aí caí o valor de verdade.
muito bom o guest post! Se as pessoas fossem minimamente conscientes, se preocupariam mais com as mensagens que esão sendo propagadas por aí. Publicidade vai muito além do produto.
ResponderExcluirQuanto a retificação da Skol, eu entendi o "n" com o símbolo da ceveja como "o não que desce redondo" (é a Skol q usa esse bordão, né?!). Mas como não vi ninguém mais vendo isso, acho que foi uma superinterpretação minha.
Clara
Muito bom o post! Ainda ontem eu compartilhei uma propaganda da palmolive, me perguntando e aos meus colegas: quem aprova isso? A propaganda mostrava uma moça com belos cabelos grandes e uma roda de samba e no fim a narradora diz: seus cabelos tão lindos que eles vão te cantar! PELO AMOR DE DEUS! Não, obrigada!! E por ai vai... é o sabão que te dá poder (só mulher lava roupa, louça e limpa a casa?oi?), é a cerveja que permite o marido flertar com outra, e etc, etc. Já viram a do Boticário, pregando que se o cara comprar perfumes sai da tal "friendzone"? Só corrobora o pensamento daqueles alucinados que acham que mulher só quer cara bonito, rico e ostentador. Tirei férias e dei uma sacada na tv e é a mesma coisa de anos atrás: misoginia escancarada, preconceitos sociais, esteretipos jogados na nossa cara, mas parece que ninguém se importa.Sabe quem sempre percebe essas coisas comigo? O meu marido. Pois é, não é coisa de mulher chata não, perceber essas coisas é algo que pessoas inteligentes e sensiveis sabem enxergar. Ana.
ResponderExcluirO marketing atua de forma subliminar dentro da incosciência da pessoa. E o que encontramos dentro da incosciência do ser humano? O velho mito da relação sexual. Esse conceito burguês da necessidade de ter uma relação sexual. O instinto ancestral dos macacos, chimpanzés e sabe-se lá que outro ancestral o ser humano teve no passado.
ResponderExcluirEnquanto os movimentos sociais permitirem a multiplicação dessa farsa sexual haverá todo tipo de mutilação intelectual derivada desse instinto animal de penetrar e parir. O que devemos entender com urgência é a necessária erradicação da relação sexual como forma de liberação da opressão burguesa. Os movimentos sociais devem eliminar o discurso libertação sexual no sentido de ser escravo do desejo e instinto sexual e divulgar a libertação sexual no sentido de eliminar o desejo e valores da relação sexual.
Enquanto houver a desenfreada busca por um ato carnal, haverá o desejo incosciente e toda a sua consequente materializanção no campo consciente na forma de objetos de desejo, atribuição de valor monetário ao desejo sexual e parafilias, como estupro, pedofilia e violência psicológica.
Leila Diniz vai à praia de biquíni: feminista revolucionária.
ResponderExcluirVárias mulheres fazem o mesmo e os homens passam a gostar do que vêem: machismo chauvinista.
Ou seja, feminismo é um ato heroico revolucionário que não pode se estender às massas e qualquer aprovação masculina se torna machismo.
Ótimo post!
ResponderExcluirE concordo com o troll que diz que publicidade é capitalista e seu objetivo é meramente vender um produto - e não produzir uma revolução. Acontece que... a sociedade está mudando (<3) e, se a sua propaganda não acompanha essa mudança de mentalidade e moral, você não somente não está vendendo o seu produto, como está jogando na lata do lixo a marca da sua empresa.
Acredito, particularmente, que a campanha da Skol não tinha um subtexto sobre violência sexual, mas concordo com as autoras do protesto que a campanha incentivava o abuso e o descontrole - valores que não são mais aceitos socialmente.
Ao anonimo das 16 DE FEVEREIRO DE 2015 03:22, você pode ver isto como "objetificação da mulher", mas pode ver como valorização da mulher.
ResponderExcluir-
O homem para ser desejado precisa de bem mais que um corpo bonito. Uma mulher, basta isto.
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A respeito de ser vítima de violência, não é um problema só das mulheres. E culpar a vítima, idem. Eu mesmo vi um caso de uma mulher que foi presa por atirar no namorado. Só tem um problema, ela fez 20 boletins de ocorrência contra ele, por ele ter a estuprado, torturado e ameaçado. Ou seja, o estado não a deixou ela se defender e quando ela se defendeu, é punida.-
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Vivemos numa cultura onde o criminoso é "vítima da sociedade" e a vítima, não se defendeu, ostentou, provocou, etc. Infelizmente esta é a realidade
Não, não basta. Gostar de um corpo não é gostar de uma pessoa. Sentir atração por um corpo não é amor. Homens confundem isso. Talvez não saibam amar, mas apenas desejar. O corpo é apenas um aspecto da mulher. O único que interessa ao homem. Isso não é legal, pois o ser humano sob aquele pele tem sentimentos.
ExcluirO homem, para ser desejado, basta ser. Nada além da sua humanidade é desejado. Tanto que a mulher gosta de estar com o homem, gosta de falar com ele. O ideal masculino de mulher, é uma mulher bonita e CALADA. Homens não gostam da companhia feminina para além do contexto sexual. Nenhum homem suporta ser tratado por uma mulher da mesma maneira que trata uma mulher.
ExcluirEm off: Vamos ajudar a Cytherea?
ResponderExcluirhttp://www.youcaring.com/emergency-fundraiser/help-get-cytherea-back-on-her-feet/305446
Ela foi vítima de estupro! Sororidade sempre!
Gente rica é bonita porque o dinheiro compra a beleza. O homem rico escolhe a mulher nova de curvas acentuadas e bonita. A mulher rica escolhe um homem bem resolvido, bonito e bem dotado. Na morta e enterrada União Soviética as mulheres bonitas de curvas acentuadas frequentavam os ambientes dos velhos acadêmicos e donos do poder em busca de um casamento rico. Na atual China as mulheres disputam os oficais do exército popular e os líderes de governo. Na polêmica Coréia do Norte os generais velhos e gordos desfilam ao lado de belas mulheres, sem curvas nesse caso.
ResponderExcluirO mercantilismo da beleza não é um valor capitalista, é um valor inerente ao ser humano. Até mesmo em sociedades tribais como as indigenas do Brasil e as tribos da África subsaariana onde não existe o dinheiro o poder do homem é moeda de troca nesse mercado de carne humana. A única diferença está nos poucos países com PIB per capita elevado onde existe uma elite feminina de grande poder aquisitivo que inverte o jogo, escolhendo os seus homens de grande beleza e dote.
Continuo achando curioso que as mulheres ACEITEM participar das propagandas que as objetificam depois reclamem delas.
ResponderExcluirE depois outras mulheres compram os produtos e alimentam a indústria.
Só existe um modo de se pelo menos diminuir isso: BOICOTAR empresas que tenham tais práticas.
Mas isso ninguém faz. É capaz até de dizerem que as pessoas precisam fazer a vida / ganhar dinheiro / etc.
Ou seja, o dinheiro fala mais alto que qualquer coisa. Vendem o corpo e reclamam da gramática quando são chamadas de vendidas, coisa que muitas vezes sequer são, apenas "jogam o jogo", naquela nebulosa definição em que fazem algo mas não querem ser chamadas de fazedoras desse algo.
BLH
Anon das 16:43 mercado de carne humana? Sério? É assim que você vê as relações humanas? Não é à toa que está sozinho...
ResponderExcluirSisyphus, esse sistema que está sendo discutido não valoriza a mulher por sua beleza. Ele objetifica. A beleza da mulher e a própria se tornam objeto pra consumo e prazer do homem, sem considerar a mulher como dona da própria beleza e sem considerar a mulher como ser humano. Querer uma mulher só pela sua beleza não é muito diferente de querer um carro bonito e caro, pelo prazer de ostentar e exibir-se pros outros. Isso não é de jeito nenhum valorizar alguém.
apenas discordo que a propaganda crie necessidades. a propaganda explora ou revela necessidades e cria desejo, o que é bem diferente, mas tão ou mais efetivo que necessidade em si. tipo, se eu moro em apartamento, nunca sentirei o apelo de comprar um cortador de grama, por mais que a propaganda fosse fabulosa. então, se eu sinto o apelo de uma determinada propaganda, não acho que seja porque ela fez nascer uma necessidade em mim, mas porque ela fala com algo que eu já tenho/acredito.
ResponderExcluirpropaganda machista faz sucesso porque reforça ideias machistas já enraizadas.
e sim, é a resistência e o 'vamos falar onde isso é problemático' que pode levar a alguma mudança, mesmo que devagar.
Concordo com o anônimo que diz que o boicote deveria ser a principal tática para resolver este problema. Atos são muito mais fortes do que discursos e a sabotagem financeira é a linguagem que as empresas ouvem.
ResponderExcluirTenho 18 anos e estou no terceiro período de comunicação(entrei na faculdade com 17 anos).
ResponderExcluirEu penso da seguinte maneira, todas as grandes empresas tem profissionais de marketing, esses profissionais estudam e conhecem o mercado. Ninguém é obrigado a participar de determinada campanha, nós vivemos em um sistema em que podemos nos destacar através de alguma ou algumas coisas. A escolha é nossa, existem vários profissionais que chamaram a atenção pelo corpo porém conseguiram provar que são muito mais que um corpo bonito, trabalharam bem e conseguiram seu lugar ao sol.
Senna.
Pelo visto ninguém aqui trabalha ou trabalhou em agência. Negócio é o seguinte meu povo, tem que cair matando em cima da marca. Porque agência não faz nada por caridade, é por dinheiro. Dependendo do cacife do cliente, é ele quem manda na qualidade criativa do produto que quer vender, em outros termos, a coisa só vai sair do papel e ir pro bolso de alguém se for do jeito que o cliente quiser. Podem (e devem) apontar os dedos para os publicitários SIM, mas se você faz a linha "isso eu não produzo", perde a conta e acabou, outro faz e ninguém tá podendo queimar dinheiro desse jeito. Muito dono de marca ainda acredita que publicidade negativa é buzz do mesmo jeito e é muito devagar que essa cultura muda, portanto continuem fazendo barulho.
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