Como deve ser do seu conhecimento, a academia é composta por um corpo docente sensacional. Fui acolhida por verdadeiros mestres e pude aprender muito com boa parte deles.
No entanto, por ser homossexual assumida, feminista e detentora de um projeto de pesquisa voltado para o existencialismo (Beauvoir), e também pelo meu destaque acadêmico, logo no segundo período passei a ser alvo de toda sorte de moléstia, bullying, agressões morais, psicológicas e até mesmo "esbarrões" por parte do corpo discente, composto por evangélicos, católicos e haters, que não se conformavam com o fato de eu não me calar e jamais me abater, mediante suas posturas mesquinhas e covardes.
Explico melhor: ao assumir minha luta, minha homossexualidade dentro da academia, pude sentir a opressão na pele. As ameaças realmente eram constantes. E não bastavam ser de cunho verbal.
Até que um dia fui cercada por um hater no estacionamento da instituição. Ele me deu um esbarrão e saiu rindo. Eu apenas lhe disse: "Caso isso ocorra novamente, darei parte à polícia e você será preso por agressão".
Anúncio da PUC vestibular 2013 |
Quanto aos evangélicos, esses eram sem limites. Ecoavam, regozijavam, tripudiavam... Quanta dificuldade em lidar com aqueles que se julgam os donos da verdade.
Munidos de suas bíblias, gritavam, ofendiam-me moralmente, debochavam das minhas roupas, do meu modo de andar, e recitavam compulsivamente Paulo. Segundo Paulo... Porque Paulo... Paulo disse... Eu mesma nem sabia quem era Paulo. Vim a saber muito tempo depois...
Diziam-me que era um tipo de caso muito novo -- eu sabia que eles estavam mentindo -- e, mediante tudo isso, tive que me calar, abater-me, conter meus ânimos e largar tudo.
Mais uma vez, o ódio ganhou. Levou sonhos, um projeto de pesquisa, um bom potencial e, em virtude de tamanha retaliação, perdi a saúde. Entrei num quadro de esgotamento nervoso, de desilusão com a vida, com os estudos, com a Filosofia -- que eu tanto amava. Pedi trancamento do curso, entrei em processo bulímico e anoréxico, e estou seguindo a vida com mais essa marca.
Meus comentários: A instituição parece ter sido omissa as suas queixas. Infelizmente, elas não são tão incomuns. A gente tende a achar (e até a dizer pros adolescentes) que o bullying termina no ensino médio. Nem sempre. Às vezes, ele continua na faculdade.
E, com a internet, as agressões podem ser constantes.
E, com a internet, as agressões podem ser constantes.
Mas querida, não desista. Reerga-se. Tente uma outra universidade, talvez um outro curso. Ou insista na Filosofia. Não permita que o ódio vença.
Eu tive sorte com isso. Estudei em uma faculdade católica, mas com a maioria esmagadora dos professores de esquerda.
ResponderExcluirFica no interior de Santa Catarina, se não for aquela universidade, não tem outra.
Mas convivíamos bem na aula e nos intervalos. Se passasse disso já encrencava. Os evangélicos lá percebem quem é ou não "da igreja".
As poucas encrencas que vi foram entre evangélicos e católicos. Uns não entendem pq outros têm santos, veneram Maria e etc.
Nunca vi pessoas de religião diferente namorando.
O preconceito era mesmo entre eles. Conheci uma evangélica que se divorciou duas vezes, está no terceiro casamento, o marido tem o sobrenome dela e os dois não querem filhos. Nem todo evangélico concorda com isso. A maioria é de direita, mas havia religiosos de esquerda, que diziam que a bíblia tem partes socialistas.
Como é um curso de música, há os que pensam que rock é coisa do diabo, mulheres que não tocam em bandas à noite pq o namorado não deixa, homens e mulheres que só tocam na banda da igreja e somente música gospel.
Lamento muito o que vc passou, eu acredito que tive muita sorte no lugar onde estudei. E se eu tivesse algum problema com eles, provavelmente teria o apoio da coordenação do curso, pois não era composta por religiosos.
Nao querendo tirar a razao da autora do guest post, mas L. a Puc Minas nao eh o melhor lugar para alguem do seu perfil estudar filosofia. A Puc eh extremamente religiosa, todos os curso tem aulas de religiao obrigatorias, e ainda mais em MG, com a tal da Tradicional Familia Mineira ainda imperando sobre nossas cabecas. Conheco ateus que sofreram um tanto na Puc por causa disto, mas como eh apenas um ano de aula de religiao logo a perseguicao acaba. Mas no caso da filosofia, imagino que deva ser tenso. Meu conselho eh que voce nao desista da Filosofia mas va para a UFMG, la voce se sentira mais a vontade e encontrara pessoas com a mesma luta.
ResponderExcluirEu estudei na PUC MG, mas não no campus das fotos (Coração Eucarístico). Fiquei surpresa com relato da autora do post, porque não imaginei que isso ocorresse.
ResponderExcluirNo meu curso, a maioria das pessoas não era religiosa. Apesar de termos duas matérias de Cultura Religiosa obrigatórias, o conteúdo delas foi pautado mais em história e filosofia das religiões em si, nada focado no cristianismo (em CR-I apresentamos trabalhos sobre diversas religiões, inclusive Umbanda e Candomblé). Eu até estranhava o fato de que, apesar de ser uma faculdade católica, a PUC não forçava nenhuma atividade religiosa aos alunos (eu sou ateia, e tirando as matérias obrigatórias, não tive contato com nada de catolicismo na PUC). Lendo o post, acho que tive sorte, então.
É uma pena que a faculdade tenha sido omissa às reclamações da autora do post. Infelizmente, ainda existe essa cultura de que essas agressões não são graves e que a universidade não tem nada com isso.
Para a autora do post: sinto muito pelo que você passou, e espero que consiga cursar Filosofia em outra faculdade.
Off topic
ResponderExcluiro que foi O alexandre frota narrando estupro e sendo aplaudido no the noite.
isso devia ser investigado, a sociedade tá nojenta.
ele estuprou uma mãe de santo disse que apagou ela e dps finalizou.
ResponderExcluireu to cansada de falarem que não levam o feminismo a sério, e ver um cara desses sendo aplaudido pelo seu machismo misoginia, e o feminismo sendo ridicularizado.
ResponderExcluirESTUPRO DESCRITO E APLAUDIDO EM REDE NACIONAL.
ResponderExcluirhttps://www.facebook.com/coletivomariachi/posts/528998607239995
Pra autora do Guest Post: imagino o que você passou. Já ouvi historias semelhantes de outros amigos também na Puc Minas. Parece que esse histórico se repete. Também sou de BH e játive distúrbio alimentar, se vc quiser conversar, comenta aqui que te passo meu email.
ResponderExcluirBeijos
A violência masculina descrita como natural por freud não tem nada de natural, os homens são seres racionais mas dizem que agem por instinto de vez em quando, ou seja só quando lhe convém ou melhor pra dar desculpas pelos seus atos vergonhosos.
ResponderExcluirPor isso que o feminismo é importante enquanto os homens se irritam com as meninas porque elas não lhes dão bola,nós temos isso aí pra se irritar.
ResponderExcluirisso aí é só uma gota no oceano, ainda tem gente com cara de pau de dizer que mulher não precisa mais de feminismo...
+ é a cara do Frota ter um estupro pra se orgulhar, ALIÁS É A CARA DOS MASCUS.
ResponderExcluirFaculdade e escola tem de ser laica.
ResponderExcluirL. Querida, quero manifestar minha solidariedade e apoio a você.
ResponderExcluirVou dar uns conselhos: conversa com sua parceira e veja se ela está disposta a se mudar contigo para outro estado. Faz vestibular de novo para filosofia em um universidade federal, tem muitos cursos de filosofia bons e com ambiente acadêmico mais acolhedor.
Outra dica: toda vez que for fazer uma queixa ou reclamação na universidade ou a um órgão publico, sobretudo num caso de agressão e homofobia, faça essa queixa por escrito e em duas vias, uma para você e outra para a instituição e enderece ao órgão colegiado competente. Se for fazer uma queixa verbal ou estiver num ambiente ou situação em que sabe que sofrerá ameaças ou descaso, leve consigo um gravador e grave a conversa. Claro que nada disso reduz a homofobia e pode criar um clima constante de alerta e desconforto, mas é uma forma de ter provas do tratamento que você sofre e cobrar providencias. Com isso as instituições vão se obrigando a tomar medidas que coibam abusos e homofobia.
Ah, outra coisa. Quando a funcionaria se negou a cadastrar o carro da sua companheira, você poderia ter pedido para ela te informar essa recusa por escrito e informar porque motivo estava indeferindo o pedido. Ela óbvio vai se negar, mas nesse caso você pode levar um gravador para gravar ela dizendo que não vai cadastrar o carro da sua parceira. Com isso você está produzindo provas para depois entrar, se quiser, com ação na justiça.
Em outras situações que for possível, filme e exponha o agressor, para que todos saibam como e quanto o cara é covarde.
Claro que não acho que a luta feminista e antihomofóbica não deve ser só judicializada, temos que fazer uma luta política. Mas considero muito importante usarmos nossa cidadania e exigor reparos na esfera judicial e também tomar as medidas administrativas cabíveis no âmbito da universidade. Não podemos nos calar em nenhuma das esferas da vida pública.
Se matricule numa universidade federal, se de outra chance de mostrar o seu valor e seguir com seus sonhos e sua luta. :)
Off-topic
ResponderExcluirO que esse cara tem entre as orelhas?O intestino?
http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/se-fosse-empresario-bolsonaro-pagaria-salario-menor-mulheres.html
LAlb, obrigada por compartilhar seu relato.
ResponderExcluirNão imaginava que isso podia acontecer numa puc. Pelo que sei, a distância e bem por alto, a PUC S. Paulo é bem "engajada", e a PUC Rio é ultra reacionária (principalmente na área de Economia). Estudei em universidade pública, não teria condições de pagar nem meio mês da mensalidade da PUC.
Mas não sei se há relação direta entre a(s) imagem pública da universidade e a postura (ou falta de) em casos de bullying no corpo discente (há também bullying e assédio moral entre o corpo docente, nas universidades).
Concordo super com rawel.
Mas... no caso relatado, como em tantos, a violência vai progredindo de forma tão inesperada, que a própria tomada de consciência do ponto onde as coisas chegaram é um choque. Daí, as forças têm de ser usadas para auto preservação mais elementar, sem condição de continuar estudando, e, ao mesmo tempo, aguentando uma escalada de bullying DE TODOS OS LADOS, os mais inesperados inclusive - menos ainda enfrentar tal violência na hora, planejar defesa legal para cada um dos ataques. Parece-me que cabe denúncia mais genérica agora, mas sem comprometer a autora com possibilidade de ser processada por essa gente nojenta. Ainda pra uma ação simples como essa há necessidade de assessoria jurídica. Ou o péssimo, não republicano e anti-democrático "QI".... para quem possa tomar providência.
No mínimo cabe investigação sobre a AUSÊNCIA DE LAICIDADE.
FODA esse tipo de instituição, que PROMOVE violência, ainda receber verba pública (por meio de isenções).
Certamente, o melhor para a L Alb é se recuperar e ir para outra universidade onde seja apoiada, em muitas publicas tem grupos de discentes articulados nas áreas de sexualidade e gênero, e também grupos de estudo.
"Tive lá dentro uma professora que tentou me ajudar." Quinta série feelings.
ResponderExcluirQuerida, vá pra UFMG! O máximo que vc vai encontrar são uns colegas meio caxias, mas nesse caso é só pular pro prédio ao lado, de Letras, e ser feliz.
ResponderExcluirMoça, pra que puc numa cidade que tem ufmg? (: entendo que a localização do campus pampulha possa ser pouco prática, mas a vivência de dentro do campus vale muito a pena. E o vestibular de filosofia está longe de ser um problema, tem menos de um candidato por vaga. Apesar de não ser perfeita, a ufmg é um mundo. Em algum lugar lá dentro vc se encontra
ResponderExcluirFilosofia na UFRGS é opusdei! Não se enganem
ResponderExcluirNão desista. A PUC MG não é um lugar legal oarase estudar filosofia! Você vai desaprender. A prova foi a omissão da instituição. Eles não merecem a sua presença nem i seu dinheiro. Seja forte e continue estudando! Vai teajudar a sair da anorexia. Um grande abraço!
ResponderExcluirVem pra UFMG, querida! Não que aqui seja o paraíso, mas o respeito às diferenças e a tolerância costumam ser bem mais comuns.
ResponderExcluirQuando eu tinha dezoito anos, minha mãe me propôs me ajudar a pagar a faculdade na PUC, mas já sabia pra onde queria ir e mesmo demorando um pouquinho pra entrar, foi melhor pra mim.
Com todo o respeito ao pessoal da PUC, mas sou totalmente contrária a essa relação de religião com política, religião com educação.
E por mais que tentem dar a entender que não tem nada a ver, que você vai ser bem recebido se não for seguidor de uma religião, a gente sabe que na prática não é bem assim...
Lola, que absurdo! Me choca saber que no palco onde reinam as ideias e suas renovações, que no lugar onde deveríamos nos sentir livres para nos manifestar (sem contudo discriminar e expor outrem), ainda passemos por isso. Sinto muito por você, querida L Alb, mas por favor, por todxs nós que lutamos pelo Feminismo, não se deixe abater, não deixe que eles vençam com o discurso misógino e homofóbico. Continue sua graduação, vc verá que algum lugar vai recebê-la com carinho e compartilhar de suas ideias. Onde eu estudo temos muitos colegas homossexuais assumidos, que são nossos amigos e pelos quais, tenho certeza, lutaríamos se fosse o caso. Espero que tudo dê certo. Beijos
ResponderExcluirReligiosos fazendo merda e prejudicando os outros, que triste novidade...
ResponderExcluir