QUEM SERÃO OS CANDIDATOS A PRESIDENTE EM 2018

É muito estranho quando você fica adiando escrever um post sobre algo que vai acontecer daqui a quatro anos e, duas semanas depois, parece que o assunto já está datado. Ou será que, com o final de ano, o pessoal começa a se cansar de política?

Meu tema é sobre quem serão os candidatos a presidente em 2018. Isso, lógico, considerando que o governo Dilma aguente firme até lá, sem sofrer impeachment ou golpe militar (que é o que os reaças rezam aos céus para que aconteça), e que um meteoro não se choque contra o planeta. Se o Brasil e o mundo estiverem vivos daqui a quatro anos, e se este bloguinho ainda existir, vocês podem me cobrar por ter errado todas as análises.

Aécio conseguirá se manter em evidência até lá? Não será fácil: ele não é mais governador, e o governo de Minas não está mais com seu partido, pela primeira vez em doze anos. Agora ele é apenas senador, e, se considerarmos como foi um senador dos mais apagados nos seus primeiros anos (faltando direto e não aprovando nada), custa crer que ele fará algo marcante. 

Além do mais, Aécio está longe de ser o único senador de oposição ávido por holofotes. Ele terá que dividi-los com José Serra e Aloysio Nunes, cotado para se candidatar a governador de SP, se a idade permitir (Aloysio tem hoje 69 anos). 

Alckmin já deixou claro que deseja ser o candidato do PSDB à presidência. Terá que disputar essa indicação com Aécio. Vale lembrar que Alckmin já foi candidato a presidente em 2006. Ele foi o incrível cara que teve menos votos no segundo turno do que no primeiro. É um nome conhecido nacionalmente, mas sem carisma algum. Ninguém fora de SP consegue entender por que os paulistas votam nele. Creio que o PSDB optará por Aécio mesmo. Se ele se comportar direitinho até lá, talvez os eleitores se esqueçam que ele é machista. 

Marina fracassou em 2014. Não foi capaz de levar até o fim da campanha a imagem de representante da "nova política", e, ainda por cima, apoiou Aécio no segundo turno, uma decisão que rachou seu partido, a Rede, e que não pegou bem para alguém que passou todo o primeiro turno dizendo que a população estava cansada da polarização entre PT e PSDB. Além disso, teve poucos votos a mais que em 2010. Se para Aécio será difícil manter-se na mídia até 2018, para Marina pode ser mais ainda. E ela não tem estrutura partidária. Mesmo assim ainda é um nome de destaque. 

Jair Bolsonaro jura que será candidato. Se o PP não lançá-lo, promete o fascistóide, ele procurará um outro partido. Eu acho ótimo que o Brasil tenha um candidato de extrema direita, porque isso divide um pouco o voto dos reaças. E Bolsonaro, apesar de ser um sucesso nas eleições legislativas, não tem a menor chance de se eleger para um cargo executivo (acho que nem para prefeito de alguma metrópole). 

Luciana Genro fez bonito nessas últimas eleições, mas o PSOL ainda precisa crescer muito antes de se tornar uma opção viável. Com dez anos da fundação do partido, segue longe de conquistar um grande eleitorado. Terá cinco deputados federais agora, todos excelentes nomes, mas acho que seu crescimento deve acontecer através de Marcelo Freixo no Rio. Espero que ele se candidate novamente a prefeito em 2016 (ele teve 28% dos votos em 2012), ganhe, e faça do Rio a vitrine do PSOL. 

Michel Temer já anunciou que PMDB lançará candidato próprio em 2018, mas resta saber quem. Temer não tem o menor peso eleitoral, e nenhum dos sete governadores eleitos pelo partido (incluindo aí dois estados populosos, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro) parece ter projeção nacional. 

Mas, claro, pode-se dizer o mesmo de vários "presidenciáveis" do PT. Pelo jeito, Lula quer voltar. Ele continua sendo o político mais popular do Brasil, mas, se Dilma não fizer um bom segundo mandato, a força eleitoral de Lula diminuirá consideravelmente. A cada eleição fica mais difícil comparar Lula e Dilma com FHC. Em 2018, terão sido quinze anos desde que o tucano passou a faixa. É tempo demais. Sem falar que, quando FHC morrer (não é torcida, é só que ele já está 83 anos), boa parte dos conservadores irá canonizá-lo. Foi o que aconteceu com Reagan nos EUA. 

Por enquanto, o principal adversário de Lula deve ser sua própria saúde. Ele conseguiu se recuperar de um câncer, mas parece fraco fisicamente. E em 2018 terá 73 anos. 

Nem o PT nem qualquer outro partido tem um nome tão poderoso quanto o de Lula. Se ele não for candidato do PT, quem seria? 

Jacques Wagner, ex-governador da Bahia, que foi capaz de eleger seu sucessor já no primeiro turno (algo que pesquisa alguma previa)? Fernando Pimentel, governador eleito por Minas? Ou outro Fernando, o Haddad, atual prefeito de SP? Aloizio Mercadante e Tarso Genro, pra mim, são carta fora do baralho. Se não conseguem se eleger governadores, não são candidatos fortes pra disputar a presidência. 

Esqueci alguém?

A chance de surgir um personagem novo nesses quatro anos soa minúscula. É uma pena que os partidos tenham tantas dificuldades para renovar seus quadros.

PT tem o governo de cinco estados. PMDB tem sete, incluindo RS e RJ. O PSB encolheu e tem hoje metade dos seis governos estaduais que conseguiu em 2010. O PSDB foi de oito pra cinco. Ainda é dono de SP, mas perdeu um importantíssimo colégio eleitoral que governava havia doze anos -- Minas. DEM segue firme na sua trajetória de desaparecer do mapa: agora não tem nenhum governador. Só por curiosidade, a partir do ano que vem teremos apenas uma governadora: Suely Campos, de Roraima. E nem sei se vale a pena contar, porque ela é do PP, partido fisiológico de direita que abriga Bolsonaro e Maluf.