segunda-feira, 12 de maio de 2014

MONICA E BILL, UMA HISTÓRIA DE PADRÃO DUPLO

Foto que abre o artigo de Lewinsky na Vanity Fair

Um dos assuntos mais comentados nos EUA esta semana é uma legítima volta ao passado. Boa parte dos jovens de hoje talvez nunca tenha ouvido falar de Monica Lewinsky... até este mês, em que ela resolveu contar sua história pra revista Vanity Fair (o longo artigo em inglês, "Vergonha e Sobrevivência", está aqui, mas só pode ser lido por assinantes). 
Na verdade, uma biografia autorizada sobre Monica já havia sido publicada em 1999. Mas é a primeira vez, ainda mais depois de tanto tempo, que ela diz com todas as letras que se arrepende do relacionamento que teve com o então presidente Bill Clinton (vou chamá-lo de Bill, não porque goste dele, mas porque fica estranho chamar Monica de Lewinsky, e também porque existe outra Clinton neste post, Hillary, e é machismo -- que a gente internaliza -- chamar homem pelo sobrenome e mulher pelo primeiro nome).  
Paula, para pagar dívidas,
posou nua em 2000
Contando, pra quem não sabe, ou relembrando, porque faz tempo: tudo começou em 1994, quando Paula Jones, uma funcionária pública, entrou com uma ação por assédio sexual contra Bill, de quando ele era governador do Arkansas. Alguns anos depois, quando o caso tomou os tribunais, os advogados, para tentarem estabelecer a fama de mulherengo de Bill, chamaram para depor algumas mulheres que podiam ter tido casos com ele (o filme Segredos do Poder, que traz John Travolta como um Bill Clinton mal disfarçado e Emma Thompson como Hillary, mostra um presidente tão carismático e idealista quanto cafajeste e mentiroso). 
Uma das moças chamadas para depor era Monica, uma jovem estagiária da Casa Branca. Em janeiro de 1998, Monica negou qualquer relacionamento com Bill.
Mas, para uma amiga e confidente, a colega Linda Tripp, Monica estava contando sobre seu caso com Bill, que já havia terminado pouco depois de Monica ser transferida pro Pentágono, em 1996. 
Além de convencer Monica a não lavar um vestido azul que tinha manchas de esperma de Bill, Linda gravou as ligações e entregou as fitas (ainda eram fitas na época) para o conselheiro independente (e 100% conservador) Kenneth Starr. 
Como Bill, durante o caso de Paula Jones, havia negado ter feito sexo com Monica, Ken pediu seu impeachment por perjúrio e obstrução de justiça. Isso foi incrível; afinal, foi apenas a segunda vez que isso aconteceu nos EUA (a primeira foi quando Richard Nixon renunciou antes de perder o mandato, em 1974). Apesar da Câmara votar pelo impeachment, ele não passou pelo Senado (mesmo sendo dominado pelos republicanos), e Bill se safou por pouco.
Eu era jovem, tinha 30 anos, e me lembro bastante. O mundo olhava estupefato pro puritanismo americano. A gente fazia muita piada, porque era curioso ver o país mais poderoso do planeta gastar meses e meses só falando de um escândalo sexual. Quem não viveu aquela época não pode nem imaginar o quanto se discutiu o famigerado vestido azul de Monica. 
Teve um monte de debate sobre o que era sexo (boquete é? Porque Bill argumentou que não mentiu, pois ele teria recebido sexo oral de Monica, não dado). Era inacreditável, ainda mais se a gente comparar com a vida sexual de políticos de outros países (Mitterrand tinha duas famílias; FHC tinha um filho bastardo, fato conhecido por toda a mídia brasileira, e não havia notícias sobre isso). 
Falava-se tudo de Monica. O que mais me chocava eram os julgamentos sobre seu corpo. Ela era chamada de mocreia e gorda o tempo todo (embora não estivesse acima do peso). Eu já era adulta, mas ficava imaginando o quanto essas avaliações públicas e constantes influenciavam as meninas crescendo naquela década, observando uma jovem nada gorda ser diariamente xingada de baleia. 
E, como existe um padrão duplo fortíssimo, que julga a sexualidade do homem de uma forma totalmente diferente da da mulher, outra que foi publicamente execrada foi Hillary. Ela ficou ao lado do marido e não quis se separar -- o que é uma escolha que várias pessoas defrontadas com o adultério fazem, e que deve ser respeitada. 
É sempre aquele estigma: ela foi incompetente por não conseguir segurar o marido, que foi buscar na rua o que não tinha em casa (boquetes?). E foi frouxa por perdoá-lo. A culpa de quem traiu é desviada pra quem foi traída.
E esse estigma atormenta Hillary até hoje. Por isso, tem quem pense que a reaparição de Monica agora seja boa para Hillary, que provavelmente tentará novamente ser candidata democrata em 2016. Até lá, essa história já se esfriou, e é importante também que Monica tenha enfatizado que a relação entre ela e Bill foi consensual: "o abuso que eu sofri veio depois, quando virei bode expiatório para proteger sua posição de poder". 
Sempre senti pena de Monica. Se já revelei detalhes sórdidos do meu passado (tipo: ser feminista desde criancinha e mesmo assim duvidar da Miss America quando ela contou ter sido estuprada por Mike Tyson), ao menos nesse escândalo todo eu nunca falei mal nem de Monica, nem de Hillary. E nem de Bill. Eu só ficava chocada com o conservadorismo americano, e com o destaque dado a um casinho tão individual, tão íntimo. 
Monica narra como foram seus últimos dezesseis anos. Hoje com 40 anos, ela não consegue emprego (não que precise: sua família sempre foi rica). Fez mestrado, viveu em várias cidades, não casou, não tem filhos. Na ocasião, no meio do turbilhão, ela foi tão humilhada, tão zoada, que contemplou o suicídio (e isso que na época as redes sociais estavam apenas começando -- imagine um escândalo dessa magnitude hoje). Monica agora quer recomeçar sua vida. 
Compare a situação de Monica com a de Bill, adorado por tanta gente nos dias atuais. Seu passado de Casanova foi apagado. O caso que ele teve (ou os casos) só conta contra Monica e Hillary, não contra ele. Difícil pensar num exemplo melhor pro duplo padrão de sexualidade do que este.

36 comentários:

  1. a hillary n tem culpa da traição mas é trouxa de ter perdoada sim,ele traiu e ainda deve trair ela várias vezes,sem o menor respeito pela esposa.
    tem o padrão duplo mesmo mas pra mim tanto o clinton quanto a monica n valem nada.

    ResponderExcluir
  2. Interessante vc falar sobre esse caso. Aqui no Brasil, alguns anos antes, teve um lance do Itamar Franco com uma modelo no carnaval, algo assim. Não sei como descobriram que a moça estava sem calcinha no camarote e flertando com o presidente. Aí teve uma jornalista nos EUA que deu a notícia e falou que "devia ser coisa de latino". É impressionante como sexo é visto nos EUA, porque o erotismo é muito explorado nos produtos culturais de lá. Confesso que me intriga o nível de conservadorismo que ainda existe. É muito contraditório.

    ResponderExcluir
  3. Ah, e esse lance de chamar homem pelo nome de família sempre me chamou atenção. É só olhar para os políticos. Homens são todos chamados pelo nome de família, e as mulheres todas pelo primeiro nome. Em ambiente acadêmico também rola isso. E se a gente chama um professor doutor pelo primeiro nome, dizem que a gente está tomando liberdade. Que graça, né?¬¬

    ResponderExcluir
  4. Como sempre a mulher é vagabunda e o homem o santo,nessa história os dois são uns merdas.
    Para mim a Hillary é trouxa sim,assim como muitas mulheres são,ela foi traída várias vezes e humilhada publicamente e ainda fica com o babaca?Deve levar chifre até hoje.
    Por que a mulher sempre tem que perdoar qualquer merda que o homem faça com ela? Se fosse o contrário ele teria dado um pé na bunda dela num segundo.
    É raro homem perdoar traição.

    Eu não entendo quem fica com homem que não tem o menor respeito por mulher.
    Esse fim de semana teve festa na casa de meus tios,e uma amiga da namorada
    do meu primo estava lá,ela é bem bonita e estava com uma saia bem curta e todos os homens ficaram babando em cima dela.
    Olhar é normal,todo mundo olha,mas eles pareciam tarados,meus primos,tios,ignorando suas esposas e namoradas para ficarem secando a mulher.
    E um dos meus tios ainda mandou minha tia sair da frente porque ele queria olhar as pernas da mulher??!!
    Puta merda! É desrespeito demais e o pior foi elas falando que não podem culpá-los, porque eles são uns pobres homens irracionais,que não podem se controlar diante de uma mulher bonita.
    Agora se fosse o contrário,no mínimo ficariam putinhos e revoltados.

    Só eu achei um absurdo.

    ResponderExcluir
  5. Parece que toda e qualquer manifestação sexual da mulher ,sendo ela casada ou não depois vira deboche e zoação e a pergunta que não quer calar até quando?até quando nós mulheres seremos ou santas ou putas?será que nunca vão entender que somos apenas seres humanos!

    ResponderExcluir
  6. Por que alhos e bugalhos a vida sexual de alguém pode virar motivo pra impeachment? Sério, se a pessoa sabe governar e faz um bom trabalho, o que importa se tá "traçando" a vizinhança inteira (desde que não seja a base de abuso e estupro, claro)? Tá fazendo valer os meus impostos, tá dando educação e saúde de qualidade, cuidou da segurança? Pra mim tá bom, pode ficar. Na boa, por que essa sociedade não vai pra frente?

    ResponderExcluir
  7. "Paula, para pagar dívidas, posou nua em 2000".

    Não entendi exatamente o motivo dessa legenda no texto. Não tem relação direta com o que está sendo escrito, parece apenas um pitaco ideológico desnecessário pra querer vitimizar a pessoa em questão (como se ter posado nua fosse algum atenuante ou agravante para sua situação).

    Moralismo feminista combatendo moralismo conservador: a gente vê por aqui.

    ResponderExcluir
  8. oi Lola! não gostei muito do seu comentário sobre ela não precisar de emprego, precisando ou não ela não consegue por causa de machismo, e isso é absurdo. se a familia dela é rica ou não, isso pouco importa, é direito dela querer ganhar o próprio dinheiro....

    ResponderExcluir
  9. Putz, anon das 19:21, nada a ver. Primeiro que não é tão fácil encontrar imagens da Paula Jones relacionadas com o caso (lembre-se que isso foi bem no comecinho da internet). A que aparece é essa em que ela posou nua. E ela mesma diz que posou nua pra pagar as contas, porque o acordo que fez só foi suficiente pra pagar os advogados. Além do mais, como não falo mais da vida dela, ou de como terminou o caso, a legenda é um tipo de finalização, de "closure". Pelo pouco que vi (porque Paula não teve um décimo da celebridade de Monica), a vida não foi boa com ela tampouco depois de todo o escândalo. Além das dificuldades financeiras, o casamento acabou, ela teve problemas em encontrar outro emprego...


    Raquel, concordo contigo que mesmo uma pessoa de família rica tenha o direito de ter seu próprio salário. Mas digamos que é muito mais difícil pra quem precisa de um emprego, não consegue um, e não tem como se sustentar, certo? Tomara que, depois de tudo isso, Monica possa ter uma vida melhor.

    ResponderExcluir
  10. As pessoa precisam parar de serem hipócritas, os homens falam mal das mulheres pelas mesmas atitudes que eles tem, e as mulheres julgam as outras tbm, Os homens querem transar por aí e não querem ser motivo de piada mas adoram falar mal de mulher que transa, menos a mãe deles é claro

    ResponderExcluir
  11. "Aos homens a desculpa as mulheres a culpa". Essa frase resume tudo, desde Adão e Eva que a mulher vem sendo culpada, como se Adão não pudesse ter optado por escolher não comer a maçã, já que os homens se dizem tão "racionais". Foi muito pelo contrário se deixou levar por Eva, mas isso ninguém fala pobre Adão... Pobres dos homens sempre as vadias aprontam com eles coitados

    ResponderExcluir
  12. Vagabunda como se as mães e irmãs não fizessem isso e se a mulher não tiver afim de fazer o boquete que não faça, se o cara não tiver gostando pula fora. Frescura pra mim é fazer o que não tá afim e depois ficar reclamando da vida, mas como sempre a mulher é que tem que segurar o marido na cama e nunca o marido que segura a mulher, olha as revistas masculinas e femininas todas voltadas pra mulher segurar o marido, e ainda dizem que as mulheres tão mais liberais, mas veja masturbação é um tabu maior que sexo anal e justamente pq a primeira agrada só a mulher já a segunda agrada ao homem! E eu ainda vejo as mulheres falando que tem liberdade sexual , mas na verdade é tudo para o homem para agradar a eles. E depois claro ainda somos vagabundas que ironico

    ResponderExcluir
  13. Interessante se a mulher traí vagaba se é amante vagaba, e o seria correto os dois terem os mesmos adjetivos para as mesmas ações, mas machismo já é de se esperar, piriguete não tem no masculino, como se não tivesse homem vulgar, aliás é o que + tem, quantas vezes a gente não vê esses moleques doido pra passar a vara em todas
    e depois ainda querem casar com as santinhas.

    ResponderExcluir
  14. Os homens são chamados pelos sobrenomes, porque, a final, são os donos do sobrenome né? Seus sobrenomes são os mais importantes. Sempre no final,para jamais podermos abreviá-los.
    Eu mesma tenho quatro sobrenomes: um do avô materno, um do avô paterno, um do meu pai e um do marido( sim, eu era idiota).Este último,nem considero meu...a qualquer momento podem exigir a devolução.

    ResponderExcluir
  15. acabei de chegar de uma palestra cuja palestrante não teve qq pudor em desfiar sexismo e pra coroar ainda tascou "se vc quiser fisgar um homem blá blá blá"

    saí correndo pra nunca mais

    ResponderExcluir
  16. hillary ficou com o clinton por motivos obvios,n queria perder a boa vida e o status de primeira dama.
    amor passou longe.

    ResponderExcluir
  17. Lola,

    Ainda tem livrinho? Posso depositar amanhã(Terça)?

    ResponderExcluir
  18. Bom, certo deve ser o Brasil onde o ex-comunista Renan Calheiros arruma uma amante e ainda coloca o contribuinte brasileiro para pagar a pensão para o rebento.

    É claro que neste quesito os EUA dão de 10 a zero em banânia. Politico que trai esposa por lá ou politica que trai marido enterra a carreira. A questão ética por traz da acertadíssima escolha moral que os norte americanos fazem é simplíssima. Se um determinado homem ou mulher público não é honesto e transparente com quem ele divide a cama porque diabos ele seria honesto com os pagadores de imposto que ele mal conhece?

    Patty, nunca morei nos EUA mas já viajei bastante para lá.O sexo nos EUA é bem natural. O que eles não aceitam é hipocrisia e mentira. Nos EUA você pode ser gay, prostituta, poligamo, swingueiro ou sadomasoguista e ninguém vai te encher o saco. Lembro -me de um governador de Nova York que mandou um projeto de lei criminalizando a prostituição por lá. Eis que descobrem que ele saia constantemente com prostituta. Resultado. Ele sofreu impeachment. Outro caso é o de um parlamentar republicano que fazia discursos anti casamento gay. Eis que um dia ele é pego paguerando um homem em um banheiro público também foi banido do parlamento. Bush caiu em desgraça por lá quando invadiram o Iraque e não encontraram as tais armas de destruição em massa. Descobriram que ele mentiu. É por essa lógica que o Clinton deveria ser cassado em minha opinião. Muitos democratas votaram pela cassação dele. Os republicanos deixaram ele vegetarar para ganharem a eleição seguinte. Por lá eles chamam um presidente fraco de pato manco (Lame Duck theory). Clinton depois do caso Monica foi um pato manco.

    Vivi na Alemanha e as coisas por lá não são muito diferente.Recentemente o ministro da defesa alemão foi cassado porque parte da tese de doutorado dele foi plagiada. Aqui a Dilma, soberana primeira, mentiu sobre o fato de ela tinha doutorado. Depois descobriram que não era bem assim mas ela acabou ganhado a presidência do Brasil. Na Alemanha e nos EUA o eleitorado teria trucidado ela depois dessa mentira. Essa diferença de visão ética do mundo explica porque Alemanha e EUA são o que são e porque nós somos o que somos.

    PS. Na história do Brasil somente 3 presidentes não tiveram amantes. Geisel, Eurico Gaspar Dutra e Castelo Branco. Soberana primeira é divorciada mas mentiu sobre o doutorado.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Hahaha, o eleitorado teria punido a mentira de Dilma dando a presidência ao ilibado Serra, que foi hospitalizado por ser atingido por uma bolinha de papel.

      O sexo nos EUA não é visto de uma forma bem natural em qualquer estado, não. Trata-se de um pais imenso cheio de bolsões conservadores. Isso fica óbvio, por exemplo, com o caso Monica Lewinsky. Por que nunca mais conseguiu emprego (se até então era obviamente qualificada, pois seu currículo a levou até a Casa Branca e o Pentágono)? Por que não apenas o Bill ficou mal na história? E digo mais, os únicos preocupados com o perjúrio eram os republicanos na esperança de obter o impeachment. O resto da população estava interessado no escândalo mesmo.

      Excluir
  19. Concordo c a Raquel, é uma estupidez sem fim essa moça ser descriminada por um motivo tão fútil.
    A vida sexual que as pessoas levam (desde q não envolvam estupros) não deveriam ser levadas em conta, quando se avalia a capacidade de um politico ou qualquer outro profissional, não é de hje que sou frontalmente contra monogamia, portanto NUNCA vou defender esse modo de se relacionar, que pra mim valida o q o ser humano tem de pior, onde os parceiros podem exercer com total aprovação da sociedade seu ciumes doentio, egoismo e sentimento de posse.
    Não considero a Hillary vitima dessa situação, se pra ela foi interessante de alguma maneira continuar casada com o Bill, o problema é dela, alias eu acho q ela ficou em uma situação privilegiada, pois agora é direito adquirido dela ter uma vida sexual mais satisfatória, já q o maridão abriu um precedente kkkkkk espero q ela esteja aproveitando muito bem.......

    ResponderExcluir
  20. "É só olhar para os políticos. Homens são todos chamados pelo nome de família, e as mulheres todas pelo primeiro nome."

    Bom, homem não muda de sobrenome quando casa/separa (e, sim, isso se deve à nossa cultura patriarcal).

    Mas olha só: Lula, Fernando Henrique, Juscelino, Getúlio, Jango, Lindemberg, Aécio, Jáder, Olívio, Tarso, José Dirceu... não faltam (e nem faltavam antigamente) políticos do sexo masculino conhecidos pelo prenome. Parece ter a ver com a capacidade de identificação do nome e do prenome; se eu chamar o Lula de "Silva" ou o Fernando Henrique de "Cardoso", não identifica, por que são nomes muito comuns. "Lula" e "Fernando Henrique", por serem menos comuns, identificam mais. O contrário acontece com o Serra; se eu chamar ele de "José", metade da população do país vai se sentir ofendida, e ninguém vai saber de quem eu estou falando...

    ResponderExcluir
  21. Luiz,

    O termo "banânia" diz mais sobre quem o usa do que sobre o país.

    "O sexo nos EUA é bem natural. O que eles não aceitam é hipocrisia e mentira. Nos EUA você pode ser gay, prostituta, poligamo, swingueiro ou sadomasoguista e ninguém vai te encher o saco."
    Tem estado que criminaliza quase tudo isso aí.

    "Bush caiu em desgraça por lá quando invadiram o Iraque e não encontraram as tais armas de destruição em massa. Descobriram que ele mentiu."
    Isso não é verdade. A popularidade do Bush atingiu níveis bem críticos. Mas é bom lembrar que ele nem foi o candidato mais votado na eleição. Além de mentir sobre o Iraque, o Bush teve uma atuação pífia na tragédia do furacão Katrina e gestou a maior crise financeira desde 29. E toda essa obra não foi suficiente para que ele sofresse impedimento. Aliás, hoje a popularidade dele é bastante boa.

    "Recentemente o ministro da defesa alemão foi cassado porque parte da tese de doutorado dele foi plagiada."
    Não conheço bem o sistema alemão, mas ele foi cassado ou foi demitido? Porque demissão de ministro pode ocorrer até por mentiras veiculadas na imprensa.

    "Na Alemanha e nos EUA o eleitorado teria trucidado ela depois dessa mentira."
    E se eles soubessem que a alternativa era o Serra?

    "Essa diferença de visão ética do mundo explica porque Alemanha e EUA são o que são e porque nós somos o que somos."
    Será que é isso que explica nosso subdesenvolvimento?

    "PS. Na história do Brasil somente 3 presidentes não tiveram amantes. Geisel, Eurico Gaspar Dutra e Castelo Branco. Soberana primeira é divorciada mas mentiu sobre o doutorado."
    Ou seria nossa fissura por ditadores, nossa preocupação por mesquinharias, nossa capacidade infinita de reescrever a história e inventar "verdades", nossa incapacidade de reconhecer como legítimos os resultados eleitorais desfavoráveis às nossas pretensões?

    ResponderExcluir
  22. Obrigado, André.

    Aliás, dos nossos três presidentes "que não tiveram amantes", dois (Geisel e Castelo Branco) foram ditadores, e portanto ilegítimos. E o outro (Dutra), embora legitimamente eleito, foi um dos piores presidentes que já tivemos. E olha que o páreo é duro; já tivemos como presidentes o Collor, o Médici, o Costa e Silva, e o Jânio Quadros. Sem contar a tchurma do café-com-leite na Rebública Velha.

    ***********************

    Como é que o pobre do Itamar Franco, que nem casado era, fez para ter uma amante?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu era criancinha e achei muito divertida a história do Itamar no carnaval. E me lembro de perguntar: mas ele é casado? Não. Então... Qual é o escândalo???? Mas pelo que me lembro acabou sendo apenas um fato cômico mais do que qualquer outra coisa. Agora, não sei o que ocorreu com a Lilian Ramos.

      Excluir
  23. "Tem estado que criminaliza quase tudo isso [homossexualidade, prostituição, poligamia, swing, sadomasoquismo] aí."

    Prostituição é proibida nos Estados Unidos todos, com exceção de três ou quatro comarcas no estado de Nevada.

    Quanto às outras coisas, é preciso tomar cuidado. O sistema jurídico americano é muito diferente do nosso. Aqui, vale o que está escrito; lá, vale o que as cortes decidem. Muitos estados tem leis contra a "sodomia" (basicamente, relações sexuais não genitais, ainda que consensuais) ou o adultério. Mas essas leis não tem força, porque o judiciário as derrubaria na hora em que os estados tentassem aplicá-las. Ficam lá, na geladeira, esperando uma virada jurisprudencial para voltarem a ter validade.

    De qualquer forma, não é verdade que o eleitorado americano só se preocupe com o aspecto da mentira, da desonestidade. Há distritos em que um homossexual não teria problemas em se eleger, mas na maioria eles sequer conseguiriam legenda num dos dois partidos de Estado. Por outro lado, mentir sobre guerra, desemprego, inflação, não tem maiores consequências. Pode fazer um político perder uma eleição, mas dificilmente encerra uma carreira ou resulta em impeachment.

    ResponderExcluir
  24. "nossa fissura por ditadores, nossa preocupação por mesquinharias, nossa capacidade infinita de reescrever a história e inventar "verdades", nossa incapacidade de reconhecer como legítimos os resultados eleitorais desfavoráveis às nossas pretensões?"

    Nossa mania de achar tudo que é norte-americano o máximo?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. E o eleitorado alemão símbolo de virtude???? Favor indicar a partir de qual década do século XX Luiz considera válido seu enaltecimento da virtude democrática do povo alemão.

      Excluir
  25. E a Dilma, tem um(a) amante, ou não conta como presidente?

    ResponderExcluir
  26. donadio,

    De fato o sistema jurídico de lá é diferente, mas para quem não tem muito recurso financeiro não serve de alento o fato de que, pelo menos, as cortes superiores lhe darão ganho de causa. A encheção de saco feita pelas autoridades (que era o que o Luis alegava que não existia) ou o próprio processo em primeira instância já são punições.

    ResponderExcluir
  27. Para completar os esclarecimentos que os colegas Andre, Donadio e Larissa fizeram ao Luiz, acrescento que a Dilma não mentiu sobre o seu doutorado. Era informado na época que ela é graduada em Economia pela UFRGS e doutoranda, ou seja ela iniciou o processo, os estudos , mas não teve tempo de fazer a tese. Agora o outro candidato é que nunca comprovou sua graduação em economia.

    ResponderExcluir
  28. "(...) FHC tinha um filho bastardo, fato conhecido por toda a mídia brasileira, e não havia notícias sobre isso".
    Lola, não vou adentrar ao mérito do post, mas é complicado usar a expressão "filho bastardo".
    Você está assistindo Game of Thrones, não? Deve ter percebido que ninguém se refere ao Jon Snow como "bastardo" porque este é o apelido dele ou é mais fácil chamá-lo assim, para distingui-lo de outro possível Jon. É simplesmente para ressaltar a condição dele de espúrio.
    É uma expressão tão pejorativa quanto "filho ilegítimo" ou como "concumbinato", (forma como era chamada a união estável antes da regulamentação. E adivinha? No dicionário só havia o termo "concumbina", sem menor sinal de "concumbino").
    Por isso, por mais estranho que possa parecer, fica melhor utilizar a expressão "filho fora do casamento", ou algo próximo.
    Bom, como reação biológica de atos de seus pais, os filhos não merecem carregar este estigma.
    Bom, só uma dica. Beijos ;)

    ResponderExcluir
  29. Não há sociedade no mundo atual que aceite ou perdoe uma mulher por fazer sexo... Nem mesmo quando o sexo é estupro. Nem quando é só pra reproduzir. Nem quando é só com o marido...

    Sobre os EUA, só digo isso - A única coisa pra que serve a cultura americana é pra dar mau exemplo!!!SÓ!!!

    Jane Doe

    ResponderExcluir
  30. "Politico que trai esposa por lá ou politica que trai marido enterra a carreira."

    Ué, não foi isso que vimos acontecer com o Bill Clinton e também com o J.F. Kennedy não é? As mulheres com quem ele saiu eram as vagabundas, ele o poderoso e a Jackie a tonta...

    ResponderExcluir
  31. Eu era criança na época, mas me lembro bem desse caso.
    Uma vez meu pai falou nesse caso para citar um exemplo de uma mulher que perdoou a traição do marido. Mas aí eu respondi que não dá para tomar esse caso como exemplo, porque é óbvio que Bill e Hillary não são um casal comum. Para Hillary foi muito mais lucro manter o sobrenome Clinton, pois ela já estava visando a carreira política. E, pelo visto, foi uma estratégia acertada, afinal hoje ela é senadora e seu nome é um dos cotados para concorrer à presidência em 2016. Enfim, only business.

    ResponderExcluir
  32. Lembro bem do caso e da repercussão na tv... era um circo infinito. A vida da Mônica acabou, condenada pra sempre... o que ela conta na entrevista não é nenhuma surpresa.
    Já o presidente..

    ResponderExcluir
  33. Não entendo pq dizem que Hilary é trouxa...não cabe a nós julgar.
    Cada casal define se pode haver terceiros dentro do relacionamento ou não; a mídia e nós, não temos nada a ver com as escolhas do casal.

    Se eu não acredito em monogamia, obviamente deixarei meu marido ter casos e vice versa e NÃO será traição porque a saidinha com outros é consentida entre nós. Ainda há muito a se esclarecer sobre o conceito de traição em relacionamentos. O que é traição pra uns, pode não ser pra outros. Cada casal sabe de suas regras.

    ResponderExcluir