Já faz vários dias que venho tentando encontrar um tempinho pra escrever sobre o caso revoltante de assédio sexual na Rádio CBN Curitiba. Pra quem não sabe, a estagiária Mariana Ceccon, de 20 anos, narrou a história em sua página no FB, reproduzida aqui.
Mariana conta que, em junho, Airton Cordeiro, jornalista com décadas de experiência e ex-deputado federal (pelo -- onde mais? -- ex-PFL, que hoje é o DEM), fez uma piada de péssimo gosto nos intervalos do estúdio. Sobre o complicado caso de uma menina de 14 anos que foi foi morta no Paraná (complicado porque, a princípio, quatro acusados, depois de barbaramente torturados pela polícia, "confessaram" ter estuprado a garota; depois, uma perita disse que não foi encontrado sêmen), Airton perguntou: "Quer dizer que ninguém quis comer a b*ceta dessa tal de Tayná?".
Mariana relata que ninguém riu, só sorriu amarelo. Também, né? Em que contexto uma "piada" sobre uma menina de 14 anos brutalmente assassinada seria engraçada? Aliás, em que contexto seria aceitável falar da vagina de uma adolescente, ainda mais num ambiente profissional? Só se o cara for ginecologista.
Após alguns dias, Mariana recebeu o telefonema de um deficiente visual querendo saber como era trabalhar no estúdio. Ela foi contar pros seus colegas sobre a ligação, e teve que ouvir de Airton: "Por que você não disse para ele vir aqui pegar na sua b*ceta e ver como é molhadinha?" Segundo ela, todos ficaram chocados com a "brincadeira". Ela ainda conseguiu responder, sem graça: "Vou falar para pegar no seu nariz, Airton".
Dois dias depois, Airton se despedia do pessoal do estúdio, porque estava indo pra Disney com a mulher e os netos, comemorar 50 anos de casado. Ele então falou no ouvido de Mariana: "Eu estou morrendo de tesão em você e ainda vou te montar, você vai ver". Desta vez a estagiária, petrificada, não conseguiu falar nada -- o que é a coisa mais comum do mundo. Quantas são capazes de responder na lata ao escutar um insulto desses?
Sim, porque não é cantada, não é galanteio, não é gentileza. É um insulto. É uma demonstração de poder. É o velho "olha quem manda aqui". Tem pouco a ver com tesão, e mais a ver com humilhação, com dominação. Além do mais, veja os termos: "vou te montar". Como se ela fosse um animal, alguém passivo, ou que precisasse ser domado. Isso vindo de um cara casado com idade pra ser o avô de Mariana -- que, por sua vez, tem namorado e nunca deu qualquer indício que poderia estar minimamente interessada por alguém que via como um "tio-avô".
Airton, esse homem honrado, acima de qualquer suspeita, viajou pra celebrar suas bodas de ouro. Mas, após o fim de semana, um colega foi conversar com Mariana. As "brincadeiras" de Airton haviam se espalhado.
A estagiária não tinha sido a primeira a ser assediada sexualmente. Havia outras: "Passadas de mão, intimidações, ofertas de dinheiro para levar funcionárias a motéis. Todas em mulheres que ele provavelmente considera estarem em posições inferiores dentro da empresa e vulneráveis". Verdade: as outras cinco funcionárias que decidiram falar eram todas recepcionistas e secretárias.
A estagiária não tinha sido a primeira a ser assediada sexualmente. Havia outras: "Passadas de mão, intimidações, ofertas de dinheiro para levar funcionárias a motéis. Todas em mulheres que ele provavelmente considera estarem em posições inferiores dentro da empresa e vulneráveis". Verdade: as outras cinco funcionárias que decidiram falar eram todas recepcionistas e secretárias.
Mariana comunicou o assédio que sofreu aos chefes, que lhe deram apoio. Porém, como é de costume, as fofocas acabaram vazando para fora da rádio. E, no dia 18 de julho, foram parar na internet. Mariana, atordoada, leu coisas como "na capa da Playboy de julho, a estagiária que revelou Airton Cordeiro revela tudo pra você”, “Airton Cordeiro comendo muito as estagiárias da CBN Curitiba”, “Imagine as quengas que trabalham na rádio". Ao escrever sua carta, Mariana reclamou: "o mundo realmente é feito de um nojento machismo", e disse que essas grosserias na internet a feriram mais que a atitude (indefensável) de Airton.
José Wille |
Houve uma greve dos funcionários. No dia 5 de agosto, a CBN Curitiba, paralisada, teve de transmitir apenas a programação nacional. E assim a história finalmente chegou à Rede CBN, que lançou uma nota dizendo ter certeza que sua afiliada de Curitiba iria "tomar todas as providências necessárias para resolver esses problemas".
No final daquela tarde, segundo este site, Airton foi demitido, e os demais jornalistas, procurados para readmissão.
Isso foi parar em veículos de circulação nacional. Airton alegou estar sendo vítima de uma "campanha sórdida", negou as acusações, e disse que processará Mariana: "A cartinha dela foi uma baixaria sem tamanho". Então, falar da b*ceta de uma menina de 14 anos assassinada não é baixaria; escrever uma carta denunciando aquilo, é.
Álvaro Borba |
No dia 23 de agosto, Mariana registrou um boletim de ocorrência. Desta forma, o caso será investigado pela Delegacia da Mulher. Semana passada, Mariana pediu demissão.
Airton Cordeiro |
No início desta semana, outra repercussão: apareceu um brevíssimo comunicado na Gazeta do Povo, jornal paranaense em que Airton tinha uma coluna de esportes, dizendo que ele "se desligou do jornal e não escreve mais neste espaço".
Isso é tudo que consegui captar, fuçando links por aí.
Quando, dias atrás, tuitei a carta de Mariana, caí em preconceito: chamei Airton de "velho babão". É a primeira imagem que me vem à cabeça, algo como o Barbosa, da TV Pirata. Mas isso é etarismo, preconceito baseado em idade (em inglês, ageism). Não é preciso citar a idade de Airton para criticá-lo, até porque assédio sexual está longe de ser exclusividade de idosos.
Aí eu fico pensando: o que leva esses sujeitos a agir dessa forma? E, pra piorar, a não ter a menor noção de que estão sendo ridículos (na melhor das hipóteses) ou criminosos (porque assédio sexual é crime)?
Por coincidência, semana retrasada li um post bem bacana do jornalista Miguel Rios, em que ele conta como um personagem fictício, Juninho, é criado pra ser um predador sexual desde o berço: "É garanhão. É homem. Surge a conclusão que ele estava virado para o lado direito, pois, nessa posição, poderia ficar de olho na menininha ao lado no berçário. Conversa vai conversa vem, alguém lança a teoria que quando ele chora as garotinhas se calam para escutar o grito másculo do conquistador".
Quando criança, Juninho aprende que será recompensado por mentir na resposta à clássica pergunta do tio: quantas namoradas já tem na escola? "Aprendeu. Homem tem que pegar muitas, tem que contar que pega muitas e aí causa contentamento. Mulher é feita para ser apanhada. Juninho já sabe que isso 'é coisa de homem', que 'homem é assim mesmo', 'que quem quiser que prenda suas cabritas que o meu bodinho está solto'. Juninho fixou".
Juninho aprende a ser um machista de primeira. Aprende "que a mulher vai ali para ser incomodada, que ela faz doce, mas ela está querendo, que não tem que abrir para o beicinho dela, que macho que é macho não desiste".
Alguma dúvida que Airton Cordeiro e tantos outros tiveram a mesma educação machista de Juninho? Cresceram achando que o valor deles se mede pelo número de parceiras sexuais que têm. Estar casado não importa, ou melhor, só importa pra esposa, esta sim deve ser fiel, mas eles são homens, e homens são assim, é biológico, vem dos homens das cavernas. Cresceram achando que é só insistir que a mulher cede.
Mas o que surpreende é que, por mais que tipos como Juninho continuem sendo criados hoje (e creio que a pior influência nesses casos é de parentes homens, não mulheres), houve, e há, um movimento chamado feminismo no caminho. E aí entra a questão geracional: Airton é jornalista faz muito tempo, mas certamente ocorreram várias mudanças no jornalismo durante essas suas décadas de trabalho.
Ele deve ter tido mais mulheres como colegas, se bobear até alguma chefe. Ele deve ter ouvido falar de alguma condenação por assédio sexual, e visto que, em muitos casos, o machismo não fica mais impune. E ainda assim, tal qual um dinossauro, Airton seguiu fazendo "gracinhas" para secretárias, recepcionistas e estagiárias. Crente que iria se safar, que nada iria acontecer com ele, porque ele é homem. E provavelmente rico, influente, intocável.
Que alguém avise Airton sobre o que aconteceu com os dinossauros.
Mas o que surpreende é que, por mais que tipos como Juninho continuem sendo criados hoje (e creio que a pior influência nesses casos é de parentes homens, não mulheres), houve, e há, um movimento chamado feminismo no caminho. E aí entra a questão geracional: Airton é jornalista faz muito tempo, mas certamente ocorreram várias mudanças no jornalismo durante essas suas décadas de trabalho.
Ele deve ter tido mais mulheres como colegas, se bobear até alguma chefe. Ele deve ter ouvido falar de alguma condenação por assédio sexual, e visto que, em muitos casos, o machismo não fica mais impune. E ainda assim, tal qual um dinossauro, Airton seguiu fazendo "gracinhas" para secretárias, recepcionistas e estagiárias. Crente que iria se safar, que nada iria acontecer com ele, porque ele é homem. E provavelmente rico, influente, intocável.
Que alguém avise Airton sobre o que aconteceu com os dinossauros.
"Mas o que surpreende é que, por mais que tipos como Juninho continuem sendo criados hoje (e creio que a pior influência nesses casos é de parentes homens, não mulheres"
ResponderExcluirSinto te dizer que eu vejo muito mais mães/avós com essas atitudes que propriamente pais. E se temos todo esse machismo que temos, a culpa é muito mais das mulheres mães de meninos, que parecem felizes em criar pequenos reizinhos.
As mulheres cobram muito mais a mulher perfeita da nora que das filhasm pq o reizinho merece. Muitas vezes o pai é só um bundão, enquanto a mãe cria o moleque para ser o macho alfa.
Gente, eu não tava sabendo sobre esse lance da CBN. To chocada.
ResponderExcluirAssédio em ambiente de trabalho é uma das piores sensações do mundo. Lembro de uma vez que um cliente disse que só adquiriria um produto se eu desse meu telefone, que ele ia no escritório fazer reunião com os donos da empresa mas que ficava me admirando pelo vidro. Quando não dei abertura, ainda insinuou que eu não devia contar nada aos meus superiores, pra não pegar mal pra mim. E adivinhe: eu não contei. Só me apressei em mudar de estágio muito rápido.
Palmas pra Mariana e pros colegas jornalistas que se demitiram. Esse tal Airton merece morrer anônimo e sem o menor prestígio, tanto na vida profissional quanto na particular.
Sobre essa questão de chefes e funcionárias, fiquei indignada vendo a novelinha infantil Chiquititas com minha prima esses dias. Não acompanho e não saberia explicar a situação como um todo, mas pelo que eu vi: Uma moça, garçonete de um Café,morrendo de medo de chegar o final do expediente, porque o 'Dr.'(chefe), vai sair lá de dentro do escritório e vir 'intimá-la' a sair com ele. Quando o tal sujeito chega, ela finge um desmaio e consegue escapar mais um vez. Pelo que eu me informei com minha prima,a moça recorreu a fingir doenças durante vários dias parar conseguir fugir do chefe todo poderoso que queria a todo custo sair com ela. Essa novela, com elenco infantil majoritariamente feminino e com certeza público infantil majoritariamente feminino deveria estar ensinando melhor as meninas. Não sei se vai chegar um dia que o danado vai ser punido e a moça vai poder namorar livremente o colega de trabalho por quem ela é apaixonada (que não é chefe, é da 'mesma classe subalterna', como diz o chefe mesmo...). Alguém aí tem filhos e acompanha?! Poderia relatar melhor?!
ResponderExcluirNão sei se cabe discutir "quem influencia mais" na criação de machistinhas. Sim, mulheres perpetuam o machismo. Sim, homens perpetuam o machismo. Vivemos todos enfiados nessa sociedade patriarcal e tentando escapar dela como for possível. No caso das pessoas que leem aqui a Lola, suspeito que nossa tática venha do feminismo.
ResponderExcluirFico feliz com a demissão desse sujeito. Eu gostaria de acreditar que ele poderia mudar a partir do susto advindo da punição, mas confesso que ando meio descrente nessa possibilidade. De toda forma, o simples fato dele não ficar impune já nos sugere uma sociedade um pouquinho melhor para se viver.
Que exemplo do pessoal da CBN, que exemplo.
ResponderExcluirMeus cumprimentos aos grevistas e a Mariana, que teve tanta coragem.
Sou obrigada a concordar com o primeiro comentário. Pelo menos no meu circulo social eu convivi com um número muito superior de validadoras do machismo do que homens machistas.
ResponderExcluirÉ bem comum ver mães criando meninos para serem "reizinhos" a meninas para serem "serviçais".
A mudança para acabar com situações asquerosas como essa da Rádio CBN tem que partir também do oprimido. Não adianta sentar e esperar que o opressor não vai enxergar sozinho (e na grande maioria das vezes não quer enxergar)o mal que está fazendo.
Grande admiração pela moça que denunciou o assédio!
Jane Doe
Fiquei indignada ao ler o relato da Mariana, imagina ouvir isso tudo assim na cara! Nossa cultura nos ensina que esse tipo de comportamento é normal, aceitável por décadas, que existem os intocáveis que podem humilhar, violentar qualquer um. Felizmente esse caso já tem reações a favor da humanidade, da dignidade, do respeito. Esperamos agora que Airton seja condenado pelo crime que cometeu.
ResponderExcluirEsse Airton parece um exemplo do que serão alguns dos mascus daqui há quarenta anos, se não mudarem.
ResponderExcluirUm idoso que acha que por ter algum dinheiro ou prestígio ou um cargo de poder é capaz de ter toda a mulher que quiser, isso somado às tais "técnicas de sedução" que eles aprendem, de tratar as mulheres que lhes interessa mal, como um objeto.
Acaba virando um assediador nojento e no momento em que as mulheres começam a denunciar perdem o emprego, o prestígio e o respeito de todos.
Já vimos isso acontecer com outros, como o francês lá que agarrou a camareira.
Infelizmente temos muitos Airtons por aí e nós mulheres precisamos nos unir para nos protegermos deles.
Gente, sobre quem educa pro machismo, se mais a mãe ou o pai, o senso comum sempre joga a culpa na mãe. Sempre. Como se a mãe vivesse numa ilha deserta sozinha com a criança, e a criança só fosse influenciada pela mãe. O que não é verdade em nenhuma situação (só numa ilha deserta mesmo). Pela divisão sexual do trabalho, mulheres passam mais tempo com a criança, mas dizer que a educação da criança e o ensino de preconceitos cabe exclusivamente à mãe é bem ridículo. De toda forma, o que eu quis dizer é que, no caso de ensinar o menino a ser um pegador, a medir seu valor pelo número de parceiras, quem ensina mais isso, a meu ver, são pais, tios, avôs, irmãos mais velhos -- mais do que mães, tias, etc. Vcs não acham?
ResponderExcluirRebeca, não se sinta chocada. Eu tinha 23 anos, corpo de miss, e fui assediada sexualmemnte por um professor na faculdade com o dobro de minha idade. Era um dos manda-chuvas da CNN do Rio.
ResponderExcluirSendo um comportamento recorrente, a rádio corredor espalha. Se a peãozada sabe, acaba chegando no chefe do chefe. Pq ninguém fez nada antes? pq só depois de um escândalo midiático? Pq as recepcionistas e secretárias não tem acesso aos canais de divulgação?
ResponderExcluirÉ uma questão Institucional ou geracional? Na dúvida, fico com os dois.
Lola, discordo um pouco. Fui criado só pela minha mãe e o discurso dela era extremamente machista em relação á minha educação, embora fosse contraditoriamente libertário em relação à posição dela na sociedade (profissionalmente satisfeita, independente financeiramente, sem se permitir imposição de terceiros por ser mulher). Mas o filho tinha que ser garanhão e ela usou mais de uma vez a frase "quem suas cabrinhas que prendam, que meu bodinho está solto". Ela era uma pessoa maravilhosa, mas infelizmente tinha isso arraigado. E vi isso se reproduzir em todos os núcleos da minha família, onde as mulheres eram (são) a parte mais forte das relações, mas com uma tendência extrema de perpetuação de ideias machistas.
ResponderExcluirClaro que não dá para generalizar, mas acho que os comentários mostram que essa situação (da mulher influenciar o filho) é mais comum do que parece.
Bjs
poxa, eu acho lola.
ResponderExcluirmães de repente ensinam que o menino não precisa arrumar a cama, guardar a roupa, ou seja, ser um completo ignorante nas questões da casa, já que uma mulher que realmente esteja à altura dele (tem isso, não sei se é mito, de que as mães dos homens sempre acham que não existe uma mulher boa o suficiente pra eles), fará tudo isso sem que ele sequer precise pedir.
acho que homens é que se encarregam dessa parte de evangelizar sobre comer muitas e muitas mulheres, não se apegar a nenhuma, e ainda tratar mal tanto na hora da conquista, e especialmente, depois que já comeu.
Sobre as mães "criando meninos para serem reizinhos e meninas para serem serviçais". É verdade, acontece muito. Mas é mais fácil errar quando se está lá. Até bem pouco tempo atrás, ser pai era pagar as contas. (Acredito que isso está mudando, mas não era assim há 20, 15 anos). Não se erra quando nem se está lá. De certa forma só esta relação (quando é imposta): pai trabalha fora de casa, mãe cuida do filho, já passa bem a mensagem, nem precisava a mãe reforçar o machismo.
ResponderExcluirÉ Lola, sinto muito, mas não dá para defender as mulheres dessa.
ResponderExcluirUma coisa que já notei muito, seja no meio familiar, familia de amigos e no trabalho é que as mulheres mais machistas e mais validadoras do machismo são aquelas dominadoras na casa.
Muitas vezes o marido não pode dar um ai, é um bundão. Mas o filho, ah o filho, esse iluminado vai ser tudo que o marido não foi.
E uma mulher só vai merecer esse ser tão especial, esse filho homem, se for a completa serviçal.
concordo contigo lola, que generalizando, esse tratamento machista com as mulheres que querem "conquistar" seja uma herança mais do lado masculino das famílias e da sociedade. e que seja mais através de atos. a criança vê o pai, tio, avô, irmão na rua soltando "cantadas", olhares, os comentários do "clube do bolinha" nas reuniões familiares e acabam por reproduzir essas atitudes, pelo menos até terem um senso crítico próprio ou pra todo o sempre.
ResponderExcluirBom vc mencionar o etarismo nos posts Lola, pq as pessoas tem que entender que esse tipo de postura depende da criação machista e não da idade, e de certa forma pouca coisa mudou na criação de meninos entre as gerações mais velhas e mais novas.
ResponderExcluirVejo muito senso comum arraigado que prega que somente o homem mais velho é o "tarado", o "assediador", o "antiético", difundido, inclusive, entre as feministas. Tal mentalidade acaba mascarando o verdadeiro problema que é o machismo que está presente em pessoas de qualquer idade. Homens jovens tb assediam, tb estupram, tb tentam se safar se colocando em uma posição de poder, e não duvidem que fariam a mesma coisa caso estivessem em um cargo de chefia.
A educação tem que mudar, pq muita gente continua criando os filhos da mesma forma como foram criados (e creio eu que a maioria faz assim).
Pois é. Tenho preguiça (estado estático risível de indiferença) disso de homem ter que parecer máquina de sexo, coisa que sabemos perfeitamente bem que eles não são, nem de longe, nunca foram e nunca serão. Você perguntou: "Isso vindo de um cara casado com idade pra ser o avô de Mariana", isso me mata de preguiça. Sabemos que, na cruel e dura realidade, a idade não os favorece (totalmente ao contrário do que adoram fazer parecer) e não só na beleza, mas sobretudo no órgão genital. Então, quando vejo um homem dizendo isso, prontamente concluo que claro que ele não está com tesão e nem quer comer a menina, estreme de dúvidas, a vontade dele é de fazer parecer o que ele, CLARAMENTE, não é e nunca foi (máquina de sexo). Claro que o que eu disse foi direcionado aos mascus porque há homens maravilhosos, e muitos, por aí, com consciência da importância do amor e da fraqueza inerente a todo ser humano. Mulheres também têm suas fraquezas, mas são diferentes das do homem, por exemplo, mulher com 100 anos trepa numa boa (inclusive todos os esforços do patriarcado *social e biológico* são direcionados à preocupação exacerbada em desmantelar esse fato). Beijos, Lola!
ResponderExcluirAmei a atitude da estagiaria e que os outros homens e mulheres aprendam que estão apenas num cargo superior na hierarquia, mas isso n quer dizer que possam assediar seus subalternos, as pessoas não são bonecos inanimados q podem ser usados ao seu bel prazer.A hierarquia de cargos no ambiente de trabalho existe apenas como um modo de organização e não de humilhação.
ResponderExcluirVou contar meu lado como mãe de menino. Por mais que eu tente educar meu filho de forma que eu ache correta, tem sempre alguém que faz um comentário que, não sei por que, impacta e vai contra tudo aquilo que eu venho defendendo e ensinando. Um exemplo, meu filho, que tem quase 4 anos, falou baixinho comigo pedindo alguma coisa. Estávamos em um ambiente estranho pra ele, com pessoas da família que ele ainda não conhecia. Aí vem aquela tia avó gritar algo do tipo "Deixa de ser fresco, guri! Fala como homem que tu é! Homem de verdade não fica atrás da mãe pedindo 'por favorzinho'!". Com isso, meu filho começou a falar gritando, quase o tempo todo.
ResponderExcluirOutra vez, ele pediu desculpas por derramar algo no chão e pediu um pano na casa da avó paterna para limpar, então a avó disse que ele não precisava fazer isso. Por mais que essa atitude dela tenha tido boa intensão (provavelmente de fazer com que o meu filho não se dê ao trabalho de limpar), vai contra ao que eu ensino, que acredito que se eu tivesse tido uma menina e ela tomasse iniciativa de querer limpar o que sujou, iria ser elogiada e incentivada a limpar. E não é fácil passar o tempo inteiro repetindo orientações, se policiando o tempo inteiro para dar o exemplo, pra depois chegar alguém e dizer "não precisa fazer isso ou aquilo", por achar que ele é menino e merecedor de favores e regalias. Com menos de 4 anos, consegui mostrar a ele que todo mundo em casa colabora, que o papai faz o jantar, que ele tem que arrumar os brinquedos dele, me ajudar a arrumar a cama e levar o copo para a pia.
Mas aí vai pra vó, e ela serve tudo na boca dele, vai para a escola, e lá só as meninas brincam de casinha, vai na casa do padrinho, e é obrigado a escolher um time de futebol, e tem que ser o time do dindo!
Não vivemos em uma bolha, se não fosse as interferências externas, eu seria igualzinha ao meu pai, extremamente racista. Não quer dizer que a mãe não tem influência, tem muita, mas todo o resto é responsável pela formação do caráter da criança. E ficar jogando a culpa do machismo só por que a mãe "é machista" não tem muito sentido. A mulher se torna machista para ser aceita, mas não deixa de ser vítima.
Parabéns aos outros jornalistas,que pedindo demissão,de certa forma deram uma espécie de apoio a Mariana.Mostraram indignação e revolta.
ResponderExcluirSobre quem influencia mais no comportamento, concordo com vc, Lola, mas em parte. Quem mais influencia o comportamento "pegador" são os parentes e amigos do sexo masculino. No meu caso foi assim. Acho que há, ainda, o medo de que os filhos homens "se tornem gays", por isso a pressão para ser macho garanhão começa mais cedo.
ResponderExcluirAgora, imagine que um menino seja estimulado no seu círculo social masculino para ser leiteiro, telegrafista ou limpador de chaminé. Loucura, né? Não há mercado para tais profissões. Ele logo irá perceber que não terá como exercer o seu ofício e irá culpar eternamente sua seara masculina influenciadora. E o mais importante, ele não sairá por aí a entregar leite de porta em porta e cobrar por isso, nem tentará entrar no mercado altamente competitivo de leiteiros, só se estiver num hospício.
Faço aqui, então, uma analogia com o mercado de relacionamentos. São as mulheres que atestam mais tarde se se formar um pegador vale a pena.
Sim, os homens influenciam os meninos a medirem seu valor pelo número de parceiras, mas são essas parceiras que assinam o diploma de garanhão e validam a transmissão desse ensinamento do já garanhão para seus filhos.
E se esse menino criado para ser um pegador falhar? Se ele sentir que seu valor é baixo, pois pegou uma, duas ou nenhuma. Ao contrário do leiteiro, que não entrará num mercado que não existe, o menino que era para ser pegador será um eterno mal resolvido que culpará todos os gêneros, pois assiste de fora um mercado delicioso de mulheres apaixonadas lutando pelos pegadores ou homens superiores a ele. E aí nasce uma das mais perversas doenças da mente: o ressentimento.
Eu acho que é nesse mar infinito de ressentimento que estão perdidos homens como esse radialista e aquela turminha da Real. Vão passar a vida odiando a mulheres e achando que elas transam com todo mundo, menos com eles.
Coitada da mulher que tem de conviver com um homem ressentido.
Não estou generalizando. Existem homens bens resolvido e que não cultivam a cultura de medir seu valor pelo número de parceiras. E Existem mulheres que não admiram e nem se apaixonam por pegadores cafajestes (claro, só porque nunca se envolveram com um, hehe, brincadeira)
__________________
P.S.
E, por que não, coitado do homem que tiver que conviver com uma mulher ressentida, aquela que ao invés de virar princesa, virou bruxa...
Uma coisa eu reparo nas mulheres mães. Até onde eu percebi, a maioria não gosta das noras! A nora tem de ser perfeita! O genro pode ser qualquer um, mas a nora, ah a nora...
ResponderExcluirMeus parabéns ao José Wille, Álvaro Borba e Marcos Tosi, além, é claro , da Mariana, que registrou o B.O. contra o assediador. O que não consta no texto é que , quando Wille investigou e comprovou o assédio por parte do Sr. Cordeiro, o dono da rádio, o Sr. Malucelli, se recusou a punir o assediador, provocando então a demissão de Wille, e em seguida os pedidos de demissão de Borba e Tosi. Este Sr. Malucelli , vejam só, ainda pretende ser candidato no ano que vem. Uma pessoa que pune quem denuncia um crime e protege o infrator não deveria ser eleito para cargo algum.
ResponderExcluirEu estou acompanhando esse caso e vi tamanho machismo nos comentários direcionados a estagiária, coisas bem absurdas mesmo.
ResponderExcluirFiquei feliz que o cara foi demitido.
ResponderExcluirFiquei sabendo da história na época em que aconteceu.
Acho que rola um lance meio fetichista entre a subordinada e o superior e que nem toda cantada em ambiente de trabalho o é assédio.
Mas a postura dele foi ridícula.
Falar com a grosseria que falou, falar palavrão do jeito que fez, isso é inaceitável.
Assédio da parte de professores é bem comum (que horror essa frase, né?), e também já sofri, em vários momentos e várias escolas, desde o ensino fundamental, por volta dos 14 anos, até a faculdade. Foram muitas sugestões impróprias, mas nenhuma tão explícita e agressiva.
ResponderExcluirÉ incrível como a relação hierárquica é fundamental nessa questão. O professor da faculdade que me assediava dizia que ele se sentia um "pai" com relação a mim, e ficava me convidando pra ir na casa dele, dizendo que eu era muito bonita.
Em que mundo ele achou que dizer que se sentia meu pai achou que ia facilitar as coisas pra ele? Enfim...
E eu que fico pensando na vergonha da família dele. Já imaginou ser casada com isso? E os netos que estavam na Disney lendo sobre o assunto? Que lixo de ser humano. Que vergonha.
ResponderExcluirConcordo com a Lola no que diz respeito à questão de homens ensinarem meninos a serem "pegadores", acho sim que esse reforço é mais masculino que feminino – não que não aja em alguns casos também o reforço feminino. Mas, concordo com quem comentou que mulheres também solidificam o machismo quando criam filhos para serem "reizinhos".
ResponderExcluirTrabalhei com uma médica de 35 anos que tem um filho pequeno. Certa vez, o menino não queria comer e ela disse para ele parar de "bichice". Outra vez, disse que ele não podia usar roupas cor-de-rosa porque era homem.
ResponderExcluirAdorei que ela denunciou. No meu caso ajo, como já agi, de maneira diferente, comigo é falou, escutou prontamente e só respondo coisa desagradável porque né...haja paciência.
ResponderExcluirA culpa é do pai ou da mãe? Caso-a-caso, eu acho. Mães (nem sempre, mas...) passam mais tempo com os filhos. Mas pais muitas vezes passam um tempo que é definidor (principalmente fazendo "coisas de homem", como levar ao futebol, contar piadas "sujas", etc. Acho que já não se faz mais, mas houve um tempo em que o pai se incumbia de levar o filho pela primeira vez a um bordel) e talvez tenha um peso maior do que o "mais tempo" das mães.
ResponderExcluirPor outro lado... avós, colegas de escola, avôs, colegas de escola, tios, colegas de escola, tias, colegas de escola, irmãos mais velhos, colegas de escola, professores, colegas de escola, televisão, colegas de escola... todos têm papéis importantes nisso, e muitas vezes acabam constrangendo mesmo os melhores pais e mães a fazerem concessões ao machismo (afinal, mesmo quem não quer que o filho seja um machistinha não quer, por outro lado, que seja conhecido e "bullyficado" como o "viadinho" da turma - por motivos imbecis como usar uma camisa cor-de-rosa ou cabelo comprido, por exemplo).
E, pra terminar... eu falei em colegas de escola?
E parabéns aos três jornalistas, que, como os três mosqueteiros, são quatro.
ResponderExcluirEsses daí são, para usar uma expressão machista e ultrapassada, "homens de verdade". Viram, turma da "real"?
"E eu que fico pensando na vergonha da família dele."
ResponderExcluirMCarolina, para citar um filme que adoro, "Beleza Americana": "nunca subestime o poder da negação". Provavelmente estão do lado dele e acham que é um complô para denegrir o Airton, como já vi escrito por um colunista local. Sim, há gente, e não é pouca, defendendo um sujeito desses.
Quanto à questão do estereótipo de menino pegador, quem incentiva diretamente são as figuras masculinas, mas as figuras femininas também reforçam por outros ângulos. Quando uma mãe se escandaliza com a filha que quer levar o namorado para casa, mas acha perfeitamente OK para o filho ir dormir na casa da namorada (ou trazê-la para casa), ela também está corroborando isso, a meu ver. Não vejo sentido em brincar do "jogo da culpa de quem" nesse caso, porque todos têm sua parcela de responsabilidade nisso.
Noooooooooooooooooooooooooossa, o cara foi demitido, não acredito!
ResponderExcluirO mundo não está perdido!
Essa mulher teve coragem, por que nós mulheres somos educadas a não denunciar este tipo de atitude.
Parabéns a ela!
Parabéns a Mariana e aos Jornalistas. É bom ver um caso desses com solidariedade e 'final feliz'.
ResponderExcluirAgora do que me consta, tem coisa muito mais podre desse cara por aí...
Ai, Lola, o fechamento do texto foi uma pérola à parte! :D
ResponderExcluirbeijão
Tomara que apareçam mais Marianas que saiam do conformismo de estar em situações como estas.
ResponderExcluirE pra esse palhaço débil mental metido a galã do Ayrton que não consiga mais emprego em parte alguma, os homens vão ter que aprender a respeitar e conviver em pé de igualdade com as mulheres quer queiram quer não.
Essa cultura da "nora tem que ser mais do que perfeita para o meu príncipe..." rendeu u caso surreal na minha família. Tenho uma prima que é linda, toda dentro dos padrões de beleza de ser loira natural, cabelo liso, olhos azulíssimos... além disso ela inteligente (formada em direito na federal) e muito, muito batalhadora. Sempre correu atras de ganhar seu próprio dinheiro com comercio informal(vulgo sacoleira) e estagiando no direito.
ResponderExcluirEis que ela namorou durante anos (des dos 15 anos) o mesmo sujeito... que não tinha nada demais. Era feio, parecia um rato, não era um sujeito engraçado ou divertido e não fazia o menor esforço pra ser simpático com os primos. Um chato! E a sgra dela sempre reclamava dela com coisas tipos "AAh a Sophia não cozinha para o Fábio" "Aaahh mas essa Sophia qd casar só vai se preocupar com a carreira e não vai cuidar do meu Fábio como ele merece" (SIM ELA RECLAMOU DISSO!!!!). Enfim foram 9 anos escutando esse tipo de ladainha da sogra até que eles resolveram casar e, nas vésperas do casório eis que minha prima descobre que o Fábio, banana mor, traia ela loucamente. Tinha um caso fixo, viajava com o tal caso com a desculpa de "viagem de trabalho", e toda a família dele sabia do caso e apoiava, porque a família dela era de fazendeiros podres de ricos.
Então no meio de toda a confusão do cancelamento do casamento a sogra ainda solta 'Finalmente o Fábio encontrou uma mulher que trata ele como ele merece"... Bem, não sei quem é a tal de menina, nunca vi só sei o nome e que é filha de fazendeiros... Não sei se ela tratava o Fábio na base da total servidão como a mãe dele achava que ele, O PRINCIPE PERFEITO, merece... Mas acho que não importou muito, afinal a menina ia transforma-lo (se tudo desse certo) em rico fazendeiro né... E o principe dela não mereceria nada menos do q isso... (Pra quem diz que só mulher se vende... E outra, até pode ser que o Fábio tenha se paixonado pela garota e tudo e tals... mas porque não terminar com a Sophia? Um dia antes de ela descobrir ela perguntou pra ele se ele queria casar com ela e ele respondeu "sim". O que ele pretendia? trair ela a vida toda?)
Eu sei que esse meu julgamento de "ahh minha prima é linda, loira de olhos azuis e tá com um cara feio" não é legal...Mas poo, além de sem graça o cara nem legal era... E eu tinha certo repúdio em relação a ele pq ele já tinha me secado varias vezes e eu já ouvira histórias esquisitas a respeito dele sendo muito "elogioso" em relação a outras mulheres (e ser muito ciumeto, coisa que ele era, pra mim é sempre mal sinal).
Enfim, minha prima hj esta muito feliz, morando no Rio de Janeiro e se dedicando a carreira dela... E acho que não ter casado com o primeiro namorado que ela teve na vida foi a melhor coisa que aconteceu a ela! Qt ao principa Fábio, não faço idéia do que aconteceu... Graças a Deus!
Foda né?
ResponderExcluirJá vi muito isso nas empresas por onde passei.O que não falta é mulher ganhando estágio, vaga,promoção na empresa depois de trepar com seus superiores.Mas não adianta,os caras querem mesmo aquelas que se fazem de difícies.Comer mulher fácil é bom,mas não tem graça.Já cansei de ouvir isso em rodinhas depois do expediente.
Essa mulher fez bem em denunciar,os caras fizeram bem em mostrar indignação.E esse velho babão deveria ficar muito tempo na cadeia.
Desculpa aí pela linguagem chula.
Lola, hoje fui obrigado a presenciar uma situação bem desagradável:
ResponderExcluirEstava no táxi, e o taxista era um senhor na casa dos 70 anos. Ao parar em um semáforo, uma moça que vendia balas perguntou ao motorista: "Vai uma balinha, para ajudar?", e então o senhor respondeu: "Uma bala não, mas se você quiser chupar minha r*la eu aceito".
Eu acho que fiquei mais constrangido que a moça! O taxista ainda vira pra mim e diz "Não é não?", e eu respondi secamente: "Não, não é!".
Só torço para o meu filho jamais se tornar esse tipo de ~homem~.
P.S.: Leio seu blog há anos, e até já te mandei email (que vc inclusive respondeu docemente). Desculpe por demorar tanto para comentar um texto! =*
Concordo cpm a Lola, e,bora milheres em geral sejam também responsáveis pela propagação do machismo, quem incute na cabeça dos meminos que "tem que pegar todas" "mulher que diz 'não' está fazendo doce" e outros direcionamentos da vida sexual do menino são sim em sua ampla maioria parentes do sexo masculino.
ResponderExcluirEm um passado ainda recente era comum os pais levarem seus filhos ainda adolescentes em um prostíbulo para que "se tornassem homens".
Na vdd em ambientes machistas normalmente a mulher sequer fala sobre sexo, isto só é permitido aos homens. Também não podemos esquecer que quando o assunto é sexo normalmente mulheres orientam meninas e homem meninos, então os valores dos meninos referente a vida sexual lhe são passados por outros homens.
É claro que mulheres também ajudam a propagar o machismo no sentido de que meninos devem ser garanhões, não podem refutar sexo... Mas isso se dá muito mais por omissão ao não corrigir certos comportamentos ou pensamentos que seus filhos demonstram ter.
Já no caso das meninas a ideia de que ela deve ser "pura", "recatada" lhe éincutida de forma praticamente igual por homens e mulheres. Seja quando a mãe diz que ela deve "se dar ao valor" , " se respeitar". Ou quando o pai não a permite namorar, não permite que a flha durma com o namorado em casa...
Sensacional a atitude da menina e de todos os colegas que a apoiaram, inclusive a de alguns que pediram demissão. Quando comecei a ler, podia jurar que o caso terminaria em pizza como infelizmente ainda é de costume (quem não se lembra da estagiária de um grande escritório de advogados de São Paulo que foi drogada e estuprada por colegas, foi desacreditada ao contar sua versão e acabou cometendo suicídio?). Mas o povo da CBN teve fibra e estão todos de parabéns. E que venham muitas "Marianas" no futuro para denunciar abusos sem medo.
ResponderExcluirNo mais, quanto à questão de que mulheres também influenciam na criação de homens machistas... isso me parece meio óbvio. Se todas as mulheres do mundo fossem feministas, com certeza todos os homens do mundo teriam deixado de ser machistas (por bem ou por mal) e tudo já estaria resolvido, e acredito que a Lola poderia estar curtindo férias no Caribe em vez de ter um blog sobre feminismo, hehehe. Mas a cultura machista e patriarcal ainda existe, e ela forma tanto homens quanto mulheres machistas, que por sua vez formam (ambos) filhos e filhas machistas. Não dá pra querer apontar o dedo para uma só parte quando pais são dois. Aliás, vejo machistas fazendo isso direto com mulheres. Mas penso que se um pai é tão feminista assim e a mãe é que é "machista malvada" da história, ele deveria intervir para evitar que mãe passe valores errados para a criança. "Ah, mas cuidar do filho é tarefa da mulher, né?". Pois bem, enquanto todas as partes não se modificarem, ainda teremos um bom número de gerações machistas.
Bem, concordo em parte. É claro que em uma família machista a mãe também vai atuar em consonância com o pai, passando valores machistas ou permitindo que sejam passados. Mas, o principal, a meu ver, é que a criança segue modelos, aprende o que vive e vê. Se elx convive com pai, irmãos, tios, padrinhos machões e mãe, irmãs, tias, madrinhas submissas ou "não reagentes", é o que elx vai tomar por certo, são os modelos que irá seguir.
ResponderExcluirTem um ditado em Guiné Bissal na Africa (uma tia minha faz trabalho voluntário lá à anos) que diz:
ResponderExcluir"Quem educa um menino, educa um homem. Quem educa uma menina, educa uma nação".
Ou seja, as mulheres tem mais influência na educação dos filhos e mais chances de passar suas ideias à frente. A culpa dos nossos homens machistas é de suas mães machistas. E não adianta se eximir de culpa como sempre fazemos.
Uma parte que eu não gosto do feminismo é que se fala muito em empoderamento, mas o que fazemos é sempre dizer que "é culpa do sistema", "a mulher machista também é uma vitima". E assim segue um coitadismo e nenhuma empoderação.
Uma mulher empoderada é forte o suficiente para apontar dedos e assumir também seus erros e os erros das outras mulheres. Enquanto vermos sempre os homens como nossos maiores inimigos, esqueceremos que esses mascus todos são assim muito mais por suas mãezinhas que fazem mingal para seus reizinhos e chamarão de vagabundas todas as possíveis noras que não tratarão seus monarcas como eles merecem.
Não sabia desse fato e estou achando ele sensacional. Que bom que houve essa repercussão e mobilização por parte dos colegas dela. Já cheguei a comentar por aqui que tive um chefe bastante assediador, ele foi para unidade onde eu trabalhava por transferência, justamente por ter tido um episódio dele com uma funcionária. Lembro que ele era bastante insistente comigo, eu tinha que organizar o armário de achados e perdidos, um dos poucos lugares no qual não havia câmeras e ele, meu chefe, entrava lá dentro e ficava dizendo coisas e tentando me persuadir a ficar com ele. Sem contar que cada funcionário tinha lugares para ficar (estacionamento, catraca, coisas assim, pois eu trabalhava no atendimento ao público), o meu ex chefe sempre me chamava pelo rádio para ir onde ele estivesse "porque gostava de conversar comigo". Eu estava no período de experiência na empresa e o tratava estritamente com respeito. Inclusive, demorei para perceber que ele estava me assediando, mas quando percebi - e quando a coisa extrapolou os limites do suportável - eu pedia para a superiora do meu chefe me escalar para ficar sempre no vestiário feminino e a colega que dividia o posto comigo sempre me deixava cuidar das coisas de dentro do vestiário enquanto ela fazia o atendimento na porta - ou seja, ele não podia entrar no vestiário feminino, logo, eu estava livre dele. Lembro que ele me dizia "Você é tão educada, tão delicada. Aposto que a primeira coisa que fará ao passar do período de experiência será me mandar tomar no c*!"
ResponderExcluirÉ difícil alguém levar isso a sério. Por exemplo, quando contei ao meu namorado o que se passava, ele dizia que não era assédio, que o cara simplesmente estava a fim de mim. Quer dizer, o meu próprio namorado naturalizava e tirava o caráter de crime de uma situação de assédio sexual que a própria namorada estava sofrendo e a visão dele, infelizmente, é a visão da maioria de homens e mulheres aqui no Brasil (não digo em âmbito mundial, pois não conheço muito a respeito de outros países).
O fato do etarismo vem da parte desses próprios senhores. Eles mesmos não aceitam mulheres mais velhas, e não raro não aceitam a própria idade.
ResponderExcluirSaí somente com um homem bem mais velho que eu. Foi ano passado. Ele dizia ter 45 mas visivelmente tinha bem mais... tinha bem jeito de estar mais para 60 do que para 40, e mais tarde fui ver ele mentia a idade. Tinha 56.
Mas esse foi o menor dos defeitos do cara. Durante um mês, que foi o período durante o qual saímos, ele só soube soltar indiretas e falar "machices".
Alguns exemplos:
- Ele dizia pra todo mundo que só ia casar com uma mulher virgem (quando descobriu que eu era virgem então, espalhou pra todos os amiguinhos). Que se não fosse virgem ele não casava. E disse ainda que o irmão dele casara com uma mulher que se dizia virgem mas na hora de "consumar o ato" viu que não era mais e anulou o casamento (esse absurdo ele disse pra me intimidar, óbvio).
- Vivia dizendo-se assediado por meninas mais novas, incluindo a vizinha dele, pra ver se eu tinha ciúme.
- Só sabia fazer "slut shaming" com as ex namoradas. Dizia que a última ex antes de mim era "rodada" porque tinha camisinha em casa e "já estava na tangente" por ter 36 anos - e ele com 56 não estava, né.
- Quando eu perguntei se ele não ia se casar com essa de 36 que não era mais virgem, ele deu uma gaguejada, uma enrolada e disse: "ah, mas não consigo imaginar a X entrando de véu e grinalda na igreja". Mais tarde fui descobrir ele era um cara que se aproveitava de mulheres carentes pra morar junto com as mesmas e viver às custas delas. Comigo ele podia até casar, mas pelo andar da carruagem tenho quase certeza que ia querer viver às custas da minha familia.
- Ele dizia que não havia mistura de raças na família dele e dizia ditamos escrotos como: a mulher tem seu auge dos 21 aos 27 e o homem só começa a amadurecer a partir dos 40.
Ou seja... etarista do caramba. Depois que terminei com ele (não sei como aguentei um sujeito desses por um mês) ele começou a namorar uma... negra. Ele, que falava contra mistura de raças na família dele. Detalhe é que ela era bem mais jovem que ele também. Hoje, não está mais com ela tbm.
Aí se perguntam pq estão sozinhos.
Lola, não sei se vc chegou a ver o caso da mulher de 27 anos que teve os olhos perfurados pelo ex marido.
ResponderExcluirMostra bem como a realidade entre homens e mulheres ainda é bem díspare.
Ela disse que era virgem quando o conheceu, era novinha (19 anos se não me engano), ele era bem mais velho, ela é bonita e está em forma. Dizia que fazia tudo que ele queria.
Tudo que esses mascus dizem querer, e mesmo assim ela foi perseguida e maltratada.
E ainda dão um jeito de culpar a mulher por essa situação.
A única coisa que ela fez foi escolher a um sujeito errado, mas ela disse que no periodo de namoro ele não dava mostras de quem era.
Dá até medo de ter uma filha e ela se envolver com um tipo desses.
Uau, que coincidência encontrar um texto sobre isso aqui! Ontem mesmo na faculdade o professor de ética estava dando esse exemplo. Fiquei chocado com a reação de 60% das meninas. Na minha sala de aula só tem quatro homens, a maioria é mulher. Quando o professor citou esse caso, algumas meninas começaram a falar "Imagina que legal ser assediada por três homens gatos!" ou "Nossa, eu queria ser essa menina. Ela deve tá podendo!". Outras até defenderam ele, falando que é instinto de homem fazer isso. E olha que faço jornalismo. O tipo de jornalistas que sairão daquela sala me preocupa...
ResponderExcluirA culpa dos nossos homens machistas é de suas mães machistas.
ResponderExcluirNossa, você conhece todas as pessoas do mundo? E quando tem aquele filho machista que teve uma família maravilhosa e, mesmo assim, continua sendo um babaca? A coisa é mais complexa que isso. É claro que tem mães machistas que passam a ideologia para os filhos, mas não é APENAS isso. Vamos começar a entender que tem gente de todo o tipo e cabeça por aí? Afirmar uma coisa dessas só se vc for onipresente.
Acho que não faz muito sentido esse questionamento sobre meninos serem mais influenciados em seu machismo por mães, pais, pessoas do sexo masculino ou feminino.
ResponderExcluirAcho que isso varia de família pra família. Em algumas a mãe vai aplaudir o menininho que passa a mão na colega, em outras é o pai, em outras a tia, em outras o avô.
Pra descontrair um pouco, sobre a questão do "pegador" fazer mais sucesso com as mulheres, que homens adoram repetir. Sempre que dizem isso eu me pergunto:
O cara é charmoso por quê é "pegador" ou acaba sendo "pegador" por quê é charmoso?
Pra mim fica muito óbvio que é a segunda opção. Não entendo tanto contorcionismo mental pra algo que pra mim parece tão simples. Se a pessoa tem um charme, um carisma, uma beleza, algo especial, é bem provável que ele vá chamar a minha atenção, o da minha amiga ao lado e de toda a torcida feminina do Flamengo.
Abçs Lola e bom fim de semana.
Mães ensinam os seus filhos a serem o que a sociedade requer de cada gênero. A gente SEMPRE, SEMPRE educa nossos filhos com os preceitos que nos foram passados. O que foi passado para as mães? Que elas devem se sacrificar pelos filhos e família, que ela deve sempre servir aos filhos e ao marido. Junta aí com homofobia, porque cuidar de casa é coisa de mulher;e ser machão, gritar,cuspir e coçar o saco, e comer todo mundo é coisa de macho. E mãe nenhuma quer um filho gay. E aí, mãe,numa tentativa de se conformar à sua realidade, vira opressora para a própria filha, porque se ela não foi poupada do machismo, por qual motivo poupará a filha? De jeito nenhum, vai lavar, passar cozinhar como mãe, até porque a mamãe quer um descanso de tanta escravidão.
ResponderExcluirENTÃO, SIM, QUEM INCENTIVA O MACHISMO NOS FILHOS ACABA SENDO TODA A SOCIEDADE. E quanto ao que as mães aprendem sobre os papéis de gênero?
QUEM PASSOU ISSO PARA AS MULHERES DESDE O COMEÇO DOS TEMPOS? EM CONFORMIDADE COM OS PRECEITOS DE QUEM AS MULHERES CRIAM SEUS FILHOS E SE PORTAM? PARA BENEFÍCIO DE QUEM?
Mas no meio disso, meu caro, nós mulheres, na condição de mães,filha,irmãs ou whatever,não somos beneficiadas por esses preceitos. Portanto, sim, somos as menos culpadas. Porque qualquer pai, qualquer filho,qualquer irmão poderia muito bem intervir nisso, mas ao contrário, apenas se beneficia e fica quieto porque é mais conveniente para si.
Temos que levar a culpa pelo machismo?
Então, somos culpadas quando nossos maridos nos batem, nós os provocamos com nossas exigências e encheções de saco. E nem para sair de casa,nós prestamos. Demonstrando o quanto gostamos de apanhar.
Nós somos culpadas pelos estupros, nós os provocamos com nossas roupas e comportamentos.
Ouvimos tantos casos de mulheres violentadas e mesmo assim, nós não nos preservamos. Ao invés de só sairmos acompanhadas e bem vestidas, saímos com uma roupa qualquer.
Nós somos culpadas pelas traições masculinas, somos nós quem criamos os meninos para serem pegadores. Somos nós quem perdoamos. Somos nós quem repetimos que todo homem é igual e não aguenta ficar sem sexo. A culpa é nossa. Nós concordamos com o que é dito sobre os homens.
Nós merecemos ser chamadas de vagabundas. Tantas mulheres nos chamam. Tantas mulheres acham que isso é certo ou normal. Por que motivo deveríamos nos queixar?
Nós merecemos todo os males do machismo, porque nós educamos os homens para tal.
E assim, tiramos toda a responsabilidade de filhos,irmãos,maridos e pais que nunca transmitem nenhuma espécie de preconceito para os homens em formação.
Eles apenas repetem o modelo que mamãe ensinou SOZINHA (será?)e nenhuma espécie de exemplo negativo parte dos homens,já que não são eles que criam. Foi o que me pareceu pelos comentários acima.
Só que eu acho, só acho,desconfio,penso que : repetir ou não intervir nesse modelo é assiná-lo embaixo. Então, cadê os homens para se responsabilizarem por sua parcela nesses casos? Devem estar ocupados fazendo coisas de machos, tipo, repetindo o modelo do machão de cozinha e culpando as mulheres por tudo.
Eu tava esperando para ver a quantidade de mascus que deve pensar que ela provocou,mereceu e todas as babaquices que eles comentam.
ResponderExcluirPois é, eu nunca ouvi mulheres dando conselhos sexuais ao filho. Sobre como deve pegar, beijar,lamber,meter chupar nem nada disso.
A única coisa que a mãe vai se atrever a falar é que o cara tem que ser pegador e sempre vai falar em tom de brincadeira. Então, eu vou ter que acreditar que as mães ensinam que se deve bater em mulher, mexer com elas na rua, que se deve trair a parceira, que mulher faz doce e quando diz não é sim. Só escuto isso de homens. Muito curioso. Quem mais vive falando que cozinha é coisa mulher é homem. Muito do que a mulher faz na criação dos homens se mistura com o fato de que isso é o que dizem que as mães fazem. É o tal do instinto materno que disseram existir e que empurra vc a aturar uma criança não te dando folga até qdo vc vai ao banheiro porque ser mãe é padecer no paraíso.
E só para terminar, teve um anônimo que disse que a culpa é nossa mesmo, que falar que somos vítimas do sistema não é empoderamento. Mas o problema é que condicionar tudo como culpa nossa e tirar a responsabilidade do homem é um erro por si só. Uma ser feminista não vai tornar um homem menos machista. Pode enfraquecer a corrente, pode atrapalhar alguns planos. Mas não vai causar nenhuma mudança estrutural se não partir nenhuma mudança deles mesmos. E eles poderiam, por exemplo, alegar que a culpa é da mulher, por que motivo eles deveriam mudar? Nos culpar por tudo também não é nos empoderar, é só manter a injustiça.
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