quarta-feira, 17 de julho de 2013

POR QUE O FEMINISMO PODE SER ASSUSTADOR PARA ALGUMAS MULHERES

O querido Flávio Moreira encontrou este texto recente num blog americano, fez questão de traduzi-lo, e o enviou pra mim. 
O texto é de uma mulher latina (a engenheira civil e radialista Patricia Valoy) que vive e trabalha em Nova York. Vale a pena ser lido (a maior parte das ilustrações são referentes ao Chicana Feminism, o feminimo latino). 

Feminismo é uma palavra polarizada.
Ou você o abraça integralmente como forma de vida ou não quer saber de nada com ele.
Pessoalmente, sempre tive um estilo de vida feminista. Mas até recentemente eu normalmente começava uma conversa sobre direitos das mulheres com a pavorosa frase “Não sou feminista, mas...”
Por que eu hesitava tanto em me afirmar feminista?
A verdade é que eu simplesmente não entendia o que era o feminismo, muito menos quão libertador ele era.
Eu tinha concepções erradas, como a de que o feminismo queria usurpar o poder dos homens e dominá-los.
Eu realmente acreditava que, por ser uma garota, eu precisava de proteção contra danos, e que eu deveria estar satisfeita por existirem homens que poderiam me oferecer essa segurança.
Mas, mais importante, eu não achava que eu, como mulher, fosse oprimida.
Por exemplo, uma família na qual meu pai era o patriarca era a regra. Quando minhas irmãs e eu queríamos ir a algum lugar fora de nossa vizinhança meu pai protestava e dizia que não era seguro.
Mas não apenas meu pai.
Minha mãe e outros parentes femininos, todas diziam a mesma coisa.
“É perigoso para uma garota”, nos diziam. “Você estará mais segura aqui”.
É claro que eu queria estar segura e protegida. Quem não quer? E eu sentia que tudo o que minha família fazia por mim era porque eles sabiam o que era melhor para mim.
Nunca me ocorreu que parte disso era resultado de sexismo. E com certeza nunca me ocorreu que parte disso era resultado do sexismo internalizado das mulheres.
Vivíamos sob papéis de gênero estritos, e era assim que as coisas eram, simplesmente.
Foi só depois de começar a ler sobre feminismo por curiosidade que entendi como muito da minha criação era, na verdade, fruto de um mundo patriarcal.
Mas mesmo depois dessa compreensão de que eu poderia questionar essas normas, eu ainda achava que o feminismo não era para mim.
Eu queria me libertar de papéis de gênero limitadores, claro — exacerbados por parentes que estavam insatisfeitos porque eu estava estudando engenharia, uma profissão dita “masculina”— mas eu também queria ser amada.
O feminismo prega igualdade entre os gêneros, mas porque vivemos em uma sociedade que relaciona qualidades femininas com fraqueza e docilidade, isso parece um extremismo.
Mas na época, embora eu concordasse sinceramente com o feminismo, ele parecia radical e revolucionário.
O que percebo hoje é que eu estava com medo do rótulo, não do que ele representava.
Mas isso me impediu de abraçar o feminismo integralmente como modo de vida até que eu estivesse com idade suficiente para buscar informações por mim mesma.
Todo o meu conhecimento sobre o feminismo, como muitas de nós, consistia em uma palestra de um dia no colégio sobre a Declaração de Seneca Falls. Assim, por toda a minha vida pensei que o feminismo fosse um movimento criado por e para mulheres brancas americanas. E esse era um movimento do qual eu não queria fazer parte.
Mas então…
Num esforço para me reconectar com minhas raízes dominicanas [Rep. Dominicana], li o livro No Tempo das Borboletas, de Julia Álvarez. O livro é um relato ficcional sobre quatro mulheres, as irmãs Mirabal, na República Dominicana, que lutam pela liberdade enquanto o país é governado por um ditador tirânico.
Quando vi o quanto compartilhávamos a mesma história, cultura e modo de vida, suas histórias de coragem e força serviram como alicerce para o meu feminismo.
Essas mulheres viveram em uma época em que não era permitido a elas ultrapassar limites. As consequências das discordâncias eram mais do que tornarem-se párias da sociedade: elas eram mortas por suas ações.
A história das irmãs Mirabal incitaram o espírito revolucionário em mim. Eu vi sua história como uma forma de lutar pelas liberdades civis com foco nas mulheres e meninas.
Mas sua história me ensinou que também poderia ser perigoso ser feminista.
Assim como as irmãs Mirabal foram assassinadas por lutar contra um ditador cruel, em alguns lugares mulheres que confrontam e tentam mudar normas sociais se colocam em risco de serem alienadas por suas famílias e pares ou mesmo encarar retaliação do governo.
No México, Lydia Cacho -– feminista, defensora dos direitos humanos, e jornalista– foi ameaçada de estupro e assassinato por manifestar-se pelos direitos das mulheres.
No Afeganistão, dois assassinos de aluguel mataram Najia Seddiqui, líder do Women’s Affairs Department (algo como Departamento de Assuntos das Mulheres) e incansável defensora do avanço feminino em seu país. Sua antecessora, Hanifa Safi, também foi morta quando detonaram explosivos instalados em seu carro.
Perseguições? Clique para ampliar.
Em todo o mundo existem histórias de mulheres que são punidas por se manifestarem a favor das mulheres. Ainda assim, mesmo para aquelas de nós que possuem a sorte de viver em um país em que não sofremos perseguições por sermos feministas, existem vários obstáculos para se tornar uma feminista.
Diferentemente das irmãs Mirabal, de Lydia Cacho, Najia Seddiqui e Hanifa Safi, nenhuma de nós corremos perigo físico por nos afirmarmos feministas.
Mas entendo que identificar-se como feminista nem sempre é fácil ou viável.
Algumas mulheres tentam abraçar o feminismo, mas sentem-se desconectadas do movimento.
O feminismo predominante tem a tendência de se concentrar desproporcionalmente nos problemas de mulheres brancas, cis [não trans], de classe média.
Não é prático focar em questões como se as mulheres deveriam trocar de nome no casamento quando não se tem dinheiro suficiente para sustentar a família.
Algumas mulheres não podem abandonar seus empregos para juntar-se a um comício feminista, porque isso poderia significar que sua família poderia ficar com fome.
Mulheres pobres, mães solteiras e imigrantes são muitas vezes as mesmas mulheres que não possuem os meios de se organizar e protestar devido à falta de fundos, tempo ou barreiras linguísticas.
Mas essas são também as mulheres que mais precisam do feminismo.
O patriarcado tem dado duro para convencer as mulheres de que o feminismo não é mais necessário. A afirmação de que “já somos todos iguais” é falsa.
A realidade é que enquanto homens e mulheres brancas atingiram alguns níveis de igualdade na nossa sociedade, o mesmo não ocorre em todas as partes do mundo.
Mesmo nos EUA, as mulheres ainda ganham menos do que os homens, fazendo o mesmo trabalho. Ainda se espera que nulheres casem e tenham filhos e aquelas que não estão interessadas nesse modo de vida são vistas como párias.
Enquanto isso, em alguns países, as mulheres podem ser mortas por seus parentes por serem estupradas ou por suposta promiscuidade. Se o feminismo, como estamos convencidas, não fosse necessário, esses problemas não existiriam.
Eu me afirmo feminista porque acredito no que ele representa. Mas tenho sorte de viver em uma sociedade que me permite me expressar livremente, assumir o rótulo com orgulho. Mas, no fim das contas, o objetivo do feminismo não é se vangloriar do número de mulheres que se declaram feministas. 
Um rótulo pode ser importante para reforçar o sentimento de comunidade, mas não será suficiente para derrubar a sociedade patriarcal. Aquelas de nós que possuem os meios de melhorar a vida das mulheres precisam demonstrar empatia e trabalhar pelas mulheres que não têm voz – mesmo se sua causa não for a nossa causa.
Mais importante do que dizer “Sou feminista!” é fazer o trabalho necessário para o progresso das mulheres, e isso é o que nos torna verdadeiramente feministas. E não vejo nada de assustador nisso.
No Brasil algumas feministas também são ameaçadas...

68 comentários:

Anônimo disse...

Nem vou falar destes bostinhas dos mascus para que a minha pressão não suba. Olhando pra trás sempre fui feminista, sempre defendi meus direitos com unhas e dentes, quando alguém me falava que por ser menina não podia isso ou aquilo, na adolescência me diziam que tinha que me valorizar (aquela palhaçada), agora adulta qdo me dizem que tenho obrigação de ter filhos, pq se não tiver vou ser sozinha e mimimi... O corpo é meu, a vida é minha, portanto só cabe a mim saber o que fazer deles. Cada um tem uma vida, pois bem, que cada um cuide da sua!
Péssimo hábito do brasileiro é esse de cuidar da vida alheia, achar que pode dar pitaco de quando a mulher deve namorar, que ela tem que casar, ter filhos, sempre vem de mãos dadas com o machismo argh!
Mudando um puquinho (mas nåo desviando completamente) de assunto, Lola vc viu a novela Saramandaia da globo? Onde a personagem defende o aborto ser feito em clinicas para quem quisesse, que a mulher é quem devia decidir se queria ou não o filho. http://tvg.globo.com/novelas/saramandaia/videos/t/cenas/v/laura-se-surpreende-com-a-reacao-de-stela/2697040/
Encontrei numa pagina feminista do facebook e fiquei enojada com a quantidade de mulheres machistas nesta pagina com aquela fala asquerosa, "se não quer ter filho feche as pernas".
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=473657449393907&set=a.346412782118375.80917.346411042118549&type=1&theater
Aff que nojo dessas infelizes!

Flavio Moreira disse...

Lola, se tivesse me avisado que iria publicar eu teria dado mais uma revisada na tradução. Peço desculpas aos leitores se encontrarem alguma bobagem - fiz correndo, prometendo a mim mesmo que iria revisar, mas por causa das provas na facu, não fiz. Prometo caprichar mais nos próximos...

Thomas disse...

Talvez o feminismo seja assustador para algumas mulheres porque é uma ideologia fraca, com fundamentos fracos. Tá mais parecendo religião hoje em dia, sem querer ofender os amigos religiosos que porventura comentam neste site.

lola aronovich disse...

Pra ter uma ideologia forte só tomando Toddyinho, né, Thomas Toddy?

Tuitei agora a pérola mascu que vi hoje: "Provamos que as participantes do Project Unbreakable não sofreram estupro, e sim sexo sem consentimento".
Pois é, ideologia marombada mesmo é essa sua, né, Toddy?

Anônimo disse...

Thomas Toddy is back.

Eu, como mulher negra, entendo a autora,às vezes é difícil se identificar com o feminismo focado na mulheres brancas. Por exemplo, a lutas das mulheres brancas para poderem sair de casa e trabalhar não é a mesma que lutamos, pois nós, sempre tivemos de trabalhar fora, querendo ou não.

É preciso lutar por um movimento mais plural.

Anônima da saia disse...

Flávio a sua tradução ta ótima, uma boa tradução é aquela que parece que o texto nem foi traduzido senão que escrito no idioma da tradução, ou seja, o portugues. Parabéns

Quanto ao post eu me identifiquei bastante. Desde pequena eu era a "feministinha" da familia porque achava errado so a minha mãe cozinhar lavar e cuidar dos filhos, que ela teve que renunciar a carreira. Achava errado que so mulher tem que ser linda homem pode se permitir a nao se-lo, etc.
Mas mesmo assim eu dizia nao ser feminista, que nao era radical, que elas sao as loucas, etc,

Ainda me pego com algumas contradições hoje em dia, por ex. Ainda estou em total desacordo com aquele post sobre Valesca popozuda e funk ser feminista. E ainda acho que existem sim roupas vulgares, nao sei ta muito enraizado dentro de mim esse conceito, eu ainda acho que coelhinhas da playboy, Valesca popozuda e roupas estilo Xuxa sao sim muito machistas e vulgares,
Mas atenção também acho vulgar um homem sem camisa que nao seja na praia.

Sobre o de sair sozinha dependendo da hora. Eu sei que é fogo, que nao deveria ser assim, mas mesmo lutando pelo meu direito de ir e vir a hora e como eu bem entendesse nao consigo me sentir segura de noite e sozinha. Gostaria que nao fosse assim, mas enquanto vivemos num pais violento e machista infelizmente eu evito a noite sozinha.

Abraços,

Anônima da saia disse...

Ao primeiro anônimo

Pois é essa história do direito ou nao de ter filhos é fogo, eu nunca quis filhos e enquanto nao tinha namorado so me olhavam com cara de pena, agora começou a perguntaçao e mais que ja tenho 35.

Em geral nem dou bola, mas quando vem de amigos e familia próximos é cansativo,

Quando eu respondo ok, tenho o filho e te dou pra cuidar. Ai me chamam de egoísta megera, que vou me lamentar MUITO NO FUTURO, as vezes me dizem sutilmente "meus filhos foram a minha maior benção"

As vezes da vontade de voltar a nao ter namorado ou namorar as escondidas.

Flávia disse...

Eu não tinha noção do tipo de ameaça que pessoas como você sofrem.
É triste, muito triste.
Sabe, eu até entendo que pessoas podem ter opiniões contrárias ao feminismo, ou qualquer outro assunto. É assim que o mundo é.
Mas não entendo essa violência.

Anônimo disse...

Lola, você não faz ideia do quanto sou grata a você! Vez ou outra preciso vir aqui expressar toda minha gratidão e nunca consigo fazê-lo com palavras porque sei que você vai ler o que estou dizendo e não vai conseguir mensurar o tamanha da minha eterna gratidão! Lola, muito obrigada por disseminar boas ideias e tantas vezes confortar corações aflitos! Obrigada do fundo do meu coração! Beijos!

Anônimo disse...

Sobre a página do facebook "Moca, vc é machista", é uma pena. A página é excelente, mas está cheio de imbecis só esperando pra colocar em toda postagem: "ai que exagero, tenho toda liberdade, vcs soh exageram no vitimismo" "mulherada é tudo puta hoje em dia", "se veste como biscate e quer respeito", "vadia que aborta merece a morte". E a maioria é mulher. Que vergonha. Infelizmente nao dah pra expulsar.

Anônimo disse...

Acho engraçado que quem diz para alguém que não quer ter filhos "Egoísta, você vai se arrepender no futuro!" é, geralmente, uma pessoa que espera que os filhos cuidem dela na velhice, então...QUEM É O EGOÍSTA, DE FATO?

@vbfri disse...

@ Anon de 13:46:

Eu ia comentar justamente isso. Vc foi mais rápidx...
Escuto MUUUUUITO isso... Que eu devo ter filhos para eles cuidarem de mim na velhice.
Aham.
Porque eu super conheço mil filhos que, DE FATO, cuidam dos pais na velhice... só que não.
E outra: SE eu tiver filhos, eu NÃO QUERO que eles interrompam a vida deles para cuidar de mim na velhice. Sou muito mais a ideia de ir para um retiro desses bacanérrimos e pronto. Ou contratar uma pessoa.
Eu acho até injusto FORÇAR um filho (que normalmente trabalha, estuda, tem filhos e vida própria) a interromper a vida para cuidar de um idoso. A ESCOLHA deve ser DELE.
Como a escolha de ter ou não filhos.
E, ainda, pelo que vejo, são poucos os idosos que, de fato, necessitam cuidados 24h/dia.
Se um dos meus pais ficasse doente e eu tivesse que cuidar, eu faria o que com o meu emprego? Largava? E quem ia pagar minhas contas? A pensão deles? Ok... E quando eles morressem eu iria viver de que? Brisa?
Muito bonitinha essa ideia de cuidar dos pais na velhice, porém não é nada prática.
Aí se eu digo "ok, contrato umx enfermeirx", a megera sou eu.
Igualzinho quando os pais colocam o filho na creche ou com a babá.
---
@ Lola

ué, e sexo sem consentimento é o que?!?! Apareceu uma nova figura jurídica do dia pra noite e eu não estava sabendo?

o.O

Eu, hein! Que povo doido...

Unknown disse...

Nunca disse "Não sou feminista, mas...". Sempre me assumi feminista. Mesmo assim, é curioso que haja pessoas que me chamam de feminista de uma forma pejorativa, como se fosse um xingamento - inclusive e principalmente dentro da minha própria família. Sempre foi assim. Eu rio e agradeço o elogio.

Anônimo disse...

Anônimo das 11:44 - eu tb amei o trecho da novela Saramandaia!

Samantha

Vivi disse...

Ótimo texto, vou comentar apenas uma parte que acho importante.
“O que percebo hoje é que eu estava com medo do rótulo, não do que ele representava.”

É bastante curioso (e compreensível) a quantidade de gente que faz ou tinha este tipo de discurso. Somos ensinados que apenas os “pensamentos contestatórios” são rótulos e ideologias. Fomos martelados com o discurso “não quero me enquadrar em rótulos e caixinhas”, mas sequer questionamos o que isso significa. Oras, o capitalismo, o machismo, o racismo tb são ideologias, “rótulos” ..Eu posso ser feminista, anti-capitalista, ao mesmo tempo que sou mulher, trabalhadora, mãe, que tenho tais gostos, sonhos que só são meus, que posso inclusive discordar de muitos amigos anti-capitalistas, ter discussões com algumas feministas etc etc...Posso ser tudo isso.
Ou seja, ser “feminista”, ou “socialista”, ou “do movimento negro”, ou etc etc,como dizem por aí, “rótulos” no sentido negativo, não faz da pessoa menos complexa, menos crítica, menos singular...
Só acho curioso que quem geralmente implica com “não quero me enquadrar em rótulos” podem ter sem saber,igualmente pensamentos do “rótulo conservador”, do rótulo “racista”, do “rótulo machista”..
Bom, meu comentário é apenas para dizer para tomarmos cuidado com a ideologia conservadora de tentar fazermos odiar estes “rótulos” (apenas os contestatórios são “rótulos”) como dizem por aí...
Bjos

B. disse...

Estes imbecis fazem ameaças, falam merda, tem merda na cabeça e a coragem de se mostrarem não... Engraçado, se fosse eles realmente os certos fariam tudo de cara limpa sem ter medo, como você Lola, pois estes escro*os sabem que eles iriam se ferrar se falassem isto abertamente.

Anônimo disse...

Forte é tomar Toddy.

aiaiai disse...

muito bom! e, Flávio, sua tradução está um show!!!

eu tenho feito um teste ultimamente: perceber a cara das pessoas quando falo "sou feminista" e "sou ateia", em situações diferentes. até agora, acho q o "sou feminista" tem sido recebido com tanto espanto quanto o "sou ateia".

é complicado, mas, vamos em frente. para mim o feminismo já fez muito. sou independente, faço o que quero, tenho firmeza p retrucar machismo q encontro pelo caminho. Mas para bilhões de mulheres não é assim, né? Então, continuemos!

carol v. disse...

Como Flávia, fiquei chocada com as ameaças dos mascus. Lola, te admiro imensamente e sou muito grata pelo que você faz. Te abraço.

Anônimo disse...

Anonima das 12:46, eu discordo com o que vc disse de feminismo de negrxs x brancxs, me atrevo a dizer que não tem nada a ver com o feminismo; até onde entendo do feminismo são os direitos e deveres iguais para homens e mulheres independente da etnia (me corrijam se eu estiver errada).
Quanto a trabalhar, eu sou branca e trabalho desde os meus 15 anos (não sou melhor nem pior que ninguém por isso, estou apenas usando como exemplo), quando fiz faculdade também continuei trabalhando para me sustentar (por mais que eu tenha feito em uma universidade federal, eu também tinha gastos, com transporte, alimentação, aluguel, etc).
Não acho justo dizer que há feminismo para brancxs e outro para negrxs, todos somos subjulgadas por sermos mulheres, sei que xs negrxs alem de tudo sofrem preconceitos, mas isso não diminui e nem diferencia feminismo de um e outro.
Acho sim que é mais uma batalha que temos que lutar e não que estamos de lados diferentes.

Flavio Moreira disse...

Anônima 12:46, obrigado pelo incentivo. Estou preparando mais duas traduções e espero, em breve, ou mandar para a Lola publicar ou tentar ressuscitar o meu blog e colocar lá.
Lola, não alimente os trolls; vai ver que de tanto tomar Toddynho o Thomas Toddy ficou intoxicado. O excesso de açúcar afetou os meio-neurônios dele.

Anônimo disse...

Desde pequena sou feminista. Nunca escondi, mas também nunca sai anunciando para o mundo. Se quiser saber, pergunte. Na minha sala da faculdade há várias mulheres machistas. Elas acham que só biscate é estuprada, que filho não planejado é castigo e dizem que mulher gosta mesmo é de apanhar; não existe violência doméstica. Um horror só! Elas tem pavor da palavra feminismo. Eu nunca tentei explicar nada, até porque não sou mãe de ninguém pra sair educando, mas é deprimente ouvir tanta baboseira de mulheres. Eu penso: "Será que elas não percebem que também são suscetíveis a isso?". Acho que a ignorância e o medo do desconhecido é maior.

Anônimo disse...

Não apoio nem um tipo de "ismo" acredito na igualdade, tanto nas coisas ruins quanto nas boas... coisa que é bem claro que não ocorre na sua "crença"...

Wellington F disse...

É por essas e outras que eu acho que o feminismo precisa ser mais amplamente divulgado. Acho este e outros blogs feministas simplesmente fantásticos, mas pelo fato da internet não estar acessível a todas as classes, então mensagens como essas acabam sendo passadas quase restritamente para a classe média.
Volto a bater na tecla de que precisamos de mais movimentos culturais, sociais e artísticos que divulguem o feminismo. A grande mídia corporativa e a direita religiosa parecem ter ojeriza a qualquer movimento social de cunho igualitário, então temos, nós mesmos, que fazer a nossa parte de alguma forma. Nós podemos ter um futuro melhor para todos, mas precisamos sair da nossa zona de conforto e tomar uma atitude para que as mudanças possam, de fato, ocorrer.

Patty Kirsche disse...

Não é nem um pouco surpreendente que feministas sofram ameaças. Pensa bem, se um sujeito é misógino, não há nada que uma mulher possa fazer pra ser respeitada por ele. Misóginos não gostam de mulheres porque elas são mulheres, então não há nada que se possa fazer. Feministas são as mulheres que lutam por seus direitos, logo incomodam mais ainda. Misóginos querem ver mulheres oprimidas.

Annah disse...

anônima, é machismo grave ficar chamando outras mulheres de vulgares. Vulgaridade é um conceito construído socialmente, você acha que povos que andam nus são vulgares? Você deveria repensar isso.

Também não é aceitável feministas ficarem dizendo que uma mulher está servindo o patriarcado porque ela se veste de determinada maneira.
_

afora isso, @lola, texto bem legal. :3 é importante que, como feministas, tentemos nos comunicar com todas as camadas da sociedade, principalmente as mais oprimidas.

EURONYMOUS DEMOGORGON disse...

tem que separar a idéia do que é sancto e do que é real. a real naõ prega a violencia, e sim uma adaptação ao sistema vigente. e esse termo sancto é algo que não se aplica a todos os misóginos, mas todo misógino acabou levando fama de sancto.

a real é a idéia do macho zeta, que na minha visão, tem a ver com o caminho do meio do budismo, o ato de se poupar de sacrificios, enquanto os machos alfas e betas disputam pelas mulheres, se impõem na vida social, o macho zeta se poupa dessas disputas, e mantém o isolamento social pra não acabar tendo que abaixar a cabeça pros alfas e pras mulheres.

sancto nunca teve nada a ver com o movimento da real, eu ja troquei idéia com misóginos no orkut, mas eles não eram sanctos, eles não eram religiosos, eram ateus, e sabiam falar como gente normal, mas entre o meio dos misóginos sempre apareciam esses fanáticos religiosos. se o sancto quer estuprar, que ele arque com as consequencias, se o sancto quer fazer terrorismo que ele arque com as consequencias. eu acho muito irracional o cara querer se auto-destruir porque as mulheres o rejeitam.

Mary Janne disse...

Lola, vc viu isso? Esse cara é ridiculo
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/07/1312625-feliciano-pede-veto-a-projeto-sobre-atendimento-a-vitima-de-estupro.shtml

Anônimo disse...

Alguém deveria mandar o Feliciano conhecer Jesus mais de pertinho mais cedo, né?

Anônimo disse...

Oi Lola,
ótimo post!!! Mas esses mascus têm cada uma. Não consegui conter o riso com essa descrição aí do que é sancto e do que é a real.. coisa de maluco. Infelizmente tem gente assim no mundo.
Ser feminista é sim libertador. Digo isso a todas minhas amigas, algumas me apoiam, mas não se dizem feministas. Sempre que posso falo sobre o feminismo, tanto para amigas como para os amigos e o namorado também. A ideia é sensibilizar. Alguns ainda por ignorância acham que feminismo é extremismo, mas vou aos poucos mostrando que não.

Já indiquei seu blog pra todo mundo que pude rs

Bjs,
Su

Sara disse...

Completamente lamentável q essa moça do post não faça o q ela mesma prega.
Me desculpem mas acho sem cabimento nenhum deslegitimar outras feministas pq não são da mesma cor , da mesma religião , da mesma classe social, ou como mais comumente se vê da mesma ideologia politica.
Enquanto nós mulheres continuarmos a criar divisões estupidas entre nós, pouco progrediremos em direção aos direitos iguais entre todos os sexos.

afrolesbofeminista disse...

Uma aula sobre sanctos, real, misóginos...
hum...que maravilha, agora sou uma pessoa mais culta..rsrsrs

Falando sério. Ontem enquanto estava no ônibus, a caminho do trabalho, ouvi um cara conversando com uma mulher sobre o quanto ele sofre ao tentar convencer à esposa a não trabalhar "fora". Ele afirmava que uma mulher tem que ficar em casa pra cuidar dos filhos e do lar.
Esse cara deveria ter uns 30 anos. Não era um senhor, era um jovem. Imagino como ele deve "educar" os filhos.

Sonado Alaikor disse...

Sei lá o carinha da real. Se quer seguir uma filosofia budista segue, mas não acho que o tópico aqui seja este sabe...

Quanto ao post, fico grato ao Stepham por ter me linkado ele (eu ia acabar lendo ao abrir o gmail, mas ainda assim valeu). Amei ele e achei uma reflexão que merece ser divulgada.

As vezes vejo este problema na luta de muitas feministas (sou um critico por natureza, de tudo e de todos, quase um hater quando mal humorado, me desculpem por isso, é uma parte de min), longe é claro de querer dizer como alguém deve lutar suas lutas, mas sempre vejo ele etéreo demais nos debates, acadêmico demais e por vezes até burgues demais em certos grupos. É bom ver o papo sendo reto e esmiuçadinho :D

Marcelo W disse...

De todos os movimentos sociais acredito que o feminismo seja o que mais sofre com os rótulos. Os valores do patriarcado são tão arraigados que as mulheres até percebem as injustiças. Só não veem o feminismo como a saída para estas injustiças. Mas aos poucos isso está mudando. Bom sinal.

Descobri esse blog recentemente durante a recente onda de protestos. Desde então tenho "devorado" entusiasticamente artigo após artigo. Belo trabalho Lola!

Anônimo disse...

Lola, tô assustada com os comentários dos misóginos. Obrigada pela coragem!

Anônimo disse...

Lola, eu também me assusto com os comentários do misóginos. Como o outro anônimo, agradeço a coragem. Você é brilhante. Se cuida. Abraço!

Anônimo disse...

"Fato é que 99% do feminismo é composto por mulheres que sofreram ou sofrem por serem muito inseguras, pelos mais diversos motivos, e que encontraram conforto nessa ideologia"

não é óbvio, sua anta? Lutamos por uma sociedade no qual se pode viver sem medo de gente como você, que insiste em desprezar os direitos, a liberdade, a capacidade e a autotutela das pessoas que nasceram com a identidade feminina.


"blablabla parece religião porquê ninguém pensa e nao age com a razão" JURA AMIGÃO, voltando naquele clichezão sexista da irracionalidade nata das mulheres? vá catar coquinho.
Na verdade, vamos fazer uma experiência: racionalize um mundo no qual você nao pode usar camiseta regata num dia quente, não pode assumir um cargo (diretor , enfermeiro), não pode trabalhar fora e quando sua dona-esposa te espanca porquê você não preparou o café, sua familia diz "ah, mas você também não colabora, né!"... e tudo isso porquê você nasceu com um pênis.

Não sei se você entrou nessa onda porquê encontrou abrigo contra as "injustiças do mundo porquê minha amada do 2º grau me rejeitou" debaixo da asa dos grupinhos de frustrados sexistas ou se você foi criado com essa ideologia abestalhada e nunca parou pra pensar a respeito. Mas quer realmente "sair da matrix"? então exercite a empatia. sempre que você xingar uma mulher porquê ela malha, pense se ela estivesse te xingando por ser pançudo. se você xinga uma mulher atraente que te rejeitou, imagina você sendo xingado porquê rejeitou as investidas de um cara que queria comer teu cu. e por aí vai.

Anônimo disse...

O anônimo do macho zeta poderia ir estudar mais sobre budismo antes de vir despejar por aqui.

Até artigo da wikipédia tá valendo, fio -_-

Anônimo disse...

Pelo fato de ter de mostrar-se menos egoísta, mais paciente, mais abnegada e mais maternal, a mulher adquire uma compreensão mais profunda do que os homens sobre o que significa ser "humano". As mulheres vivem todo o espectro da vida; não pensam em termos de preto e branco, de sim e não ou de tudo ou nada, como os homens são propensos a fazer. Não resolvem assuntos de vida e morte dizendo: "ponha-o contra a parede e mate-o". É mais provável que digam: "Dê-lhe outra oportunidade". Inclinam-se a fazer ajustamentos, a considerar as possíveis alternativas e a ver outras cores e gradações entre o preto e o branco.

Em comparação com a maneira profunda como as mulheres estão comprometidas na vida, os homens parecem empenhados apenas superficialmente. Comparemos o amor de um homem por uma mulher com o de uma mulher por um homem. Existe aí a diferença entre um riacho e um oceano.

Para o homem, sempre o amor, na vida, é coisa à parte;
Para a mulher, é a própria existência, em seu todo.

As mulheres amam a raça humana; os homens comportam-se como se fossem, de um modo geral, hostis à ela. Os homens agem como se não fossem amados adequadamente, como se tivessem sido frustrados e com isto ficado hostis. Tornando-se agressivos, dizem que a agressividade é natural e que as mulheres são inferiores porque tendem a ser meigas e não agressivas. Mas é precisamente na capacidade de amar, no espírito de cooperação, mais do que na agressividade, que é demonstrada a superioridade das mulheres em relação aos homens e isto porque (seja ou não natural ter amor ou ter espírito de cooperação) o destino evolucionário e a própria sobrevivência da espécie humana estão mais intimamente ligados à capacidade de amor e cooperação do que a qualquer outra coisa.

(...)

Uma total compreensão das diferenças entre os sexos, embora levando à promoção da mulher, leva também à promoção — não à diminuição — do homem, pois este poderá, através de melhor compreensão, perceber suas potencialidades tão completamente quanto as mulheres. É esta uma área na qual os dois sexos podem trabalhar em conjunto, cooperando e criando, chegando a um melhor entendimento, aprendendo a pensar juntos e contribuindo para o desenvolvimento feliz de cada um.

— Ashley Montagu, antropólogo e humanista inglês.
A Superioridade Natural da Mulher (1953-1968).

Cora disse...


off topic (pero no mucho)

deem uma olhada nesse video e depois leiam os comentários. tudo amigável e fofo. mesmo a galera que não gostou falou numa boa. agora imaginem se no lugar de um dos garotos estivesse uma garotA. mesma música, mesma dança, mas agora um garoto e uma garota. conseguem imaginar o nível dos comentários direcionados a ela?

http://www.youtube.com/watch?v=raFxoeef-jo

Anônimo disse...

Mas eu não entendo porque não gostam de mulheres. Por que?

Anônima da saia disse...

AHB
Acredito que vc dirigiu o seu comentário para mim.
Me perdoe, mas nao consigo achar que a roupa a qual Xuxa usava nos anos 80, ou valescas popozudas sejam feministas ou nao sejam roupas machistas.
Para mim podem vir com mil argumentos, funk carioca, Valesca popozuda , panicats e inclusive dançarinas do faustao SAO SIM machistas e se vestem sim de forma machista.

Mas como falei, acho errado que o termo "vulgar" seja usado so para mulheres, ja falei mais de uma vez aqui no blog da lola que para mim homem sem camisa ou esses que vc ve com a calca caindo quase aparecendo os pelos púbicos TAMBÉM É VULGAR,
PARA MIM vulgaridade nao tem sexo é uma maneira de se vestir feia e com intenção de mostrar o corpo de forma sexualizada que nao sensual.

Abraços

Anônimo disse...

Anonima das 16:00

Não estou falando que deva existir um feminismo de brancas e um de negras, muito menos que somente negras trabalham desde a juventude, mas que essa é uma realidade muito mais comum na vida das negras, historicamente falando.

O que estou dizendo é que muitas vezes o feminismo enfoca as coisas pelo olhar da mulher branca de classe média e que deveria se abrir mais a outras perspectivas, o mesmo ocorre com as mulheres trans* que muitas vezes não tem suas lutas contempladas.

Também acho que devíamos estar do mesmo lado, mas é difícil adentrar num movimento que está em grande parte focado num grupo específico em que você não se encaixa.

Recomendo a leitura desse texto sobre o assunto:

http://nucleogenerosb.blogspot.com.br/2011/02/diferencas-entre-ser-uma-mulher-negra-e.html

Unknown disse...

Gente, não dá pra tapar o sol com a peneira e dizer que temos que nos unir e deixar essa história de feminista branca e feminista negra/indígena/trans/etc pra lá, que isso é pra enfraquecer o movimento e tal. É fácil falar em união quando se é cis, branca e de classe média, porque a gente tende a achar que está tudo contemplado ali, no movimento - é claro, a NOSSA realidade está contemplada. E a realidade da mulher negra, da mulher trans, da mulher indígena etc etc etc? Não são diferentes? Não merecem atenção? Essa é a questão. Algumas bandeiras são comuns a todas, mas nem TODAS as bandeiras o são. Há sistemas de opressão muito mais massacrantes para determinados grupos de mulheres do que para outros.

Sol disse...

Anon 06:35

Inveja e medo das mulheres, de seu verdadeiro poder.

Anônimo disse...

Já pensou se no vídeo fossem duas garotas, Cora? O nível de ódio e objetificação nos comentários seria ainda pior...

Annah disse...

@Anônima, pode não ter argumentos, você está errada e está sendo machista.

Além de estar falando besteira. O pessoal devia ir de burca pra praia?

Sai da caverna, meu.

B.P. disse...

não acho que a anônima da saia esteja errada ou sendo machista por dizer que a exploração sexual feminina escancarada em programas de tv, no funk, etc. é algo machista. é muito machista sim! não tem nada de feminista nisso mesmo.

AHB
quem falou em burca aqui? por que a hostilidade gratuita com a companheira que está expressando sua opinião sincera e tentando debater e aprender com outras feministas? muito desnecessário, nocivo e sem argumentos esse tipo de comportamento.

Sara disse...

Haaa taaa Elaine Pinto ficar se dividindo em vários grupinhos inexpressivos fortalece pra caramba os ideais feministas.
Todas nós mulheres sofremos com o machismo de TODAS as sociedades desse planeta, umas mais outras menos, nossa única vantagem é nosso numero, se pessoas como vc ficam pregando segregações estupidas, que só nos espalham, nenhuma de nós , nem as brancas nem as negras, asiáticas, indígenas , religiosas, pobres, ricas, esquerdistas ou não vai chegar nem mesmo aos objetivos que são comuns a todas nós, e eles existem aos montes....
Acho absurdo total, me desculpem até estupido não perceberem isso.
Todos os grupos de mulheres afins DEVEM se organizar e lutar por seus direitos e necessidades especificas, mas o feminismo tem ideais muito mais amplos, afinal a base dele é justamente a procura por direitos iguais para todos os sexos não importando nenhum tipo de classificação.
Eu da minha parte vou sempre apoiar qualquer mulher que acredite nessa igualdade, pouco me interessa a cor, status social, ideologia politica, e acho deprimente quem semeia divisões entre nós, pois pra mim quem faz isso joga do lado do patriarcado.
"DIVIDIR PARA CONQUISTAR"

sofia disse...

A autora diz que o feminismo foi criado para mulheres brancas americanas. Mas AGORA eu posso fazer parte desse movimento? Eu leio o blog da Lola e outros, me educo sobre o feminismo e acho que é um movimento colonialista (mas essa é minha opinião muito pessoal e tem um monte de latinas que pensam como eu e preferem não se identificar como feministas). Na marcha da vadias aqui em BH tinha TANTO, mas TANTO cartaz cissexista/trasfobico que até fiquei impressionada. Tirei algumas fotos e mostrei para umx amigx trans e elx também achou horrível. Fora o racismo que não vou nem comentar.

Maaas, se uma latina ou qualquer mulher quer se identificar como feminista, tudo bem, não vou julgar. Acho bom que elas tenham uma maneira de lutar pelos seus direitos.

Anônima da saia disse...

B.P obrigada, vc entendeu o meu ponto de vista.
To aprendendo ainda claro, venho de uma familia patriarcal. E de uma sociedade machista.

Gostei da explicação da leitora cora no outro post, ela diz que essas mulheres alimentam o machismo sim, mas nao devem ser elas julgadas. As vezes tem umas que nem sabem que estao alimentando o machismo.

Anônimo disse...

Para mim, o problema de me considerar feminista está no nome, feminismo logo me remete ao machismo, um o inverso do outro entende? Logo eu que que acho válida a luta pelos direitos IGUAIS, acho o nome meio injusto. Além disso, morando no rio, e deixando bem claro que não estou dizendo que aqui não existe machismo ou que é pouco comum, as coisas não são tão gritantes como em países árabes, por exemplo, e muitas vezes vejo algumas feministas ficarem perdidas, querendo lutar por privilégios ao invés de direitos, querendo passar o slogan de "eu posso fazer qualquer coisa que os homens fazem", querendo inclusive se igualar em atitudes que a gente despreza no machismo. Claro que são casos isolados, mas acontecem...

Hugo de Angelis disse...

Isso me lembra um livro que ainda estou tentando arrumar um tempo para ler, "The feminism is for everybody", da Bell Hooks e "Teoria Feminista e as Filosofias do Homem" da Andrea Nye.

Eu sempre tive uma curiosidade mórbida em saber o que a teoria feminista fala sobre como deveria ser o papel social masculino.

Quem quiser, os livros são esses:

http://excoradfeminisms.files.wordpress.com/2010/03/bell_hooks-feminism_is_for_everybody.pdf

http://brasil.indymedia.org/media/2007/06/386930.pdf

Anônimo disse...

Anon 02:13

Se você acha válida a luta por direitos iguais por que as mulheres não podem fazer o que os homens sempre puderam fazer? Se é direitos iguais, por que só os homens têm direito de ser "grosseiros" ou ter "atitudes desprezíveis"?

Se a luta válida é aquela por direitos iguais, isso significa que alguém não tem esses direitos, e no caso seriam as mulheres não terem direitos iguais aos homens, certo? Então também não tem lógica achar que mulheres podem estar lutando por privilégios se ainda nem conseguiram alcançar direitos iguais. Privilégio sempre significa vantagens sobre outra pessoa ou outro grupo de pessoas. Na nossa sociedade machista as mulheres estão em desvantagem, porque são oprimidas, não é apenas uma questão de igualdade de direitos, mas das mulheres se libertarem de toda a opressão.

Outra, se o machismo aqui "não é tão gritante" como em outras partes do mundo, mas que ainda assim está presente, como você admite, então isso significa que ele está mais difundido e camuflado. O que seria um motivo pra lutar mais ainda contra o machismo, por ele ser disfarçado, traiçoeiro, mais difícil de ser notado, e mais fácil de passar como natural ou inevitável.

Sol disse...

Pessoal, medo do feminismo É MEDO DA IGUALDADE, MEDO DA MUDANÇA. Pois como dizem os próprios antifeministas: "Pensa que as mulheres estarão satisfeitas com a igualdade? Quando elas se tornarem iguais, elas serão superiores aos homens, e nada as impedirá de dominá-los."

Anônimo disse...

Anon 02:13

Que nome você acha que um movimento que luta pelos direitos das mulheres e pelo fim da opressão das mulheres deveria ter?

Você é daquelxs que acha que deveria ter um nome "neutro"?

Qual o problema de um movimento que luta pelos nossos direitos remeter ao feminino? Quem pensa assim quer tirar o nosso protagonismo até nisso. Num nome.

Isso é machismo também e é perigoso se deixar levar por essas ideia.

E não importa se as duas palavras rimam - machismo e feminismo - uma coisa não tem nada a ver com a outra, não são opostos da mesma moeda. É só ter um pouquinho de boa vontade e deixar a ignorância de lado que logo se descobre isso.

Anônimo disse...

“Na questão do feminismo, por exemplo, enquanto as mulheres brancas precisaram sair às ruas para ficar livres da tutela do pai, do marido ou do irmão, esse não foi o nosso caso [mulheres negras]. Não precisamos lutar pra ficar livre da dominação e querer trabalhar. A gente sempre precisou trabalhar. O nosso feminismo vem para a gente se afirmar como pessoa. Eu acho que a nossa primeira luta feminista não foi contra o homem negro, mas contra os nossos patrões e patroas. Enquanto a primeira luta da mulher branca e da mulher de classe média foi contra os homens de sua própria família - e eu não estou dizendo que o homem negro não seja machista -, nós nos posicionamos primeiro contra o sistema representado, principalmente, pelo homem branco e pela mulher branca” (...) superar as desigualdades geradas pela histórica hegemonia masculina, você terá também que superar as ideologias complementares desse sistema de opressão, como é o caso do racismo”

Acho que estes trechos do link do texto indicado pela colega elucidam do que se trata essa discussão sobre feminismo e mulheres não-brancas.

Unknown disse...

Quando alguém fala sobre feminismo de brancas x negras, acho que é um pouco difícil ter uma real dimensão do que quer dizer, do ponto de vista da mulher "branca". Mas é porque, como feministas, ou seja, pessoas que abraçam uma causa, que lutam por uma parte oprimida da sociedade, muito provavelmente não sejamos racistas. No fundo está, ou deveria estar, implícito que lutamos por igualdade. Mas na prática não é o que acontece.

O mais correto não seria colocarmos o feminismo como um feminismo branco x negro, mas um feminismo branco e negro. Uma coisa não exclui a outra, uma coisa não é mais importante que a outra e as duas existem. Existem porque, apesar de minoria subjugada, as mulheres brancas e negras sofrem dramas e abusos diferentes, coisas que talvez sejam difíceis de observar do ponto de vista de alheio, da nossa realidade.

A luta pela igualdade deve ser integral: de gênero, de etnia, de orientação sexual, de crença, de valor de cultura...
E às vezes, para se fazer igualdade, devemos atacar as particularidades que nos diferenciam. É assim também que está na nossa constituição, muito bem escrito que devemos tratar todos igualmente e oferecer tratamento diferente para garantir a igualdade dos que estão em condições desiguais. Na prática a luta continua.

Anônimo disse...

Lola, gostaria de fazer um comentário. O primeiro relato se assemelha muito a um recente filme dinarmaquês chamado The Hunt. Assisti esse filme ontem e choca bastante. Gostaria de ver uma análise sua sobre o filme, é recente e foi exibido em Cannes no ano passado.

Ta-chan disse...

Não sei bem como funciona fora do Brasil, mas acho que o feminismo por aqui, excludente com as mulheres não-brancas de classe média.
Já vi casos de mulheres não-brancas e/ou sem faculdade serem tradas de forma maternalista dentro do movimento e pior ainda terem ideias e argumentos simplesmente ignorados.
Mulheres brancas sabem que o racismo existe, dizem que não são racistas e que não tem preconceito de classe, mas na pratica elas não sustentam o discurso.

Sobre roupas e "vulgaridade"...Esse termo ridículo nem devia existir!Não devemos sair por ai apontando pras pessoas vestidas de roupa curta, devíamos sim é repudiar aqueles que tratam mulheres como carne!Sobre essas outras que vivem da venda de seus corpos, seja imagem ou sexo, essas tem que ser educadas para enxergar a propiá situação como agentes do nosso sistema doente.Assim como as validadoras do machismo e até mesmo homens, gays e pessoas trans* que replicam comportamentos machistas, todos devem ser educados para enxergar a situação das mulheres.

alice disse...

sendo não-branca, porem de classe media baixa (moro num sala e quarto, nunca "tive empregada", estudei em escola publica, só ando de transporte publico, nao tenho plano de saúde, nunca viajei. ta bom de credenciais pra nao invalidarem o meu testemunho como white tears? grata) eu juro que tento entender o que tanto se reclama do feminismo.

nunca me senti excluída, pelo contrario, o feminismo é o unico espaço em que eu me sinto ouvida. vejo toda hora posts sobre racismo, especialmente sobre o meu cabelo afro e a questão da boa aparência (e como isso é opressor para todas as mulheres, mas especialmente as que não são brancas e magras). eu descobri o feminismo justamente numa fase da minha vida em que eu me sentia pessima com meu corpo (sou gorda) e minha aparencia como um todo. foi muito importante pra mim sentir pela primeira vez uma porta aberta, gente disposta a me ouvir, gente que nao ia apontar o dedo pra me ridicularizar, como todo o resto do planeta.

alice disse...

o feminismo é excludente com mulheres de classes mais baixas? aí começamos a nos entender. a maioria delas é negra sim, mas é obvio que a barreira que existe de comunicação é por causa do nivel educacional, do acesso à internet e às universidades. pq atualmente é nesses meios que o feminismo tem se difundido.

vcs falam como se existisse um complo de exclusao dessas mulheres e como se o feminismo fosse algo tao aceito pela sociedade, tao consolidado, que tacar pedra nele e abandonar o barco fosse preciso pra incluir essas mulheres. isso nao ajuda nada, isso só nos fragmenta.

alem disso, existem programas voltados especialmente para essas mulheres, que vao até elas ouvir suas demandas e oferecer apoio. pq obvio que é mais dificil falar pra uma mae de 4 filhos que depende do marido que a espanca q ela deve se emancipar. o fator economico é algo que fode mesmo a luta, e por isso mesmo devemos nos unir pra pleitear abrigos, delegacias, infra estrutura que acolha as mulheres que precisam.

mas daí a gente vai olhar e é justamente o feminismo mais antigo, mais radical, oq se preocupa com isso. nao sao as adolescentes que estao conhecendo o feminismo agora via blogs

(e olha que é muito importante que elas conheçam tb. nao adianta dizer a elas q a mulher da periferia apanha, se elas nao virem a necessidade do feminismo ao redor delas primeiro. sororidade é algo q se constroi, a sociedade é sim egocentrica e pensamos primeiro nos nossos problemas. negar que essa menina de classe media precisa do feminismo, nao ajuda em nada. tacar pedra num veiculo de informaçao q quer se comunicar com essa menina pq "ha coisas mais importantes" nao ajuda em nada. chega de olimpiadas da opressao, gente.

mas retomando: vejam a marcha mundial das mulheres, a marcha das margaridas, a propria politica da SPM/dilma em tirar as mulheres pobres da miséria, empodera-las. vamos articular com elas em vez de criticar esse monstro acefalo chamado de 'feminismo branco'. o feminismo é aquele que a gente constroi, a gente tem que se fazer ouvir.

alice disse...

dizer que a mulher negra lutou primeiro contra a patroa branca enquanto a branca lutava contra o machismo é sugerir que toda negra é empregada doméstica, o que é bastante ofensivo. negras de classe media tem muito mais a ver com brancas de classe media do que com negras das classes mais baixas, que são exploradas pelo capitalismo de todas as formas possiveis. a negra de classe media vai sofrer racismo e machismo, mas vai ter acesso à educaçao de melhor qualidade que as da periferia, vai morar em uma situaçao menos precaria, vai ter acesso à internet, a livros, à universidade.

(e exploraçao nao é só o serviço domestico, mas a maior parte das mulheres prostituídas é forçada a entrar nessa vida e obviamente elas são pobres e, portanto, raramente são brancas. por isso mesmo que o feminismo deve sempre problematizar a questao da prostituiçao, que é uma questao social, racial e de genero, e nao mera escolha. pode ser escolha pra uma minoria ínfima, branca e bem escolarizada)

alice disse...

ou então voces estao falando da questao da escravidão, mas daí eu não vejo oq o feminismo tem a ver com isso, ja que os primeiros movimentos de libertação das mulheres são concomitantes, senão posteriores, à abolição.

como assim a mulher branca é nossa opressora? as coisas nao sao assim. muitas mulheres brancas sao descendentes de agricultoras que trabalham na roça, nao eram escravocratas, baronesas do café, era mulheres pobres que davam muito duro e apanhavam dos maridos (nao que as baronesas tambem nao apanhassem e fossem estupradas, e forçadas a ter filhos, e tratadas como inferiores, enfim)

claro que ha o privilegio de nao ser vista como MERCADORIA, como as escravas foram, mas nao entendo como rejeitar alianças com mulheres brancas hoje, no seculo XXI, pode ajudar a reparar essa injustiça historica.

eu mesma tenho ascendencia de uma familia de escravocratas e tambem de escravos. sim, provavelmente mais um desses casos de estupros. do outro lado, eu descendo de indigenas e brancos roceiros super ignorantes. talvez tambem seja um caso de estupro, nao sei. eu nao sei direito a historia dessas pessoas, quando eu nasci, nao existia registro sobre isso, minha mae só me conta sobre a mae e o pai dela, ja que mal conheceu os avós.

mas nao posso ficar me sentindo culpada por um privilegio branco que eu nunca tive, ja que nao sou branca.

alice disse...


eu nao tive pai, fui criada por uma mae solteira, desconheço a luta das mulheres pra se emanciparem de seus maridos e, por conseguinte, das filhas pra enfrentarem seus pais (no sentido de ter experimentando pessoalmente ou visto isso dentro de casa). mas acho isso importantíssimo de ser dito pq vejo as mulheres a minha volta sendo cerceadas por esses pais e maridos opressores. minhas amigas, negras e brancas, inclusive. e acho que o enfraquecimento das mulheres como um todo me afeta, pq serão menos mulheres no espaço publico, na politica, na luta. a emancipaçao delas é importante pra mim pq pra eu ser livre, as outras mulheres tambem tem que ser.

assim, ainda que isso fosse um problema apenas de mulheres brancas de classe media, seria um problema feminista. mas isso nem faz sentido, vcs falam como se mulheres negras não passassem por isso também. vamos falar dos problemas das mulheres casadas e das maes solteiras, e das que nao querem ser maes. mas vamos falar das mulheres e pleitear direitos que nos são negados ou de dificil acesso. é uma questao de foco.

alice disse...


parem de forçar a barra, gente, sério. vamos nos unir em vez de ficar de briguinha, ainda mais importando conceitos de uma realidade social muito distinta da brasileira

(essa treta vem la do feminismo americano, um país onde houve um apartheid oficial, onde pessoas nao podiam entrar no mesmo ambiente por força de lei, onde miscigenaçao foi altamente desestimulada. sério, repensem essa politica. o brasil não é assim, vamos fazer um feminismo que seja a cara das brasileiras)

muito se fala sobre interseccionalidade hoje, mas pouco se ve que o feminismo é INCAPAZ de resolver todos os problemas de todas as mulheres. o foco do feminismo deve ser o de destruir o machismo, a violencia contra a mulher, os estupros, assedios, cantadas, discriminaçao no mercado de trabalho, padroes de beleza, a criminalizaçao do aborto, enfim. nao é papel do feminismo abraçar o mundo, nao é papel do feminismo acabar com a fome, a desigualdade economica, a corrupçao. nós nao temos poder politico e economico pra isso. oq o feminismo pode fazer é empoderar as mulheres pra que elas levantem suas vozes para reclamar nao só dos problemas ligados ao feminismo, como os demais problemas.

Nope disse...

Ei Lola, quem são esses merdinhas que estão te ameaçando?Vai ver eles querem ter o IP deles rastreado...Já chamou a Polícia federal?^^

Unknown disse...

Feminista, conte-me, o que é mais opressor, o mercado de trabalho ou a família ?