Primeiro, será que num mundo cheio de homofobia, existem mesmo alguns círculos sociais em que é cool ter um amigo gay? (ontem mesmo vi este vídeo comovente de uma escola na Califórnia que ficou sabendo que a infame igreja de Westboro -- aquela do "God hates fags", que deve fazer corar os homofóbicos mais discretos -- iria pra lá protestar, e organizou um contra-protesto).
Segundo, um amigo e ex-aluno meu, o Getúlio, havia me dito que Fortaleza é um lugar que trata bem os gays. E ele deve saber, porque é gay. Fiquei com muito orgulho desta cidade onde moro há três anos, mas será que é isso mesmo? Muita gente vive falando do tradicional machismo nordestino, mas eu costumo ver mais tolerância aqui do que via no sul.
Bom, espero que o guest post do Caio (que já tinha me feito o favor de traduzir um poema) também te faça pensar.
Eu me assumi muito novo (a primeira vez que contei a alguém foi aos 14 anos; para meus pais, foi só aos 19), numa idade em que eu ainda não tinha consciência de toda a história política e social do movimento LGBT, não fazia ideia de tudo que aconteceu desde as Revoltas de Stonewall em 1969, da luta para retirar o “homossexualismo” da condição de doença psiquiátrica, e todos os outros grandes passos dados pelo movimento.
A única coisa que eu tinha consciência era do preconceito e do constante “estado de trincheira” em que eu me sentia sendo um menino gay extremamente jovem, que se sentia o único homo no mundo e vindo de um lar tradicionalmente machista (meio italiano, meio nordestino tradicional; do tipo que ainda mantém tradições como a de levar o menino de 13, 14 anos para um bordel a fim d'ele provar sua virilidade e ser “educado” a respeito do seu papel de macho no sexo).
A única coisa que eu tinha consciência era do preconceito e do constante “estado de trincheira” em que eu me sentia sendo um menino gay extremamente jovem, que se sentia o único homo no mundo e vindo de um lar tradicionalmente machista (meio italiano, meio nordestino tradicional; do tipo que ainda mantém tradições como a de levar o menino de 13, 14 anos para um bordel a fim d'ele provar sua virilidade e ser “educado” a respeito do seu papel de macho no sexo).
Apesar de tudo, quando me assumi na escola (por intermédio de um amigo, o Lúcio, a primeira prova de que eu não era o único do mundo) fui razoavelmente bem recebido. Alguns poucos tomaram distância de mim e de alguns desses tive de ouvir desaforos clássicos e uma meia dúzia de ameaças, mas em geral a recepção foi de simpatia e até de apoio, inclusive de professorxs.
O que eu notei, entretanto, foi um fenômeno que depois se repetiu diversas vezes não só comigo, mas com muitos outros.
Por algumas pessoas -– na verdade, por algumas das meninas -– eu fui quase que adotado como um pet. Era coberto de paparicos, virei confidente, era carregado com elas para onde quer que elas fossem, e elas deixavam bem claro quem eu era e “o que eu era”. Eram geralmente as garotas populares, as mais fashionistas e antenadas com tendências e glamour -– as trendsetters ou it girls -–, e constantemente diziam que isso lhes causava uma “forte identidade com os gays”.
Por algumas pessoas -– na verdade, por algumas das meninas -– eu fui quase que adotado como um pet. Era coberto de paparicos, virei confidente, era carregado com elas para onde quer que elas fossem, e elas deixavam bem claro quem eu era e “o que eu era”. Eram geralmente as garotas populares, as mais fashionistas e antenadas com tendências e glamour -– as trendsetters ou it girls -–, e constantemente diziam que isso lhes causava uma “forte identidade com os gays”.
Esse fenômeno do “fashionable gay-friendly” hoje em dia é visto pra todo lado. Nos seriados e filmes americanos sempre que aparece uma socialite, uma it girl ou outra mulher ligada à moda e ao glamour, ela leva a tira-colo um rapaz gay, sempre efusivo, lindo (no padrão de beleza americano), e seguindo todo o estereótipo midiático de como um jovem gay assumido deve ser, incluindo a pregada promiscuidade (um dos casos mais emblemáticos é o de Karen Walker e Jack McFarland, do seriado da CBS Will and Grace, que também ilustra outro aspecto importante dessa “tendência”).
A cópia dessa tendência para a vida real transformou a nós jovens gays -– muitos em busca de alguém que nos aceite e nos acolha num momento tão vulnerável como o de se assumir e aceitar –- no mais novo sapato Prada, no acessório da moda; toda mulher colunável do mundo moderno precisa ter seu gay BFF [best friend forever], senão está perdida no tempo.
A cópia dessa tendência para a vida real transformou a nós jovens gays -– muitos em busca de alguém que nos aceite e nos acolha num momento tão vulnerável como o de se assumir e aceitar –- no mais novo sapato Prada, no acessório da moda; toda mulher colunável do mundo moderno precisa ter seu gay BFF [best friend forever], senão está perdida no tempo.
Se essa “adoção” fosse sempre genuína, estaria tudo ótimo. A comunidade gay em geral sempre teve essa identificação com figuras femininas fortes e influentes, vestidas de glamour, sofisticação e classe; e a influência dessas nossas novas BFFs poderia pesar e muito na luta pelos nossos direitos. Mas há uma outra parte da história.
Em muitos casos essa identidade não é genuína: há uma adoção do amigo gay, mas não da causa. É como se a “causa gay” fosse equivalente à paz mundial na Guerra Fria, ou às criancinhas famintas da África nos anos 80/90 -- é tomada como causa pessoal porque é bonito de dizer, todos se impressionam e se comovem com o discurso, e consideram nobre a ‘luta’ de quem defende a causa, mesmo que ela seja só discurso.
Há casos, na verdade -– incluindo o emblemático caso de Karen e Jack, de Will and Grace -– em que a patronesse na verdade se mostra homofóbica. É toda doce e meiga com seu “poodle” (como muitos são chamados, inclusive dentro da comunidade LGBT, que está longe de ser um ambiente livre de preconceitos internos), mas tem uma postura homofóbica e machista para com os demais, geralmente os que não se enquadram no padrão de beleza e comportamento que é de agrado à coluna social. O caso mais forte desse comportamento geralmente é voltado às lésbicas -– tratadas por muitas it girls como machos, sem graça, sem glamour, sem appeal -– e xs transex, transgêneros e crossdressers -– consideradxs aberrações, quase sempre associadxs à prostituição e ao submundo.
Creio que mais cedo ou mais tarde essa tendência vai cair um pouco em desuso. Como a da Paz Mundial, a das crianças famintas da África, e tantas outras que foram postas de lado para atender a uma nova moda, o melhor amigo gay da it girl vai cair em desuso para as que nunca realmente abraçaram a causa. E eu creio que essa queda será para melhor, pois esse comportamento apenas valida um estereótipo comportamental e de aparência que em nada tem a contribuir para xs jovens LGBT na dura jornada de auto-descobrimento e aceitação pela qual todxs passamos. Creio eu que ter um amigo gay como fetiche presta um desserviço à luta por nossos direitos ao reforçar uma imagem superficial e parcial da nossa realidade.
Um tanto quanto "estereotipante" essa ideia de que se mulher feia tem amigo gay é porque é carente. Se mulher bonita tem amigo gay é porque é fútil. E se ele for simplesmente meu amigo e eu sou simplesmente uma mulher? Isso até pode acontecer, mas não é uma regra.
ResponderExcluirE esse tipo de pessoa que 'adota' um amigo gay é aquela que vomita a famosa frase: "Eu não tenho nada contra gays! Meu melhor amigo é gay!"
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirSempre tive amigos gays,acho que desde o início da adolescência, com 12, 13 anos,e nessa época era bem isso mesmo, muitas das meninas se aproximavam com o intuito de 'adotar',e eu acabava entrando na onda de pedir conselhos sobre roupas e outros assuntos mais superficiais, e apesar de eles pareceram sempre satisfeitos em ajudar, hoje me pergunto se de certa forma não acabei ofendendo e desrespeitando.
ResponderExcluirO meu melhor amigo hoje é gay, mas a nossa relação sempre foi de muita cumplicidade mesmo, de dar conselhos, colo, de rir e chorar junto, muito diferente da relação superficial que eu tinha com os meus amigos gays no início da adolescencia.
Agora, quanto ao preconceito, sempre pensei que também não existia tanto aqui em Fortaleza, ou que fosse mais verbal do que físico, mas gente, um dia desses tava comemorando o aniversário de um amigo meu, e quando ficou mais tarde, meu amigo disse que preferia terminar a noite em uma boate gay, aonde poderia beijar o namorado. Daí eu fiquei meio confusa e perguntei qual o problema de beijar o namorado dele na boate que a gente estava, e para o meu espanto, ele me respondeu de as vezes davam murros nas costas dele, ou queimavam com cigarro, e que já tinha acontecido vááárias vezes no Órbita.
Sinceramente, fiquei me perguntando se eu fui ingênua de pensar que coisas desse tipo raramente aconteciam,ou só tapada mesmo:/
Já vi algumas dessas mulheres que andavam com seu personal gay friend a tiracolo se horrorizarem com a ideia de ter um filho gay. Diziam sem o menor constrangimento que o filho delas ia ser homem pegador, ia ter muitas mulheres, n clichês machistas e homofóbicos... bizarro.
ResponderExcluirEntendo seu posicionamento, porem acho que a amizade entre gays e mulheres vai além disso.
ResponderExcluirSim, existem as relações de amizade superficiais,normalmente motivadas por interesses em comum: moda, noite, musica...
Mas sinto que O gay, assim como a mulher, não se sente confortável em um universo machista.esse que nos rodeia por todos os lados; no trabalho, na escola... Esse pensamento machista, que muitas vezes, penetra na mente de muitas mulheres e torna-se intrínseco À personalidade.
Por isso, acho que algumas garotas aproximem-se mais de gays do que de outras garotas da sua idade.
Talvez. Mas os fatores que levam as pessoas a se aproximarem são muito subjetivos. E às vezes inexplicáveis. Que bom.
Vale lembrar que algumas pessoas se aproximam de outras por interesse ou conveniência, sejam gays ou heterossexuais.
Cara eu penso exatamente isso!!!!
ResponderExcluirTem duas pessoas nesse vasto mundo que eu amo muito embora nem esteja tendo tanto contato no momento, e eles são gays, mas eu sempre gostei deles porque eles são eles, humanos como qualquer pessoa, o fato de serem gays é o que eles são e pronto.
Detesto quando as pessoas fazem essas coisas de AH MEU AMIGUINHO GAY
Quando eu era adolescente, apesar de ser considerada bonita (pelos outros, não por mim, que me achava uma comprida magricela), nunca quis ser popular. Sempre fui do grupo dos nerds, das meninas normais... E sempre tive amigos gays.
ResponderExcluirNão pedia conselho sobre moda porque nem me interessava por isso, e mesmo sem refletir sobre o assunto, nunca achei que a orientação sexual de alguém (assim como o gênero) interferisse no bom gosto para isso ou aquilo.
Pra mim isso sempre foi muito óbvio e eu sempre me perguntei como é isso de fazer um amigo pelo que ele é e não por gostar realmente da pessoa, como deve ser uma amizade, independente da orientação sexual, cor, facilidade para matemática.
Eu concordo totalmente com o autor do texto, acho que esse tipo de esteriótipo só prejudica aos homossexuais e deve ser combatido inclusive em novela.
Isso naõ significa que devemos condenar qualquer amizade entre uma garota fashonista e um gay. As vezes eles são amigos independentemente disso.
Só de pensar que algumas mulheres que pegam um cara para ser seu poodle cor-de-rosa acabam escolhendo homens que nem sequer são gays...
ResponderExcluirE eu já vi muitos e muitos casos disso acontecendo. E quando ele inventa de apaixonar pela amiga a situação só piora.
no meio dos estereotipos todos, eu vejo muita gente falando que os gays se vestem melhor que os homens nao gays, que os gays sao fashion e tal, mas olha, vou te falar, o que eu ja vi de gay mal vestido, nao ta no gibi.
ResponderExcluiremily
Já ouvi que homem gay só fica amigo de mulher bonita,pq é um meio de se aproximarem do seu sonho de consumo ( o famigerado macho hétero)já ouvi,de caras héteros,que é útil ter "conhecidos/amigos" gays,pq eles apresentam as amigas gostosas ( em tese,mulheres mais liberais, frequentadoras de baladas gls e meio "viadas") e já ouvi de mulheres que amigo gay é leal/sincero (e tá sempre lá,na hora da necessidade DELA )sendo preferível à outra mulher ( sabe como é né,somos tão rasteiras que nem pra amiga, umas das outras, servimos). Gente assim não tem amigos ( de sexo/orientação sexual nenhuma)têm escoras,objetos com utilidades definidas.
ResponderExcluirachei essa notícia sobre discriminação contra gays em boates de fortaleza http://www.midiaindependente.org/pt/red/2002/05/27276.shtml
ResponderExcluirmas é de 2002. não sei como está a situação no órbita 11 anos depois. espero que tenha melhorado. falando por mim, posso dizer que já fiquei com outro cara na Republik (aquela que fica na Antonio Sales, onde antes era Engarrafamento), que é de público hétero, e não sofri nenhuma discriminação.
Senti um pouco do suposto 'odio' dos gays com as mulheres. O guest post parece retratar toda amizade entre uma mulher e um homem gay assim. Claro, como ja dusseram, pode existir interesse em qualquer relacionamento, não dapara generalizar. Numa escola eu vi um caso de 'apadrinhamento' ou tratar um gay como pet. Mas na, graças a deus poucas, vezes q os mninos engrossaram com o gay do caso, todas interviram.
ResponderExcluirMas é bem triste o pessoal que tem amigos gays, os ama do undo do coração, mas diz q jamais o filho vai ser gay, 'pq vai ser bem criado''.
Érica Marques disse...
ResponderExcluirE esse tipo de pessoa que 'adota' um amigo gay é aquela que vomita a famosa frase: "Eu não tenho nada contra gays! Meu melhor amigo é gay!"
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Me lembrou aquelas dondocas que não se acham homofóbicas porque ADORAM o seu cabeleireiro gay. rs
Gostei do post, mas também acho importante falar sobre a extrema misoginia que encontramos nos meios gays masculinos. Um bocado de homem que gosta de exaltar nojo por vagina e se meter na vida das mulheres, querendo dar o famoso "pitaco masculino" tentando ensinar como "realmente" ser bonita, como é o "jeito certo" de pegar homem, mantendo o mesmo sistema patriarcal encontrado nas dinâmicas de relação de mulher com homem hetero, se não algumas vezes pior.
ResponderExcluirJulia Faria, eu ia fazer um comentário muito parecido com o seu.
ResponderExcluirJá tive amigos que tinha amigos muito próximos que eram gays. E que se orgulhavam muito disso, por mostrar que eram pessoas sem preconceito. A amizade era verdadeira, mas dizer que eles não tinham preconceito era um boooooom exagero.
Os amigos gays deles, um casal, eram de classe média alta, tinham carro, usavam roupas e cosméticos caros e viajavam para a Europa. Gostavam da Madonna e de frequentar baladinhas caras.
Agora, qualquer outro tipo de homossexual, para eles, era "bichinha", "viado", "traveco". bastava não se enquadrar no conceito de gay bonitinho e arrumadinho deles, que não era bem vindo. Até do próprio casal de gays eu ouvi comentários preconceituosos.
Lésbicas, então, nem precisa dizer. Era "sapata", "mulher macho", ou qualquer outra coisa do tipo. Quer coisa menos glamurosa que sapatão? E olha que, muitas vezes, para ser chamada de sapatão, nem precisa gostar de mulher!
O racismo, a homofobia, o preconceito de classe, de gênero, o preconceito contra os nordestinos,
tá tudo misturado. Gay rico, ok. Viado pobre e mal acabado, eca!
Nossa, que texto sensacional!
ResponderExcluirEu acho que simplesmente dizer "amigo gay" já coloca uma classificação na pessoa. Os outros amigos têm adjetivos também? É amigo e pronto. Eu tenho amigos, uns gostam de mulheres, outros gostam de homens. O mesmo acontece com as minhas amigas. Nunca me referi a nenhum deles dessa forma e estranharia imensamente se algum deles dissesse "a minha amiga hétero". Como se os amigos fossem separados por categorias... e se assim são, talvez sequer seja amizade.
ResponderExcluirGostei muito do post porque ele levanta uma questão pouco dita,rara vez está em cima da mesa esse ponto..eu tenho muitos amigos gays,mas sempre acreditei e acredito que qualquer amizade precisa de muitas coisas para se manter,não é só questão de chegar dizendo `oi ´ e serão amigos para sempre...
ResponderExcluirTambém acredito que a amizade entre um gay e uma mulher se dá de maneira rápida e fácil porque os dois estão no mesmo grupo,são alvo em um mundo machista e homofóbico,acho que os gays entendem a mulher perfeitamente e seus medos neste mundo.No meu caso meus amigos gays foram fundamentais para mim,porque nunca segui o padrão de beleza imposto e sofri demais com isso,quem melhor do que um amigo gay,que também é perseguido para entender como eu me sinto?Eu fico mais a vontade para conversar com meus amigos gays sobre assuntos que eu consideraria meio constrangedores de serem discutidos com amigos heteros,que vivem no privilégio de sua condição hetero neste planeta...enfim,amizades são laços fortes e não nascem por modinhas,nem tendências...
Pra mim vc ja disse tudo Cética, é o q eu penso sobre esse assunto.
ResponderExcluirTá aí! Nunca havia pensado sobre essa coisa de "poodle" gay,amigo gay pra dar status! Bom,eu não vivo nesse meio "jet-set",nem sequer havia lido algo sobre o assunto!
ResponderExcluirOs últimos tempos realmente as mulheres cissexuais heterossexuais tem tido uma relação ambivalente em relação à população LGBT, e não só as gays. Sou uma mulher transsexual demi-bissexual, e por alguma razão a qual estou longe de descobrir, as mulheres cis expressam um inexplicável interesse em mim ao constatarem que tenho interesse afetivo também por mulheres. Amigas transsexuais também lésbicas e bissexuais relataram o mesmo acontecimento.
ResponderExcluir"Sou uma mulher transsexual demi-bissexual"
ResponderExcluirCara, o que é isso?? kkkk... demais pra minha cabeça. Transsexual demi-bissexual.. isso é homem ou mulher? Gosta de homem ou mulher? rsrs.. demais...
Acho interessante que a expressão "amigo gay" remete à ideia de que todos os gays são iguais.
ResponderExcluirOlha, esse problema das amigas não abraçarem a causa é muito comum, e infelizmente não está restrito a causa lgbt. É muito difícil fazer meus amigos heteros ou gays entenderem a causa feminista. Mesmo as mulheres não apoiam esta causa, que benefecia a elas próprias, que dirá a causa que benefecia outros, e não a elas diretamente. Tenho amigo/as heteros e gays, e poucos adotam alguma causa. É um problema generalizado essa falta de engajamento político e social. Infelizmente.
ResponderExcluirAnônimo das 19:15, o que é demi-bissexual? googleei e não encontrei explicações... obrigada =)
ResponderExcluirJá tinha reparado que existe muito isso de ter um amigo gay e acha cool mas na verdade é uma pessoa que destila preconceito quando tem oportunidade.
ResponderExcluirMinha prima uma vez (há pouco tempo)me falou que tinha vontade de ter vários amigos gay, acredito que seja por esse motivo, pra ser "cool".
Eu sou gay, negro, pobre e não dou a mínima por marcas e grifes de roupas, então jamais serei um objeto de alguém assim. Ainda bem!
Como esse povo gay adora se fazer de vitima
ResponderExcluirA maior parte dos meus (poucos) amigos é gay. Tipo, 4 em 5. Foi coincidência, era amiga de um que me apresentou o outro e etc. Não acho que a amizade entre gays e mulheres é "rápida" e "natural". Não me sinto à vontade pra falar com eles de qualquer coisa, eles continuam sendo homens, não importa a orientação sexual. E eles são tão moldados pelo patriarcado quanto qualquer outro homem e mulher, se engana redondamente quem acha que os gays são naturalmente empáticos à causa feminista. Já vi bastante mulheres adotando melhores amigos gays pra servirem de estilista/conselheiro amoroso. Acho isso esquisito, mas reparem que o homem gay também aceita essa posição, não faço ideia dos motivos,
ResponderExcluirmulher transsexual demi-bissexual.
ResponderExcluirdesculpa a ignorância, mas o que seria isso?
as definições de gênero estão cada vez mais ampla e eu tento acompanhar, mas pelo visto naõ consigo...
Me senti representada pelo guest post!
ResponderExcluirÀ parte toda a generalização, percebo que algumas das minhas amigas hetero que se preocupam muito com beleza, status e etc têm um seleto grupo de amigos gays, e elas se esforçam pra informar a orientação sexual dos rapazes logo no primeiro momento em que o citam. Essas mesmas meninas NUNCA citam amigas lésbicas, e em geral falam do universo homossexual feminino com muito estranhamento e preconceito. É como se os interesses comuns mais superficiais como moda, beleza e homens aproximasse garotas hetero e garotos gays, mas a sexualidade deles fosse vista como um detalhe divertido, apenas. Inclusive os exemplos que conheço fazem e riem de piadinhas homofóbicas estilo Zorra Total.
Oposta à essa situação é a relação entre gays e lésbicas. Conheço muitos meninos gays que dizem que algumas lésbicas 'não têm glamour', ou que deveriam se arrumar, se valorizar etc etc etc. Só a visão patriarcal de que mulher deve ser decorativa, e que seu valor reside completamente na aparência.
ResponderExcluirdemi-bissexual é um demissexual que é bissexual. Um demissexual é um meio termo entre o sexual e o assexual, geralmente é o indivíduo que que se atrai afetivamente por outras pessoas e da afetividade se desenvolve a atração sexual, mas nunca se atrai "somente" sexualmente.
ResponderExcluirAcredito que no caso da amiga das 19:15, ela quis dizer que é uma demissexual que sente atração afetiva por ambos os gêneros, mas não sente atração sexual(tesão) isoladamente.
Esqueci de dizer: o texto está muito bom, e o que foi relatado reflete também muito do classismo e racismo impregnados em nós. Concordo completamente com os comments da Cássia e da Lígia, e desculpem a repetitividade.
ResponderExcluirTive um amigo na escola que td mundo dizia que era gay, até que um dia ele se descobriu realmente.
ResponderExcluirPassados alguns anos ele ficou super cool e uma amiga vira e me diz "ele é meu amigo gay" fiquei com ciuminho pq, antes de ser amigo gay dela, ele era meu amigo, mas, beleza, acabei não embarcando na onda cool fashion durante a adolescência (e nem depois).
E como pet, eles acabaram se abandonando depois... né?
Sobre a misoginia entre gays, eu passei um momento desconcertante. Tinha uma pessoa bem próxima de mim, trabalhávamos juntos e ele virou tipo um irmão mais velho, aí um belo dia ele me solta "nasci de cesariana para nem passar perto de uma vagina", mas como assim?!
Bola pra frente que a vida é isso mesmo.
Acho que o autor do guest post não quis denunciar que todas as mulheres, todas as it girls tratavam amigos que são gays como amigos gays (caiu bem a construção?), mas só falar que isso existe e é feio. =P
Quanto a auto-intitulada mulher transsexual demi-bissexual, isso é questão de gênero? Acho que não.
Talvez identidade sexual ou só questão de identidade mesmo.
Cara, esse post faz totalmente sentido! Quantas vezes já me deparei com as patricinhas com amigos gays (não tendo preconceito) e não conversavam comigo por eu ser lésbica assumida. Isso é modinha e não abraçar a causa.
ResponderExcluirSe pararmos para analisar, vários seriados reforçam esse esteriotipo como "Will and Grace". Eu sou uma mulher gay e tenho vários amigos gays, mas não por "moda", mas por afinidades. Alguns são bem fashions e "CAUSAM", outros são discretos. Acho que independente de ser gay, depende muito da personalidade da pessoa.
ResponderExcluirMe lembrei desse vídeo:
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=lsKtjuSUOOA
embora esse seja mto mais engraçado:
http://www.youtube.com/watch?v=0EtMB1THXl0
Difícil ver tanto comentário preconceituoso como quando se fala de gays.
ResponderExcluirTranscrição:
se mulher feia tem amigo gay é porque é carente. Se mulher bonita tem amigo gay é porque é fútil.
Já vi algumas dessas mulheres que andavam com seu personal gay friend a tiracolo se horrorizarem com a ideia de ter um filho gay.
vou te falar, o que eu ja vi de gay mal vestido, nao ta no gibi.
Cheguemos a um acordo, please!
que texto fantástico! sempre me irritou muito a frase "toda mulher precisa de um amigo gay". gays são acessórios como bolsa e sapato? que nojo!
ResponderExcluirDeve ser chato ser adotado como "pet", mas acho que o que o autor do guest post realmente quis dizer é que essas pessoas que acham cool ter um amigo gay nem sempre se posicionam contra a homofobia, e às vezes são elas mesmas homofóbicas, não ligando para o fato de um amigo querido não ter os mesmos direitos que elas tem como cidadãs. Eu também não entendo quem diz "é meu amigo" mas não liga para o fato de a pessoa sofrer preconceito, perigo, não poder casar se quiser, ter um doido como presidente da Comissão de Direitos Humanos querendo cura-lo/exorciza-lo. Enfim, é seu amigo ou seu personal shopper?
ResponderExcluirDani, minha flor... meu comentário foi irônico, foi uma crítica ao preconceito dessas pessoas, eu me apropriei daquele discurso para, ao repetí-lo e mostrar a contradição implícita na comparação (com o filho), expô-lo ao ridículo. E tipo, o "n clichês homofóbicos" dá uma boa dica também. Eu estava debochando da atitude delas ("dessas mulheres") em relação ao assunto, e não querendo dizer que essa é a minha visão sobre pessoas homossexuais. Contexto, contexto, contexto...
ResponderExcluirSerá que eu me expliquei o suficiente? ¬¬
Sobre Will and Grace, não acho que é tão ruim assim. Eu acho que Jack é um contraponto do Will. Will é gay, sempre retratado como bem sucedido profissionalmente, é o mais inteligente e centrado da série, e não é tão estereotipado assim. Jack é estereotipado, assim como Karen. Ela o trata como pet, é hiper preconceituosa, trata mal outras mulheres e vive bêbada e se auto-medicando... o riso está nesse absurdo, no ridículo que causa essa situação. O seriado tem seus problemas, mas não acho que é um seriado que incentive ninguém a achar que gays são pets exatamente pq a personagem que tem um amigo pet é a mais absurda da série.
ResponderExcluirAh, eu já fui a "amiga hetero" de um grupo de gays - que me carregavam pras festas, restaurantes, lugares da moda que eu, toda estudiosa, mal conhecia. Cada um tinha seu jeito, igualzinho às minhas amigas mulheres, aos meus amigos homens, porque, né, somos todos humanos e variados... Infelizmente, era ainda o início dos anos 1980 e vários deles foram levados pela aids (os que restaram são amigos do coração, até hoje). Outros tempos, meninos e meninas... Mas foi uma virada na minha vida, aprendi demais. Acho que por isso não entendo o preconceito que se espalha hoje em dia. Que reviravolta mais absurda! Quanto se perde em não conviver, em não entrar em outro mundo, em ver o outro além da figura bidimensional que nos empurram.
ResponderExcluirNão entendo de maquiagem, não entendo nada de moda feminina e não gosto de dar dicas de sexo anal.
ResponderExcluirE qualquer uma se torna invisível pra mim na primeira vez que me chamar de "amigan".
tem essa serie eno you tube que eu amo, justamento falando desse tipo de relação em que o gay é um acessório de uma mulher...acho ótima, a critica através do humor: http://www.youtube.com/watch?v=-lQQERXghU4
ResponderExcluirO racismo, a homofobia, o preconceito de classe, de gênero, o preconceito contra os nordestinos,
ResponderExcluirtá tudo misturado. Gay rico, ok. Viado pobre e mal acabado, eca!
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Perfeito. No mundo capitalista em que vivemos parece que as minorias tem que "comprar" o respeito que merecem. O dinheiro e o status são tão importantes que obscurecem os "defeitos" das pessoas aos olhos dos preconceituosos.
Concordo, e ate acho que isso pode ser expandido. O que vejo muito na minha cidade é esse alargamento do que é cool. Vejo meninas que acha cool ser lesbica ou bi e lutar no movimento, assim como outros q acham bonito apenas estar nomovimento. Na da contra, acho que quanto mais melhor, mas acho que se lutamos por uma consciencia de respeito e luta de igualdade social, essas pessoas so fazem enfraquecer a ideologia dos movimentos
ResponderExcluirAcho que essa de "amiguinho gay" ridículo. Tenho amigos gays desde a adolescência, uns pobres, outros ricos, mas acho adoção ou levar o rapaz a tiracolo, uó.
ResponderExcluirMuitos desses poodles escondem verdadeiros preconceitos de classe, como pude ver de pessoas que estudavam comigo.
Para a pessoa que procurou o que é demissexualidade: http://a2forum.forumeiros.com/t174-voce-sabe-o-que-e-e-arromantismo-gray-a-e-demisexual
Esse texto faz muuuuuito sentido!
ResponderExcluirParece que ter um amigo gay dá um status de cool, de "ando com pessoas descoladas", "não sou preconceituosa".
Engraçado que essas duplas, trios ou grupos de amigos em muitas vezes adoram criticar tudo e todos, inclusive outros gays que não se encaixam no padrão do que essas pessoas acham bonito e descolado.
Eu tenho um amigo gay que odeia "bicha afeminada", "bicha fêmea", "bicha que faz parecer que todo gay é fêmea". Já ouvi ele dizer isso várias vezes. Preconceito contra outros gays e muito machismo aqui (porque o gay ser afeminado, "fêmea", é uma afronta porque passa a imagem pro "povão" de que todo gay é assim, sendo que ele se considera um gay "macho", um gay "normal"). Isso tudo citando palavras dele.
Sem contar as meninas que quando ficam sabendo que tal menino se assumiu gay logo puxam conversa como "legal, mas tomara que ele não vire aquelas bichinhas afetadas, aí é foda". Ou "olha, se você começar a se soltar muito vou chamar sua atenção".
Achei bem legal a pessoa que escreveu o post ter citado que SIM, a comunidade LGBT não é livre de preconceitos dentro dela mesma. Isso é bem triste.