Gostei bastante deste texto que a Secretaria Nacional de Mulheres do PSTU divulgou esta semana. Publico aqui uma parte (incluindo uns links pra situar melhor quem está de férias), deixo o link pra você ir até o blog/site original e ler o resto, e volto depois.
Abuso sexual não tem graça
Talvez você não perceba. Talvez até ache graça. Mas a violência contra as mulheres está sendo incentivada dentro da sua casa, de forma nada sutil, no humorístico Zorra Total. No principal quadro do programa, chamado “Metrô Zorra Brasil”, todos os sábados à noite, duas amigas travam um diálogo dentro do vagão lotado. Na fórmula do roteiro, lá pelas tantas, em todos os episódios, um sujeito se aproxima, encosta e bolina a mulher de várias formas. No episódio do dia 9 de julho, o quadro mostrou a mulher sendo “tocada” em suas partes íntimas com a “batuta” de um maestro.
A mulher atacada, Janete (Thalita Carauta), cochicha com sua amiga Valéria (Rodrigo Sant’anna), que, ao invés de defendê-la, diz: “aproveita. Tu é muito ruim, babuína. Se joga”. A claque ri.
O ataque relatado pelo programa acontece todos os dias com milhares de mulheres no nosso país. Só nós mulheres podemos medir a humilhação pela qual passamos nos trens e ônibus lotados e suas consequências. Não tem graça.
No metrô de São Paulo, o mais lotado do mundo, numa manhã de abril, uma jovem trabalhadora foi violentada sexualmente num vagão da linha verde, considerada uma das melhores. Um crápula a segurou pelo braço, ameaçou, enfiou a mão sob sua saia, rasgou sua calcinha e a tocou. Os passageiros perceberam, tentaram agir, mas o homem fugiu. O caso foi registrado como estupro na 78º DP da capital paulista. Impossível rir disso.
É sabido que a Rede Globo nunca foi uma defensora das mulheres e da diversidade. Neste momento mesmo, o diretor-geral da emissora exigiu que os autores da novela Insensato Coração acabassem com comentários favoráveis às bandeiras gays, e recomendou menos ousadia nas cenas entre os dois personagens homossexuais.
Mas o Zorra Total foi longe demais. O quadro do programa incentiva a violência contra às mulheres e o estupro, de uma forma sistemática, já que o ataque é parte da estrutura permanente do texto. Ou seja, todas as semanas, a Rede Globo diz que as mulheres que sofrem abuso sexual devem “aproveitar” e “agradecer”, como se fosse uma dádiva. (continue lendo aqui).
Agora sou eu de novo. Ao ler o parágrafo acima, lembrei da piada absurda do Rafinha Bastos sobre mulher feia ter oportunidade de fazer sexo através de um estupro. Que bom que esse energúmeno terá de depor (aliás, você já assinou a petição?).
Sinceramente, a gente precisa mesmo fazer piada em cima de uma chaga social que aflige milhões de mulheres em todo o planeta? O estupro é um problema universal que danifica toda a humanidade. A violência sexual contra mulheres em ônibus e vagões de trem e metrô também. Sim, é uma violência. Não é engraçado. Todo mundo deve ter o direito de escolher se, quando, por quem, e onde quer ser tocad@. Tocar alguém sem seu consentimento é uma violência. E quase toda mulher já passou por isso. Não é lisonjeiro, não é elogio, não é uma chance de prazer. É uma violência diária. Quem acha que não é, ou que as mulheres gostam, ora viu filme pornô demais, ora acha que A Dama do Lotação é documentário e não ficção (uma história de Nelson Rodrigues que virou uma das maiores bilheterias da história do cinema brasileiro). Em vários lugares do mundo o assédio sexual a mulheres em locais públicos é tratado com seriedade, pois é criminoso restringir o direito de ir e vir de uma enorme parte da população. Há vagões separados só para mulheres, o que é um gesto extremo e polêmico — afinal, ninguém quer segregação. O que queremos é que tantos homens entendam que uma mulher sozinha não é um naco de carne a sua disposição.
O humor do CQC ou do Zorra Total ou do já extinto Casseta e Planeta não tem nada de transformador. Não quer transformar, e sim perpetuar uma situação. Uma situação que, pro grupo de roteiristas (todos homens) do Zorra Total, não significa problema algum. Eles não passam por isso, né? Sequer andam de metrô ou de ônibus!
Não preciso ver Zorra Total pra saber que ele é um dos piores programas da TV brasileira, mas fiz o sacrifício extremo de assistir ao vídeo postado no YouTube (a partir do oitavo minuto). E vi um outro também. O único ponto positivo, se é que há algum, é que, em certo momento, o quadro chega a dar dicas de como se livrar do assédio (espetar o tarado com um alfinete, pisar no seu pé). Mas isso as mulheres que passam por esse martírio já estão cansadas de saber.
De fato, parece que o “humor” do quadro consiste em três situações que se repetem todas as semanas: 1) as ofensas que a transexual Valéria dirige a sua “amiga” Janete; 2) as reações de Janete e Valéria ao serem encoxadas no metrô; 3) os clichês, trejeitos, exageros, bordões de Valéria. Li uma entrevista do ator Rodrigo Sant'Anna sobre o sucesso da personagem: “É uma novidade, uma transexual nunca foi abordada pelo lado do humor. Havia comentários, a Ariadna do BBB, a modelo Lea T. Acho que foi na hora certa. Talvez antes não tivesse a aceitação que teve”.
Fico impressionada com essa fala. Rodrigo crê que transexuais na mídia nunca foram abordadas pelo “lado do humor”?! Ué, como então transexuais são retratadas pela TV? Sempre como piada pronta. O público ri porque a personagem age e fala exatamente como se espera. Desde quando essa transexual é diferente? Qual é a aceitação? Até parece que, graças a Valéria, o espectador de Zorra Total se tornará menos preconceituoso com travestis e transexuais, menos eleitor de Bolsonaros!
Olha, tá difícil, viu? Como diz a personagem numa de suas falas (e essa eu gostei): “Ai minha nossa senhora do chuveiro elétrico, dai-me resistência!”
Já ensaiei começar um post no blog sobre essa história do metrô. Li a notícia na Folha.com e fiquei aterrorizada com os comentários.
ResponderExcluirSempre tem os cretinos que dizem que "alguma a mulher aprontou", como se a roupa usada fosse um sinal verde para o abuso (vide a tal Marcha das Vadias).
Fico doente de ler esse tipo de coisa, que reverbera a infame piada do Rafinha Bastos.
Beijo
Perfeito o texto, Lola. Já compartilhei.
ResponderExcluirCaramba, quando esses roteiristas/piadistas (?) vão perceber que esse assunto não tem GRAÇA NENHUMA?
Será que é até alguma mulher próxima sofrer algum tipo de violência?
Empatia zero pelas mulheres ao meu ver. Esse tipo de quadro na TV é grotesco e misógeno.
=(
Eu acho o quadro muito engraçado, admito, mas já tinha percebido sempre os finais infelizes do mesmo - a piadinha com o abuso e estupro que mulheres sofrem. Isso deu até numa conversa muito legal com um colega meu. Acho tanto o ator como a atriz muito engraçados, mas se for pra continuar com a piada infeliz eu gostaria muito que o quadro acabasse. O triste é que é o único quadro com alguma graça num programa super sem graça...
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ResponderExcluirEssa situação tá tão batida que eu não tenho nem o que dizer... Mais do que revoltante, faz a gente sentir uma impotência... Mas acho que a intenção é essa, né, não podemos desanimar.
ResponderExcluirPriscila Boltão, o que você quer dizer com "Nem na Noruega a gente tá a salvo"?
É tão difícil ver problemas que não nos atingem diretamente que roteiristas, diretores e atores constantemente se enganam. É triste, mas o que acontece é que os olhos veem o que querer ver; uma vez que se capta e admite como correta uma visão (minha personagem vai reduzir o preconceito) é difícil tomar outra abordagem como real.
ResponderExcluirNa verdade, acabei de mudar uma certa concepção que eu tinha e sei bem como é estranho perceber que seu 'correto' era uma visão errônea te enganando. É o que eu fiz no post de hoje, mudei meu ângulo de visão.
Flasht, vc tá maluco. Acredito q ela quis dizer sobre "nem na Noruega estamo a salvo é sobre os atentados que aconteceram por lá e mataram mais de 90 pessoas....
ResponderExcluirMas o quadro é realmente terrível, assim como todo o programa. Me adimira que esteja há tanto tempo no ar...
É que eu não vejo relação entre os atentados na Noruega e abuso sexual, então fiquei pensando se não tinha ocorrido algum caso de violência sexual por lá esses dias que eu não tenha dado por saber.
ResponderExcluirEnfim, esse tipo de acontecimento é inevitável, ainda que de se lamentar, mas pelo menos nos países nórdicos ninguém enxerga isso com naturalidade. Ninguém lá justificaria violência sexual dizendo que é porque "homem hetero existe". Quanto ao resto do que o Flasth escreveu, "me poupe" uma resposta mais do que suficiente.
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ResponderExcluirJá perdi a conta das vezes que passei por isso, inclusive quando era menor de idade e estava uniformizada. As primeiras vezes eu fiquei com medo e sem reação mas depois passei a sentir raiva e já vou gritando. É claro que nessas horas a gente parece louca, tá fazendo cena por nada..
ResponderExcluirÉ horrível ver que alguém se diverte e se excita enquanto desrespeita outra pessoa. Nem dá para chamar essa gente de pscicopata, são pessoas normais mesmo, alguém que acordou de manhã, tomou café, saiu para trabalhar e de alguma forma sua mente ficou em paz com a idéia de que agredir uma mulher no meio do caminho seria algo válido e prazeroso, um bom jeito de começar o dia. O cara ainda sai se sentindo o máximo, muito poderoso.
Já levei até empurrão dentro do ônibus uma vez depois de reclamar de uma passada de mão.
Tem quem defenda o humor a todo custo, mas é humor para quem? Às custas de quem? Eu fico me perguntando se homens que sofreram abusos acham engraçado esse tipo de coisa. Tenho a impressão que não. Mas como pimenta nos olhos dos outros é refresco..
Essa situação é extremamente desagradável. Realmente, quem faz esse tipo de piada nunca andou de ônibus...
ResponderExcluir"Acontece que, geralmente se o homem não agir ficam no 0x0 ambos morrem na seca é ou não é?"
Aaaaffffeeeeee!!
"O que vcs sugerem aos 'orelhas secas'?
Tem, de fazer tudo para ser escolhidos pelos critérios delas? e quando o tudo não bastar?"
Batam punheta...
Flasht, se só cara feio e pobre
ResponderExcluirfosse estuprador séria fácil, viu?
Assim como nem todo feio/pobre estupra.
Mas não é assim, se informe mais. Ou vire mulher, aí você vai entender melhor. (ou alguém aqui já não foi assediada por um homem bonito nem nenhuma mulher estuprada por um homem rico?)
"O quadro do programa incentiva a violência contra às mulheres e o estupro..."
ResponderExcluirVou proibir meus irmãos de verem esse quadro, senão daqui a pouco eles vão começar a estuprar por ai por verem esse pograma de tv.
Ainda bem que li esse post.
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ResponderExcluirDevemos fazer como no Caso do Rafinha bastos...
ResponderExcluirEspero que a globo seja processada por incentivar o estupro.
Outro dia vi um comediante contar a piada do Português e fiquei indignando ele deveria ser processado por xenofobia;
Não satisfeito ele contou uma piada sobre a “bicha”, lamentável! Ele tem que ser processado por homofobia...
Quando ele contou a piada do padre não aguentei vou processa-lo pessoalmente por preconceito e intolerância religiosa;
Quando eu estava saíndo do lugar ainda pude escutar ele contando a piada do papagaio estou pensando seriamente em mover uma ação no IBAMA também!
Flávio Brito é realmente troll, vivendo e aprendendo.
ResponderExcluirAh milena entendi troll é quem usa ironia...
ResponderExcluirHum...
Milena Se o fato de não levar esse post a sério faz de minha pessoa um troll, então sim eu sou um troll.
ResponderExcluirMas MILENA como você me parece ter levado o post a sério te dou um conselho:
Não fique perto de homens que assistam ao Zorra Total!
lembre-se:
Homens que assistem ao Zorra Total estão incentivados a estuprarem mulheres por ai...
Cuidado com homens que assistem ao zorra...
o flavio é troll legitimo, mas pelo menos me fez rir kkkkkkkk
ResponderExcluirAi meu deus, os mascus e seus velhos preconceitos de classe... Eles realmente acreditam que as mulheres (todas nós!) são interesseiras e só transam (nas palavras deles, “dão” ou “liberam sexo”) com homens poderosos, sempre pra conseguir algo em troca, e não é sexo, porque obviamente mulher não gosta de sexo. Nessa lógica obscura, homens pobres passam a vida toda sem se relacionar com absolutamente ninguém, já que mulher alguma se interessaria por eles. E no entanto, homens pobres (que são a maioria absoluta no mundo) namoram, se casam, têm filhos, fazem sexo, como qualquer homem de classe média ou rico. O fato é que, de forma geral, as pessoas se relacionam com pessoas de sua convivência, de sua classe social. Mas os mascus acham que pobre nem é gente. Nesse mesmo elitismo que os move, eles creem que homens ricos e de classe média não estupram, porque já têm todas as mulheres aos seus pés. Ou seja, é uma lógica tão torpe, tão imbecil, que não se sustenta sob ângulo nenhum.
ResponderExcluirOlha só o esforço do Flávio pra defender um programa de humor! Opa, não é pra defender um programa de humor, né? É pra defender toda a sua posição privilegiada no mundo... É uma defesa do status quo. Flávio e Flasht, vcs parecem ter o mesmo nível intelectual. O dos mascus.
Nossa, você é o gênio da estilísca, Flávio! Sua ironia se equipara às das obras machadianas, meus parabéns.
ResponderExcluirEu REALMENTE procuro manter distância de quem acha graça em piadas que degradam a mulher como essa do "Zorra Total". Pode até ser que eles não violentem uma mulher, mas com certeza são do tipo que acham natural uma mulher se estuprada e assediada porque estava usando roupas "provocantes", são do tipo que prezam pela máxima "santa na rua, puta na cama" e do tipo que é capaz de usar o discurso feminista com uma mulher só pra dar uma de cavalheiro e conseguir "comer" ela, pra depois ficar rindo-se do feito com os amigos e contando como ela foi putinha (já li esse tipo de comentário em sites dirigidos ao público masculino por aí - sim, eu leio esses sites! não sou misândrica, classificação que alguns insistem em atribuir às feministas). Suponho também que sejam do tipo que preferem sumir da face da terra a ter de ficar em casa cuidando das crianças enquanto a mulher trabalha fora porque ela ganha mais.
aff
ResponderExcluirEsse Flávio Brito é um TROLL.
ResponderExcluirObrigado Lola por responder e seja bem vinda de volta!
ResponderExcluirMas não me recordo de ter defendido o programa. Em que parte do que escrevi há uma defesa ao Zorra Total em?
É risível a ideia de que a globo e/ou o programa incentivam o estupro!
Mas caso eu esteja errado... ainda bem que não o assisto!
Já pensou seu for na sala ver o Zorra Total e estrupe uma mulher depois, incentivado pelo programa.
Pelo sim, pelo não melhor, não assistir né...
Mas Lola quando você diz minha posição privilegiada está falando de que privilegio?
É que aqui onde moro, eu assim como os homens e mulheres que aqui vivem não tem privilégios não...
Não sei o que você quer dizer com nível intelectual de mascus...
Mas alguém que afirma que o Zorra total incentiva homens a estuprarem com certeza tem um alto nível intelectual!
Vou te dar esse voto de confiança.
Vou pedir que minha mãe e minha irmã leiam esse post e que não cheguem perto do nosso vizinho (É que ele gosta do zorra total) vai que com esse incentivo ele...
Milena assim como você eu procuro manter distância de quem acha graça em piadas que degradam a mulher.
ResponderExcluirMas dizer que o Zorra Total, que é uma babaquice, incentiva homens a estuprarem... Puts...
Quer saber apelei vou abrir o youtube e ver isso. (Mas vou me amarrar a cadeira, por garantia né, vai que vocês estão certas e o programa me incentive a cometer uma barbaridade destas...)
Sim Adolfo (Pronuncio seu nome com f"mudo" fica bacana e soa poderoso -ADOLF!)
ResponderExcluirEntão, Eu não acho que o Zorra Total encentive homens e estruprarem e isso faz de mim um troll!
(Lembre-se é recomendavél que não os alimente!)
Mas diga não a Troll fobia!
Flávio Brito, sua crítica ao post é muito infantil. Ninguém está dizendo que uma pessoa assiste o programa e sai por aí estuprando mulheres, o que se diz é que esse tipo de programa reitera e reforça velhos preconceitos sexistas. E, em alguns casos, pode criar as condições necessárias para que um homem se veja justificado ao tomar tal atitude. É óbvio que a televisão não faz o serviço sozinha, ela reflete uma opinião que será bem recebida, mas isso não diminui o dano que esse tipo de "humor" pode vir a causar.
ResponderExcluirFlávio Brito, suas alusões a Adolf Hitler não reforçam seu argumento. Sugiro que você encontre algum argumento mais forte do que simplesmente dizer que quem assistir Zorra Total não vai abusar de suas parentes.
ResponderExcluirEu disse que você era um troll porque penso que você foi grosseiro ao responder aos argumentos alheios.
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ResponderExcluirEntão Adolfo:
ResponderExcluirConcordo com você, é uma sua crítica infantil e devo admitir que sou meio moleque e irônico também.
Mas no post da Lola esta escrito exatamente assim:
"O quadro do programa INCENTIVA a violência contra às mulheres e O ESTUPRO..."
Leia e me diga se estou mentindo!
Não fiz aluzão a Adolf Hitler.
Na boa, acho bacana o nome com o som do F "mudo"!
Por exemplo adoro o nome Albert mas por ter existido um Albert que tenha feito algo de errado no passado não tira o fato de o nome ser legal.
Desculpe se ficou a impressão que estava “zuando” seu nome! OK?
assisti o quadro por acidente (não costumo procurar ver zorra total) logo da primeira vez... e pra ser sincero, gostei sim da brincadeira com os estereótipos e deboches entre as duas. mas de fato, na hora do 'encoxamento', me senti incomodado e esperava que no fim houvesse uma 'lição de moral' contra o abusador, o que não aconteceu como deveria =\
ResponderExcluiranalisando a estrutura do quadro, vejamos: janete é tocada; comenta com valéria; valéria diz que ela deveria aproveitar; janete se recusa e xinga/espeta o abusador; valéria aproveita a deixa e 'cata' o abusador que janete recusou.
digamos então que a personagem de janete ainda se defende, mas a de valéria, despudorada e debochada, corresponde ao abuso. concluo então:
- a personagem de valéria não é nem pretende ser nada politicamente correta ou moralista... ela é 'a bandida'. essa é a característica da personagem e não tem motivo para ser diferente como personagem humorística. nessa questão, então, não vejo problema.
- a 'lição de moral' contra os abusadores de ônibus/metrô - constrangimento tristemente comum que as mulheres sofrem - não é explícito nem efetivo, apesar da recusa de janete. acho que aí o quadro poderia aproveitar e denunciar esse comportamento de modo mais ferrenho, com o abusador realmente se dando mal... é nessa falta onde vejo o real problema do quadro.
uma pena, pq há muito não rio de algo escrachado assim, ainda mais no zorra total =P
Esse quadro da Zorra total é bem no nivel do programa em geral né?
ResponderExcluirNa boa, isso é tão esperado do programa...eles sempre botam um quadro assim, claro isso não justifica nada.Não se pode banalizar esse tipo de "humor" que denigre a nossa imagem.
Ainda existe aquele quadro da mocinha na biblioteca que sobe na escada pra pegar um livro pra um velho tarado? (pleonasmo,rs).
Mas na boa Lola, não estou defendendo o programa, mas pensa no seguinte:
Como a Zorra Total poderia fazer um "humor" que dê-se lição de moral? A Janete ia tirar uma torta da bolsa e dar na cara do abusadinho? Ia ser super engraçado...
Acho que quando o assunto não tem graça, o melhor memso é nem tocar nele, pq tentar fazer algo politicamente correto pode sair pela culatra e causar muita vergonha alheia.
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ResponderExcluirengraçado homens reclamarem q mulher não gosta d sexo, mas na hora d dizer porcaria na rua ou tentar abusar, eles ficam achando q vão gostar, né... Q NOJO! gente doente! o pior é qdo vc não percebe q o cara tá tentando, ou tava mto cheio e não tem p/ onde ir (q sitação!) ficam achando q vc realmente tava querendo! q gente + perturbada d pensar q um meio d transporte, estressante, sujo e mtas vezes, inevitável, pode oferecer um ambiente favorável p/ realização d taras e fantasias sexuais! fala sério... é mto filme pornô mesmo... então se for assim vou sair roubando as pessoas no ônibus... tá cheio mesmo, ninguém vai perceber ou poder fugir... quero ver algum homem gostar disso! ou até algo + divertido, como amarrar os cadarços uns nos outros, puxar a cueca p/ fora até machucar, rabiscar suas roupas c/ caneta permanente, abrir o zíper da mochila p/ td cair... vai saber! se é p/ se divertir, vamo lá, né! ah, tá louco...
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ResponderExcluirNão conhecia a existência de tal quadro, já que ignoro solenemente o programa Zorra Total. Linkei o vídeo aqui deixado e fiquei pasmo em verificar um "humor" estúpido e imbecil tendo espaço tão grande.
ResponderExcluirÉ óbvio gritante que quem já faz isso, encoxar e bolinar mulheres em transporte público, e até mesmo filas de espera, está se sentindo agraciado com o quadro.
Eu sei o que é isso pois fui encoxado certa vez quando garoto por um homem num coletivo e além da vergonha, a ira, houve tbm a impotência pois se não fosse ajudado por uma senhora, eu teria maiores dificuldades físicas para me desvencilhar.
Ainda que eu goste da linha de trabalho adotada por Rafael Bastos no programa A Liga, o que vimos com o quadro do Zorra Total, é justamente a materialização de sua infame "piada" num meio poderosíssimo de veiculação.
Repudio veementemente a continuação da exibição deste.
Abraços!
De fato, os homens acham que qualquer lugar é lugar para sexo, não levam em conta que quem está pegando condução ou trem está na rua pq tem alguma obrigação a fazer e mesmo que seja a passeio, vc simplesmente não vai ficar se tocando com qualquer desconhecido né?
ResponderExcluirSei que não tem muito haver...com a questão em si, mas lembrei do texto do Thiago, nessas horas me sinto muito bem por ter o previlegio do carro, nele sou tocada por quem eu quero, já que o ambiente é privado.
Priscila,concordo com vc em partes, nunca devemos rir da vitima, (esse deveria ser um pensamento óbvio até para os trolls).
Mas o problema é, como vc faria pra fazer uma peça de humor que conseguisse com que as pessoas rissem do agressor? Só esteriotipando ele, mas como criar uma imagem caricata de um tipo desses? Acho muito dificil fazer humor transgressor.
Sou da opnião que se não dá pra fazer isso então é melhor nem fazer a piada.Pq não vai ter graça e não será apenas uma piada
Acho que deveríamos iniciar uma campanha com slogan tipo "abuso não tem graça", para ver se as pessoas (mulheres inclusive) se tocam do tipo de discurso que essas "piadas" perpetuam. Precisam parar de ver o corpo feminino como público e disponível.
ResponderExcluirLolinha, vc tem tevê a cabo? no Multishow tem agora (pra mim, ao menos, é novidade) um programa chamado "Olívias na TV". Foram poucas as vezes em que assisti, mas a partir daí, fazendo a comparação, ficou ainda mais clara pra mim a pobreza de espírito do humor feito por zorras totais e rafinhas bastos da vida. ficou também o alívio de ver que dá sim pra fazer humor que não apele pras tragédias das "minorias" e que ainda assim faça a gente rir.
ResponderExcluirte dou um exemplo... da primeira vez que assisti, ri muito com um quadro que colocava uma mulher na função de porteira, num prédio residencial, e que tratava todos os condôminos como se fosse mãe deles: se algum mais gordinho tivesse pedido uma pizza, ela dava bronca pelo interfone, mandava comer salada, já pegava a pizza e dava pra outra moradora que tava saindo pra balada - mandava a menina voltar, ficar em casa comportada, vendo um filme e comendo a pizza; ou, se algum deles entrasse sem dar bom dia, ela mandava voltar, deixar de ser mal educado e ainda limpar os pés direito no carpete da entrada.
não sei se minha descrição vai fazer jus à graça que acho que o quadro tem, mas aí fico pensando que o segredo ta exatamente em coisas que eu não vou conseguir reproduzir aqui: a qualidade do roteiro, das falas e da interpretação dos atores.
por outro lado, até mesmo eu, que nao sou humorista, posso pegar uma piada pronta, baseada em velhos preconceitos, subir num palco e largar lá minha pedrada. certeza que tem gente que vai rir se eu fizer isso, e nao pelo meu talento, mas sim pelo costume de achar engraçadas essas porcarias sem nem parar pra refletir.
daí alguém vai e diz, nos comentarios aí em cima, que o público tem sede dessas coisas, dessas porcarias. isso era uma discussão, me lembro, que eu via muito desde os meus tempos de faculdade de jornalismo: a mídia entrega o que o público quer? ou é o público que recebe o que a mídia dá? tem uma diferença aí, e acho que a realidade se aproxima mais da segunda pergunta-constatação...
acho legal que esse programa, o Olívias, carregue a identidade feminina desde o nome. porque embora conte com a participação de homens, me pareceu que é mesmo um programa sendo feito basicamente por mulheres. mas enfim, tem que procurar saber mais pra ver se essas minhas primeiras impressões positivas se confirmam. se assim for, pena que seja uma atração restrita ao público da tv por assinatura...
Priscila Boltãol.
ResponderExcluirNas ultimas linhas em itálico, esta escrito: “O quadro do programa incentiva a violência contra às mulheres e o estupro, de uma forma sistemática...” (Ipsis literis)
O que é de fato ridículo, risível e me desculpe se soar ofensivo mas é idiota também. E quanto a isso estou inflexível sim!
E o post ainda é hipócrita, pois a mesma Lola que condena e publica a petição contra o Rafinha Bastos, acha graça no final do post de uma piada que remete Nossa Senhora. Legal né?
A piada do Rafinha não pode o estado tem que calar, censurar e impor a mordaça.
Agora quando a piada é sobre algo inerente à fé católica, a Lola que já afirmou anteriormente ser “meio comunista” e que é ateia, acha graça!
Viva ao politicamente correto da Lola.
Vamos seguir o exemplo dela então:
Quando o Rafinha Bastos contar a piada sobre mulheres: Petição por machismo;
Quando o Rafinha Bastos contar a piada sobre uma bicha: Petição por homofobia;
Quando o Rafinha Bastos contar a piada sobre Nossa Senhora...
Ai BLZ, ai é legal né Lola?
(e essa eu gostei) By Lolla entre parenteses no post.
A minha mãe fez figuração nesse quadro do zorra total, daí como ela não sabe quando vai passar esse em que ela está, me obriga a gravar todo sábado esse programa. Isso me irrita até o ultimo fio de cabelo. Pior é que ela assiste, ela ri, ela gosta.
ResponderExcluirVou ler esse post ela.
Muito bom o comentário da paulinha. Quando eu mandei o texto do PSTU linkado no post pra um amigo, ele disse que era exagerado, que a Globo não faz isso porque querem estimular o machismo, mas porque é o que o público gosta, é o que dá dinheiro. Dizendo isso ele subestima o poder da grande mídia em influenciar a mentalidade do coletivo, assim como subestima a capacidade de raciocínio do "povão". A gente fixou essa ideia de que as pessoas de baixa renda gostam do que gostam porque simplesmente são impermeáveis a qualquer gota de conhecimento que lhes tentem passar. É, o povo é ignorante porque quer, porque tem orgulho de não saber nada! Gente, a prova mais concreta de que isso é um pensamento estúpido, preconceituoso e discriminatório é o exemplo de uma sala de aula com adolescentes. Por que alguns professores conseguem prender a atenção da classe inteira e outros não são ouvidos por um aluno sequer? Por que os alunos são um bando de demônios descontrolados? Não! É porque o último professor não tem didática nenhuma. Todo ser humano é curioso por natureza, a gente que é podado desde criancinha pra não ser muito questionador. Voltando à televisão, vamos combinar que a maior parte dos programas chamados educativos são chatíssimos, ninguém dá conta de assistir aquilo (estou considerando a TV aberta). Até parece que a grande mídia não tem recursos suficientes pra fazer programação ao mesmo tempo interessante e educativa. Não interessa a ninguém que a população fique ignorante né, a culpa é do pobre, sempre do pobre, que se recusa a aceitar qualquer informação útil. Ai ai...
ResponderExcluirHa ha, só pra não perder o que está rolando no Twitter, registro aqui! Coloquei no Twitter um link pro comentário do Flasht (ninguém entende o que vc quer dizer, menino, mas pelo menos conheci um blog ótimo graças a vc), e outro pro do Flavio. É que fiquei muito surpresa e dei boas risadas quando o Flavio comparou dizer "minha nossa senhora do chuveiro elétrico" com a piada do Rafinha, e disse que eu estava ofendendo a fé católica. O legal dos trolls é que a gente sempre aprende alguma coisa com eles, gente! (dá pra escrever um livro no estilo "Como Não se Comportar em Público").
ResponderExcluirMas recebi vários tweets divertidos de volta. A @BruxaOD perguntou se está errada por sempre rezar pra minha nossa senhora da concordância gramatical (e isso que a BruxaOD nem te conhece, Flahst!). Já a @Lyrio disse que meus trolls estão sempre rezando pra nossa senhora da falta do que fazer e pra nossa senhora do preconceito. Pois é. Minha nossa senhora dos trolls, dai-me paciência! (esta foi via @ecologista1).
Desculpaí, papa. Mereço arder no inferno.
O Lola, até que demorou para vc fazer um post sobre este quadro. Nunca vejo Zorra Total. Mas as vezes por força de algum filme que quero ver tenho que passar rápido no programa para ver se o filme não começou.
ResponderExcluirE pra completar o péssimo dia sobre a Globo, vejo o sr. Flávio Ricco culpando o personagem Cecília de Insensato Coração pela transa com Vinícius! http://televisao.uol.com.br/colunas/flavio-ricco/2011/07/24/insensato-coracao-faz-um-alerta-sobre-a-transa-irresponsavel.jhtm
Bom retorno!
Agradeço por me promover Lola, mas não ligo muito pra esse lance de tiwter.
ResponderExcluirNão sei de onde você e as pessoas que te bajulam tiram a ideia de que me importo em ser tachado de troll no seu blog.
Convenhamos que para tal baste que alguém discorde de você.
Faça o seguinte coloque um link nesse tiwter afirmando o que você disse no post:
“O quadro do programa incentiva o estupro, de uma forma sistemática...”
Ai seu Twitter vai bombar! Com certeza.
Pergunte a um devoto de nossa Senhora se ele gosta desse tipo de trocadilhos...
Fico feliz que tenha feito você dar gargalhadas lola, e olha é reciproco viu.
Dei muitas gargalhadas quando li que o Zorra total incentiva o estupro de forma sistemática aqui.
O que risível é claro.
Mas lola eu sou um Troll não me alimente. (nem no tiwter)
"O quadro do programa incentiva a violência contra às mulheres e o estupro, de uma forma sistemática..."
(Eu ri mesmo viu)
E é de forma sistemática...
Putsss....
Bota isso no Twitter Lola.
Flávio parece que vc se incomoda de ser taxado de Troll. Mas ja reparou que vc discorda das pessoas de maneira incisiva demais?
ResponderExcluirAcho que vc poderia agregar alguma coisa aqui no blog da Lola se tentasse uma abordagem menos radical.
Se vc vem pra cá e sente que está sendo marginalizado e eu creio que vem pra cá querendo mostrar sua opnião e que as pessoas prestem atenção nela, pq não tenta readequar um pouco o seu jeito de discussar?
Nem toda pessoa que discorda da Lola ou de alguem aqui no blog é chamada de "Troll", mesmo sendo homem. (antes que vc venha falar que isso tenha algo haver).
Mas se vc não quiser considerar isso e continuar a agir do jeito que vc faz então tudo bem também.
Pensei em ti quando vi a propaganda na TV, Lola.
ResponderExcluirUma bosta, esse Zorra Total. '-' Já passou da data de validade há tempos!
Inacreditáveis esses comentários do Flasht.
ResponderExcluirAh, então, todos os homens que estupram mulheres são feios e pobres. Homens bonitos e/ou ricos não estupram! Conta outra, vai.
Segundo essa linha de pensamento homem pobre e feio não transa, não casa, não tem filhos, né? Não sei como na favela (antro de homens pobres e feios, na mentalidade masculinista) as mulheres tem filhos, gente! Devem ser todos filhos do espírito santo!
(Observação: falo "feio" aqui de acordo com o pensamento dos masculinistas).
Já que esse homem pobre e feio não transa com ninguém, tudo bem ele estuprar, né?! Coitado! Ele precisa de sexo, ora mais. Ele tem essa NECESSIDADE biológica e se ninguém satisfaz essa vontade TUDO BEM ele recorrer ao estupro. Afinal, essas mulheres são exigentes demais! IMAGINA, elas se acham no direito de escolher com quem vão transar! Como é que pode? Porque elas não estão eternamente disponíveis para todo homem que queria transar? Que absurdo! Como os homens sofrem!
Ooooi? Que tipo de gente fala tamanha babaquice? o.õ
"Vixe exagerei nas analogias se já é dificil vcs entenderem uma..."
ResponderExcluirEssas mulheres, como são burras, incapazes de entender analogias! Não tem a menor noção de lógica. Não sabem o que é pensar de maneira racional.
Me diz aí se não é sempre isso que os masculinistas falam para qualquer mulher? ;)
"eles engolem o desejo seco e depois mulher que é reprimida¬¬"
Ah, tá, né... o cara tem que engolir o desejo dele pra não estuprar e atacar mulheres! A vítima é ele! Não é a mulher que é estuprada ou sofre abuso sexual! Fodam-se as mulheres, essas mimadas que esnobam os homens! O homem é que é a vítima! Ele tem o direito de não se reprimir, ora essa! Vamos legalizar o estupro, então? Pra minimizar a dor desses pobres homens que "engolem o desejo a seco"? Que sofrimento eles passam!
¬¬
Esse quadro é um lixo e programa todo também. Pra mim o que mais incomoda é a Dilma sendo mostrada como a comandante do metrô com uma cara idiota. O quadrdo o Lula também é ridículo. Propaganda PSDB escancarada.
ResponderExcluirEsse do metrô é infeliz. Além de corroborar pra violência contra a mulher e para o esteriótipo do transsexual (que infeliz o comentário do ator, hein?) ainda contribui para essa política de tratar os outros igual lixo. Porque só tem xingamento entre as duas personagens, princpalmente contra Janete. É um tipo de humor degradante. E como você disse, não transforma nada.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlha... humor pelo estereótipo debochado e escrachado sempre vai ter, gente. Por mais cruel que seja para alguns, tirar humor dessas situações é comum para nós humanos, non? acho que combater isso não é a questão aqui. O problema que entendi é legitimar pelo humor um comportamento altamente degradante, que é o abuso contra mulheres - justamente agravado por ser contra mulheres, essa classe que ainda sofre muitas restrições e violência simplesmente por carregarem os genes XX. Mesmo que o quadro trate desse assunto - o que não pode ser impedido - ele poderia abordá-lo de modo muito mais positivo se o condenasse de fato ao invés de premiá-lo.
ResponderExcluirQuanto a Dilma e Lula que o colega acima comentou... não vejo assim. Qq presidente terá sua caricatura nesses programas de humor. O FHC, por exemplo, tinha vários, na Globo mesmo.
Gays, pobres, mulheres, rede globo de televisão reforçando esteriótipo de desde 1965.
ResponderExcluirSugiro que tod@s denunciem o quadro no site do projeto Ética Na TV: http://www.eticanatv.org.br/index.php?sec=3&cat=7&pg=5
ResponderExcluirBoa idéia Gabriele! Mais uma coisa para espalhar por aí.
ResponderExcluirVou começar a falar uma dúzia de besteiras e quando criticarem vou falar que "eu disse que não iam entender". É um bom modo de escape, junto com "aff era uma piada" ou "se acalme, não fique zangada".
ResponderExcluirFlávio Brito, você omitiu o contexto ao citar a frase que, para você, é polêmica, se você obsevar a frase completa "O quadro do programa incentiva a violência contra às mulheres e o estupro, de uma forma sistemática (até aqui você deu), já que o ataque é parte da estrutura permanente do texto." Essa última parte explica um pouco a acusação feita pelo PSTU. De um modo geral, eu concordo com a direção das teses do PSTU, mas discordo da intensidade. Mas nesse caso, eles não estão dizendo que o Zorra Total determina os abusos, mas apenas incentiva. Isso decorre de usar o humor para atenuar uma situação que deveria ser considerada intolerável.
ResponderExcluirQue bom que você escreveu sobre isso.
ResponderExcluirAssisti a um episódio desses justamente na semana que fui abusada no metrô.
Não achei a menor graça e ainda me senti insultada.
Obrigada por trazer o assunto à tona, Lola!
Vi o quadro depois de me recomendarem dizendo ser engraçado.
ResponderExcluirÉ engraçado em alguns momentos, mas tem duas coisas que me incomodaram:
1. foi estereotiparem a mulher trans que, inclusive, se mostra nada amiga de mulheres e maldosa.
2. o que a Lola comentou aqui e foi observado pela galera do PSTU. a nível desse humor é o mesmo do Rafinha Basto, reforça a ideia de que abuso sexual é o mesmo que sexo e que uma mulher feia deve agradecer e ficar feliz com isto.
Quando vi o quadro e vi que Janete reclamou com o cara, esperava que ridicularizassem o cara que faz isso, que o criticassem, algo do tipo, e não que a 'amiga' achasse que a vítima deveria se dar satisfeita e menos que ela desse mole para o molestador.
Ao menos a Janete foi firme, disse não e confrontou o miserável e não voltou atrás apesar de não ter nenhum apoio da 'amiga' e demais pessoas do metrô.
além dos motivos já citados, tem mais uma coisa que me incomoda neste quadro: o proprio metro cheio. eu fujo do metro por conta da lotacao, altero meus horarios para pegar um onibus razoavel e pago uma baba por um catamara seletivo para ter um mínimo de conforto, então não consigo achar a menor graça na degradação do transporte público.
ResponderExcluireu até acho q um quadro de humor pode abordar o tema se for para critica-lo.
ResponderExcluireles colocam um metrô lotado como forma de caracterizar o cotidiano da maioria das pessoas, que são pobres e são obrigadas a se submeter a um transporte sub-humano. ok.
podiam usar essa ideia pra criticar o metrô, o governo, e o povo em geral, inclusive no que tange ao abuso sexual retratado.
não vi o quadro, mas me parece q não fazem piada com outros problemas que decorrem de uma situação de desconforto como essa
(o aperto, o calor, o suor, não ter lugar pra colocar as mãos, a barra de ferro nojenta, a dificuldade pra entrar e sair do vagão, a disputa por lugares, a pessoa q escuta música no viva-voz, as pessoas q comem mesmo sendo proibido, enfim, o desrespeito e a falta de educação generalizada)
se ele foca num problema, ele deve, sim, dar uma lição de moral pro povo.
se eles, por ex, retratam uma criança comendo cheetos bolinha, tenho certeza q vai aparecer mais de um personagem fazendo cara de desgosto e criticando, reclamando do cheiro. não vai aparecer ninguém dizendo "deixem de ser bobos, esse cheiro é uma delíciaaaa".
o problema aqui é que o quadro resolve falar de um assunto grave e BANALIZA a violência, criticando a VÍTIMA (como se aceitar ou não o abuso fosse uma escolha, que depende apenas da libido de cada mulher: as mais "bandidas" curtem, as outras não. e e q cabe ao abusador ARRISCAR pra ver de qual tipo é a vítima)
a personagem "malandrinha" é com quem o público tem empatia, obvio. ela é a engraçada, ela é a que solta o bordão do quadro ("hj eu tô bandida"). ela é um ator vestido de mulher. me soa puro deboche às mulheres, sabe? um homem vestido de mulher dizendo pra uma mulher "deixar de ser boba e aproveitar"
então se a personagem com quem o público se identifica LEGITIMA o abuso, o quadro está sim incentivando a violência. está dizendo pra todo mundo que não há nada demais em encoxar mulheres no transporte público. que "há até quem goste, então qual o problema?!"
como poderiam transformar isso num quadro melhor? talvez o sujeito pudesse ser escorraçado do metrô, expulso do vagão pelo povo indignado.
e aí a tal personagem travesti podia ir atrás dele e insinuar que ela, sim, tá a fim de 'umazinha'. imagino até ela encoxando o abusador (este, agora, com cara de desgosto... pq ser encoxado não é legal né? ainda mais por alguém q tem um pênis, como é o caso da travesti)
Só para lembrar aos mascus de plantão que o a mulher trabalhar não foi uma invenção do feminismo, mas do capitalismo. E durma com um barulho desses!
ResponderExcluirEstas discussão me lembra de uma vez, aos 16, quando fui pela primeira e última vez a uma micareta. Eu tinha apenas 16 anos e queria me divertir com amig@s, pular um pouco, curtir o feriado.
Não que tenha sido de todo ruim, pois afinal de contas eu consegui me divertir, entretanto minha diversão foi seriamente cerceada.
Primeiro que quando eu fui entrar no evento, ainda na fila, passaram a mão na minha bunda, eu gritei e bateram a minha carteira. (mal sinal)
Depois entrei no evento com a minha amiga e tínhamos combinado de encontrar alguns amigos por lá. Como é um evento importante na cidade, era comum encontrar um monte de gente.
Primeiro que cada vez que nos deslocávamos pelo evento, eram inúmeras as mãos a apertarem e passarem a mão em mim e na minha amiga. Como minha amiga era menor que eu, a coloquei na minha frente para protegê-la e para conseguir passar, tive que distribuir cotoveladas aos montes! E claro, fui xingada de todos os nomes possíveis, afinal, a mulher que não gosta de ser tocada desta maneira é sapatão e vadia (e as que gostam tb, dá na mesma).
Algumas vezes tentaram me agarrar à força e sem muito sucesso. Minha amiga era menor que eu e até pelo fato de ser mais "frágil", foi ainda mais assediada (como eles são covardes!). Conseguimos então passar todos os dias do evento sem sermos agarradas à força, mas nossos corpos se tornaram bens públicos (assim como os corpos de todas as outras mulheres presentes). Eu não sabia, mas neste evento tem muito mais homem que mulher e como eles conseguem ser opressores quando estão em vantagem!
E os seguranças, não estavam nem aí. Dois deles presenciaram a cena de um troglodita me ameaçando fisicamente (porque "ousei" não beijá-lo) e nada fizeram.
Resolvi nunca mais ir a um evento desses!
E sabe o que é pior? Além de os seguranças não garantirem a nossa integridade física, as pessoas ainda acham que uma mulher que vai a estes lugares "está pedindo".
É pedir demais uma mulher querer frequentar lugares públicos sem ser molestada?
Olá professora,
ResponderExcluirConcordo plenamente que é um humor "agressivo", mas seria muito complicado impor limites ao humor... mesmo o humor machista!(proibir/multar/processar).
Em 1905 Freud já dizia que há uma certa atração ao que é hostil/obsceno e o humor que serve a um propósito de hostilidade funciona melhor que um humor "inocente".
Não digo que seja certo, nem apoio, apenas constato que é algo da "natureza humana" rir quando alguem escorrega na casaca de banana (e se machuca). Sei que abuso sexual é diferente das violências cometidas entre o Gordo e o Magro, mas o humor é o mesmo: rir do sofrimento alheio.
E o que dizer quando o papa-léguas faz o coiote cair no abismo e ainda o esmaga com uma rocha? E quando o Tom é queimado vivo pelo Jerry?
helio, eu devo ter algum probleminha então pq sempre morri de pena do Tom e do Coiote o_o
ResponderExcluiresse tipo de desenho sádico me incomodava, o vilão tinha quer ser muuuuito malvadão pra eu ficar feliz por ele se dar mal
Adorei esse post!!!!! Me senti super contemplada. Já passei por situações horríveis e afirmo a sensação de impotência, culpa , nojo... É tudo horrível!! Gente ,como tem homem nojento nesse mundo!! Achei muito boa a ideia da campanha sugerida por Mordred Paganini "disse...
ResponderExcluirAcho que deveríamos iniciar uma campanha com slogan tipo "abuso não tem graça",". Ninguém melhor que você Lola para começar um post sobre isso aqui no blog. Eu usaria até camiseta com a frase.
Boa noite, Lola!
ResponderExcluirConheci seu blog através da minha prima que, não sei se costuma comentar aqui, mas é com certeza leitora assídua, já que sempre compartilha seus links pelo Facebook. Adianto que admiro a luta das mulheres por igualdade, apesar de (não sei se isso é uma opinião só minha) achar que o machismo na nossa sociedade hoje em dia é puramente cultural, influenciado por dogmas religiosos (sou ateu e digo isso pois fico indignado com vários outros moralismos hipócritas pregados pelas religiões nas culturas dos povos). E que, sou totalmente contra qualquer tipo de sexismo, inclusive sou muito elogiado por várias mulheres, por contestar até mesmo meus amigos homens por comportamentos tipicamente machistas.
Sobre este caso do humor em particular, eu (talvez por ser músico, escritor, ARTISTA em geral) não vejo o humor como uma forma de incentivo ao preconceito ou à crimes. Tal como não vejo o jogo GTA (Grand Theft Auto, uma série de games onde você é um bandido que rouba, mata, trafica, entre outros) como uma forma de incentivo à violência, e algo capaz de transformar a mente de pessoas para o crime.
Acho que o problema não está na piada (até porque, é famoso o personagem "Banana", ou "Seu Merda" - no teatro, onde não há a censura idiota à palavrões- um marido submisso e bobão que não faz nada em casa, e é sustentado pela mulher, que reclama do peso em casa, enquanto ele se mostra passivo e imbecilóide), mas sim na cabeça das pessoas.
Eu sou um GRANDE fã de futebol, e torcedor FANÁTICO do Flamengo, que tal como o Corinthians em São Paulo, é um clube de massa, com a maior torcida, etc. E, como Flamenguista, vejo DIVERSAS piadas chamando Flamenguistas de BANDIDOS, FAVELADOS, MENDIGOS, MARGINAIS, DROGADOS, simplesmente por sermos a maioria, e portanto, maioria entre os pobres, ou sermos do chamado "clube do povo".
Entretanto, apesar de não rir dessas piadas, não discordo do direito dos HUMORISTAS a fazerem, pois são artistas e eu (particularmente) vejo a arte como uma coisa livre. Sou homem, branco, heterossexual, e luto ATIVAMENTE, na medida do possível, contra qualquer preconceito, ainda que não atingido por qualquer um desses principais.
Não vejo o humor como algo que possa potencializar uso de drogas, estupro, assaltos, corrupção, nem qualquer outro problema.
Numa sociedade evoluída (e acho que AÍ é que mora o problema), essas formas de humor não trariam nenhum resultado prático à nossa sociedade, e creio que até mesmo na nossa sociedade, não vá trazer. O abuso das mulheres vem, ao meu ver, muito mais da educação em casa, do que da televisão.
Espero não ter parecido machista, pois não sou. Dei só minha opinião, e gostaria de contribuir pro debate com essa minha maneira de ver.
Obrigado, e continuem na batalha! Sou homem, mas em vários aspectos, tô com vocês! HAHA
Abraços,
Lohan.
Eu me senti na obrigação de mandar por escrito a minha insatisfação a respeito desse quadro no site da Globo/Zorra Total.
ResponderExcluirQuanto aos trolls vamos ignorá-los afinal eles só querem atenção.Se eles não existem pra que responder as suas asneiras...
Apenas 2 coisas:
ResponderExcluir1. Nada se justifica pela arte. Acredito que o humor dentro do teatro, da televisão ou do cinema deve ter, assim como as artes em geral um compromisso com a reflexão e o questionamento. Sejamos irônicos para que a sociedade se questione e quebre padrões de comportamento. Não para reforçar preconceitos.
2. Se te digo que é bom pescar e te ofereço a vara estou te incentivando. Você não vai pescar porque eu te disse, mas com certeza te mostrei um caminho. Nesse caso, mostrar um caso de abuso sexual (porque encoxar alguém no metrô é abuso sexual)é um incentivo não ao ato, mas à continuação de um pensamento machista.
Mudemos o pensamento.
que texto maravilhoso!
ResponderExcluirParabéns Lolla, seu blog é ótimo!
abraço,
Samira
viu esse novo texto no site do PSTU sobre novos ataques à mulheres no metrô? http://www.pstu.org.br/opressao_materia.asp?id=13138&ida=0
ResponderExcluirbeijo, parabéns pelo texto e pelo combate ao machismo!
Mandei esse teu texto pra rede globo, dizendo concordar com ele. E olha a resposta que recebi:
ResponderExcluirAgradecemos sua audiência e respeitamos a sua opinião.
Garantimos que sua mensagem foi cuidadosamente lida e será encaminhada aos responsáveis.
Em todo caso, gostaríamos de lembrar que a forma bem-humorada com que os humoristas se referem a todos os assuntos, nunca com a intenção de ofender ou incentivar práticas danosas, é uma de suas marcas registradas.
Os programas humorísticos são notadamente obras de ficção que não têm compromisso algum com a realidade. Estão inseridos na categoria "entretenimento", sendo abertos a toda sorte de criação artística, felizmente amparada na liberdade de expressão legitimada pela nossa Constituição.
No que se refere à realidade, a Rede Globo é reconhecida por sua atuação contra qualquer tipo de violência, com várias ações em curso.
Além disso, a Rede Globo não segmenta seu público por sexo, região, etnia, classe social, religião ou qualquer outro quesito. Qualquer tipo de discriminação é controversa a nossos princípios, e jamais seria incentivada por nós.
Cordialmente,
Rede Globo
São antas mesmo hein?
ResponderExcluirPQP
Cheguei aqui pelo twitter quando mostraram um link que a lola mostra que o flasht não escreve certo
Ele chega inclusive a prever que não será entendido
E escreve "herrar é umano" assim mesmo entre aspas mostrando que é uma brincadeira consciente.
Lola, o texto é perfeito!
ResponderExcluirVou contar minha experiência com issod e ser encoxada no ônibus.
Todo dia eu pegava o ônibus cedinho pra ir trabalhar, - tinha 19 anos - e por três dias seguidos, um determinado cidadão entrava no õnibus, de calça tec-tel (sei lá se é assim que se escreve), se posicionava atrás de mim e ficava se esfregando.
Eu, morria d evergonha de gritar, xingar ou coisa do tipo.
E como eu trabalhava em um escritório e usava calça social dava pra sentir que ele estava excitado, e depois que ele encoxava, descia do ônibus coisa de uns cinco pontos depois.
Pois bem, me irei no terceiro dia, ao chegar depois do expediente, fui ao bazar e comprei um alfinete de bebê, daqueles que abrem sabe?
No dia seguinte, munida de alfinete fui pro ônibus.
A história se repetiu, ele entrou, me encoxou.
Eu virei pro cidadão e disse "é gostoso neh?"
Ele deu risada, achou que eu estava gostando da humilhação, abri o alfinete e enfiei na perna dele.
O alfinete foi todinho, tanto é que ficou grudado na perna dele.
Ele gritou na hora, berrou, quase bateu em mim, fiquei tão nervosa que caí no choro e expliquei que todo dia ele vinha me encoxando.
Resultado: O cidadão quase foi linxado pelos passageiros homens que estavam presentes.
Sim, eu poderia ter apanhado e isso não é adequado - juízo de ameba - mas é humilhante passar por isso e não poder nem gritar já que podem achar q vc tá gostando.
E a propósito, nunca mais vi o cidadão no ônibus.
E ainda hoje ando com um alfinete desses na bolsa!
Concordo com absolutamente tudo o que foi dito aqui (menos é claro, a fala do ator que foi sem noção alguma...)
ResponderExcluirLola, sou a Ariane, que fez o post essa semana sobre o assédio que sofri nas imediações do metrô Bresser-Mooca, "O dia em que eu tive medo por ser mulher".
ResponderExcluirhttp://misturaurbana.com/2011/12/o-dia-em-que-eu-tive-medo-por-ser-mulher/
Muita gente chegou ao blog graças ao seu compartilhamento do texto pelo twitter e sou muito agradecida por isso. Estou tentando dar visibilidade ao caso, que não me atingiu tanto quanto à outras garotas que também deixaram seus depoimentos nos comentários e, na maioria das vezes não tiveram a mesma sorte que eu.
Também estou na luta contra esse quadro do programa e a banalização da violência sexual contra mulheres no suposto humor do Zorra Total. Fico feliz que não estou sozinha, encontrei muito apoio, são mais de 3 mil compartilhamentos do meu relato.
Espero que o caso não seja deixado de lado, tendo em vista o poder da Rede Globo.
Mais uma vez obrigada por compartilhar essas pequenas ações. Juntas somos muito fortes. Um abraço!
sou homem e já fui tocado sem consentimento em transporte coletivo mais de uma vez.
ResponderExcluire já vivi situações de caráter sexual com passageiras com quem houve "química".
imagino que se pra mim, no primeiro caso, foi uma invasão que me fez sentir violentado (mas não indefeso), uma mulher que vive isso diariamente deva sofrer demais. eu acho que seria paranóica, se fosse mulher, provavelmente tentaria até reprimir a vontade de me aproximar de alguém nesse tipo de situação, caso ela surgisse.
eu cá gostaria de viver em um mundo de mulheres livres para exercer sua sexualidade (Não consigo entender como alguém pode se excitar com submissão e humilhação: bom mesmo é saber que a outra pessoa está alí por que TE quer. de qualquer outro jeito, só a idéia me broxa.)
, uma sociedade em que uma mulher tivesse a mesma liberdade de expor seu corpo que nós temos, e todos pudessem se admirar mutuamente sem violência. me entristece saber que essa cultura do estupro transformou até expressões inocentes de admiração em violência e, enquanto nós homens não assumirmos a responsabilidade por isso e abdicarmos desse poder violento e castrador que tomamos ao longo de séculos, isso não muda.
e não é fácil: a coisa é arraigada demais e, de vez em quando, a gente se pega exercendo esses "direitos masculinos" e precisa mesmo se policiar, se esforçar pra abdicar desse poder.
Igualdade é bem mais sexy, mais gostosa, proveitosa. tem alguma coisa melhor do que paquerar, transar, se relacionar com alguém confiante e livre, que toma iniciativas e também sabe dizer não?