Ando lendo um clássico do feminismo, Against our Will: Men, Women, and Rape (Contra a nossa Vontade: Homens, Mulheres, e Estupro). O livro de Susan Brownmiller, publicado em 1975, continua influente até hoje, mas em alguns momentos soa datado. Por exemplo, Susan era otimista. Era uma época em que as feministas podiam ser otimistas, porque o backlash (o ataque ao feminismo, que viria com tudo na década de 80) ainda não tinha começado. Daí que ela acreditava que as “dores femininas” estavam saindo de moda junto com o conceito de “mulher como propriedade” ― a dor da primeira vez (defloração), das cólicas menstruais, das dores do parto.
Mas o foco de seu livro é o estupro, e o cenário que ela traça é de terror. A situação tem que estar melhor hoje, pelamor. Segundo Susan, no começo dos anos 70, antes de existirem as delegacias especiais de mulheres, a vítima precisava contar, inúmeras vezes, para montes de policiais homens ― alguns dos quais pareciam excitar-se com a narrativa ― todos os detalhes do seu estupro. E não era incomum chegar numa delegacia americana e ouvir: “Quem iria querer te estuprar?”.
Tampouco eram raros casos como o de uma vítima que fora estuprada enquanto estava trocando de ônibus, de passagem por uma cidade em que nunca tinha estado antes. Um estranho apontou-lhe um revólver, a violentou, e levou todo seu dinheiro. Ela era negra, e o estuprador era negro também. Ela procurou a polícia em seguida, que tentou convencê-la que seu estuprador era no fundo seu namorado, e que ela só estava prestando queixa porque ele pegou o dinheiro. A polícia não investigou nada e, quando a vítima ligou para a delegacia alguns dias depois, desligaram na sua cara. A polícia tendia a descartar estupros de negras por negros por preconceito: porque achava que as negras seriam mais promíscuas.
Susan relata que em 1972 foi dar uma palestra para tenentes que iriam ser promovidos a capitães na Polícia de Nova York. Quando ela falou de estupro, os trinta homens começaram a rir e assobiar. Um dos tenentes gritou: “Docinho, você não crê que estupros existam, acredita?”. Aqueles tenentes, que representavam a estrutura policial, acreditavam que estupros eram queixas de prostitutas que não conseguiram cobrar.
No entanto, apesar de todo esse despreparo dos policiais homens para lidar com estupros, quando as delegacias de mulheres foram finalmente criadas, muitos reclamaram. Disseram que era discriminação ao contrário: por que mulheres precisariam de uma delegacia só pra elas, ora bolas? Isso iria inchar a máquina estatal! Obviamente, essas queixas vinham (e continuam vindo, a cada inauguração de uma nova delegacia) de pessoas que não creem que estupro exista ou que acham que a polícia tradicional (e tradicionalmente masculina) está bem treinada para lidar com mulheres.
Susan destaca algumas estatísticas de 1971 de Nova York. Naquele ano, naquela cidade, houve 2,415 queixas de estupro que a polícia aceitou como legítimas. Considerando que apenas um em cada cinco casos de estupro era notificado (essa estatística não mudou), e que a polícia descartava a maior parte dos casos, não é exagero constatar a existência de uma guerra não-declarada contra as mulheres. Dessas 2,415 queixas, a polícia realizou 1,085 prisões para futura investigação. Apenas 100 desses casos chegaram a um júri. Desses 100, houve 34 julgamentos e apenas 18 condenações. Resumindo: de 2,415 queixas, 18 condenações!
Num julgamento (com um júri que nutre simpatia pelo agressor, não pela vítima), a vida da vítima é totalmente exposta. Parece que é ela quem está sendo julgada, não o acusado. Por incrível que pareça, o histórico sexual do acusado, incluindo aí condenações por outros estupros, não podia servir como evidência, a menos que o acusado testemunhasse. E, evidentemente, acusações de estupro têm mais chance de serem levadas a sério pela polícia se a mulher apanha muito, se o estupro é cometido por estranhos, não conhecidos, e se acontece em algum lugar ermo. Entrou no carro de um sujeito que acabou te estuprando? Pode esquecer. E nunca é demais lembrar que, em 80% dos estupros, o estuprador é conhecido da vítima.
Nos EUA, os acusados de estupro podem escolher se querem ser julgados por um júri popular ou por apenas um juiz, sem júri. A maior parte opta por um júri. A defesa considera o júri um aliado do acusado. Não é à toa: júris tendem a julgar a conduta da vítima para atenuar o comportamento do acusado. Que roupa a vítima estava vestindo? Ela já não era mais virgem, ela tinha bebido, ela tomou esse atalho perigoso, essas coisas. Um estudo feito com 42 casos de estupro com violência por estranhos (o tipo que rende mais condenações) pediu sentenças a vários juízes. Esses juízes disseram que condenariam o acusado em 22 dos casos. Achou pouco? Só a metade? Pois bem: os júris condenaram apenas três. Três em 42. Alguma dúvida que vivemos numa cultura que incentiva o estupro?
Tampouco eram raros casos como o de uma vítima que fora estuprada enquanto estava trocando de ônibus, de passagem por uma cidade em que nunca tinha estado antes. Um estranho apontou-lhe um revólver, a violentou, e levou todo seu dinheiro. Ela era negra, e o estuprador era negro também. Ela procurou a polícia em seguida, que tentou convencê-la que seu estuprador era no fundo seu namorado, e que ela só estava prestando queixa porque ele pegou o dinheiro. A polícia não investigou nada e, quando a vítima ligou para a delegacia alguns dias depois, desligaram na sua cara. A polícia tendia a descartar estupros de negras por negros por preconceito: porque achava que as negras seriam mais promíscuas.
Susan relata que em 1972 foi dar uma palestra para tenentes que iriam ser promovidos a capitães na Polícia de Nova York. Quando ela falou de estupro, os trinta homens começaram a rir e assobiar. Um dos tenentes gritou: “Docinho, você não crê que estupros existam, acredita?”. Aqueles tenentes, que representavam a estrutura policial, acreditavam que estupros eram queixas de prostitutas que não conseguiram cobrar.
No entanto, apesar de todo esse despreparo dos policiais homens para lidar com estupros, quando as delegacias de mulheres foram finalmente criadas, muitos reclamaram. Disseram que era discriminação ao contrário: por que mulheres precisariam de uma delegacia só pra elas, ora bolas? Isso iria inchar a máquina estatal! Obviamente, essas queixas vinham (e continuam vindo, a cada inauguração de uma nova delegacia) de pessoas que não creem que estupro exista ou que acham que a polícia tradicional (e tradicionalmente masculina) está bem treinada para lidar com mulheres.
Susan destaca algumas estatísticas de 1971 de Nova York. Naquele ano, naquela cidade, houve 2,415 queixas de estupro que a polícia aceitou como legítimas. Considerando que apenas um em cada cinco casos de estupro era notificado (essa estatística não mudou), e que a polícia descartava a maior parte dos casos, não é exagero constatar a existência de uma guerra não-declarada contra as mulheres. Dessas 2,415 queixas, a polícia realizou 1,085 prisões para futura investigação. Apenas 100 desses casos chegaram a um júri. Desses 100, houve 34 julgamentos e apenas 18 condenações. Resumindo: de 2,415 queixas, 18 condenações!
Num julgamento (com um júri que nutre simpatia pelo agressor, não pela vítima), a vida da vítima é totalmente exposta. Parece que é ela quem está sendo julgada, não o acusado. Por incrível que pareça, o histórico sexual do acusado, incluindo aí condenações por outros estupros, não podia servir como evidência, a menos que o acusado testemunhasse. E, evidentemente, acusações de estupro têm mais chance de serem levadas a sério pela polícia se a mulher apanha muito, se o estupro é cometido por estranhos, não conhecidos, e se acontece em algum lugar ermo. Entrou no carro de um sujeito que acabou te estuprando? Pode esquecer. E nunca é demais lembrar que, em 80% dos estupros, o estuprador é conhecido da vítima.
Nos EUA, os acusados de estupro podem escolher se querem ser julgados por um júri popular ou por apenas um juiz, sem júri. A maior parte opta por um júri. A defesa considera o júri um aliado do acusado. Não é à toa: júris tendem a julgar a conduta da vítima para atenuar o comportamento do acusado. Que roupa a vítima estava vestindo? Ela já não era mais virgem, ela tinha bebido, ela tomou esse atalho perigoso, essas coisas. Um estudo feito com 42 casos de estupro com violência por estranhos (o tipo que rende mais condenações) pediu sentenças a vários juízes. Esses juízes disseram que condenariam o acusado em 22 dos casos. Achou pouco? Só a metade? Pois bem: os júris condenaram apenas três. Três em 42. Alguma dúvida que vivemos numa cultura que incentiva o estupro?
Cara Lola,
ResponderExcluirComeçou hoje a série: A Idade das Trevas - uma radiografia detalhada do ruinoso governo de FHC, em meu humilde blog Terra Goyazes! No ar e na rede, o primeiro capítulo: A Precarização do Estado. No endereço: http://terragoyazes.zip.net
nem TUDO mudou, Lola. Em muitos lugares, a situacao é exatamente dessa descrita no livro.
ResponderExcluirquando morava na periferia, uma vizinha estava chegando da faculdade noturna e foi capturada por um cara que a jogou em seu carro, a vilientou e a largou de volta na redondeza. A primeira coisa que o delegado perguntou pra ela foi - " E vc estava fazendo o que na rua numa quarta feira ah da noite".
Ela cursava faculdade a noite porque trabalhava o dia todo. Esse imbecil de represantante da lei nem a encaminhou para a delegacia da mulher, e ela estava tao mal pelo tratamento que desistiu de insistir na denuncia.
Terrível isso, e ainda fico imaginando o número de vítimas que certamente nem deve ter tido coragem de prestar queixa neste contexto. Puts.
ResponderExcluirE, falando de violência contra a mulher, aqui visitando a família fiquei sabendo que uma prima que apanhou muito do marido há alguns meses, ele a ameaçou de morte, botou o filho no meio da história, pôs um revólver na mão do filho e disse que ele podia matar aquela vagabunda...pois então, fiquei sabendo que ela voltou a viver com este monstro. Não somos próximas, não tenho a menor ideia da razão desta decisão, mas me mata de raiva e não posso fazer nada, ninguém pode, ela teve todo apoio da delegacia da mulher na época em que isso aconteceu. Alguns dizem que ela voltou por razões econômicas...não pode ser. Sei lá.
Abraço e que tudo corra bem aí na universidade, seus alunos são sortudos, vão ter uma excelente professora.
Não duvido, porque no Brasil eu morava em uma cidade em que moças ouviam gritos de "vou te comer, hein?" enquanto caminhavam na rua. Já vi isso umas 5 vezes.
ResponderExcluirUsar shortinho é ser p*ta e se for estuprada é uma humilhação sem fim, pois a própria família culpa a vítima por ser tão vadia, andar sozinha, a roupa, isso, aquilo... "TER SAÍDO DE CASA" e mais uma infinidade de absurdos.
Acho que melhorou, embora muito pouco. É melhor avançar devagar do que não avançar. Mas confesso que gostaria de um avanço rápido.
Moral e bons costumes, tem quem ache bonito. Eu acho isso assassino apenas.
ResponderExcluirLola,eu não ia aguentar ler um livro assim,é muita injustiça.Eu ia largar o livro no meio de tanta indignação.
ResponderExcluirlola, pra vc q "adora" a psicologia evolucionista, aí vai mais 1 pérola: http://www.estadao.com.br/noticias/geral,estudo-britanico-liga-infidelidade-masculina-a-qi-mais-baixo,517655,0.htm
ResponderExcluirLola, realmente pouca coisa mudou. Por coincidência, hoje no jornal da tarde em Goiânia constava um caso de uma senhora de 75 anos, que teve sua casa invadida por um vizinho, durante a madrugada, e este a estuprou.
ResponderExcluirO criminoso depois do ato dormiu e a senhora saiu de casa para pedir ajuda.
Quando a polícia chegou, a primeira coisa que perguntaram foi se ela não tinha deixado voluntariamente o cara entrar na casa dela. (ignorando o relato da mulher, as marcas da violência e ainda os sinais de arrombamento na casa)
Revoltante a estupidez da polícia!
Concordo com a Roberta, Lola. Também não aguentaria ler um livro assim, muita injustiça num livro só.
ResponderExcluirSegudo esse estudo mulher sempre foi fiel e isso não siginifica ter um QI mais alto, além de não repesentar uma evolução. E uma mulher infiel, como seria descrita?
Em geral, acho que nossa sociedade promove o estupro, a dependência da mulher e a pedofilia entre homem e menina.
ResponderExcluiro estupro obviamente, até na linguagem - o homem come a mulher;
a dependência da mulher - segue sendo regra a mulher depender do homem, mesmo quando ela trabalha fora;
pedofilia só é feio quando é um tarado querendo comer ou bolinar um menino. quando é um homem mais velho querendo comer uma menina 20/30/40 anos mais nova - mesmo que ainda não tenha 18 anos, o cara é macho pacas! Se a menina for virgem então, nossa, que caranhão!
E o q vcs me dizem das várias mulheres que dizem "me estupre" na hora do sexo com algum parceiro fixo ou não, transformando isso numa fantasia já que nunca ocorreu de verdade em suas vidas...
ResponderExcluirP.S: Sou mulher =)
eu não acredito que alguém consegue relacionar a fantasia de ser estuprada por alguém com quem já se está transando com um estupro real.
ResponderExcluirE eu não acredito q esse anõnimo aí seja mesmo uma mulher...
ResponderExcluirSe é pra ser fake, seja um fake mais bem feito, né , criatura!
Se não quer acreditar não acredite mas discuta a questão então, eu sei de alguma amigas que já falaram isso...
ResponderExcluirOlha, relatos desses chegam a me fazer mal. Fico mal sabendo dessas coisas.
ResponderExcluirEu só sei que penso, hoje, que preferia morrer a ser estuprada. Não consigo pensar em alguma violência maior do que ser forçada a algo que não quero e ainda ser considerada culpada pela sociedade. A morte é melhor, ao meu ver.
Lembra daquela menina de nove anos abusada pelo padrasto que engravidou e aquele bispo ainda moveu forças para ela parir as crianças? Pois é... ridículo esse mundo.
Lola, já leu o livro O Quarto Procedimento?
P.S.: e quanto a quem falou de estupro como fantasia, bem, se há consentimento dos dois, não é estupro... é uma simulação. E fantasia sexual por fantasia sexual, que todo mundo tenha direito a elas se ela não prejudicar outras pessoas.
Anônima: Agora me diga, o que o cu tem a ver com as calças? Uma coisa é uma fantasia, assim como muitos homens tem fantasias com a mulher os dominando. Outra coisa COMPLETAMENTE diferente é um estupro. Estrupo é sexo sem consentimento. Inadmissível misturar sexo com estupro. Completamentes distintos.
ResponderExcluirSegundo, tente ser menos machista, antes que isso se vire cotnra você mesma!
Lolinha, coloquei um texto traduzido sobre isso no www.amulheralternativa.blogspot.com - excelente.
ResponderExcluir"E o q vcs me dizem das várias mulheres que dizem "me estupre" na hora do sexo com algum parceiro fixo ou não, transformando isso numa fantasia já que nunca ocorreu de verdade em suas vidas..."
ResponderExcluir...que comentário mais inconveniente pelo teor do post...
É, é super comum esta fantasia.
Sabe com que tipo de perfil ela é ainda mais comum? Com vítimas de abuso sexual infantil. Muitas destas pessoas sofrem violências e uma das consequências é que só chegam a querer sexo em situação de violência. Também acontece da pessoa que sofreu esta violência, querer praticá-la com outra pessoa. Em várias pessoas, esta fantasia é um trauma que elas tentam combater. E você não faz ideia do sofrimento que elas passam!!
Agora, com relação à mulheres que nunca sofreram este abuso, é porque elas fazem uso de pornografia ou sofrem sua influência, fora que toda a estética e imaginário do sexo tem aquela ideia do homem querendo e a mulher não querendo. A construção do prazer como situação de poder/submissão é recorrente na mídia e inclusive na educação sexual. É ÓBVIO que as pessoas aprendem a se excitar com isso, da mesma forma que se excitam com violência. Da mesma forma que homens que não são pedófilos acabam aprendendo a ser pedófilos, aprendem a se excitar vendo filmes de pedofilia.
Não creio que tenha sido um comentário inconveniente, afinal isso acontece, e se foi, parece que valeu a pena após vê-la dissecar o assunto.
ResponderExcluirLola, ótimo post. Incrível ver que o mundo muda, muda e não muda quase nada. E as vezes tenho medo que mude, mas pra pior. Olha esse artigo: http://www2.tricities.com/tri/news/local/article/blame_the_victim_religious_leaflet_claims_ungodly_dressed_women_provoke_rap/42253/
ResponderExcluirAbraços.
Agatha, acho que foi um comentário inconveniente, mas super válido, afinal pode ser uma duvida legitima. E acredit oque sua resposta não poderia ser melhor, inclusive a ANONIMA parece concordar q a resposta foi satisfatória
ResponderExcluir(sem acentos no teclado): da pra acreditar nesse anuncio da dolce & gabanna?!
ResponderExcluire essa foto dolce & gabana?????????????????????????????????????????????????????????????
ResponderExcluirLola! Gostaria que você comentasse a polemica em torno da propaganda da Devassa, com a Paris Hilton. Eu tenho a seguinte ideia: muitas propagandas de cerveja já usaram da imagem da mulher gostosona pra vender, e já tivemos que ver até gota de suor escorrendo pela bunda das modelos. Essa propaganda, apesar de trazer uma imagem estereotipada de beleza - Paris Hilton, loira, alta, magra, rica - não traria também uma imagem de uma mulher sexualmente ativa, e não apenas objeto rebolativo? Td bem que ela é objeto de um voyeur, isso a coloca sob uma postura passiva, mas ela percebe que é observada e gosta. Toda essa polêmica não poderia também ter na base a recusa à mulher minimamente ativa sexualmente? Olha que coisa mais estranha: a cerveja chama Devassa, então uma mulher sexualmente ativa é Devassa? E se ela for, qual o problema disso?
ResponderExcluirOu será so o bom e velho lobby das comunicações, que tiram do ar as concorrencias que atrapalham?
Norma Jean ;)
Lola AMEI seu texto.
ResponderExcluirInfelizmente, estou com pouco tempo p/comentar agora, então serei breve de volto depois pr escrever o resto:
Como enche o saco viver numa sociedade machista. É sempre assim: a mulher " provocou", " fez charminho", e depois voltou atras,fez " docinho" e disse que não queria mais.Tadinho do acusado, né? Um pobre homem, coitadinho, com desejos sexuais que foram despertados pela vagabunda da vítima e que ele não podia segurar mais...
*** se a mulher está bêbada, e portanto incapaz de dizer um simples " não" pelo efeito do álcool, pela lei, que deveria ser seguida,ainda é " não" e ainda é estupro, mas a sociedade( incluo a brasileira tbem) é muito hipocrita nesse sentindo
( nossa, sem querer tinha postado esse comentario em outro topico seu nada a ver com esse...rss, consertei, apaguei lá e pus aqui)
beijos;)
Muito chocante o post! E impressionante a estatística que 80% das mulheres estupradas o foram por conhecidos... Fiquei pensando nisso, a vergonha deve ser horrível, conheço 3 mulheres que foram estupradas, as 3 por estranhos. Provavelmente devo conhecer umas outras tantas que o foram por conhecidos... Triste isso!
ResponderExcluirAnália
Sabe o que acontece quando leio textos como esse? Sinto vontade de chorar.
ResponderExcluirMais triste do que constatar como as coisas eram difíceis para as mulheres que sofriam todo tipo de abuso, é ver que as coisas continuam muito difíceis para elas. Porque se hoje, Lola, uma mulher consegue ir numa delegacia da feminina e ser bem tratada (sim, isso vem acontecendo), por outro lado não há como negar que os valores machistas apontados no seu post estão muito mais entranhados e enraizados em nossa sociedade do que os valores que nós achamos certo e defendemos.
O machismo - na sua forma mais cruel, mais devastadora - está presente em cada diálogo de novela, em cada intervenção do bial no bbb, em cada 'cantada' que recebemos na rua, em cada balada, em cada conversa com as amigas, em cada comercial...
Triste, mas real.
PS: sem comentário para o comercial da Dolce & Gabanna.
Absolutamente chocante.
ResponderExcluiré, Loláxima... enquanto isso, uma notícia fresquinha do STF...
ResponderExcluir" A Segunda Turma do STF, em decisão unânime, concedeu Habeas Corpus (HC 86110) para beneficiar um condenado, em primeira instância, a 12 anos de reclusão em regime integralmente fechado pelos crimes de estupro e atentado violento ao pudor.
Seguindo voto do relator do processo, ministro Cezar Peluso, a Turma aplicou ao réu a nova lei de estupro (Lei 12.015/09), que é mais benéfica já que uniu os crimes de estupro e atentado violento ao pudor em um único tipo penal.
O réu chegou a ter reconhecida a continuidade delitiva dos dois crimes pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).
Com isso, ele conseguiu ter a pena fixada em sete anos de reclusão em regime inicialmente fechado. Mas o Superior Tribunal de Justiça (STJ) reformou esse entendimento a pedido do Ministério Público (MP).
Como sobreveio a lei mais benéfica, que juntou os tipos penais do estupro e de atentado violento ao pudor, construindo um tipo novo, o ministro Peluso decidiu aplicar ao caso “a lei penal mais benéfica, antes do trânsito em julgado”.
“Estou restabelecendo, por conseguinte, a sentença do tribunal local [do TJ-SP]”, finalizou ele.
Todos os ministros que participaram do julgamento seguiram a decisão do relator."
(fonte STF)
Posso estar errada em meu comentário, pois ainda não estudei essa matéria com profundidade, mas para mim soa como a Cultura do Estupro sendo legitimada pelo Poder Judiciário.
PHODA!
Lola, só uma pergunta. Nao tenho maiores informacoes sobre o tema, acho q vc poderia me ajudar.
ResponderExcluirNa sua opiniao o movimento feminista no BR pode ser considerado estruturado e eficiente?
É q entrei numa discussao com uma professora sobre o tema e gostaria de dar uma opiniao com mais base.
Obrigada e bjs
Infelizmente, acho que as coisas não mudaram nada. Não é só contra negras e pobres que se faz vista grossa. Há dois anos eu, branca, formada em jornalismo, que não bebo, não uso saia curta, blablablá (pode-se colocar aqui mais uma série de desculpas que se usa pra justificar estupros, sabe?) fui estuprada e a única coisa que consegui indo à polícia foi ser humilhada; não houve investigação, porque não havia flagrante, me contaram uma historia de uma garota que havia dito ser estuprada mas depois admitiu que só fez a queixa por ter sido chamada de gorda por colegas de faculdade, fui "avisada" de que poderiam rastrear MEUS movimentos "pra saber se eu estava falando a verdade", por meio do meu celular e ainda disseram a duas amigas, que me acompanharam à delegacia, que "eu estava muito histerica e minha historia não fazia sentido".
ResponderExcluirAparentemente o crime maior é SE DEIXAR ser vítima de um estuprador.
Que horror, Nessa. É, o meu título "Ainda bem que tudo mudou" foi completamente irônico. A gente sabe que ainda falta muito pra vítimas de estupro serem bem-atendidas, ou pra estupradores serem punidos. Mas imagina só, se a polícia trata dessa forma uma mulher com curso superior, o que não faz com mulheres sem educação formal? Assustador...
ResponderExcluirMinha solidariedade! Então seu caso sequer chegou a ir a julgamento? O estuprador escapou ileso?
Nossa, esse é o tipo de livro que me deixa curiosa por se tratar de um assunto tão delicado, mas eu só de ler o seu post já sinto mal estar. Eu literalmente passo mal com essas coisas.
ResponderExcluirAcho que morreria de medo de ouvir isso que alguém falou nos comentários, do "vou te comer" no meio da rua, sozinha...
Eu às vezes ouço amigos usando o termo "estupro" como gíria: "meu time estuprou o seu" (por ex.), rindo, e isso me choca e ofende ao mesmo tempo. Acho que falta muita empatia nas pessoas...
Sobre delegacia da mulher, o que vc disse me fez pensar. Eu acho que nunca contaria pra todos esses homens se acontecesse isso comigo. Aí de repente me peguei pensando numa reportagem que eu li, sobre homens que foram estuprados nos EUA, e que isso é mais comum do que se pensa, só que existe TANTO preconceito, que muitas vezes quando um menino ou mesmo homem é molestado, ele se convence, não percebe que se trata de abuso sexual! Aí eu imagino nossos exemplares policiais em nossas cidades do interior, ouvindo esse tipo de relato. Talvez um dia ainda criem uma delegacia do homem, afinal, pois eu não consigo imaginar esses trogloditas que você descreveu lidando com um caso desses.
Lola, li um texto cujo titulo era 'Estupros em Nova York, nos comentários dos participantes percebi que não se lotera opinião que possa soar como divergente, algumas colega combatem com grande voracidade que chegar a ser tida como ato violento implicito, claro, o ser homem poder ser violento mesmo ser agridir fisicamente.
ResponderExcluirNos comentarios de algumas partipantes, percebi a indignação por a sociedade ser marhista, inclusive condenando com veemencia, mas notei também um contraste ao mesmo tempo que se condena marchismo se defende o feminismo.... aí a balança desiquilibras se cessar o primeiro e segundo ascender.
Obrigado, Moraci
Temos que ficar de olho abertos, pois muitos na sociedade estão com os valores invertidos onde a vitima acaba sendo a culpada devido ao preconceito.
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