segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

DESONRA, UM ROMANCE DESCONFORTÁVEL

Cena do filme: David e cadela atacam garoto-estuprador.

Tenho tanta coisa pra falar de Desonra que mal sei por onde começar. Ok, pelo começo: Desonra é um romance de 1999 que levou o Booker Prize, o mais importante prêmio literário da Inglaterra. Pouco tempo depois, em 2003, seu autor, o sul-africano J. M. Coetzee, ganhou o Nobel de Literatura. O livro virou filme no ano passado, com John Malkovich no papel principal, mas no Brasil foi lançado diretamente em dvd. Uma pena, porque é bom, e muito fiel ao romance.
O protagonista é David Lurie, um professor branco de 52 anos, divorciado, que vive na África do Sul. Ele vai à mesma prostituta durante um ano, até que ela o dispensa, depois que o encontra na rua. Ele é meio stalker (obcecado em perseguir), segue a moça na ocasião, depois contrata um detetive particular para descobrir onde ela mora, e liga pra casa dela. Perceba como o privilégio masculino não permite que David pense com clareza: ele corre atrás de uma mulher que claramente não quer mais vê-lo, liga pra casa dela, onde ela tem sua família, e diz, “Soraya? Aqui é o David. Como vai? Quando vamos nos ver outra vez?”. Nenhuma inteligência emocional, nenhuma habilidade para se por no lugar do outro. O livro pode ser inteirinho lido por essa perspectiva da dificuldade em se distanciar do privilégio e pensar no outro. Só por isso, já seria uma história valiosa.
David se importa muito com a aparência física das mulheres. Ele diz a uma aluna que está tentando seduzir:a beleza de uma mulher não é só dela. É parte do dote que ela traz ao mundo. Ela tem o dever de repartir com os outros”. É divorciado e tem uma filha, Lucy, que mora sozinha numa fazenda no interior e é lésbica (pra David, ser lésbica é uma desculpa para engordar). Mais pra frente, o narrador descreve o que David pensa da aparência das mulheres: “Não gosta de mulheres que não fazem nenhum esforço para ficar bonitas. É uma resistência que já sentiu antes com as amigas de Lucy. Nada de que se orgulhar: um preconceito que se aferrou nele, criou raízes. Sua cabeça se transformou em um refúgio de pensamentos velhos, preguiçosos, indigentes, que não têm mais para onde ir. Devia livrar-se deles, varrer tudo. Mas não se dá ao trabalho, ou não se importa mais”. Ou seja, essa teimosia em não querer largar preconceitos é o suficiente pra gente não gostar dele.
Mas ele tem consciência que, nessa idade, já não atrai mais as mulheres como antes. Adoro essa honestidade, rara de encontrar num personagem masculino: “Se olhava para uma mulher de um certo jeito, com certa intenção, ela retribuía o olhar, disso tinha certeza. Era assim que vivia; durante anos, décadas, essa foi a base de sua vida. Um belo dia isso tudo acabou. Sem aviso prévio, ele perdeu os poderes. Olhares que um dia correspondiam ao seu deslizavam como se passassem através dele. Se quisera uma mulher, tinha de aprender a conquistá-la; muitas vezes, de uma forma ou outra, tinha de comprá-la”.
Ele se envolve com Melanie, uma aluna sua na faculdade que fica bem relutante em ter um caso com ele. Há uma hierarquia de poder que desequilibra o jogo contra Melanie. Uma das três vezes em que fazem sexo tem a maior pinta de estupro. Tire suas próprias conclusões: ele vai procurá-la em casa, depois que já transou com ela uma vez. Na porta, ela diz “Não, agora não!”, quando ele a agarra. A narração segue assim:
Ela não resiste. Tudo o que faz é desviar: desvia os lábios, desvia os olhos. Deixa que ele a leve para a cama e tire sua roupa; até o ajuda, levantando os braços e depois os quadris. Pequenos arrepios de frio a percorrem; assim que está nua, enfia-se debaixo do cobertor xadrez como uma toupeira que se enterra, e vira as costas pra ele.
Estupro não, não exatamente, mas indesejado mesmo assim, profundamente indesejado. Como se ela tivesse resolvido ficar mole, morrer por dentro enquanto aquilo durava.
Um erro, um grande erro. Nesse momento, ele não tem a menor dúvida, ela, Melanie, está tentando se limpar, se limpar dele”.
É evidente que a narração privilegia o protagonista. Ainda que não seja em primeira pessoa, ela nos conta o que ele pensa que Melanie está pensando. Note que não sabemos o que Melanie pensa de fato. O filtro é David. E ele acha que não foi estupro, mas descreve os sintomas clássicos de uma vítima de estupro (morrer por dentro? Limpar-se?).
David, acusado de má conduta, não se defende. E essa parte em que ele, diante de um comitê universitário, recusa em se defender, me indignou. Afinal, se ele não acredita que abusou sexualmente de Melanie, seu caso não deve ser o primeiro nem o último de um professor universitário a transar com uma aluna. Mas ele está resignado em perder o emprego, e toca pra fazenda de sua filha. Lucy, que vive de modo simples e ajuda os animais, parece ser uma pessoa muito melhor que o pai.
No entanto, as coisas vão mudando, apesar de David, como protagonista, não mudar. Sua única variação é se afeiçoar aos animais (carneiros e principalmente cães). Mas não ao ponto de querer salvá-los. Da metade do livro pra frente, fiquei com raiva da situação, óbvio, mas também da filha, que parece tomar todas as decisões erradas. Eu queria chacoalha-lá e dizer: “Faça alguma coisa!”. Mas não. Ela cai num espiral de autodestruição. Vira mártir, acredita em se sacrificar, em pagar imposto pelo seu privilégio branco.
Depois de Lucy ser estuprada por três homens (negros) que invadem sua fazenda, ela se isola e deixa de fazer o que tem que fazer, o que é totalmente compreensível. Mas primeira decisão errada: ela não dá queixa do estupro, apenas do assalto, e deixa claro que só fez isso por causa do seguro. Segundo, ela evita quaquer confronto com Petrus, que fora seu empregado, comprou sua própria terra, e está prestes a virar seu patrão. Já é suspeito que Petrus esteja ausente quando a desgraça ocorre. Mas quando o estuprador mais jovem, um rapaz com problemas mentais, aparece e eventualmente vai viver com Petrus, aí já não é mais suspeita. Pelo jeito, tudo aquilo foi premeditado por quem mais tem a lucrar: Petrus. E Lucy quer a proteção dele? Terceiro erro grave: não sabemos bem os exames médicos que ela faz após ser estuprada (só sabemos o pouco que ela conta ao pai), mas aparentemente ela não toma a pílula do dia seguinte. Engravida, e quer ter o bebê. Tudo bem ― não deve ser a primeira mulher a ser estuprada que decide ter o bebê (e eu defendo que a mulher possa sempre escolher). Mas casar com Petrus? Dar sua terra pra ele? Aceitar ser uma de suas esposas? Lucy tem a opção de ir embora de um lugar que não a trata bem. E dane-se a tradição. Eu não tenho nenhum respeito por uma tradição que incentive que um homem tenha várias esposas, e onde o estupro é uma estratégia de negociação. Ou você luta e tenta mudar essa droga de tradição, ou você desiste e chispa dali rapidinho, não? Dane-se que Lucy nasceu na África do Sul e pense que tem raízes. Ah, ela acha que ir embora significa dizer que eles ganharam? E ter um filho dos estupradores? E dar sua terra pro patriarca envolvido? Isso sim é ser vitoriosa? Faça-me o favor. Mais um erro: David pega o rapaz que agora vive com Petrus espiando Lucy no banheiro. Bate nele, uma cadela ataca o delinquente. E, enquanto o rapaz está no chão, gritando “Vamos matar todos vocês” (na hora minha preocupação foi com a cadela), Lucy aparece, corre até ele, e pergunta, “Você está bem? Vamos colocar uns curativos”. Hello? Ele foi seu estuprador, moça! Joga os cachorros pra cima dele!
Talvez essa seja a estratégia de Coetzee: fazer com que fiquemos com raiva de Lucy e dos homens negros para podermos empatizar e perdoar o pobre homem branco. Mas sei que estou sendo simplista. Como o livro não problematiza as questões de classe, ele passa uma sensação extremamente desconfortável de racismo, porque mostra uma situação invertida. Na História com H maiúsculo, incomparavelmente mais mulheres foram estupradas e humilhadas por homens brancos, em geral seus colonizadores, que mulheres brancas foram estupradas por homens negros.

Leia a segunda parte aqui. E, se porventura você se interessou pelo livro e queira comprá-lo, por favor, faça pelo Submarino deste bloguinho.

28 comentários:

  1. Essa questão da minimização do homem branco violento me lembrou Doca Street.
    Na época, me lembro de ser jovem demais pra entender exatamente o que se passava, mas velha o suficiente para entender que aquilo era uma aberração: mulheres com cartazes DEFENDENDO o assassino e falando algumas asneiras sobre "matar por amor"(!).

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  2. Lola. Acho que você simplificou demais as questões. Tá certo que Desonra, na minha opinião, nem é o melhor livro dele. Romanção, inovação formal zero, etc, diferente do Elisabeth Costello ou Diário de um ano ruim, por exemplo, entre alguns outros.
    Entendo muito que você faça crítica ideológica e não literária, mas acho que você acabou com todas as dimensões e complexidades do livro.
    Sandra

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  3. Minha irmã falou tão mal deste filme que eu realmente não quis nem ver.

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  4. Olá, Lolíssima.

    PARABÉNS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

    Que venha muitos mais, estarei aqui lendo diariamente. Amo isso aqui.

    É isso boa semana querida.
    Beijos

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  5. E quando o Lula solta frases como esta : "Uma mulher não pode ser submissa ao homem por causa de um prato de comida. Tem que ser submissa porque gosta dele." Faz o que? Aplaude também?

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  6. Dê o contexto e referencie, anônimo.

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  7. Lola!
    Nada a ver com o post, mas se tiver tempo dá uma olhadinha nisso!!!

    http://silviokoerich.blogspot.com/2010/01/como-as-feministas-imbecis-mentem.html

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  8. Lola:

    Vou colocar aqui (para facilitar), uma questão que coloquei ao Masegui, uma vez que você dois tem a mesma inteligência.

    Pergunte a qualquer representante da classe média brasileira, o que eles pensam de pobres, Lula, PT, etc.

    A classe média é totalmente insensível a problemas sociais, ela só quer manter intocável o seu mundinho confortável, os outros que se danem. Todo mundo sabe disso.

    Você é uma pessoa ingênua!

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  9. Uia! Já que eu recebi uma 'ordem', então vai:
    http://portal.pps.org.br/portal/showData/168192
    Só vou dar uma referencia porque tenho mais o que fazer, mas se quiser saber mais é só procurar.
    No mais a dúvida é sincera, até porque sou uma das que votavam no pt.

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  10. E desculpa, mas não tem 'contexto' que justifique, né? Ou tem?

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  11. Anônimo, isto aqui é contexto: a declaração pode ter sido dada em discurso oficial, por escrito, e isso é muito grave; ou foi dada de improviso num discurso, e é fruto da oralidade, uma gafe, de gravidade muito menor.

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  12. Pô, que legal, se assim é menos grave estão tá.

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  13. sobre os coments de vcs: a declaração, dada em qq contexto, é grave e revela a mentalidade machistinha do nosso digníssimo presidente amiguinho de Collor e Sarney. Oops... não pode falar mal do Lula né? esqueci q ele é perfeito...

    Sobre o post... não vi o filme. Mas... estuprador, seja branco, preto, amarelo, roxo ou de qq cor, é um ser humando q merece no mínimo ser trancafiado numa cela para sempre.

    E pq por aqui sempre cai na simplificação ridícula de os brancos são malvados, os negros são bonzinhos e coitados, homens heteros são maus, mulheres têm q ser feministas e mais um monte dessas coisas? Seu marido é gay? Se não for, pq vc tá casada com um homem hetero se eles são malvados?

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  14. Ah, fizeram uma réplica muito boa a um post seu (senti invejinha por não ter sido eu a escrever isso):

    http://fermentocinico.blogsome.com/2010/01/19/e-eu-ainda-perco-meu-tempo/

    LEIAM.

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  15. Poxa Lola, vc foi mesmo simplista... entendo seu incômodo, o post me pareceu mais um desabafo do que uma crítica mesmo do romance. Mas, vamos aguardar a continuação...

    Aproveitei e perdi meu tempo comentando no post sugerido por Georgia Martins... odeio quando machistas e suas cadelas submissas se juntam para gritar frases panfletárias contra o feminismo. Mas, tb odeio quando feministas fazem uso da mesma prática, para justificar um movimento que não precisa mais de tanta justificativa!

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  16. o texto do link recomendado pela Liana vale, e muito a leitura. Liana, eu também...

    karina

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  17. Lola:

    DeclaraçAo do Lula "gente boa".

    "Aqui, eu fui morar na Vila Carioca, que dava enchente todo final de ano. Não é de hoje que dá enchente. Naquele tempo, eu trabalhava nos Armazéns Gerais Colúmbia… A gente, muitas vezes, NÃO IA TRABALHAR porque a [avenida] Presidente Wilson enchia e, OBVIAMENTE EU GOSTAVA PORQUE EU NÃO TINHA DE TRABALHAR”.

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  18. Lola,adoro seus resumos literarios.Sou apaixonada por livros.E eu adoraria ler sua opinião sobre a literatura e sua função na sociedade,pq por mais que se discursa sobre essa função as pessoas insistem em dizer que a literatura é uma coisa inutil.Quero muito fazer faculdade de Letras,mas esse senso geral acerca do curso me deixa muito insegura,um post seu sobre o assunto poderia me deixar muito menos apreensiva.Enfim...quero saber sua opinião.

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  19. Estou aqui prestando atenção.

    Lola, você viu a notícia que saiu no site da UOL?

    Um homem mantinha a esposa de 30 anos em prisão domiciliar. Ela estava em estado grave de desnutrição e anemia.

    Olha lá, fiquei angustiada por ela, especialmente pelo estado de saúde.

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  20. Lolinha,

    É uma pena que você esteja tão ocupada... adoro ver a derrocada das sandices com sua inteligência e força de argumentação.

    Volta logo, isto aqui tá parecendo "Rebojo dos cachorros".

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  21. Ue, nao eh a direita que nao suporta opinioes contrarias?

    Ilka

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  22. Eis porque sempre é importante conhecer o contexto:

    Folha publica versões distintas para discurso de Lula

    A transcrição do discurso do presidente da República, feito em São Paulo, de acordo com a Folha Online, diz:

    Não é de hoje que dá enchente. Naquele tempo - eu trabalhava no Armazéns Gerais Columbia - a gente muitas vezes não ia trabalhar porque a Presidente Wilson enchia e, obviamente, que eu gostava porque eu não tinha que trabalhar naquele dia.

    Já o que o presidente da República falou, de acordo com o vídeo reproduzido pela própria Folha:

    Não é de hoje que dá enchente. Naquele tempo eu trabalhava no Armazéns Gerais Columbia e muitas vezes não ia trabalhar porque a Presidente Wilson enchia e eu obviamente não gostava porque eu não conseguia ir trabalhar.

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  23. Patrick:

    Neste assunto da declaração do Lula sobre a enchente não se trata de contexto. Se a folha adulterou o que foi dito se trata de má fé.

    Eu duvido.

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  24. Descilpe Patrick,mas no áudio deste link da CBN estão aos fatos.

    http://cbn.globoradio.globo.com/Player/player.htm?audio=2010%2Fnoticias%2Fpac2_100125&OAS_sitepage=cbn/editorias/pais

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  25. Eu não li o livro, apenas vi o filme e só agora, lendo seu post, consigo entender algumas questões. Não havia entendido o posicionamento da Lucy e tinha odiado o filme, obrigada por esclarecer, seu blog é muito bom, parabéns!

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  26. Nossa, pela sua critica eu passo longe desse livro!

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  27. Lolinha, hueheuheuheuheuhe...
    O sue blog anda tão popular que anda incomodando muita gente! Eu acho isto ótimo!

    Aparentemente, um cara escreveu um texto muito tosco sobre uns comentários aqui do blog.
    Parece que o cínico[?] tem dificuldade para entender que a visão que você tem do mundo está aliada a sua posição nele. E entenda posição não só como sua origem, orientação sexual, cor de pele, mas gênero, classe econômica, país e por aí vai... São vivências que trazem experiências diferentes e dependendo do lugar que você ocupa na pirâmide social você passará por problemas que alguns nem imaginam que existam.
    Por acaso algum hetero beija seu(ua) namorado(a) com medo de que alguém o esmurre na rua...?
    Um homem anda num beco escuro com medo que alguma mulher apareça e o violente?

    Mas enfim, o rapaz é tão esclarecido que não chegou esta etapa ainda. E como ele não consegue compreender isto, eu desisti de ler o resto do texto.

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