Durante os doze meses que morei em Detroit (e já faz quase um ano que voltamos pro Brasil, incrível!), vi um bocado de filmes. Graças à Netflix, um sistema excelente que cedo ou tarde vai substituir as locadoras de vídeo. Se houver justiça divina, um dia algo parecido se espalha por aqui também. Eu aproveitei pra ver vários clássicos que, aparentemente, todo mundo na face da Terra já havia visto menos eu. Um deles foi Tarde Demais para Esquecer (no original, An Affair to Remember). Esse filme é de 1957, ou seja, tão, mas tão jurássico que é da mesma data em que o maridão nasceu, quando os dinossauros habitavam a Terra e tal. Muita gente mais nova só ficou sabendo de Tarde Demais por causa de Sintonia de Amor (Sleepless in Seattle), que consegue a proeza de parecer ainda mais datado que um filme com mais de meio século (é, eu não gosto de Sintonia). Quando esse águinha com açúcar falou de Tarde Demais, em 1993, o clássico vendeu dois milhões de cópias em dvd, e foi ressuscitado. Hoje ele aparece em todas as listas das maiores histórias de amor de todos os tempos. Na relação do American Film Institute, as dez maiores são... Ah, adivinhe. Casablanca (1942) em primeiro, depois E o Vento Levou (1939), Amor Sublime Amor (1961), A Princesa e o Plebeu (1953), Tarde Demais em quinto, Nosso Amor de Ontem (1973), A Felicidade Não se Compra (1946), Love Story (1970), e Luzes da Cidade (1931) (lista completa aqui).
O galã que mais aparece na lista dos cem é, disparado, Cary Grant, seguido por Humphrey Bogart. Ah, Cary... O cara morreu em 86 e eu sigo apaixonada por ele, de um jeito meio necrófilo. Mesmo que ele interpretasse quase sempre o mesmo papel, o de um carinha bonitão, sofisticado, galante e bem-humorado, ele fazia isso como ninguém (e simplesmente não houve um ator tão bom de screwball comedy, comédias cheias de farsas e com grande subtexto sexual, como em Levada da Breca). Foi o ator preferido de Hitchcock. Casou-se cinco vezes. Teve sua primeira e única filha com 62 anos. Detestava o estilo naturalista do Actor's Studio que lançou Marlon Brando, Montgomery Clift e James Dean. Praticamente todas as biografias apontam que ele era bissexual, até porque morou, no início da carreira, com um outro ator, Randolph Scott. Os estúdios ameaçavam que, se eles não vivessem em casas separadas, não teriam papéis. Eles não ligaram e ficaram juntos doze anos (embora sempre desmentissem os rumores). Mas parece que a grande paixão de sua vida foi mesmo Sophia Loren. Cary já estava no terceiro casamento (sem contar aquele com Randolph) quando se apaixonou perdidamente por Sophia, que ele conheceu em 57, durante as filmagens de Orgulho e Paixão. Tiveram um casinho, ela não quis mais, porque já namorava o produtor Carlo Ponti (com quem se casou e ficou casada até a morte de Carlo, em 2007). Cary fez montes de filmes, foi um dos primeiros atores a ter controle de sua carreira, sem depender dos estúdios (razão, talvez, pela qual ele nunca recebeu um Oscar, só um honorário - veja o vídeo aqui). Decidiu se aposentar em 1966 e nunca mais atuou, ainda que tenha vivido mais vinte anos. Ian Fleming se inspirou nele pra criar James Bond. E reza a lenda que, em 1981, Charlton Heston foi a um jantar com sua esposa em homenagem a Reagan. Charlton contou, todo prosa, que sentou-se ao lado da primeira-ministra Margaret Thatcher. Sua esposa respondeu: “Isso não é nada! Eu me sentei ao lado de Cary Grant!”.
E isso tudo vindo de um sujeito que nasceu se chamando Archibald Leach, coitado! Chamar-se Arquibaldo já derruba qualquer um, mas ainda por cima ter um sobrenome como Leach, que lembra leech, sanguessuga? (esse nome foi homenageado pela comédia hilária Um Peixe Chamado Wanda, em que o personagem do John Cleese chama-se Archie Leach. Mas o próprio Cary já havia feito uma brincadeirinha com o nome em Jejum de Amor). O estúdio trocou seu nome de batismo rapidinho pra Cary Grant. Felizmente eu não era nascida nessa época, ou eu pensaria que isso foi apenas pra que eu confundisse por toda a eternidade o nome do Cary com o do Gary Cooper. Mas não, foi proposital: Gary era o maior astro na ocasião, e o estúdio quis aproveitar e ver se um nome parecido traria sucesso a Cary. Hoje alguém se lembra de Gary Cooper? (tá, sacanagem, ele esteve em Matar ou Morrer, e, na lista dos 25 maiores atores de todos os tempos, aparece em 11o; Cary em segundo, depois de Humphrey Bogart).
Opa, me empolguei, pra variar, e fiquei só falando do Cary. Na sexta eu me aprofundo um pouquinho e discurso sobre Tarde Demais para Esquecer. Dá pra você ver ou rever o filme até lá?
E isso tudo vindo de um sujeito que nasceu se chamando Archibald Leach, coitado! Chamar-se Arquibaldo já derruba qualquer um, mas ainda por cima ter um sobrenome como Leach, que lembra leech, sanguessuga? (esse nome foi homenageado pela comédia hilária Um Peixe Chamado Wanda, em que o personagem do John Cleese chama-se Archie Leach. Mas o próprio Cary já havia feito uma brincadeirinha com o nome em Jejum de Amor). O estúdio trocou seu nome de batismo rapidinho pra Cary Grant. Felizmente eu não era nascida nessa época, ou eu pensaria que isso foi apenas pra que eu confundisse por toda a eternidade o nome do Cary com o do Gary Cooper. Mas não, foi proposital: Gary era o maior astro na ocasião, e o estúdio quis aproveitar e ver se um nome parecido traria sucesso a Cary. Hoje alguém se lembra de Gary Cooper? (tá, sacanagem, ele esteve em Matar ou Morrer, e, na lista dos 25 maiores atores de todos os tempos, aparece em 11o; Cary em segundo, depois de Humphrey Bogart).
Opa, me empolguei, pra variar, e fiquei só falando do Cary. Na sexta eu me aprofundo um pouquinho e discurso sobre Tarde Demais para Esquecer. Dá pra você ver ou rever o filme até lá?
Ah, Lola, o Cary foi minha primeira paixão cinematográfica. Quando eu tinha 11, 12 anos, vi Notorious na televisão e fiquei encantada com a figura dele (eu queria ser a Ingrid Bergman...rsrs), achei que ele tinha uma mistura interessante de vigor e sensibilidade que poucos atores daquele período tinham. Enquanto os personagens do Cary ganhavam as coisas na base do charme (mas sem descuidar da ação), em comparativo, o John Wayne e Gary Cooper cuspiam no chão/matavam uma tribo inteira de índios, o James Stewart ficava ali aparvalhado com aquele jeito de "aww shucks" e o Bogart atirava e perguntava depois. Os "leading men" eram muito extremados.
ResponderExcluirHoje, aos 20, eu continuo gostando muito do Cary (isso é necrofilia mesmo, Lola? A gente ama o cara do jeito que ele era quando era vivo, menina...rsrsrsrsrs), e eu percebo a influência do estilo dele em vários atores atuais. Inclusive, não suporto o George Clooney porque sinto que o cara é meio um copycat do Cary com o Sinatra (sem cantar, graças a Deus). Juro que não consigo gostar dele.
E um Netflix no Brasil caía bem mesmo, né?
Lola, se você gosta do Cary Grant, porque no título do post você diz que é tarde demais para esquecê-lo?
ResponderExcluirAcho que o trocadilho não funcionou.
Bela crônica... só não gostei da associação de "jurássico" e "dinossauro" com o ano que nasci.
ResponderExcluirAliás, mudando de pau pra cavaco, o CM tá demais, né? 4 em 5, putz!
Por acaso eu já falei que ele é o meu herói?
Ih, não sei se dá pra ver até lá, mas leio o post com prazer mesmo assim. Eu não tenho paixões cinematográficas, exceto uma quedinha pelo Johnny Deep no início da carreira, mas fiquei realmente interessada no Cary. hehehe
ResponderExcluirValeu a dica!
Lolinha, Netflix ainda não chegou ao Brasil, mas em São Paulo já tem a NetMovies (mesmo sistema) e parece que tá cresecendo muito. Quando morava lá também consegui rever vários clássicos usando os serviços deles, por R$28 por mês. Quem sabe logo logo não abrem aí em SC?
ResponderExcluirO meu clássico de amor favorito é A Princesa e o Plebeu (Um dia vc fala desse filme, please?), mas o Cary Grant de Ladrão de Casaca é fabuloso e imbatível. Ele e Grace Kelly, ô, casal interessante!
abs
Lola:
ResponderExcluirO Frank Sinatra chamava o Cary Grant de "mamãe Grant" gozando a sua sofisticação homosexual.
Oi, Lola! Sempre leio seu blog, mas nunca comento (gosto mais de ler que comentar!XD ). Entretanto, recebi uma espécie de "Corrente", divulgação ou chame como quiser que traz as seguintes informações:
ResponderExcluir.
"Depois das declarações do Lula sobre 'mulher deve ser dengosa com o seu homem, senão ele põe o cuecão e volta a dormir'...
Depois da ministra do turismo, a dona Marta Suplicy mandar a população que perde voos , 'relaxar e gozar'...
Depois que o Renan Calheiros, usou seu dinheiro (do seu imposto, caro contribuinte) para pagar suas escapadinhas de um casamento monótono...
Depois do irmão do Lula virar apenas 'ingênuo', quando confabulava nos bastidores para se apropriar da grana alheia...
Depois de tanta gente ficar impune e até reeleita como o Valdemar da Costa Neto e outros...
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TEM CHEIRO DE PERIGO NO AR!!!
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Independente do partido político a que vocês simpatizem essa notícia é preciso divulgar e se indignar, pois voltar a ditadura será o fim da picadanesta altura de nossas vidas!!!
Realmente estamos sob novo AI-5, neste governo do Lula.
O Boris Casoy foi calado, despedido por ordem do Lula. Agora, o Jabor foi processado, condenado, calado por ordem do Lula. É um escândalo!!!
A imprensa divulgou a sentença que condenou o Jabor a pagar indenização pordanos morais, dois dias antes do Juiz assinar a sentença. Agora o Jabor foi calado na CBN. O Diogo Mainardi, além de processado, sofreu ameaças de morte no jornal doMR-8 (da base aliada do Lula).
Há Medida Provisória enviada pelo Lula ao Congresso, instituindo a censura-prévia aos programas de rádio e TV. CENSURA PRÉVIA inclusive aos programas jornalísticos.
Os censores já estão nomeados. São muito jovens com a participação de estudantes da Universidade de Brasília (todos Petistas é claro). Agora só faltam as torturas e desaparecidos.
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Vamos denunciar isto pela Internet e por todos os meios que pudermos. Arnaldo Jabor foi expulso da CBN!!! Por favor, repassem para todos que puderem!!! VAMOS REPASSAR!!!! NÓS BRASILEIROS E PATRIOTAS, DEVERÍAMOS SER 160 MILHÕES DE JABORES PARA GRITAR CONTRA ESSA BADERNA POLÍTICA E TANTOS DESMANDOS QUE EXISTEM NOSPODERES DA REPÚBLICA! Tem cheiro de ditadura no ar!!! Leia o comentário de Dora Kramer, Estadão de Domingo: 'A decisão do TSE que determinou a retirada do comentário de Arnaldo Jabordo site da CBN, a pedido do presidente 'Lula' até pode ter amparo na legislação eleitoral, mas fere o preceito constitucional da liberdade de imprensa e de expressão, configurando-se, portanto, um ato de censura.' Em outro trecho: 'Jabor faz parte de uma lista de profissionais tidos pelo Presidente Lulacomo desafetos e, por isso, passíveis de retaliação à medida que seapresentem as oportunidades!'
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ESSE TEXTO DEVE SE TRANSFORMAR NA
MAIOR CORRENTE QUE A INTERNET JÁ VIU!!!"
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Se possível, gostaria que você enviasse a quem pudesse. Não sou partidária alguma: apenas contra quem está administrando mal os meus bens lá daquele Palácio do Governo de Conto de Fadas. Se quiser emitir opinião sobre isso, acharia interessante porque me interesso pelo seu ponto de vista. Grande abraço!!o///
É, Oliveira, existiam vários comentários desses mesmo. O Peter Bogdanovich também deu um apelido a ele nesse estilo, mas eu não me lembro bem qual era. Estava lendo uma biografia do Howard Hughes outro dia e lá dizia que ele teve um caso até duradouro com o Cary, que ele conheceu a Katharine Hepburn exatamente por causa de uma manobra de cupido do Cary Grant (dizem que ele adorava formar casais) e que a influência do Hughes ajudou o Grant a conseguir certos papéis e bens até mesmo durante o isolamento do empresário. Falando em Howard Hughes, não acreditem no filme do Scorsese. O Hughes de verdade era um tipinho desprezível e perigoso.
ResponderExcluirHahha, vou voltar só pra ver sua resposta... bem, vamos ao Cary. Que homem, que classe, que tudo. Adoro tudo com ele, obrigada, Lola, por contar mais um pouquinho desse ator adorável e tornar o dia mais leve. Bjk!
ResponderExcluirEu creio que assisti a todos os filmes do Hitch com Cary. Gostei, mas ele nunca surtiu-me esa paixão toda. Aliás, acho que vou começar a pesquisar mais sobre esses galãs eternos. Até agora só me detive em algumas divas e suas trágicas histórias como Judy Garland or Marylin...
ResponderExcluirEu gosto dessa "metalinguagem" em filmes água com açúcar. Dá um mote para se assistir ou ler algo mais interessante. É claro que parece que o diretor do filme em questão dá uma dica do tipo "Já que Sleepless in Seatle" não é tão bom assistam a "Tarde demais...". Um outro filme com a dupla Ryan/Hanks dá a dica de "O poderoso chefão" e o livro "Orgulho e Preconceito" e Jane Austen também é lembrada em " A casa do lago" com "Persuasion".
Eu gostei de "Sleepless in Seatle", achei fofinho. Gosto da cena em que uns amigos discutem a pronúncia do sobrenome da Debora Kerr (eu acho que era essa atriz) e não gosto de romances em que alguém morre, fica paraplégico, perde a memória...Já que é pra ser água com açúcar que seja até o final!
Lola querida,este post me fez sentir enorme saudade da minha falecida mãe.Ela amava o Cary.De tanto ela me contar os filmes dêle,acabei me apaixonando por cinema.Quando consigo encontrar os filmes mais antigos e "jurássicos"vejo e revejo!Lola,vc já assitiu Sleuth (de 2007)?Com Jude Law e Michael Caine?Eu fiquei apaixonada.
ResponderExcluirMiss Lou B., muito interessante você colocar todas essas informações aqui. Só que este é um lugar de pessoas que apoiam o Lula incondicionalmente. Como pode ver, nem comentários em relação ao seu texto há... Mas vamos ver se alguém diz algo que não seja em defesa do Planalto... Márcia
ResponderExcluirBem, Márcia, isso que você falou pode até estar de acordo com a maioria, mas não são todos que apóiam o Lula incondicionalmente.
ResponderExcluirNão é porque eu frequento o blog da Lola que vou apoiar o Lula 100%
Votei no Lula da primeira vez, mas na segunda votei na Heloísa Helena, pois fiquei desencantada e decepcionada com os inúmeros escândalos da época.
Marcia e Miss Lou B, não vou reponder (quer dizer, estou respondendo) porque 1) não tem absolutamente nada a ver com o tópico do post; 2) o que vc colocou é meio spam, que circula pela internet: essas correntes furadas cheias de mentiras, bem parecidas com àquelas pedindo a nossa conta bancária. Miss Lou B, eu vi exatamente o mesmo comentário posto por vc no blog da Marjorie e da Deborah, e ele foi solenemente ignorado por todos lá tb, e 3) estou sem tempo pra responder comentários pessoais, fofos, inteligentes, não-anônimos. Não vou ficar respondendo um que não tem nada a ver com o post e que não foi escrito por vc, Miss Lou B. E que é risível na sua insistência de “esta é uma mensagem apartidária!” (repetido 3 vezes) “mas precisamos nos unir pra tirar essa corja que está no poder!”. Sim, eu apóio o governo Lula, e não tenho a menor simpatia pelo Jabor ou Mainardi. Mas vários dos meus leitores não têm o meu pensamento. Talvez eles tenham ignorado o comentário pelos mesmos motivos do que eu?
ResponderExcluirE acho que não preciso dar prova maior de quem é contra a democracia e a favor da liberdade da expressão do que o fato de eu permitir que uma mensagem tipo spam como essa seja publicada aqui. Tente publicar algo do gênero A FAVOR do Lula, contra o Mainardi, no blog do Reinaldo Azevedo, por exemplo. Ou em 95% dos blogs de direita. Lá tem moderação de comentários. Aqui os únicos comentários que apaguei em mais de um ano e meio de blog foram (são) do troll Oliveira, que continua vindo aqui pra dizer que é uma pena que minha mãe não tenha me abortado. Ah, e por coincidência, ele é de direita.
Eu não só vi como eu "refiz" o cartaz de Tarde Demais. Ficou um lixo porque eu fiz as pressas pra terminar logo a monografia. Hoje eu faria bem diferente.
ResponderExcluirMês de janeiro é de Granty...
ResponderExcluirTão polêmico e ao mesmo tempo tão lindo, charmoso, sinusal e sexy.
Meu ator predileto
Parabéns pela bela postagem dedicada a ele.
Sou jovem e amo filmes antigos. TARDE DEMAIS PARA ESQUECER é um dos filmes favoritos da minha mãe. Estive no empire states e pensava no filme. Indico para minhas amigas e algumas não acham graça, mas grande parte se emociona e entende os detalhes do filme. Gary Grant era mais velho ou quase da mesma idade da atriz q interpretou a vó dele no filme. Achei bem curioso! Fui à Villefrance na França e imaginei onde a casa da vó poderia estar e claro não a encontrei porque foi em estúdio. Obrigada pelo post.
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