Imagino que deve haver uma tese de doutorado sobre como o trabalho em grupo numa faculdade traz o pior das pessoas. Eu tive duas ocasiões mais recentes no curso de Letras que estou sendo obrigada a fazer (e que estou odiando com todas as forças). Na primeira vez, eu me juntei com três moças. E a redação que tínhamos que escrever era tão, mas tão insignificante, que nem me lembro o tema. Ah tá, lembrei! Era sobre como sintaxe é ensinada nas escolas. Não preciso nem dizer que sou radicalmente contra o método utilizado há tantas décadas, e ainda em voga hoje, que faz os alunos detestarem as aulas de português, que mata neles qualquer prazer de leitura. Algúem me explica por que é importante ensinar o que é uma oração subordinada adjetiva. Não sei nem por que ensinar regras que não se usam mais, como “ser-me-ia” ou “realizar-se-á”, mas, mesmo que a gente decida que é imprescindível saber isso, por que torturar as crianças com termos como ênclise, próclise e mesóclise? Quando os native speakers de inglês aprendem inglês, eles mal sabem o que é sujeito e predicado. Mas isso é tema pra outro post, que talvez eu reparta com vocês outro dia.
Eu sentei com as moças e comecei a tentar levantar essa discussão. Mas uma delas não queria perder tempo com essas coisas banais como discutir o tema sobre o qual teríamos que escrever. Queria era partir logo pros finalmentes. Então ela, uma mulher de ação, típica gente que faz, tirou uma folha do caderno e começou a escrever a capa do nosso trabalho, com os nossos nomes e a data. As outras duas não falavam nada. Eu disse que achava o ensino de sintaxe inútil na sala de aula, e perguntei a opinião delas. Elas responderam, meio sem jeito, que concordavam (menos a mocinha prática, que estava ocupada demais fazendo a capa do trabalho para ter uma opinião). Como as duas não se manifestavam e eu não pretendia dormir na faculdade, passei a ditar, com vírgulas e tudo, o rascunho de uma redação. Logicamente é muito mais rápido e fácil escrever um texto do próprio punho do que ditá-lo a alguém. Mas aí não seria trabalho em grupo! A mocinha prática ainda me apressou num momento, porque o texto tava ficando longo demais, e com a citação que a gente ia colocar, já daria pra cobrir duas folhas. Acabei de ditar, e foi a vez da terceira moça entrar em ação. Agora ela tinha que ditar pra segunda moça o rascunho que eu havia ditado. Eu quase chorei, porque é comovente ver todo mundo colaborando para a construção do conhecimento.
Numa outra matéria foi diferente. Eu estava num outro grupo, adiantando uma disciplina, e tínhamos que escrever um texto sobre “o autor, o texto e o leitor - um diálogo através da leitura”. Juntei-me a um homem e uma mulher (ambos velhinhos como eu) para redigir. A mulher passou a fazer a capa do trabalho e, em seguida, começou a escrever, sozinha, um parágrafo. Como ela tomou essa iniciativa, e como eu já estava escaldada do trabalho anterior, falei que considerava uma boa ideia cada um escrever uma parte, e depois a gente “fazia um Frankenstein”, juntava tudo, e teríamos um trabalho. Ok, admito que não é nada legal. Mas era isso ou a opção narrada acima. Eu disse que escreveria a introdução, a mulher podia escrever o desenvolvimento, e o homem, a conclusão.
Quando mais ou menos acabamos, fui ler a introdução, que falava um monte de coisinhas sobre schemata e conhecimento prévio que eu estudei pra Reading na especialização e no mestrado. Eu sei pouco sobre o assunto, porque minha área é Literatura, não Linguística, mas pelo pouco que li, os teóricos de hoje desmitificam a autoridade do autor. O texto não existe antes que o leitor entre em cena, porque é através da sua interpretação que se cria um diálogo com o autor. Se não há o leitor, não há leitura, e o autor será deixado falando sozinho. Portanto, atualmente, o leitor está com o ibope lá em cima. Eu escrevi uns dois parágrafos introdutórios sobre isso, ressaltando também que texto e leitura não se referiam apenas à palavra escrita, mas também a filmes, peças, músicas etc. E, como as instruções do trabalho pediam citações, incluí umas duas, uma de Bakhtin, outra de nem sei quem. Quando acabei de ler, o homem no meu grupo falou: “Você colocou as suas citações, e eu coloquei as minhas”. E pôs-se a ler o que ele havia escrito, como se estivéssemos numa competição. Começava com uma citação (errada) de Fernando Pessoa: “navegar é preciso, viver não”. E dizia que, para se entender realmente (?) o que significava aquela frase, só estudando o contexto da época, as grandes navegações (??). Os dois parágrafos do carinha eram todinhos sobre a irrelevância do leitor perante o deus escritor. Ele terminou de ler e esperava ser aplaudido, imagino. Eu tive que falar, com delicadeza: “Ahn, interessante. Mas está um pouco genérico, não acha? Não trata do tema proposto. E além disso, vai na direção oposta do que se fala hoje sobre leitura”. O carinha não gostou, e tentou se explicar. Disse que é preciso conhecimento pra entender o que aquela frase significa. E emendou: “Não tem problema que você não entenda o significado da frase nem saiba quem é Fernando Pessoa. Não precisa se envergonhar, muita gente não sabe, porque ele é antigo mesmo”. Eu achei aquilo divertido, mas deixei passar. Apenas rebati que, se ele acredita que só existe um significado pra cada texto, qual o diálogo entre autor e leitor? O carinha disse que talvez haja mais significados nos textos em geral, mas, praquela frase, só existe um significado, que o leitor só poderia descobrir se estudasse as grandes navegações. Eu não queria rir ou chorar, mas coloquei que não, não existe verdade absoluta, existem interpretações. O clima esquentou, porque o sujeito realmente acreditava em um único significado, que só podia ser alcançado atráves do Vasco da Gama.
A moça leu as suas cinco linhas, que também passavam como o leitor era um nada e o autor, um tudo, e que o dever do leitor era decifrar o que o autor queria passar e pronto. Eu disse que, desse jeito, com eles pensando de um modo e eu de outro, a redação ficaria bem confusa e contraditória, mas o homem achou que não, que eram diferentes pontos de vista. “Mas o nosso trabalho é em grupo”, falei eu. Então pensei comigo mesma: dane-se, eu nunca vou ser uma aluna popular mesmo. E disse pra eles: “Espero que vocês não se incomodem, mas acho melhor que vocês escrevam o texto de vocês, e eu escrevo o meu. Pode ser? Não levem a mal”. Eles ficaram meio horrorizados, mas aceitaram. Lá pelo meio, o homem declarou à colega: “Até que essa discussão contribuiu pro nosso texto. É útil falar com gente que não tem a mesma opinião”. É, nem eu nem toda a teoria de leitura dos últimos quarenta anos (nem a nossa apostila!) tem essa opinião dele. Mas ele vai sair da faculdade (ele se forma em dezembro) com a mesma opinião de quando entrou.
Eu lembro dos trabalhos em grupo de quando fiz Pedagogia. Uma moça do meu grupo adorava corrigir o meu português. Toda vez que ela lia um “em voga” que eu havia escrito, ela trocava pra “em vaga”. Não tenho mais paciência pra isso não.
Eu sentei com as moças e comecei a tentar levantar essa discussão. Mas uma delas não queria perder tempo com essas coisas banais como discutir o tema sobre o qual teríamos que escrever. Queria era partir logo pros finalmentes. Então ela, uma mulher de ação, típica gente que faz, tirou uma folha do caderno e começou a escrever a capa do nosso trabalho, com os nossos nomes e a data. As outras duas não falavam nada. Eu disse que achava o ensino de sintaxe inútil na sala de aula, e perguntei a opinião delas. Elas responderam, meio sem jeito, que concordavam (menos a mocinha prática, que estava ocupada demais fazendo a capa do trabalho para ter uma opinião). Como as duas não se manifestavam e eu não pretendia dormir na faculdade, passei a ditar, com vírgulas e tudo, o rascunho de uma redação. Logicamente é muito mais rápido e fácil escrever um texto do próprio punho do que ditá-lo a alguém. Mas aí não seria trabalho em grupo! A mocinha prática ainda me apressou num momento, porque o texto tava ficando longo demais, e com a citação que a gente ia colocar, já daria pra cobrir duas folhas. Acabei de ditar, e foi a vez da terceira moça entrar em ação. Agora ela tinha que ditar pra segunda moça o rascunho que eu havia ditado. Eu quase chorei, porque é comovente ver todo mundo colaborando para a construção do conhecimento.
Numa outra matéria foi diferente. Eu estava num outro grupo, adiantando uma disciplina, e tínhamos que escrever um texto sobre “o autor, o texto e o leitor - um diálogo através da leitura”. Juntei-me a um homem e uma mulher (ambos velhinhos como eu) para redigir. A mulher passou a fazer a capa do trabalho e, em seguida, começou a escrever, sozinha, um parágrafo. Como ela tomou essa iniciativa, e como eu já estava escaldada do trabalho anterior, falei que considerava uma boa ideia cada um escrever uma parte, e depois a gente “fazia um Frankenstein”, juntava tudo, e teríamos um trabalho. Ok, admito que não é nada legal. Mas era isso ou a opção narrada acima. Eu disse que escreveria a introdução, a mulher podia escrever o desenvolvimento, e o homem, a conclusão.
Quando mais ou menos acabamos, fui ler a introdução, que falava um monte de coisinhas sobre schemata e conhecimento prévio que eu estudei pra Reading na especialização e no mestrado. Eu sei pouco sobre o assunto, porque minha área é Literatura, não Linguística, mas pelo pouco que li, os teóricos de hoje desmitificam a autoridade do autor. O texto não existe antes que o leitor entre em cena, porque é através da sua interpretação que se cria um diálogo com o autor. Se não há o leitor, não há leitura, e o autor será deixado falando sozinho. Portanto, atualmente, o leitor está com o ibope lá em cima. Eu escrevi uns dois parágrafos introdutórios sobre isso, ressaltando também que texto e leitura não se referiam apenas à palavra escrita, mas também a filmes, peças, músicas etc. E, como as instruções do trabalho pediam citações, incluí umas duas, uma de Bakhtin, outra de nem sei quem. Quando acabei de ler, o homem no meu grupo falou: “Você colocou as suas citações, e eu coloquei as minhas”. E pôs-se a ler o que ele havia escrito, como se estivéssemos numa competição. Começava com uma citação (errada) de Fernando Pessoa: “navegar é preciso, viver não”. E dizia que, para se entender realmente (?) o que significava aquela frase, só estudando o contexto da época, as grandes navegações (??). Os dois parágrafos do carinha eram todinhos sobre a irrelevância do leitor perante o deus escritor. Ele terminou de ler e esperava ser aplaudido, imagino. Eu tive que falar, com delicadeza: “Ahn, interessante. Mas está um pouco genérico, não acha? Não trata do tema proposto. E além disso, vai na direção oposta do que se fala hoje sobre leitura”. O carinha não gostou, e tentou se explicar. Disse que é preciso conhecimento pra entender o que aquela frase significa. E emendou: “Não tem problema que você não entenda o significado da frase nem saiba quem é Fernando Pessoa. Não precisa se envergonhar, muita gente não sabe, porque ele é antigo mesmo”. Eu achei aquilo divertido, mas deixei passar. Apenas rebati que, se ele acredita que só existe um significado pra cada texto, qual o diálogo entre autor e leitor? O carinha disse que talvez haja mais significados nos textos em geral, mas, praquela frase, só existe um significado, que o leitor só poderia descobrir se estudasse as grandes navegações. Eu não queria rir ou chorar, mas coloquei que não, não existe verdade absoluta, existem interpretações. O clima esquentou, porque o sujeito realmente acreditava em um único significado, que só podia ser alcançado atráves do Vasco da Gama.
A moça leu as suas cinco linhas, que também passavam como o leitor era um nada e o autor, um tudo, e que o dever do leitor era decifrar o que o autor queria passar e pronto. Eu disse que, desse jeito, com eles pensando de um modo e eu de outro, a redação ficaria bem confusa e contraditória, mas o homem achou que não, que eram diferentes pontos de vista. “Mas o nosso trabalho é em grupo”, falei eu. Então pensei comigo mesma: dane-se, eu nunca vou ser uma aluna popular mesmo. E disse pra eles: “Espero que vocês não se incomodem, mas acho melhor que vocês escrevam o texto de vocês, e eu escrevo o meu. Pode ser? Não levem a mal”. Eles ficaram meio horrorizados, mas aceitaram. Lá pelo meio, o homem declarou à colega: “Até que essa discussão contribuiu pro nosso texto. É útil falar com gente que não tem a mesma opinião”. É, nem eu nem toda a teoria de leitura dos últimos quarenta anos (nem a nossa apostila!) tem essa opinião dele. Mas ele vai sair da faculdade (ele se forma em dezembro) com a mesma opinião de quando entrou.
Eu lembro dos trabalhos em grupo de quando fiz Pedagogia. Uma moça do meu grupo adorava corrigir o meu português. Toda vez que ela lia um “em voga” que eu havia escrito, ela trocava pra “em vaga”. Não tenho mais paciência pra isso não.
Oi, Lola;
ResponderExcluirEu sou a megaplus a favor do ensino de sintaxe nas escolas. Muitíssimo. Talvez não na idade em que ela é ensinada, mas sim, acho que ela é muitíssimo necessária - mesmo que, depois de ter esquecido o motivo de você escrever essa frase assim ou essa ênclise assado, você o faz, corretamente. Não sabe por que, mas sabe.
uhauhauhaeuheauhea eu ODEIO trabalho em grupo. sempre preferia fazer sozinha, mas quase nunca era permitido (!!!). sem contar q, no ultimo ano, TODOS os professores resolviam dar trabalhos gigantescos em grupo ao mesmo tempo. conclusão: trabalhos mal feitos e/ou psicóticos (frankenstein). eu não entendo isso, sabe? era muito melhor passar menos trabalhos, ou trabalhos mais simples, do q coisas monstruosas pra gente copiar e colar dos sites científicos. ah, isso dá assunto pra muitos posts.
ResponderExcluirLolinha,
ResponderExcluirLeve o CM para o próximo trabalho em grupo e coloque-o de observador. Quando voltar pra casa discuta com ele a respeito... vai gerar cada post delicioso, he he he.
Eu odeio trabalho em grupo, prontofalei. É 50% de chance de ser divertido (no colégio costumava ser mais, porque eu morava no interior, tudo era perto e as reuniões terminavam regadas a pipoca com guaraná) e 50% de ser frustrante.
ResponderExcluirmatar a mesóclise é o mesmo que apagar as impressões digitais de uma pessoa. Só a língua portuguesa tem...
ResponderExcluirConfesso que tive alguns pesadelos com orações coordenadas e subordinadas et caterva no segundo grau, mas isso nunca me impediu de adorar ler.
Quanto aos trabalhos em grupo, frankenstein é regra...
Lola,
ResponderExcluirO caso é que enfia-se trabalho em grupo no lugar de uma coisa chamada aula, é muito mais fácil, é um ótimo cala-boca, assim os professores têm 40 minutos de sossego, juro que é isso!
Desde da 5ª série, quando eu tive aula com uma professora chamada Dona MAria do CArmo, que venho me perguntando, para que mesmo se aprende sintaxe? Juro, eu precisava ter aprendido a escrever, nnao analisar, grande merda que eu sei o quê é um aposto, e daí? Oração subordinada adverbial? An? Me conta que eu esyou querendo saber.
Quando fui professora do primário, minhas assessoras de Português, A CArmen Carvalho e a Virgínia BAlau, tinham idéias bem mais práticas, se aprende a escrever, escrevendo, ler, lendo, não tem outro jeito, é só pela reflexão que se sai do lugar.
Aliás conheço ótimos descobridores de predicato, oração não sei das quantas, mas incrível, não conseguem escrever duas linhas que seja!
Beijo
Ah! Desculpem as opiniões adversas, mas cada dia que passa sou mais a favor de uma radicalizacão ma educacão! Do jeito que tá, não dá mais!
PAola
Trabalho em grupo era o meu pesadelo porque eu queria que as coisas fossem feitas do meu jeito.
ResponderExcluirCom o tempo eu comecei a formar grupos com os colegas mais folgados, que não faziam nada, só para que eu pudesse controlar tudo e fazer como eu achava que devia ser feito. Nem me incomodava fazer tudo sozinha.
Só de falar em trabalho em grupo choro lágrimas copiosas. Não entendo qual é a real função disso. Toda vez é a mesma coisa uns fazem e os outros coçam, uma lastima!
ResponderExcluireu também ODEIO trabalho em grupo, sempre acho que posso pensar e fazer melhor sozinha.. eh um saco trabalha com gente que não tem o conhecimento que temos (serio, nao eh preconceito, eh constatação) no meu caso é assim.. e eh frustrante !!
ResponderExcluirNão gosto de fazer trabalho em grupo, mas não por causa da dinâmica envolvida nesse tipo de trabalho, mas porque não confio em deixar os outros fazerem o trabalho que vai me dar a minha nota. na minha faculdade a maioria é de gente que eu não sei como chegou no último período. São poucas pessoas lá que eu confio.
ResponderExcluirhahahhahahhahahaa!
ResponderExcluiré comovente, mas to rindo (muito) para não chorar!! como pode essa gente? afff... muito boa sorte com esses colegas, Lola...
Sempre odiei trabalhos em grupo, até gosto de sentar para discutir as idéias mas acho que em todos os meus anos na faculdade isso so deu certo uma unica vez.
ResponderExcluirO ultimo trabalho em grupo que eu fiz me deixou fula da vida exatamente pela má vontade de minhas colegas de pensarem. So queriam terminar logo o trabalho. Assim não dá!
Oi, Lola,
ResponderExcluirDepois de uma eternidade ausente, aqui estou. E que sorte tive, pois falou de algo que mexe comigo: o ensino da sintaxe. Uau! A extrema ojeriza que muita gente tem à sintaxe é que ela, assim como métodos de ensino de línguas (às vezes) é ensinada como se fôssemos todos nos tornar profundos conhecedores dos meandros da língua, que precisássemos saber a função sintática de cada termo da oração para podermos escrever e/ou falar. Lecionei língua portuguesa no início da década de 80 (uau, século passado!) e já via que algo estava errado... mas muitas vezes somos forçados a nadar com a corrente... E saber sintaxe (não necessariamente aqueles nomes horríveis) nos ajuda em algumas coisas, como pontuar bem um texto, já que a pontuação pode alterar completamente o sentido de uma frase... Abraço. João Ghizoni
Todo mundo contra trabalho em grupo o/
ResponderExcluirTambém odeio, ou o pessoal quer tudo do seu jeito e não deixa os outros encostarem no trabalho (e aí tu não faz nada e depois tem que se virar pra apresentar algo que nem sabe o que é porque não te deixaram ver o trabalho com medo que teu olhar alterasse o sentido que deram ao texto), ou ninugém faz PN e tu tem que fazer tudo sozinho...
Minhas últimas duas experiências de trabalho em grupo foram das mais traumatizantes...
Uma foi um trabalho de literatura, que tinha que ver um filme... Do grupo de 5 pessoas, 3 passaram o filme olhando pro teto e conversando (ou seja, sem fazer PN ou atrapalhando, que é ainda pior)e o outro fingia que olhava e uma vez me falou pra anotar coisa (anotei 25 coisas no filme, 3 ele falou... e aí quando reclamei do grupo ele me saí com "mas eu te disse um monte de coisa"). Mas beleza, eu sobrevivi ao filme... Aí tinha que escrever o texto com as anotações... Os 3 q ficaram olhando por teto ainda tiveram a coragem de reclamar da desorganização das minhas anotações (o que é algo meio óbvio, já que eu tinha que anotar ao mesmo tempo em que cuidava pra não perder mais nada no filme e ainda tinha conversa em volta...), e o 4º, que por fim fez o texto, fez um negócio terrivelmente mal-escrito, que no final nos rendeu um refazer (que queriam que eu fizesse, mas mandei tomar no cu e disse que minha nota em literatura tá boa mesmo sem esse trabalho). E ainda disse que fez bem mais que eu no trabalho, porque um texto terrivelmente mal-escrito juntando tudo que o outro observou (era só pegar as anotações e transformar em texto, nem tinha que pensar) é muito mais trabalhoso que usar o cérebro. E a chave de ouro do trabalho foi a apresentação, em que eu na aula antes dela fui entregar prontas as frases que cada um tinha que dizer e ninguém me ouviu... Resultado que eu falei 70% do tempo, o 4º cara 15%, outro falou o resto, e 2 nem falaram...
E o segundo trabalho traumatizante foi em alemão... No 3º ano fazemos uma prova de alemão aqui na escola, o DSD C1. É uma prova de proeficiência na língua, bem dificilzinha... E nessa prova tem que se escrever um texto, de 250~400 palavras, sobre algum tema (ano passado foi sobre podcast, por exemplo, outro foi sobre mulheres no mercado de trabalho, varia bastante). E como essa prova é o mais importante dentro do ensino de alemão aqui da escola, já agora (2º ano) eles colocam a gente pra treinar essas produções textuais... Só que como alunos do segundo ano ainda são muito burrinhos, os coitados não são capazez de escrever um texto de 300 palavras, então como fazer pra facilitar? Escrever o texto em trio!!!
Idéia genial, já que é muito mais fácil desenvolver um texto com uma linha argumentativa clara quando se tem 3 pessoas (e o mesmo tempo pra fazer o texto que quando é individual, ou seja, nada de tempo pra parar, discutir as idéias... É pegar o texto e sair escrevendo a introdução, e também não dá pra parar pros outros lerem o que já foi escrito, o tempo está correndo...)
Claro que não sai coisa boa daí... Produção em grupo só funcionaria se tivessem tempo de discutir, de ver os principais argumentos a favor ou contra algo, de contar as diferenças entre Brasil e alemanha nisso (sempre cai isso na prova), e aí sim começar a escrever...
E eu escrevo muito bem esses textos em alemão (sem falsa modéstia), então acabo me irritando muito por saber que se me deixassem sozinho eu faria algo muito melhor.
Resultado foi que no último texto eu interrompi todos os grupos porque explodi de raiva, gritei por 5 minutos xingando meu grupo, tão alto que deu pra ouvir 2 andares abaixo na escola o/
Abaixo aos trabalhos em grupo!
Heiiiiiiia que nervoso Lola!
ResponderExcluirDeusssss me livre cruzar, ter que cruzar e tolerar e fazer que aguento gente burra assim ainda na vida...
É claro que a gente não pode generalizar, mas a verdade é que as faculdades estão cheias de gente moito mas moito burrra... e voce tem azar de ter que fazer esse curso esdruxulo (é com x ou ch?, eu-se-esqueci!!!:)
eu acho que a intenção do trabalho em grupo é boa o que não é bom é o niverrr dos alunos... haha... voce ate podia ajudar o veinho da sua idade lá a entender que se ele foge do tema pode citar fernando pessoa, fernanda abreu não importa... haha... fugiu e não sabe focar o assunto pedido! nota ZERO em universidade que leva o ensino não só de síntaxe, mas de compreensão de texto em portugues a serio!
beijocas
... continuando: voce ate podia ajudar o veinho... (recuperando a coesão do meu comentario péssimo) mas ele não tá nem aí para ser ajudado porque se acha o ó do borogodó... ele acha que você não sabe quem é Fernando Pessoa, mas como ele tá fechado até para a pessoa que tá estudando em frente a ele e nem faz questão de saber quem é voce e o quanto pode contribuir para o trabalho EU DUVIDOEDEODÓ que o véio sirva pra alguma coisa na vida, além de chupinhar texto de autor famoso e jogar na redação...
ResponderExcluireu já fui aluno, e como professor (futuro) e quando era, não dava trabalho em grupo. sei que é isso mesmo. e fala sério, que tipo de professor dá redação em grupo? há atividades q podem ser feitas em grupo, mas escrever em grupo não funciona. discutir o tema em grupo e cada um escrever seu texto tudo bem.
ResponderExcluirNão tenho a mínima saudade dos tempos da faculdade.
ResponderExcluirSempre detestei trabalhos em grupo.
No último ano, contava os dias pra formatura.
Oi, Lola (é Lola mesmo?) Procurei o contato da autora do blog, mas não achei. Por favor, entre em contato comigo pelo email natasha.cassar@agenciafrog.com.br
ResponderExcluirwww.agenciafrog.com.br
Obrigada desde já. ;)
"que tipo de professor dá redação em grupo? há atividades q podem ser feitas em grupo, mas escrever em grupo não funciona. discutir o tema em grupo e cada um escrever seu texto tudo bem."
ResponderExcluirÉ... Na real a professora é boa. Por isso eu acho que no meu caso a redação em grupo é orientação de cima. De alguém da direção da escola... Gente que não pisa na sala de aula a 25 anos e fica seguindo a teoria só...
Porque a teoria diz que ainda não estamos preparados pra escrever textos de 300 palavras com o nível necessário pra prova (e, no geral, não estamos mesmo... alemão não é tão fácil :P). Pra resolver então é só colocar gente junto, assim junta o pouquinho que um sabe com o pouquinho que o outro sabe e forma algo bom. Acho que é isso que eles pensam...
Pelo menos depois do meu surto me deixaram fazer os textos sozinho o/
oi lola,
ResponderExcluirmuito bom tudo por aqui
bom que da gosto voltar,
e sempre voltando
ficar sendo
sempre
seu leitor.
parabéns...
Uma vez, na faculdade, uma professora resolveu que queria queos grupos se misturassem, ai foi aquele forfé, não, não, até que ela alguém resolveu soltar o verbo, "professora, aqui é assim, cada grupo tem um método de trabalho, essas ai, dividem o trabalhos, nunca se encontram, cada uma faz um e entrega com todos os nomes, aquelas dividem o trabalho, uma faz a capa, a outra compra a cartolina, a outra faz a pesquisa e redige e a útima passa a limpo e entrega, aquele, deusmelivre ( o meu) eas fazem tudo junto, por isso vivem brigando, cada palavra é discutida antes de er colocada no trabalho!
ResponderExcluirTrabalho em grupo só seria bom se fosse bem orientado, como não é o caso, virou uma anomalia pedagógica.
O Kilpatrick ( acho que é assim), deve se revirar no túmulo com tanta pataquada!
Também tenho o "pé atrás" com trabalhos em grupo. Como todos que comentaram acima, sempre tem alguém que discorda sem motivo, que não muda de opinião, que não procura se informar, sempre tem alguém que não faz nada, e sempre tem alguém que faz mais que outros. Também passo por isso, e na última vez que aconteceu eu explodi com a sanguessuga que atrapalhava nossa vida! A menina não faz nada, não pesquisa, não dá idéia, só queima filme, e ainda fica reclamando da nota (que sempre fica bem acima da média), ainda bem que ela nem se atreve mais a querer participar do mesmo grupo que eu. Em contrapartida, tive sorte com outras colegas, juntas conversamos e chegamos a um consenso sobre tudo, e isso é ótimo. Sinto que as idéias fluem e as pesquisas sempre ficam legais. Finalmente atingimos o propósito...
ResponderExcluirHein, pior que tem instituição que obriga os alunos a fazerem o projeto final em grupo. E, convenhamos, nada como um projeto final pra acabar com uma amizade, fogo! Agora esse "Tio" ae defensor do Fernando Pessoa...
ResponderExcluirTrabalho em grupo é exercicio de paciência.
ResponderExcluirMas tem quem goste: se encostar nos colegas para não ter que pensar e, infelizmente, conheço dezenas desses...
Bjs
Ah Lola, eu tbm detesto trabalho em grupo. Primeiro que sempre fico com a impressão de que as outras pessoas não terão a mema disposição que eu. Segundo porque teimo em ser perfeccionista em alguns aspectos e gosto das coisas do meu jeito. Realmente, é uma tortura. Mas devemos saber lhe dar com essas situações afinal vivemos em sociedade, precisamos trabalhar em grupo. Talvez por isso o brasileiro não seja muito apto a mudanças. As mudanças geralmente acontece em grupo. Todo mundo faz. Mas se ninguem acredita, como mudar?
ResponderExcluirEu penso na dubiedade de gostar e de não gostar do trabalho em grupo.
Beijos querida, como sempre ótimo post. Não tenho comentado muito, a universidade começou e estou tendo muito trabalho, mas quase todo dia leio os seus textos :)
Querida Lola, gratíssima por esse post. Eu tenho uma Graduação, duas especializações e um mestrado. Agora, aposentada, tinha vontade de fazer um curso de História, matéria que já estudo sozinha e pela qual sou apaixonada. Todos me dizem que eu vou pirar se entrar numa faculdade agora. Você acabou de me convencer disso com esse relato. Obrigada por me salvar. Desejo-lhe sorte e muita paciência. E eu, como professora universitária que fui durante quase 30 anos nunca dei esse tipo de trabalho aos meus alunos. Sempre eram trabalhos individuais. Nunca tive preguiça de corrigir.
ResponderExcluirentendo muitissimo bem o que voce quer dizer...
ResponderExcluirestou tendo o mesmo tipo de problema, com um agravante, ninguem na minha equipe de trabalho da universidade gosta de ler.. .todos querem exemplificar com o que ve na televisão, eh "um pe no saco"
Meus Deus!!! e essas topeiras vão dar aulas depois!!! Pobres estudantes pobres!!!
ResponderExcluirhahahah, Lola!! Olha que sincronicidade! Vim dar um oizinho para contar q vi uns esquilinhos fofos e lembrei de ti e vc falando da Florida! Estou aqui com meus filhos ( 6, 8, 12 ) estamos AMANDO muitooooooo!! A felicidade das crias é demais!! Nao sei se lembra de mim, a Mamy do Marley Baby Dog... Beijos muitos! Ah! o Mickey manda lembrança, heheh...
ResponderExcluirps.: desculpa pelo comentário fora do post...
ResponderExcluirSobre a sintaxe: pois eh, como vc mesma disse, os native speakers de ingles nao sabem nem o que eh sujeito e predicado. O resultado eh que a gente chega aqui (no meu caso, em Londres), com a nossa educacao tubinamba, e acaba escrevendo melhor do que eles - na lingua deles!
ResponderExcluirO que mais tem eh ingles falando para brasileiro que a gente toma mais cuidado com o texto, presta mais atencao, e por isso nos acabamos escrevendo melhor do que eles proprios. Muitos amigos meus que trabalham aqui sao elogiadissimos pelos emails e outros textos.
Sou super a favor de ensino de gramatica. Na minha opiniao eh improtantissimo saber a mecanica da lingua, como ela funciona e tal. Depois cada um usa a lingua como quiser, mas eu acredito piamente que vc tem que conhecer a regra para desrespeita-la (e nao desrespeitar por ignorancia).
Eu conheco muito brasileiro que nao entende de gramatica e acaba se enrolando na lingua por isso (usando "vim" em vez de "vir", "por" quando devia usar "puser" e errando muuuuita crase - quem entende o por que das coisas e a mecanica da lingua nao comete esses erros)
Eu odeio, odeio, odeeeeio trabalho em grupo. Vc demora muito mais tempo para fazer algo que faria sozinho, no seu ritmo e dentro da sua rotina. E não, trabalho em grupo raramente sai melhor do que se vc fizesse sozinho, sem essa de "várias cabeças pensam melhor que uma". Justamente por conta dos embatezinhos que atrasam o processo. Para as cabeças pensarem juntas, é preciso que estejam dispostas a pensarem juntas. Fora que tem que combinar de se encontrar, o horário tem que ser bom para todo mundo, tem sempre o fulano que atrasa e quer montar nas costas dos outros... No fim, TODO trabalho em grupo, para funcionar, vira Frankenstein. E as pessoas só aprendem cacos das coisas, a sua parte.
ResponderExcluirAcho que foram raros os trabalhos em grupo que realmente me ensinaram mais do que trabalhos individuais. Mas os professores continuam dando, para que os alunos "socializem". Ora, socialização eu faço no bar, na hora do intervalo, etc. Na hora de estudar, cada um na sua, por favor. Até porque a nota é individual mesmo.
PS -- se eu fosse vc, quando o cara veio querendo humilhar, achando que vc não conhecia Fernando Pessoa, eu esfregava meu doutorado na cara dele. É feio, mas tem gente que se acha o centro do universo e precisa se tocar.
Ah, sim, outra coisa que me irrita MUITO. Os professores que fazem vinte mil grupos de seminário, para ocupar as aulas de metade do semestre. Assim o professor nem trabalha, olha só que beleza!
ResponderExcluirE, por mais articulado que seja o aluno, o seminário nunca sai melhor do que uma aula dada um profissional. Por razões óbvias, claro.
Existe alguém que goste de trabalho em grupo? Pelo jeito o "odeio trabalho em grupo" é uma unanimidade. E o resultado sempre é esse: trabalhos Frankenstein ou trabalho individual com o nome de todo mundo. Arre!
ResponderExcluirÉ por isso que gosto de trabalhar sozinha.
Beijos!
Trabalho em grupo é um saco mesmo, mas até que eu tive uma sorte relativa com os meus grupos. No média o grupo era enorme e basicamente eu e uma amiga faziamos, e ficava tudo certo. No técnico era um frankstain tremendo, com direito a briga de foice no TCC, e ficou ótimo. Quando fazia logística, eu fazia quase tudo, e ficava bem meia boca (ngm merecia aqueles temas horríveis!!). Agora em editoração tá mais legal, grupos pequenos ou trios, dá pra conversar e entrar num acordo, dividir as tarefas e esperar ficar pronto, se bem que ainda não tenho nenhum feedback específico.
ResponderExcluirBoa sorte, Lolinha. Vê se não mata ninguém lá.
Lola, se você odeia trabalho em grupo não queira nunca vir para a Suécia. Costumamos dizer que aqui não se faz nada sozinho, pois desde cedo as qualidades individuais são, digamos assim, menos importantes. Até monografia se faz em grupo, ou dupla (nem mono é, mas enfim!)
ResponderExcluirTento ver essa postura sueca de um modo positivo e acho bastante interessante. Acretido que o trabalho individual é necessário e gratificante, mas não compartilho completamente da idéia de que o indivíduo sozinho consiga solucionar tudo da melhor forma. O debate engrandece e desenvolve.
Particularmente eu não gosto de trabalho em grupo, mas confesso que quando se tem sorte (e isso é rarissimo)pode ser positivo e gratificante.
Um exemplo que pode a principio parecer bobo é o da minha prima. A mae dela sempre a estimulou a fazer natação. A menina sempre nadou muito bem, ficando em primeiro lugar em todas as competições que entrava. No entanto, quando em algumas competições a menina não conseguia chegar em primeiro, o problema estava armado. O psicologo infantil da escola aconselhou minha tia a matricular minha sobrinha em esportes coletivos, onde ela aprenderia tanto a ganhar em grupo (e dividir as conquistas) como perder em grupo (grupo como suporter para dividir as derrotas).
Ps. desculpa pelo longo comentário. ;)