sexta-feira, 3 de outubro de 2008

CRÍTICA: CONTROLE ABSOLUTO / Minha incompetência vai me salvar

- Ah, vocês só estão carregando uma bomba. Podem passar!

Devo admitir que me senti muito poderosa vendo Controle Absoluto (Eagle Eye), porque a história é a seguinte: as máquinas dominam o mundo, ou pelo menos os States, e podem vigiar e comandar qualquer pessoa a fazer o que elas quiserem. E aí eu tive certeza que um computador de última geração ultra-avançado jamais escolheria a mim ou ao maridão pra desempenhar uma missão importante. É que a gente não tem celular, sabe? Até compramos um quando moramos nos EUA, já que não possuíamos linha fixa em casa. Foi o primeiro e, suponho, o último celular nas nossas vidas. Não foi uma boa experiência. A gente geralmente perdia a ligação porque não conseguia encontrar o botãozinho pra atender a chamada, e não sabia como acessar a caixa de mensagens. Até hoje me lembro da vez que estava falando com uma amiga ao mesmo tempo que subia uma escada. Foi difícil pra mim, e eu tive que pedir pra ela ter paciência porque eu estava fazendo essa coisa bizarra que é andar e falar ao telefone ao mesmo tempo. Então, no filme, quando o Billy Bob Thorton, que é um agente do FBI, pergunta sarcasticamente pra uma moça da Aeronáutica se ela conseguia andar e falar ao mesmo tempo, eu me identifiquei.
Mas não é só isso. Eu fiquei imaginando uma máquina me mandando pegar sorrateiramente um celular de um cara dormindo do meu lado num vagão do metrô. Acho que essa parte – pegar o aparelho – eu até conseguiria, depois, claro, de perguntar pra todo mundo “onde está o celular que tá tocando do sujeito dormindo?”, e ter que me certificar com um “Isso é um celular?”. Mas e o resto? E atender a chamada? Ok, pra efeitos argumentativos, vamos fantasiar e assumir que eu consegui vencer o segundo passo (atender a ligação), e então o computador me manda descer na terceira estação. Ahn, eu teria que perguntar: “A terceira estação depois desta ou contando aquela que a gente já passou?”. E a máquina gritando comigo: “Não faça perguntas, só execute as ordens, sua fêmea!” (é, a máquina tem esse costume de chamar mulheres de fêmeas).
Mas o auge do meu brilhantismo mesmo seria obedecer o computador enquanto fujo de toda a polícia americana numa perseguição de carro. Se pra mim já é difícil andar e falar no celular ao mesmo tempo, imagino que falar e dirigir seria missão impossível. Mas vamos supor que a máquina me mande entrar à direita imediatamente. Agora! Já! E eu lá, pensando: direita? Vejamos: se esquerda é a mão do relógio, então direita é... Ou talvez eu tivesse que pedir pra esclarecer: “A sua direita ou a minha?”. E até lá todos os carros do universo já teriam batido no meu.

O maridão seria outro caso perdido. Fora sua total falta de desenvoltura com celulares, ele também não enxergaria uma placa gigante piscando na sua frente, em letras garrafais, dizendo “Silvio, desça a escada”. Portanto, eu e ele nos sentimos bem sabendo que um computador nunca poderia nos controlar.
Aí tem o lance de um computador nos vigiar e saber tudo que fazemos. Bom, no caso do maridão seria complicado porque, além d'ele não ter celular, raramente manda emails ou fala ao telefone, e seu blog tá abandonado. Não acho que seria fácil monitorar a sua vida. Mas, mesmo que fosse, que serventia teria? Veja a minha vida, por exemplo, que sem dúvida é muito mai
s interessante e digitalizada que a da minha cara-metade zumbi. Eu conto tudinho aqui no blog. Minha vida é pública. Não tenho segredos, nadinha pra esconder. Nessas horas de extrema paranóia, desse medo de “O Grande Irmão tá nos vigiando”, eu lembro de uma cena dos Simpsons, o filme (acho que era os Simpsons). Há uma sala de controle gigantesca, lotada de gente monitorando as ligações e emails da população, e o pessoal lá dentro morrendo de tédio, já que nenhum dos espionados fala qualquer coisa minimamente suspeita. Quando um dos espiões finalmente consegue captar algo que não seja uma receita de bolo, ele levanta e grita: “Consegui! Consegui! Captei uma mensagem perigosa!”. Acho que seria bem assim se o governo pudesse ler os nossos emails e ouvir as nossas ligações.

Mas vamos ao filme. O Shia LaBeouf é bem feinho, né? De frente até que não, mas de perfil... Tem uma hora que ele tá com cara lavada e lembra o Christian Bale, versão desengonçada. Só o Billy Bob é mais medonho que o Shia - e pensar que a Angelina Jolie já carregou seu sangue num vidrinho! Tem também a Michelle Monaghan (de Missão Impossível 3), que não tem muito que fazer além de gritar “the dingo took my baby!” (“o coiote pegou meu bebê”. Ok, é uma piadinha interna que ninguém vai entender. É o que a Meryl Streep falava em algum filme da década de 80).
O computador pode escolher qualquer pessoa do mundo, e no fundo precisa de apenas um sujeito, e envia logo esse carinha pras missões mais arriscadas? Se ele morresse em alguma das quinhentas vez
es que escapa por um triz, a máquina faria o quê? Aí tem uma hora em que o computador manda alguém atirar num carinha, e a pessoa se recusa, e o computador diz, “Tudo bem, ele será eliminado de outra forma”. E então manda dois aviões militares entrarem num túnel?! Mas a aventura é fofinha, tem uma mensagem até liberal no fim, e a parte da homenagem ao Hal de 2001 lendo os lábios é bem legal. E só na ficção que o presidente dos EUA é aplaudido de pé! Aliás, adoro essa parte: montes de agentes armados temendo que alguém atire no presidente, e o hino americano cantando sobre bombas explodindo no ar.

Eu só não caio muito no clima conspiratório do filme. Realmente não confio nessa mega eficiência das máquinas, disso de precisão cirúrgica pra fazer o farol ficar verde, abrir uma porta e tal. Porque logo depois do cinema eu, que sou velhinha, sempre vou ao banheiro. E chegando lá a torneira automática não funciona. Sem falar que não consigo nem fazer o meu computador inteligentíssimo deixar de mudar o tamanho da letra. Poupe-me, né?- Alô, Lolinha? Pára de bater no celular e desça na terceira estação à direita.

15 comentários:

  1. Vixe, eu tb não serviria pra nenhuma missão. Apesar de eu saber atender o celular, tb não sei esquerda ou direita. Não adianta que 99.8% das vezes eu falo uma qdo quero dizer a outra. Ou eu falo direita e aponto pra esquerda. Mão e fala não se coordenam. Eu sempre digo pra quem estou dando directions, segue a minha mão e ignore o que eu digo pq a mão, pelo menos, aponta certo.

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  2. Tá, não tem nada a ver com o post em questão... Mas enquanto eu estava lendo de repente caiu a ficha, depois de séculos lendo o blog, que o nome foi inspirado no filme run, lola, run. E isso por que fala sobre filmes...Dãããã...
    muito bem fliper...
    Mereço um prêmio por ser a última a sacar rsrsrsrsrsrsrs

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Hahahah, Lola acho que vc é minha quinta filha perdida em algum universo paralelo. Aqui em casa os quatro tem essa história de "porquê?". Estela, entra no carro rápido! -"Porquê?" Henrique sai de perto do fogão! -"Porquê?" Alice, desencosta da porta do elevador! -"Porquê?" Só a Isabel faz diferente: Isabel, desce daí:
    "-NÃO!"
    Bj

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  5. Looooolaaaaaaaaaa!!!! Só podia ser você: confirmou minha impressão de que a Elaine, do Seinfeld, se referia à Meryl Streep naquele filme que ela está de cabelos pretos, quando diz num episódio: MAY BE THE DINGO TOOK YOUR BABY! hahahahahah, ai que alívio, desde que ouvi a Elaine dizendo isso queria confirmar se vinha daquele filme. Que aliás eu nunca assisti.
    (ok, ninguém entendeu lhufas, né?)

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  6. Aliás, sobre direita e esquerda: fui fazer o teste de direção pra tirar carteira e o instrutor me mandou fazer conversão à direita. Eu virei à esquerda, que diga-se de passagem, era algo mais complicado. Ele disse - aqui é esquerda e eu - oooops. Mas sabe que fiz direitinho e ele me deixou passar?

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  7. Meu senso de direção é nulo, portanto, eu também não serviria pra isso. Aliás, pedir informação sobre localização para mim é roubada, mesmo sabendo onde é eu informo errado e só percebo muito depois que falei besteira.

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  8. Lola...que filme e esse?Parecido com esse em termos de ruindade...foi um que eu vi decadas atrás...sobre um Computador que fica independente e começa a aterrorizar a vida da mulher do seu criador.,."prometeus"..algo assim.Ainda bem que isso é pura ficção(ruim),de ficção sobre maem quinas ainda acho que "terminator"...está mais próximo da realidade.Tem robos para tudo hj em dia.

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  9. Lola, voce eh D+.
    adoro e acho lindo o Billy Bob Thornton....Angelina sabe das coisas....
    eu tbm nao seria aceita, nao uso celular, apesar de ficar chapada no computador todo tempo que faço disponivel.....

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  10. Ana, mas esse negócio de esquerda e direita é muito complicado mesmo. Porque a esquerda de um é a direita de outro. Politicamente é bem mais fácil...


    Danda, adorei o “muito bem, Flipper”. Vou usar. É, nesse quesito de sacar o porquê do nome do blog acho que vc foi a última mesmo. Até eu saquei antes!

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  11. Hi hi hi, Andréia. Mas nem vem que, depois do que vc contou do Henrique e do “Vc merece tudo isso e muito mais, mãe”, o meu preferido é o Rique!


    Tina, o “the dingo took my baby” foi muito popular nos anos 80. O filme, A Cry in the Dark, não era muito bom, e ela até foi criticada pelo sotaque australiano. Mas acho que a fala virou clássica, porque, tipo, que diabos é um dingo?! Então acho que virou uma pérola nonsense pra dar uma explicação esdruxúla (é com dois x?) pra um problema sem gravidade. Sei lá, tô chutando. Só sei que gosto da frase! Vc lembra de como a Elaine usou a frase em Seinfeld?
    Ah, algum dia eu escrevo um post contando sobre o meu teste pra carta de motorista!

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  12. Ashen Lady, eu também acho de uma inutilidade tremenda pedir informações pra mim, mas todo mundo pede! Em qualquer cidade do mundo vem gente perguntar onde fica tal rua pra mim. Só na viagem a Argentina agora foram três casos. Eu não devo ter cara de perdida.


    Lucia, o filme Controle Absoluto nem é ruim. Acho que gostei. Mas sabe como é, já faz dez dias, não tem a menor chance de eu ainda lembrar dele. Coincidência vc falar de robôs: ontem na volta de ônibus de Floripa pra Joinville passou “Eu, Robô”. Eu dormi.


    Fátima, que bom que vc achou essa crônica divertida. Eu ria enquanto a escrevia, sabe? Mas na transcrição não ficou tão engraçada quanto eu queria. Enfim... Ah, vc tem um monte de blogs e orkuts na internet. Seria bem fácil pra um sistema te monitorar. Já monitorar o maridão é outra história...

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  13. Meu Deus, a Ciça, aos dois anos de vez em quando encasqueta com os 'por quês' eu tenho vontade de chorar rsrsrsrs

    Eu também nunca assistí o filme do 'Dingo', mas a citação é impagável!!!

    Aliás, assisti Mamma Mia ontem, e saí do cinema cantando e pulando ;)

    Beijos

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  14. Chris, parece que toda criança que se preza passa pela fase dos por quês, né? Acho isso saudável. Às vezes eu mesma engato uma sessão com o maridão. Sobre o dingo, eu só vi o filme uma vez, e pelo que me lembro era sobre uma mulher religiosa na Austrália. Ela foi acampar no mato ou algo assim, e o bebê dela sumiu. Então ela gritava “The dingo took my baby!”, mas foi acusada de ela própria ter dado cabo no bebê. Acho que metade do filme é no tribunal. E era com a Meryl, estrela de Mamma Mia. Como o mundo é pequeno! Aliás, puxa, Chris, esse é o quê?, o terceiro filme que vc vê no cinema este ano?! Não tá tão mal!

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  15. Só uma critica ao seu comentário:
    - Os seus E-mails podem ser lidos pelo governo dos EUA Sim;
    - Suas ligações tambem podem ser houvidas por eles;
    - E sim existe uma central de informações que filtra ligações do mundo todo atraves de palavras chaves ditas durante a mesma, se você falar sobre explodir algo por exemplo. Sua ligação podera ser monitorada a partir desse momento e você nem sonhar que está sendo.

    Os maiores furos do filme são eles poderem ver através da camera do celular e houvir com o aparelho desligado.

    Pode ter certeza disso, pois é o papo de bastante gente lá, inclusive dito por peesoal que já teve no iraque e afeganistão.
    Fico de fora mas trabalho pertinho da area, fiz cursos com a Blackwater e represento uma empresa americana de equipamentos tacticos aqui.

    André Pedroso

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