RESULTADO DA ENQUETE

Oitenta bravas pessoas não tiveram medo de ofender o Spielberg e escolheram seu pior filme. Foi uma votação disputada, vamos confessar. Começando pelos sem-voto (ou porque ninguém acha os filmes tão ruins ou porque ninguém os viu), 1941 – Uma Guerra Muito Louca (1979) e Além da Eternidade (Always, 1989) não revoltaram ninguém. Pessoalmente, nunca vi 1941 inteiro, só pedaços, e acho Always completamente inofensivo, apesar do nome de marca de absorvente. Peço até desculpas por ter incluído na enquete uma comédia tão deliciosa quanto Prenda-me se For Capaz (2002). É que ela não é maravilhosa o suficiente pra fazer companhia aos melhores Spielbergs da enquete anterior, mas é uma gracinha. Ela tá aqui agora (mais um texto perdido que reapareceu). E ainda assim, uma alma malvada votou contra o filme. Mais um voto solitário foi pra “outro”, mas como a pessoa não se manifestou, não sei qual filme do Spielberg pode ser pior que os desta lista. Os dois votos contra Louca Escapada (Sugarland Express, 1974) também me surpreenderam um pouco. Não que eu me lembre de alguma coisa sobre o filme, fora a presença da Goldie Hawn.

Ficaram com 5 votos (6%) cada O Mundo Perdido – Jurassic Park 2 (1997), Terminal (2004) e Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (2008). Acho um tanto injusto pros dois últimos, que não são ruins de jeito nenhum (críticas aqui e aqui). Já Jurassic Park 2 não tem salvação, merece todos os votos, e até estranho que não tenha recebido mais.

Em seguida, com 8 votos, ou 10%, vem Amistad (1997), daonde podemos ao menos concluir que 1997 foi o pior ano da carreira do diretor (Amistad e Jurassic Park 2 ao mesmo tempo? Antes ele tivesse tirado um ano sabático!). Tenho um relacionamento de amor e ódio com Amistad. Quer dizer, odeio o filme com todas as minhas forças, mas fiquei tão, mas tão revoltada com ele na época que isso me levou a escrever uma crítica. Foi a primeira que enviei pra Notícia. O jornal publicou meu texto detonador junto com uma crítica altamente elogiosa do Estadão, lado a lado, pra que o leitor pudesse decidir entre a opinião de uma completa desconhecida e a de um crítico famoso. Dez anos depois (o filme só chegou ao Brasil em 98), nem preciso dizer quem tinha razão. Infelizmente perdi tudo que tinha no computador antes de 2000, mas na minha casa em Joinville tenho a página do jornal. Algum dia eu tiro uma foto e vocês podem lê-la. Em linhas gerais, eu digo que Amistad é tão horrendo que é até embaraçoso. Até na capa do dvd vem escrito “Absolutamente inesquecível”, o que não é nenhuma mentira.

Com 10 votos, ou 12%, chega a vez de AI – Inteligência Artificial (2001). Eu não colocaria esta ficção científica entre os piores porque a primeira parte é triste e me fez chorar baldes. Só os dois terços restantes que ficam terríveis e vão piorando até não dar mais. Escrevi sobre AI na ocasião. Será que falei tão mal assim?

Sobre Hook – A Volta do Capitão Gancho (1991), que recebeu 12 votos, ou 15%, eu nunca redigi uma crítica. Mas sei que coloquei essa bomba na minha lista dos piores filmes da década de 90. Eu só vi o filme uma vez e já foi um sofrimento extremo. Só lembro que torci pra todo mundo – Robin Williams, Dustin Hoffman, Julia Roberts – acabar na barriga do crocodilo, que já estaria bastante cheia depois de engolir o diretor. Mas aí fiquei com pena do crocodilo.

16% dos leitores optou por “Nenhum – até filme ruim do Spielberg é lucro”. Bando de puxa-sacos spielberguianos! Fala isso pro crocodilo! Qual o lucro de um Jurassic Park 2, gente?

O grande vencedor da enquete pra pior filme foi Guerra dos Mundos, que recebeu 22% dos votos. Não concordo. Deve ser apenas porque tá fresquinho na cabeça de vocês. Guerra é fraquinho (leia a crítica), mas perto de Amistad, Hook e JP2, é praticamente uma obra-prima. Quer dizer... Tá, não é. Em nenhum contexto dá pra chamar Guerra de obra-prima, nisso concordamos. Mas e um Tom Cruise bonitão - não vale nada? Se o Spielberg tivesse colocado o Tom ao invés do crocodilo ou do dinossauro, talvez eu estaria aqui agora, defendendo Hook e JP2.

Nova enquete, começando já: quem é o maior diretor americano vivo? Difícil pacas, eu sei. E ainda por cima devo ter esquecido de muita gente, então me lembrem nos comentários. E antes que alguém reclame, eu não teria incluído o Peter Jackson nem que ele fosse texano e não neozelandês.