Semana passada vi o documentário The Times of Harvey Milk, de 1984. Eu também nunca tinha ouvido falar no cara, mas a história real é a seguinte: em meados da década de 70, esse comerciante abertamente homossexual conseguiu ser eleito supervisor do bairro mais gay de São Francisco, o Castro. Havia um prefeito geral e uns cinco supervisores, cada um pra um distrito. Hoje deve ser banal, mas Milk foi o primeiro supervisor gay, e aparentemente o primeiro homem assumidamente gay a ser eleito pra qualquer cargo público no mundo. Um supervisor de outro distrito era um tal de Dan White, um ex-bombeiro, ex-policial, e jovem homem de família, católico devoto, que achava que São Francisco estava se deteriorando. White havia renunciado ao seu posto devido ao baixo salário, mas queria voltar, o que o prefeito recusou. Um dia, White entrou pela janela da prefeitura, discutiu com o prefeito (também hetero), e o matou com cinco tiros. Foi à sala de Milk e o matou com o mesmo número de tiros. Em seguida se entregou à polícia.
Embora a Califórnia adote a pena de morte, White não foi executado. Um júri todo branco e hetero, a maior parte do mesmo distrito de White, acatou a defesa que ele estava deprimido e estressado, inclusive por ingestão exagerada de açúcar (o que ficou conhecido como Twinkie Defense – Twinkie é uma barrinha de chocolate). Além disso, apesar de White ter entrado pela janela da prefeitura pra evitar o detetor de metais e de estar carregando balas extras pro revólver (ninguém fala do fato d'ele andar armado, porque é a América - todo mundo faz isso), o júri não viu premeditação no crime. White foi condenado a menos de oito anos de prisão. A comunidade gay, que havia feito uma vigília pacífica pra marcar a morte de Milk, revoltou-se e entrou em confronto com a polícia. White deixou a cadeia após cinco anos de pena. Suicidou-se pouco depois, em 85.
Acredita-se que, se White tivesse matado apenas o prefeito de São Francisco, ele teria recebido uma sentença mais dura, talvez até a pena capital. O assassinato de Milk serviu como atenuante! A gente quer crer que uma loucura dessas não aconteceria agora, três décadas depois. Mas é bom que Hollywood faça um filme pra nos informar sobre essas atrocidades.
Oi, Lola;
ResponderExcluirVou abrir os trabalhos :o) A gente vê isso sempre acontecendo, em qualquer lugar, em diferentes situações, em momentos diversos. Como o preconceito e o racismo das pessoas impedem julgamentos justos - sobre qualquer coisa.
Me lembro que uma vez escrevi sobre duas situações que vivi num shopping abaixo de uma torre de escritórios onde eu trabalhava. Uma moça branca, bem cuidada, empurrando um carrinho de bebê ultra modernoso deixou a bolsa de brinquedos do guri abrir e cair tudo no chão. Seis pessoas se prontificaram a recolher tudo.
Dias depois, uma moça muito simples, completamente deslocada no meio daquelas vitrines tão caras, derrubou tudo o que tinha na bolsa que levava com as coisas do seu bebê, ainda no colo - o zíper estava quebrado: fraldas, cueiro, mamadeira, um brinquedo. Ninguém ajudou. Quando mais ela se contorcia mais caíam coisas. Eu e minha chefe estávamos nos levantando do restaurante onde almoçávamos para ajudar quando um segurança recolheu as coisas da moça.
Ser gay, pobre, negro, deficiente físico ou mental torna as pessoas, incrivelmente, invisíveis e sem valor. Infelizmente é assim.
E continue a escrever coisas que não sobre cinema. O blog é seu e você escreve porque gosta, não?
Bjs
:D Com mais destaque para o cinema claro, não pode esquecer as origens hahahaha...
ResponderExcluirBom o Gus Van Sant, foi excelente em Elefante e Paranoid Park.
Last Days é insuportavelmente chato e ruim, paguei 3 diarias de multa pq todo dia que tentava ver eu dormia. Psycho eu não acho que foi necessario... e bleh
Eh isso, Su! O jeito que a gente eh (pobre, rico, homem, mulher, branco, negro, hetero, gay etc etc) afeta totalmente como as pessoas nos tratam, e como vemos o mundo. Por isso que eh muito negativo que a esmagadora maioria dos criticos e comentaristas culturais seja homem, branco, hetero, classe media. Claro que ha muitas divergencias entre esse grupo, mas ainda assim sera uma visao de mundo totalmente diferente da de uma negra lesbica, por exemplo. Todo mundo sai perdendo com o "mainstream" (o padrao), que uma feminista muito bem apelidou de "malestream".
ResponderExcluirParanoid Park ta passando num so cinema daqui, e nao to muito animada a ve-lo. Vi o trailer e achei meio Kids demais... Nada a ver? Last Days eu nao vi. Elephant eh interessante. Psycho eh realmente inutil... a menos que a gente considere as dezenas de teses academicas usando esse filme pra falar de simulacros, copias e clones... Sabe um filme que ta comecando a receber muita atencao dos intelectuais? Southland Tales! Aquela ficcao cientifica do ano passado com o The Rock, que fez menos de 300 mil dolares nas bilheterias americanas. Vi uma palestra semana retrasada em que um professor elevou o filme as alturas. Ate ia tomar coragem e pega-lo em DVD, ate que o professor mostrou um videoclip do filme. Ai eu desisti! Tese academica sobre o Justin Timberlake nao eh pra mim...
ResponderExcluirAcho que nada mto a ver, Paranoid Park é um drama bem na dele, mto bom. Kids é meio que apela para tudo que "baixaria" e tal, e eu achei meio idiota, pior que ele é Ken Park que filme deprimente. Tbm desse tipo achei legal Bully e achei excelente Mean Creek (se puder assista lolinha se é que já não viu).
ResponderExcluirQuanto a Southland Tales estou naquela de baixo ou não baixo o filme, do jeito que anda não duvidaria de eu esperar e o filme acabar indo direto para as locadoras, queria ver no cine, afinal de contas o Richard Kelly ganhou a confiança com o filme do coelhão Donnie Darko, owww maravilha hahaha. E que trilha sonora :D.
Então fica aqui meu pedido, assiste Lolinhaaa do coração hahaha e comenta oq achou.
Donnie Darko tá na minha listinha do netflix faz meses! Mas agora que vc insistiu, vou pegar logo. Bully eu também tinha posto na lista! Mean Creek, Mean Creek... O nome soa familiar, mas não lembro...(desculpe não ter respondido antes, não vi!).
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