Uma Thurman, Rachel Evan Wood
Interessante, prende a atenção. Mas falha, fica repetitivo, e é muito moralista.
Odeio quando ficam repetindo a mesma cena. Quando uma novela passa o replay de uma cena no mesmo capítulo, é enrolação. Num filme, acho que é subestimar a inteligência do público. Um jeito de dizer: “Você não tava prestando atenção? Então toma”.
Aqui acho que é pra criar clima. Não funciona.
Duas amigas bem diferentes. Uma religiosa, a outra mais saidinha.
Hollywood tem duas opções pras moças saidinhas: se endireitar e ter uma família, ou morrer.
Em Beleza Americana o protagonista via sua vida inteira em flashes, segundos antes de morrer. Aqui é parecido. Só que ficamos discutindo se dá pra imaginar uma vida nesses momentos.
Quando ela diz “Você não é meu marido”, e fecha a porta, tem-se um instante desta realidade alternativa.
Mas o filme sofre por achar que somos burros. Na cena em que a Uma foi atropelada e vai parar num hospital, lá está ela numa maca, dentro de um elevador. Como o flashback que vemos refere-se a um aborto que ela fez quando jovem, Uma imagina um monte de sangue vindo dela. Daí ela vê melhor e constata que não há sangue algum. Essa “reiteração” é mesmo necessária? Eu entendi que ela tava imaginando!
O tema mais interessante é se uma filha rebelde ficará igual a sua mãe quando tiver os seus próprios filhos pra criar (discussão de Clube dos Cinco). Mas não é bem desenvolvido, já que há pouquíssimas cenas entre Rachel e sua mãe. Só uma, quando ela vai parar na delegacia, e sua mãe lhe diz: “Você tem dois segundos pra tirar esse sorrisinho do rosto”. Depois Uma diz isso pra sua filha.
A filhinha é rebelde, mas não está relacionado à sexualidade, então fica vago.
Pussy – covarde. Cuidado com as palavras. Elas foram feitas pra refletir uma ordem social. Se a gente deseja subverter essa ordem, deve começar a mudar o vocabulário.
Numa cena, Rachel briga com sua melhor amiga. A amiga diz que, se ela se sente mal quando alguém a chama de “slut”, vadia, vagabunda, ela deveria deixar de agir como uma. Isso é impressionante porque nessas horas a gente vê como age o preconceito, e como todos os preconceitos são parecidos. É querer culpar a vítima. Não é o cretino que chama uma moça que transa que precisa mudar, é a moça. Assim como não é o homofóbico que está errado, é o homossexual. Se o gay quiser parar de ser atormentado por um homofóbico, é muito simples: só tem que deixar de ser gay, ué. O mesmo com gordas que são azucrinadas nas ruas por não estarem dentro de um padrão de beleza, ou por não caberem nos minúsculos assentos de avião. Emagreçam! Porque o sistema não vai mudar. Vocês é que devem se ajustar ao status-quo.
O filme valida o argumento da amiga, ao mostrar que o namorado não dá a mínima pra Rachel. E Rachel se importa com isso. Pelo seu olhar machucado, vemos que ela se sentiu usada. Isso é o que a direita cristã prega: que moças que “aceitam” transar (porque não há a menor chance de uma mulher ter desejo e querer transar) antes do casamento estão sendo usadas pelos carinhas. Pra concordar com essa idéia de uso, só achando que mulher é mesmo objeto, sem autonomia, sem consciência. Por essa ótica, eu fui bastante usada na minha juventude. Alguma chance que a mulher esteja usando o homem pra ter prazer? Ou que ambos estejam felizes e de comum acordo e, portanto, ninguém está usando ninguém? Essa terminologia raramente é empregada no casamento. Mulher se casa e pára de ser usada.
Garoto que brinca de matar coleguinhas e professores na escola. Existe algum outro país no mundo em que isso aconteça tanto quanto aqui? Por quê? Foi o que Michael Moore tentou pesquisar em Tiros em Columbine. Acho que tem a ver com o acesso fácil às armas, mas é mais que isso. É um fascínio pelas armas. É aprender a atirar desde pequeniniho, se você for homem e quiser ter laços fortes com o papai. É uma cultura individualista e competitiva, que separa pessoas em duas categorias antagônicas, losers e winners. É a hierarquia das castas nas escolas. O bullying violento. É ter tantas guerras que a violência perde o sentido. E é também ser um povo passivo, que se conforma, que não reclama.
Podia ser um Sexto Sentido sem o suspense. Bom, talvez não.
Se é pra matar aula, mate aula fora da escola.
Escolha de Sofia no banheiro. Culpa.
Interessante, prende a atenção. Mas falha, fica repetitivo, e é muito moralista.
Odeio quando ficam repetindo a mesma cena. Quando uma novela passa o replay de uma cena no mesmo capítulo, é enrolação. Num filme, acho que é subestimar a inteligência do público. Um jeito de dizer: “Você não tava prestando atenção? Então toma”.
Aqui acho que é pra criar clima. Não funciona.
Duas amigas bem diferentes. Uma religiosa, a outra mais saidinha.
Hollywood tem duas opções pras moças saidinhas: se endireitar e ter uma família, ou morrer.
Em Beleza Americana o protagonista via sua vida inteira em flashes, segundos antes de morrer. Aqui é parecido. Só que ficamos discutindo se dá pra imaginar uma vida nesses momentos.
Quando ela diz “Você não é meu marido”, e fecha a porta, tem-se um instante desta realidade alternativa.
Mas o filme sofre por achar que somos burros. Na cena em que a Uma foi atropelada e vai parar num hospital, lá está ela numa maca, dentro de um elevador. Como o flashback que vemos refere-se a um aborto que ela fez quando jovem, Uma imagina um monte de sangue vindo dela. Daí ela vê melhor e constata que não há sangue algum. Essa “reiteração” é mesmo necessária? Eu entendi que ela tava imaginando!
O tema mais interessante é se uma filha rebelde ficará igual a sua mãe quando tiver os seus próprios filhos pra criar (discussão de Clube dos Cinco). Mas não é bem desenvolvido, já que há pouquíssimas cenas entre Rachel e sua mãe. Só uma, quando ela vai parar na delegacia, e sua mãe lhe diz: “Você tem dois segundos pra tirar esse sorrisinho do rosto”. Depois Uma diz isso pra sua filha.
A filhinha é rebelde, mas não está relacionado à sexualidade, então fica vago.
Pussy – covarde. Cuidado com as palavras. Elas foram feitas pra refletir uma ordem social. Se a gente deseja subverter essa ordem, deve começar a mudar o vocabulário.
Numa cena, Rachel briga com sua melhor amiga. A amiga diz que, se ela se sente mal quando alguém a chama de “slut”, vadia, vagabunda, ela deveria deixar de agir como uma. Isso é impressionante porque nessas horas a gente vê como age o preconceito, e como todos os preconceitos são parecidos. É querer culpar a vítima. Não é o cretino que chama uma moça que transa que precisa mudar, é a moça. Assim como não é o homofóbico que está errado, é o homossexual. Se o gay quiser parar de ser atormentado por um homofóbico, é muito simples: só tem que deixar de ser gay, ué. O mesmo com gordas que são azucrinadas nas ruas por não estarem dentro de um padrão de beleza, ou por não caberem nos minúsculos assentos de avião. Emagreçam! Porque o sistema não vai mudar. Vocês é que devem se ajustar ao status-quo.
O filme valida o argumento da amiga, ao mostrar que o namorado não dá a mínima pra Rachel. E Rachel se importa com isso. Pelo seu olhar machucado, vemos que ela se sentiu usada. Isso é o que a direita cristã prega: que moças que “aceitam” transar (porque não há a menor chance de uma mulher ter desejo e querer transar) antes do casamento estão sendo usadas pelos carinhas. Pra concordar com essa idéia de uso, só achando que mulher é mesmo objeto, sem autonomia, sem consciência. Por essa ótica, eu fui bastante usada na minha juventude. Alguma chance que a mulher esteja usando o homem pra ter prazer? Ou que ambos estejam felizes e de comum acordo e, portanto, ninguém está usando ninguém? Essa terminologia raramente é empregada no casamento. Mulher se casa e pára de ser usada.
Garoto que brinca de matar coleguinhas e professores na escola. Existe algum outro país no mundo em que isso aconteça tanto quanto aqui? Por quê? Foi o que Michael Moore tentou pesquisar em Tiros em Columbine. Acho que tem a ver com o acesso fácil às armas, mas é mais que isso. É um fascínio pelas armas. É aprender a atirar desde pequeniniho, se você for homem e quiser ter laços fortes com o papai. É uma cultura individualista e competitiva, que separa pessoas em duas categorias antagônicas, losers e winners. É a hierarquia das castas nas escolas. O bullying violento. É ter tantas guerras que a violência perde o sentido. E é também ser um povo passivo, que se conforma, que não reclama.
Podia ser um Sexto Sentido sem o suspense. Bom, talvez não.
Se é pra matar aula, mate aula fora da escola.
Escolha de Sofia no banheiro. Culpa.
eu gostei desse filme, fiquei intrigada com essa "pregação moralista" também, mas acabei gostando. Também pesou o fato de eu ser apaixonada pela Evan Rachel Wood. No final, achei que podia ter menos flashback e mais tempo de interação na escola, na vida real.
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