Ô coisa chata que foi essa entrega do Oscar! Tudo bem que a cerimônia foi curta, mas foi tudo previsível, sem surpresas, sem atropelos, e quase sem polêmicas. O único ponto mais ou menos sensível foi o discurso de abertura do Chris Rock, que criticou o Bush e referiu-se a “Fahrenheit 11 de Setembro”, dizendo algo como: “imagina que você tá se candidatando a uma vaga de emprego e todos os cinemas do país exibem um filme atestando que você é péssimo pro trabalho. Foi isso que aconteceu com o Bush”. Fim da polêmica. É sério. Em quase três horas de transmissão, só essa fala foi ligeiramente audaz.
Parecia que “Aviador” ia levar tudo, já estava com quatro estatuetas mais técnicas e mais a de melhor coadjuvante pra Cate Blanchett, quando Clint Eastwood foi coroado com seu segundo Oscar de direção. Tudo bem, a disputa tava entre ele e o Martin Scorcese, mas acho que havia um leve favoritismo pro Martin porque, afinal, ele nunca havia vencido (e continuou de mãos abanando). E aí veio a única surpresa da noite: estatueta de melhor filme pra “Menina de Ouro”. As bolsas de apostas davam 80% de chance pra “Aviador”. Mas até chegar nesse ponto era quase duas da matina e todos os espectadores entediados já tinham ido dormir.
Que aqueles números musicais são de lascar ninguém duvida. Mas o que dizer de uma festa que faz um memorial aos artistas mortos do ano passado e não consegue comover nem ao homenagear o maior ator de todos os tempos, Marlon Brando? Essa foi a tônica de mais esse Oscar: chatice monumental. Tanto que eu critico quem fica vendo a festa e comentando os vestidos das atrizes, porque parece coisa de quem não tem o que fazer. Mas, neste caso, só restou isso mesmo. Julia Roberts, Charlize Theron e Halle Berry estavam lindas, Renée Zellweger magrinha mas horrorosa, e a Hilary Swank, ao receber sua segunda estatueta de melhor atriz, dentuça como sempre. Jamie Foxx chorou no fim do seu agradecimento. Morgan Freeman foi aplaudido de pé. O cinema americano deu seu tapinha nas costas de Hollywood, fingindo ignorar que o espanhol “Mar Adentro” é muito superior. Típico, típico.
Ah, sim.. Oscar 2005, estranhei!
ResponderExcluirVocê não gostou de Mar Adentro, Lola?
Deja-vu?
ResponderExcluirAh, desculpa ser metido, Leonardo, eu não curti Mar Adentro. Nunca vi o porque de tanta festa ao redor do filme. A atuação do Javier é ótima, mas achei o filme muuuito fraco.
Desculpa a confusao, gente. É que estou tentando colocar os textos antigos no blog, pra poder organizar um arquivo legal.
ResponderExcluirEu adorei Mar Adentro! Tenho uma crítica dele. Daqui a pouco coloco aí.
Sua posição não soa metida, Alex.
ResponderExcluirDe minha parte, eu gostei do filme. Ele aborda uma questão polêmica com alguma sensibilidade. A atuação do Javier é fantástica -- como de costume --, a trilha sonora é bem feita, o tema e o desfecho são bem desenvolvidos. Tenho, além de tudo, uma enorme simpatia pela causa.
Quando em sã consciência, deveríamos poder ao menos decidir sobre nossas vidas. A condição de eterno dependente é claustrofóbica, me aterroriza como um pesadelo. Que alegria alguém pode ter nessa condição? Que liberdade? E acima de tudo, que razões o Estado tem para negar a um indivíduo sadio o direito de pôr fim a sua vida?