Já que "Homem-Aranha" está fadado a ocupar três das sete salas de Ville, Ville por no mínimo dois meses, principalmente agora que foi liberado geral para menores de 12 anos, e como gostei tanto do Aranhudo que já o vi duas vezes, fui ao cinema em busca de novas paragens. E o que encontrei? "O Conde de Monte Cristo". Era isso ou o veículo da Britney Spears. Desculpe minha ignorância, mas a Britney é uma das Spice Girls, só que americana? Isso quer dizer que seguirá o destino do grupo – fará um filmeco e desaparecerá para sempre? Mal posso esperar.
Eu disse "novo" ao mencionar o "Conde"? Foi um lapso. Soube que é a adaptação número vinte e lá vai bolinha do romance com o mesmo nome. Se você, como eu, nunca leu o clássico de Alexandre Dumas e confunde este título com "O Corcunda de Notre Dame", a história é a seguinte: olha, esquece, é meio complicada, até o Napoleão entra na jogada. Breve resumo. Dois carinhas surgem numa ilha. São melhores amigos, apaixonados pela mesma mulher. Já viu que algo vai dar errado, né? A seqüência inicial mostra a intrépida dupla derrotando sozinha o exército inglês, ou coisa assim. Quando eles voltam à França – ah é, os atores todos falam inglês com gírias modernas, mas guie-se pelo figurino, que mostra roupas francesas de 1814 –, o Guy Pearce (de "Los Angeles, Cidade Proibida" e "Amnésia" mas, como nem tudo é perfeito, também de "Máquina do Tempo") consegue mandar o Jim Caviezel (que vi por último em "Crimes em Primeiro Grau", com a Ashley) pra cadeia. As cadeias daquela época não eram civilizadas e humanas como as brasileiras de hoje, onde os detentos realmente são reabilitados para a vida em sociedade. Não. Eram depósitos em masmorras, onde o prisioneiro permanecia numa solitária e só tinha contato com gente pra ser chicoteado. Mas, pelo menos, ficava num castelo. O Jim está lá, desesperado na sua cela, até conhecer um velhinho que lhe ensinará tudo em troca de ajuda pra cavar um túnel. Esta é, disparada, a melhor parte de "Corcunda", quero dizer, "Conde". Aí vem a minha primeira dúvida. Se o Jim só aprende a lutar na prisão, como que ele e o amiguinho ganham de um monte de soldados no começo? Não importa: herói, quando é bom, é bom até retroativamente. No cárcere, o Jim cava, come uma refeição por dia e pega uns ratinhos como reforço alimentar. Chega um dia em que ele dispensa sua gororoba, é jogado de um penhasco, afoga um vilão, nada um oceano, alcança uma ilha e tem de guerrear contra o mais temido lutador com facas da região, a quem vence com um pé nas costas. Moral da história: carne de rato faz bem pra saúde.
Fim da seção legal de "Conde" e início da parte muito, muito estúpida. Incrivelmente estúpida. O Jim vira conde e, dezesseis anos depois de ter sido condenado, volta para se vingar dos desafetos. Ele está igualzinho, só que de barba; o Guy tá igualzinho, a mulher disputada tá igualzinha, mas ninguém reconhece o Jim. No ato, falei pro maridão: "Amor, eu te reconheceria se você aparecesse 16 anos depois, mesmo que estivesse de barba e rico". Ele discordou da minha desconfiança, achou que o Jim tava a cara do Luciano Zafir, e arrematou: "Eu não te reconheceria de barba 16 anos depois. Esbanjando dinheiro, então, nunca!" Não entendi se o verme rastejante quis me chamar de pão-dura.
"Conde" tá cheio de mensagens edificantes como a vingança não compensa, dinheiro não traz felicidade, e o Senhor é meu pastor e nada me faltará, ainda mais após desenterrar um tesouro. Tente ignorar o Guy, que tá canastrão até a medula, ou a ilustre desconhecida que atua (modo de dizer) como o pivô da briga, ou o filho dela, que mais parece seu irmão mais velho. Concentre-se nas paisagens deslumbrantes, tipo castelo de "Caras". Tem balão e tudo. No mais, "Corcunda" é um mero capinha-e-espadinha. Mas é baseado em obra do Dumas, que anda na moda. O que mais gosto do autor de "Os Três Mosqueteiros" e "O Homem da Máscara de Ferro" é pronunciar seu nome. Dumá. Até me iludo que sei francês.
Nossa, acabei de ler seu comentário quase 11 anos depois do filme. Você já deve ter ido ao cinema com uma opinião formada, conde não tem absolutamente nada a ver com concunda, se era pra ser ridícula, pode ter certeza, você conseguiu! Bem se vê que você não entende nada de cultura e muito menos de cinema, da próxima vez, limite-se a sua mediocridade antes de tecer um comentário tão ridículo e sem conteúdo algum. Sinceramente, naquela época, vc deveria ter ido ver a Britnei tem mais a ver com você.
ResponderExcluirVi o filme e gostei muito. Ao ler a sua crítica resolvi fazer um comentário, ou melhor uma observação relacionada a sua "dúvida": o Dantes realmente só aprende a lutar DE VERDADE na prisão, mas no início do filme fica claro sua ingenuidade e sua falta de habilidade com a luta, ao contrario de seu "amigo". Se você prestou atenção nos detalhes, então se lembrará do momento em que o Mondego diz a ele: "Bom, você finalmente acertou". Enfim, no início ele não lutava bem, mas na prisão ele pôde desenvolver essa habilidade, assim como várias outras.
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