segunda-feira, 26 de novembro de 2001

CRÍTICA: LARA CROFT TOMB RAIDER / Ih, não deu tilt

Garotas peitudas e armas potentes. Este é o estereótipo do paraíso para um menino espinhudo de doze anos. Precisavam fazer um filme em cima disso? Fizeram "Lara Croft: Tomb Raider" (quando o título é comprido assim, a gente desconfia que falta estofo no meio). E, mais importante que isso, eu precisava assistir ao filme? Ah, precisava. E antes de desandar a malhar a produção, vou logo avisando que ela é bem menos pior do que eu esperava.
Quer dizer, o que eu podia esperar de um video game? Parece que a Lara é um símbolo sexual virtual dos nerds mirins. Ela desfila de camisa justa e shortinho, carregando pilhas de pistolas e munição que, por milagre, não lhe causam problemas de coluna. Ela é rica e mora numa casa com 83 quartos (pra que alguém precisa de uma casa tão grande? É pra posar pra "Caras"?). Entediada, ela sai por aí explodindo coisas, enquanto solta gritinhos orgásticos. Isso é o que eu ouvi falar. Nunca joguei tal game. Sou do tempo de flipperama com pinball, de Pacman fever, dos primórdios do Atari. Meu preferido era um cartucho chamado Frogger, onde um sapinho tentava atravessar um rio. O que eu quero saber é: quando vão adaptar Frogger pro cinema?
Todo mundo compreende que "Bomb Raider" estaria atraindo tanta atenção quanto, sei lá, "Super Mario Bros.", se não fosse a Angelina Jolie. A moça é uma estrela. Os publicistas de plantão aproveitam tudo, desde seu casamento kamasutriano com o Billy Bob Thornton até o fato de ela contracenar, por frações de segundos, com seu pai na vida real, o Jon Voight (ahn... de "Anaconda"). A Angelina não possui segredos. A gente conhece os mínimos detalhes da sua vida pessoal. Algum dia você vai ver um personagem totalmente gerado por computador interpretar a Angelina. Tomara que alguém note a diferença.
Mais ainda do que tagarelar sobre a Angelina, o pessoal está se concentrando em certas partes do corpo dela. Não é meu assunto favorito, mas vamos lá. Algumas explicações sobre seios. Desculpe chocar, mas eles são feitos de gordura. Logo, as chances de uma mulher que é puro osso ter seios do tamanho de melões são mínimas. A Angelina tem belos ossos, ninguém pode negar, mas seus peitões em "Tumba" não são dela. Quanto aos lábios, eles estão um pouco exagerados. De perfil, a Angelina tá começando a se confundir com o Alien. Eu, quando choro, também fico com os lábios dessa magnitude, mas, por algum mistério, nesse momento não sou considerada padrão de beleza.
Certo, certo, você já notou que eu devo estar roxa com bolinhas rosas de inveja da Angelina. Também, em "Bomb Ryder", ela é a única mulher do universo. Perguntei pro maridão se ele ficaria excitado se eu me vestisse com o tema de Lara, sabe, top e short preto, e não paramos de rir até agora. No fundo, eu guardo algumas semelhanças físicas com a Angelina. Por exemplo, minha altura: eu devo ser da estatura das pernas dela. E acho que minhas pernas sozinhas pesam mais que a Angelina inteira (bom, tenho dúvidas: quantos quilos há no colágeno que ela aplica nos lábios?).
Voltando à "Tomba", existem vantagens em se adaptar um game para as telas. Uma delas é que isto poupa os atores. Pensa só, quando os filmes eram baseados num clássico da literatura, a gente sempre escutava o astro dizer, em tom de sacrifício, que, para se preparar para o papel, ele teve que ler o livro todo. Hoje, não. Hoje a Angelina só lamenta ter arranhado o joelho durante as filmagens.
A atriz faz várias acrobacias, e nessas horas me lembrou a andróide letal de "Blade Runner". "Caçadores da Arca Perdida" também veio à mente; 007 não. Mas a imagem recorrente na minha cabeça foi mesmo o olhar maníaco do recruta retardado em "Nascido para Matar". Ela tá idêntica.
Quem não gosta do filme reclama que ele não é interativo como o game. O que você queria, que a Angelina saísse da tela e se materializasse na sua frente? Opa, não responda. Foi mal. "Bumba Meu Boi" não é pra adultos. É pra meninos púberes, que agora têm mais motivos pra se engajar em suas atividades solitárias.

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