segunda-feira, 29 de novembro de 2004

CRÍTICA: BRIDGET JONES NO LIMITE DA RAZÃO / A Brígida ataca novamente

Meus três leitores mais fieis sabem que adorei "O Diário de Bridget Jones" e que escrevi uma resenha altamente positiva sobre a comédia uns três anos atrás. Gostei do humor britânico, da personagem criada pela Helen Fielding, até do fato da Bridget ter uns quilinhos a mais. Aí um leitor me abriu os olhos. Ele disse que, independente da forma física da Bridget, ela era uma chata, fútil e ignorante que só ela. E não é que o sujeito tava certo? Essas qualidades da moça podem ser vistas muito mais claramente nesta seqüência horripilante, "Bridget Jones – No Limite da Razão". Desta vez a Bri tá namorando aquele pedaço de mau caminho, o Colin Firth, que já anunciou que não participará da terceira parte da franquia nem que a vaca tussa, a menos que o dinheiro fale mais alto. Ele e a Bri formam um casal bem morninho. Após várias brigas, eles terminam, a Bri vai com o Hugh Grant trabalhar na Tailândia, e lá ocorre o momento mais moralista da película. Vejamos: você é adulta e livre, já rompeu com seu chamego há semanas, e um cara sexy como o Hugh, com quem você teve transas ótimas no primeiro filme, deseja repetir a dose. O que você faz? Diz que tá se guardando pro seu ex?! Não faz o menor sentido. A Bri merece mesmo ser presa depois disso. Então ela vai parar numa prisão tailandesa, não exatamente pelos motivos supracitados, e lá a gente vê que imperialismo é tudo igual, só muda a nacionalidade. Inglês, americano, dá na mesma. Não importa que as presidiárias tailandesas tenham problemas de verdade como apanhar e serem exploradas sexualmente pelos parceiros, a gente vai ter que ouvir a Bri se preocupando com seu peso e mostrando que a coisa mais importante na vida é um sutiã bem feito. O arremate desta catástrofe, mais ou menos, acontece quando o Colin tá numa reunião de negócios com líderes peruanos e o pessoal decide que tudo bem interromper tudo pra que os dois pombinhos possam conversar porque, afinal, o relacionamento de dois ingleses é mais fundamental pro andamento da humanidade do que os interesses de um país de terceiro mundo. Imagina se fosse o contrário. Imagina se o casalzinho fosse peruano e a cúpula britânica. De repente não parece tão gracinha, né?
Como desgraça pouca é bobagem, lá pelo final o diretor (agora é um diretor, no primeiro era uma diretora, talvez isso tenha tido alguma influência no resultado) sapeca um beijo lésbico que não tem nada a ver com nada. Na sessão que eu tava o público vibrou com isso, mas a historinha é muito mal contada. As únicas cenas ligeiramente divertidas são as gags visuais, como a Bri esquiando ou pulando de páraquedas. Ah, a Bri é interpretada pela Renée Zellweger, de "Chicago". Gostei dela no primeiro filme, mas aqui, quando ela faz sua careta marca-registrada pela quinta vez (olhinhos fechados, boca de quem comeu limão azedo), eu já tava procurando a saída mais próxima. Também filosofei e concluí que a Renée, com quinze quilos a mais ou a menos, só esteve bonita em "Jerry Maguire". Não é o peso que vai fazer a diferença. Mas, sei lá, talvez eu esteja descontando na pobre atriz o meu desprezo por quem recusa o Hugh.

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