Só pra constar: adorei “O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias”. A história de um menino deixado com o avô durante a ditadura militar resultou num filme belíssimo. O avô morre, os pais fogem da repressão, e quem acaba cuidando do garoto é toda a comunidade judaica do Bom Retiro. Tudo isso em 1970, em pleno clima de “70 milhões em ação, pra frente Brasil, salve a seleção”. Puxa, éramos 70 milhões trinta e poucos anos atrás, agora somos 180... O filme de Cao Hamburger (que fez também “Castelo Rá-tim-bum”) traz imagens nostálgicas pra todo mundo que viveu essa época. Futebol de botão, álbum de figurinhas, guris espiando moças em provadores de roupa... Pra mim, que não tinha nem três anos em 1970, o que me apertou o coraçãozinho mesmo foi ver o risco branco que ficava no meio da TV quando ela era desligada. Lembra? E claro que há várias imagens que não deixam saudade alguma, como as de policiais batendo em manifestantes. Mas, como tudo é visto sob a ótica de uma criança, essas cenas são mais pano de fundo. O maridão até quis saber como se sente um espectador que não sabe do que o filme tá falando, ou seja, que ignora a ditadura militar, Médici, a festa alienada dos tricampeões mundiais... Eu me recuso a considerar que essas pessoas existam. Pô, não conhecer a própria história recente? Tá na hora de “Anos Rebeldes” passar na telinha de novo, então.
Todo mundo em “Ano” tá maravilhoso, principalmente os atores mirins. No final eu chorei copiosamente, só pra variar, mas a verdade é que o filme não é nada sentimentalóide. Comentei com o maridão que, se o Cao quisesse, ele poderia me fazer derramar baldes de lágrimas durante toda a projeção, do começo ao fim, sem parar. O maridão acrescentou: “Maior moleza, aliás”. Mas o Cao não quis. “Ano” causa um tremendo nó na garganta, mas o choro em si só vem na última fala da narração em off. Um filmaço, lindo e importante pra toda uma geração. E, espero, educativo pra quem não sabe que durante 21 anos os milicos não descansaram no Brasil.
Muito legal, Lola
ResponderExcluirvou assistir o ano também....
Um dos melhores filmes que eu já vi - principalmente porque gosto muito de futebol e sou horrorizado pelo que não se fez após a ditadura, ao contrário dos vizinhos sul-americanos.
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