Pouco tempo depois de sair a revista, vem um crítico de cinema de Detroit falar sobre “Mandando Bala”, um documentário que trata do tráfico nas favelas brasileiras, carros blindados e reconstituição de orelhas pós-seqüestro. O crítico cita, ironicamente, o que o artigo da “Vanity Fair” diz (“o mundo só associa o Brasil a coisas boas”) pra concluir que nosso País é “uma nação ferrada”. Nem vem que os Estados Unidos parecem ser uma nação muito mais doente que a nossa, mas isso é tema pra outra coluna.
Na semana seguinte à tal crítica, num episódio dos Simpsons sem nada a ver com a gente,a Maggie vê uma cidade arrasada nos Estados Unidos e grita: “Este é o pior lugar em que já estive na vida”, ao que o Bart rebate: “Pior que o Brasil?”, e ela discorda com um “Fora o Brasil”. Agressão gratuita!
Nos shoppings, um tipo de depilação leva o nosso nome, e uma cirurgia plástica pra levantar o bumbum também se chama “Brazilian” alguma coisa.
Aqui não se associa Brasil a futebol, já que ninguém dá a mínima pra esse esporte, e sim a Carnaval e mulheres bonitas. Na soma, dá a impressão que estamos mal na fita, mas é mais ambíguo que aparenta. Só sei que todos abrem um sorriso quando a gente fala de onde vem.
Pode ser que o meu patriotismo ande em alta por eu estar longe do canto que amo, mas tô inclinada a achar que nos Estados Unidos o pessoal mais associa o Brasil a coisas boas que ao inferno na Terra.
quarta-feira, 17 de outubro de 2007
ANTES BUMBUM QUE CASSETETE DO MUNDO
É tão raro ouvir a palavra “Brasil” por aqui (ou Espanha ou Nigéria ou qualquer outra que não seja Estados Unidos, Iraque e Irã) que, quando isso ocorre, meu coração vai a mil. Vamos fingir que nosso País tá na moda. A revista “Vanity Fair” do mês passado trouxe a Gisele Bündchen na capa com o título “Viva Brazil!!” (pois é, dois pontos de exclamação, pra você ver a importância). Era só um pretexto pra fazer um editorial de moda com 24 páginas de fotos festejando modelos e celebridades tupiniquins (pouquíssimos negros) em clima de festa. Uma das páginas tinha um texto que pode ser considerado ofensivo, dependendo de como é encarado. Por exemplo, menciona que o Rio é a bunda do mundo, mas, pro autor, isso é um elogio! Também diz que a economia brasileira tá bombando, já na marca de um trilhão de dólares, que o Brasil tem tudo, inclusive 20% da água potável do planeta, e que todo mundo ama o Brasil. Gosto do jeito que o cara termina: “O Brasil se olha no espelho toda manhã e adora o que vê. Imagina a confiança que isso dá”.
aqui em londres acho que as pessoas tem, em geral, uma boa imagem do brasil. sabem pouco (assim como eu sabia muito pouco sobre a Turquia, Letonia, Suecia, etc) sobre o país, mas bem mais do que eu esperava.
ResponderExcluiracho que estou como vc estava. sempre detestei esses esteriótipos, mas hoje acho até bom.
Espera chegar a copa e olimpíadas pra ver o que os gringos vão sair falando...
ResponderExcluirNa austrália, um amigo meu (filho de nigeriano e angolana) disse que sabia pouco sobre o Brasil. Pedi pra ele dizer o que ele sabia e ele respondeu: "I know you're good in soccer and you guys have a beautiful country, but I'd never go there because you have giant snakes and probably walk barefooted". A amizade ficou fragilizada, claro. Fiquei chocada. Pensei que ELE com uma rica bagagem cultural fosse menos ignorante ao nosso respeito.
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ResponderExcluir"o Rio é a bunda do mundo" rsrsrs
ResponderExcluirEntão, aqui fede, só sai merda e todo mundo senta em cima?
Tanto brasileiros quanto estrangeiros, em sua maioria, pensam isso mesmo do Brasil. Pelo menos ele foi coerente.
Puxa vida, briguei ontem com meu marido francês com quem estou a cinco anos. Amnha a gente vai finalmente pro Brasil, e sabe o que ele me disse? " tenho que sacar dinheiro antes, pois no Brasil nao deve ser facil de achar um caixa eletronico". Bem...sabendo que eu moro em Sao Paulo, eu fiquei MUITO chateada com esse comentario dele. Ele disse que ninguém ficaria bravo com esse comentario que ele fez, eu que sou muito sensivel... pena ele nao saber falar portugues, senao mostraria esse texto pra ele.
ResponderExcluirTambém foi assim comigo, quando eu fui ao RJ e as pessoas sorriram quando eu disse que era da Bahia. As pessoas pensam que a gente vive num paraíso onde é carnaval 24 horas. Dentro do mesmo país há um desconhecimento e uma perpetuação de estereótipos de uma região para outra, imagine nos EUA em relação a nós.
ResponderExcluirMe orgulharia muito mais se o Brasil fosse visto como pais da tecnologia ou alto IDH, mas fazer o que, o povo prefere se conformar com imagem de bunda. Eh por isso que.o Brasil continua assim. É óbvio que é preferível ser visto como palhaço do que ser visto como assassino, mas se conformar com título de palhaço é idiotice e conformismo. Conformismo é o pior inimigo do Brasil
ResponderExcluirPena que o povo não leva isso a sério.