Eu me lembro da Luana Tolentino dos primórdios deste blog. Ela comentava sempre aqui. Minha mãe sempre falava dela, tinha uma enorme admiração por ela. Foi lindo ver a Luana crescer cada vez mais. Hoje ela é educadora, doutoranda da UFMG, palestrante, referência na luta antirracista, autora dos livros Sobrevivendo ao Racismo e Outra educação é possível: feminismo, antirracismo e inclusão em sala de aula, entre inúmeros atributos.
Tomo a liberdade de reproduzir aqui seu artigo mais recentes na Carta Capital, "Racismo explica a ausência de comissários de bordo negros nas empresas aéreas do Brasil", onde ela declara, citando dados, que ano passado não havia uma única mulher negra trabalhando como pilota no Brasil. No serviço de bordo não melhora muito: há 2,3% de negras que são comissárias (não se diz mais -- faz tempo -- "aeromoças"). Mas sabe onde tem negras? Na limpeza. Pois é, é puro racismo!
Ontem divulguei o artigo no meu Twitter e uma leitora, a Lorrene, recomendou o site Quilombo Aéreo, uma instituição incrível com um grupo de psicólogas, advogadas, mestres e doutoras negras que buscam visibilizar tripulantes negras e negros da aviação civil brasileira.
No site deles descobri que o aeroporto de Fortaleza, Pinto Martins, leva esse nome como homenagem a um aviador pioneiro dos anos 1920, que era negro!
Segue o excelente artigo desta profissional maravilhosa que é a Luana!
Tenho trabalhado e viajado muito. Nos últimos 15 dias, estive em São Paulo, Taubaté, Campinas e Curitiba, participando de eventos em que a educação e o racismo foram temas destacados, o que me deixa muito feliz.
Sem sombra de dúvida, o crescente interesse pelo tema se deve à Lei Federal n.º 10.639/03, que tornou obrigatório o ensino da história e da cultura africana e afro-brasileira, como também à luta de ativistas e pesquisadores negros, que tensionam as escolas e toda a sociedade quanto à importância de se promover o combate à discriminação racial nas instituições de ensino.
Nesses dias em que fazer e desfazer malas têm sido uma atividade corriqueira, passei por vários aeroportos e companhias aéreas. Os primeiros pouco ou nada lembram os que tínhamos antes da Copa do Mundo de 2014. Ficaram enormes e, em alguns casos, as distâncias até os portões de embarque são quilométricas. Já o serviço oferecido pelas companhias aéreas, com raríssimas exceções… meu Deus do céu! É praticamente impossível se mexer nas poltronas de tão apertadas. Viajar nos assentos do meio é um verdadeiro castigo. Sem falar nos preços altos das passagens e na impossibilidade de despachar malas sem pagar uma pequena fortuna. Tudo cansativo e estressante demais.
Mas a visível piora da qualidade dos serviços não é o assunto principal desse texto. Viajando pelas principais empresas aéreas do país e aguardando a escala entre um voo e outro, não vi um único negro ou negra exercendo a função de comissário de bordo. E isso não é coisa da minha cabeça ou “vitimismo”, como gostam de dizer os que negam a persistência do racismo no Brasil. Muito pelo contrário. Minha observação encontra fundamento em pesquisas recentes.
Um estudo realizado pelo Organização Quilombo Aéreo, em parceria com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), aponta que, em 2022, não havia uma única mulher negra trabalhando como pilota no país. O estudo mostrou ainda que, em funções relacionadas aos serviços de bordo, as afro-brasileiras representavam apenas 2,3% do quadro de funcionários efetivos das companhias aéreas.
Em entrevista à EBC, ao ser perguntada sobre as razões dessa baixa representatividade de pessoas negras na aviação civil, Natália Oliveira, professora e pesquisadora da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), foi taxativa ao apontar o racismo como principal responsável pela falta de afrodescendentes nesses espaços:
“O corpo negro incomoda e é rejeitado. Olhando para o cabelo da mulher negra, por exemplo, identificamos profissionais negras que foram barradas em processos seletivos porque estavam com seus cabelos naturais soltos nas entrevistas de emprego. É explícito como essas mulheres não são selecionadas, mesmo tendo um currículo bem qualificado ou até melhor que candidatas brancas.”
Em meio a esse processo de exclusão e discriminação, é explícito também que, nos aeroportos, os corpos negros são empurrados para as funções de limpeza. Um olhar atento nos corredores e nos banheiros permite perceber que é lá que as mulheres negras estão.
A ausência de profissionais da aviação negros é mais uma faceta de um Brasil racista que não se envergonha de sê-lo. Muito pelo contrário: banaliza os abismos que separam brancos e pretos no país.
15 comentários:
a) Lola sou sua fã amo seu blog.
b) Infelizmente e muito dificil discutir racismo no.Brasil porque negamos o.problema e neste contexto perpetuamos as estruturas racistas
c) Acredito que devemos continuar lutando pelas politicas publicas mas vamos ignorar as pessoas que chamam nossas demandas de mi mi mi
d) Ano que vem tem eleições municipais eu vou lutar para que consigamos eleger mulheres negras progressistas ao cargo de vereadora..Os coletivos feministas são excelentes alternativas ( Espero que não sejam proibidos)
https://www.google.com/url?sa=t&source=web&rct=j&opi=89978449&url=https://www.correiobraziliense.com.br/mundo/2023/10/amp/5132112-pedido-de-namoro-de-policial-a-adolescente-viraliza-e-revolta-web.html&ved=2ahUKEwjdrtWLjumBAxX-rpUCHYELCJUQFnoECA8QAQ&usg=AOvVaw3NB5H8HeDAM7NSFpncTnHK
Oha este absurdo Lola
Obrigada pela postagem Lola. Precisamos de fato possibilitar população negra a estudar e trabalhos melhores.
Lola, nunca viajei em companhias brasileiras (sou português), mas amigos e amigas que fizeram viagens para o Brasil (mas que não usaram voos internos), viram muitas comissárias. Pilotas é que não, que saibam.
Corrijo o que escrevi acima: um deles viu uma pilota negar brasileira. Serão poucas, como em Portugal, que chegam a ser notícia na televisão quando aparecem.
O problema do racismo no Brasil é que além de estrutural, ele é sutil e naturalizado. Um racismo escancarado pode em alguns momentos ser mais fácil de combater do que o estrutural, mas precisa ser combatido de qualquer maneira. E quem achar que é mimimi pode ir chorar no banho.
Lola, tive meu e-mail hackeado por mascus e mandaram mensagem pra você em meu nome, caso veja peço que delete, eles dizem meu nome completo e cidade inclusive!!
https://www.google.com/url?sa=t&source=web&rct=j&opi=89978449&url=https://www1.folha.uol.com.br/amp/colunas/monicabergamo/2023/10/deputados-pedem-que-igreja-evangelica-seja-investigada-por-cura-gay-apos-morte-de-karol-eller.shtml&ved=2ahUKEwja6ejenf2BAxV_r5UCHS2XBb0QvOMEKAB6BAgJEAE&usg=AOvVaw0URXDmR9ucn80k8l2jIfKA
a) Lola depois do triste episódio da morte de Karol Eller deputados do Psol estão investigando a cura gay
Uma sujeita verborragica e virulenta como todo seguidor de Mijair Merdias Bolsoshower, agora virou divindade depois de morta? Ela sabia como evanjegues tratam, pensam sobre homossexuais, essas igrejas neopentecostais caça níqueis são antro de preconceitos, fundamentalismo religioso, têm conchavos com traficantes de drogas, pessoas, armas, aliás são perfeitas lavanderias de dinheiro de crime. Deveria ter procurado um psiquiatra cético ao invés de se meter em antro de fanáticos religiosos, agora que faça companhia para o Olasno de Cadáver de quem ela também era seguidora.
Vi o caso da Karol Eller. Tentou ser aceita e acolhida num lugar onde era odiada por ser não só mulher, mas também uma lésbica. Ou bi, não sei, pros evanjegues é a mesma coisa. A parte difícil é entender que, sendo mulher, você NUNCA será aceita nem amada por quem te acha humano de segunda categoria, inferior ou mera vagina ambulante. É a mesma coisa que querer ser aceita por redpirados, não vai rolar MESMO. Devia ter procurado uma terapia e apoio em feministas, aí sim ela teria tido futuro. Muito triste quando você é doutrinado pra querer amor de quem te odeia por você ser quem e o que é. Só termina em decepção e tristeza.
Você está sendo verborrágico e virulento e praticando vilipêndio de cadáver. Ela era uma mulher lésbica em sofrimento, assim como todos os homossexuais que aceitam essas práticas de conversão, talvez ela tenha achado em um primeiro momento que seria uma saída para o estigma do qual sofria, e isso também permitiu que ela ocupasse espaços de poder, o que causa certo deslumbre e convencimento de que a “cura” seria boa para ela. Ninguém entra em um processo desse pensando em se matar, ela queria se sentir pertencente ao meio que estava inserida, e acabou não percebendo como isso afetava profundamente sua saúde mental. A Igreja e quem faz esse tipo de lavagem cerebral devem sim ser investigados, até para prevenir outros casos como esse.
Lola, como faço pra falar com você em privado? É urgente, estou tentando ha um tempao, você usa o Instagram?
https://congressoemfoco.uol.com.br/area/congresso-nacional/erika-hilton-apresenta-projeto-para-cura-gay-ser-considerada-tortura
Projeto da maravilhosa Erika Hilton
Oi, anônimo das 21:22. Não, não estou no Instagram. Me envie um email, por favor: lolaescreva@gmail.com
Não sei... quando eu viajo de avião eu leio ou assisto série ao invés de prestar atenção em quem está dentro da cabine do piloto.
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