A expectativa era imensa, e Lula não decepcionou: deu uma entrevista formidável ontem ao Jornal Nacional, depois de dezesseis anos de muita espera (aqui, na íntegra).
O âncora Bonner, que passou anos condenando o ex-presidente por crimes dos quais foi absolvido, abriu a entrevista afirmando que Lula não deve nada à Justiça. Quase deu pra ouvir o soco no estômago dos bolsonarentos e de um certo ex-juiz!
Foi também uma deixa de que o clima seria pacífico e sem hostilidades (bem diferente do clima com Bolso na segunda). É incomparável o preparo, a experiência e a habilidade de Lula com o Coisa Ruim. A cada sabatina, a cada debate, mais o povo vê o abismo entre Lula e o Bobo da Corte (os advogados de Bolso já estavam prontos para entrar com processo se o petista o chamasse de genocida, então Lula jogou um "bobo da corte", indicando que Bolso não manda nada, quem manda no país é Artur Lira).
Falando em Congresso, e lembrando que o mensalão foi brincadeira de criança se comparado ao orçamento secreto, Lula ainda jogou uma lição útil para os brasileiros: "O Congresso Nacional é o resultado da sua consciência política no dia das eleições". É preciso eleger deputados e senadores de esquerda, que governem com o povo, não com lobistas bilionários.
Renata Vasconcellos gastou tempo demais com uma pergunta sobre a lista tríplice para escolher o procurador-geral, e Lula não quis se comprometer. Ela ainda insistiu que era um tema importante, pro desdém de milhões que assistiam à entrevista e esperavam perguntas como, por exemplo, o combate à fome e à miséria, assuntos em que Lula é craque.
À Renata também coube a ingrata tarefa de defender correndo o agronegócio, que tanto anuncia na Globo pra gente acreditar que o agro é pop (em vez da gente associar o agronegócio automaticamente com desmatamento, queimadas e agrotóxicos). Imagino que na entrevista de hoje com Simone Tebet haverá várias perguntas e respostas de louvor ao agronegócio.
E a Globo continuou tentando criminalizar o MST, como toda a grande mídia faz há décadas. Lula convidou Renata a visitar uma cooperativa e constatar como o MST é o maior produtor de arroz orgânico do Brasil (e esse tema foi um dos campeões de buscas. Compare com o assunto mais procurado sobre a entrevista de Bolso: falta de ar).
Ainda assim, uma das coisas que saltou aos olhos foi o carinho e respeito que Lula dedicou à Renata, sempre falando com ela, olhando nos olhos. Uma diferença gritante com o jeito que Bolso (e Ciro também, em menor escala) trata as mulheres, principalmente as jornalistas. As espectadoras notam isso, e muitas se recusam a reeleger um misógino de carteirinha como o pior presidente de todos os tempos.
A jornalista Leilane Neubarth escreveu no seu Twitter: “Poderia citar muitas diferenças, mas me chama atenção o respeito de Lula pela Renata. Ele o tempo todo coloca ela presente e participando da entrevista. Homem que respeita mulher é outra coisa”. Já a Janja, que chegou poderosa à emissora junto com Lula, fez uma graça na sua conta após a entrevista: "Desconfio que meu marido não vai querer jantar hoje. Já está satisfeito".
Lula repetiu que quer ser melhor que ele já foi, e olha que ele saiu com 87% de aprovação. Mas ele é realmente um exemplo: teria motivos de sobra pra guardar rancor e buscar vingança, depois de ter sido caluniado e passado 580 dias na prisão. E, no entanto, ele está mais Lulinha paz e amor do que nunca. Também teria motivos para, aos 76 anos, se aposentar e curtir a vida. Escolheu ser presidente pela terceira vez.
Sinceramente, se eu fosse a Simone Tebet, eu aproveitava o JN de hoje pra pedir desculpas pelo que ela e seu partido (MDB) fizeram com a Dilma, assumir que o fundamental agora é derrotar o fascismo, sair da disputa e apoiar o Lula já no primeiro turno. Claro, não vai acontecer.
Mas a entrevista com o Lula foi tão incrível que parece que até o coração do Dom Pedro voltou a bater.
E pra gente, que ama e quer reconstruir o Brasil, se essa sabatina já no encheu de esperança e aqueceu nossos corações, imagina como a gente vai estar em outubro com Lula eleito! Imagina no dia 1o de janeiro, na posse! Seremos um novo Brasil! Vamos voltar a sorrir.
Valeu Lola sobre este post. Lula me deu esperança e calor no coração com esta entrevista ontem. Detestei as perguntas do JN, mas Lula mandou muito bem e atacou o bobo da corte. Abraços
ResponderExcluirBolsonaro não pode ir a debates. Não passa de um bobo da Corte, produto de marketing reacionário da internet, sustentado pelo establishment arrivista e corrupto de civis e militares que se formou à sua volta. Não sobrevive dez segundos fora da bolha.
ResponderExcluirBolsonaro não pode se expor a concorrentes, porque é um produto de um mundo ficcional criado por seus filhos. Quando sai desse mundo, revela não passar de um velho cafetão da democracia, incapaz de uma única ideia útil ou sentimento generoso, que fez da lacração seu meio de vida.
Bolsonaro é uma mentira fácil de ser desmascarada fora do habitat artificial em que sobrevive. Diante de Lula, Ciro ou Simone, o "Mito" derreteria mais rápido do que um picolé na praia ao meio-dia de um verão. Basta ridiculariza-lo como Lula fez ontem. Vira pó instantaneamente.
Esse sim é meu presidente <3
ResponderExcluirLola, você já visitou o Museu da Fotografia em Fortaleza?
ResponderExcluirInfelizmente ele não se saiu tão bem no debate de ontem quanto na entrevista ao JN. Ontem a Simone Tebet se saiu melhor. Já estão especulando que, por isso, já não há mais chances de Lula vencer no 1o turno. Quando saírem as próximas pesquisas sobre intenção de voto, vamos saber se a hipótese é verdadeira ou não. Acho que pra o eleitor mais numeroso, que é o que depende da transferência de renda, o recado mais importante que ficou é o de que em dezembro acaba a parcela de 200 reais do auxílio. Eles vão ter que decidir se podem confiar ou não na palavra do nazista (logo ele, que vive mentindo...), quando ele diz que mesmo com o projeto ultraneoliberal de Paulo Guedes (o sinistro que gosta tanto dos mais pobres quanto o próprio inominável...), vai trabalhar (logo ele, que mais anda de moto e jet ski do que trabalha...) pela manutenção dos 200 reais a mais do auxílio. Faltou a Lula dizer que o Congresso Nacional é tão responsável pela corrupção quanto o Presidente da República. Foram vários os parlamentares que participaram e continuam participando dos esquemas. E são eles que não aprovam uma reforma política que diminua e melhore a qualidade dos partidos políticos e dos deputados e senadores. Faltou a ele dizer também que o Presidente tem muito poder, mas não pode tudo. Não tem liberdade absoluta pra compor seu ministério com 50% de mulheres, pois precisa de apoio dos partidos pra governar. Muito da escolha do ministério é resultado das pressões partidárias e da necessidade de ter como governar. Pra deixar de ser assim, só com uma reforma política muito boa. Que o legislativo não tem interesse algum em aprovar, inclusive as Simone Tebet da vida. Duvido que ela acabasse com a figura do palamentar profissional, aquele que se reelege durante quase 30 anos. E o pior, pra não fazer nada e ainda usar o auxílio-moradia pra comer gente, mesmo tendo apartamento funcional à disposição. Deveria haver um limite pra a reeleição dos parlamentares, pra forçar a haver uma maior renovação do legislativo, de tempos em tempos. Mas enfim, não dá pra ganhar todas. E o pior da noite com certeza foi o que já estava óbvio que o seria. Tomara que Simone não tenha ganhado tanto voto quanto acham que pode acontecer. E que os mais pobres, mais numerosos em votos, tenham entendido que a partir de janeiro o auxílio volta aos 400 reais. Mesmo que eles tenham comprometido com empréstimos consignados 40% dos 600 reais atuais (esses consignados podem piorar a fome no Brasil...). Como gosta de dizer o Ricardo Kotscho, vida que segue.
ResponderExcluirA base de cálculo dos consignados pra quem recebe a transferência de renda é 400 reais mesmo atualmente. Vi no Google:
ResponderExcluirSerão disponibilizados até 40% do valor do benefício do Auxílio Brasil e BPC (Benefício de Prestação Continuada), levando em consideração o valor de R$ 400 e não os atuais R$ 600, já que a diferença está prevista até o mês de dezembro como parte do pacote de medidas da PEC dos Benefícios.18 de ago. de 2022
Menos mal. Mas consignado pra quem ganha tão pouco continua uma ideia ruim. Pra os bancos é ótimo... Vão fazer secularização com o pouco dinheiro dos mais pobres. A juros bem altos, apesar de menos altos que o das outras linhas de crédito.
Securitização. O celular muda as coisas que a gente escreve.
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