Participantes do II Congresso Internacional Feminista (1932) em excursão ao Recreio dos Bandeirantes, RJ
Dia 24 de fevereiro foi uma data importantíssima que eu deixei passar (porque caiu bem no dia em que a Rússia invadiu a Ucrânia), mas quero marcar com este post. Nesse dia, em 1932, nós mulheres conquistamos o direito de poder votar e sermos votadas.
São 90 anos dessa conquista brasileira que só conseguimos através de muita luta. Mas mesmo assim no começo apenas as mulheres casadas (com autorização dos maridos), e as víúvas e solteiras com renda própria podiam votar. Dois anos depois, em 1934, essas restrições foram retiradas. Só em 1946 virou obrigatório que as mulheres votassem. Veja aqui algumas das sufragistas brasileiras que tornaram esse direito realidade.
Em termos históricos, 90 anos é ontem. E, como todas as conquistas, o voto feminino não está a salvo dos retrocessos. Temos um presidente fascista que, antes de ser eleito, declarou abertamente considerar natural que as mulheres ganhem menos (embora isso seja proibido pela Constituição), já que elas engravidam e dão preju aos empresários. Nesta semana, no Dia Internacional da Mulher, esse mesmo misógino lembrou que fomos criadas da costela do Adão e que estamos "praticamente integradas à sociedade".
Enquanto isso, um de seus grupos de apoio, o grupo Voto, anunciava, em comemoração a esta semana especial, o evento "Ciclo Brasil de Ideais Mulher", para fomentar a participação das mulheres na política. Entre os cinco palestrantes, só homens (começando pelo presidente). Depois a extrema-direita não entende porque o índice de rejeição a Bolso é tão maior entre as mulheres.
O discurso de Bolso só não foi pior que o do procurador-geral da república Augusto Aras, que disse de improviso que todo dia era dia da mulher e do homem, e saudou as mulheres mães, "que carregam em si o dom de multiplicar a nós todos". Ele também louvou "a mulher que tem o prazer de escolher a cor da unha que vai pintar, a mulher que tem o prazer de escolher o sapato que vai calçar. Pouco importa que tipo de escolha ela faça".
Ao ouvir isso, fiquei me sentindo em Gilead. E também não pude deixar de pensar: será que Aras nunca presenciou uma comemoração do 8 de março? Ele deixou claro que valoriza as mulheres por elas serem mães e decorativas. Alguma dúvida que, se Bolso e seu engavetador de estimação Aras pudessem, eles tirariam nosso direito de votar?
Nossa luta deve continuar sempre. Nas últimas eleições, em 2020, apenas 15% das pessoas eleitas se identificavam com o gênero feminino. 52,5% dos eleitores são mulheres, mas nossa participação ainda é muito baixa. É preciso comemorar os 90 anos do voto feminino e não tolerar discursos machistas que insistem em retroceder. É preciso avançar muito mais.
Voto deveria ser somente para quem fez pelo menos o 2° grau. Sem discriminação por gênero nem raça. Critérios objetivos já!
ResponderExcluirConforme o filósofo Seu Lunga, os governantes são, em geral, gente estudada. O resultado está aí pra todo mundo ver. Não adianta ter segundo grau e ser canalha como mouro, bozo e seus eleitores e asseclas.
ResponderExcluirLula fez muito melhor com menos estudo formal.
(Por isso mereceu tantos títulos de Doutor Honoris Causa.)
Se o Lula tivesse estudo teria feito melhor ainda, cargo político tem que ter estudo sim
ExcluirLula teve hj bloqueados 19 perfis no Whatsapp por disparos em massa de fake news e campanha eleitoral antecipada. O estudo é importante também para os asseclas, além do próprio candidato, para ñ cometerem esse tipo de deslize, que pode levar, inclusive, à cassação do registro de candidatura, de ofício pelo Ministro ou via AIRC por partido diverso.
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