Estou quase acabando de ver a série coreana Round 6, que no resto do mundo se chama Squid Game, ou Jogo da Lula. Estou gostando bastante. Sem dúvida meu episódio favorito é o quarto, aquele do cabo de guerra. O sexto, das bolinhas de gude, também é muito bom.
Publico aqui um texto muito bacana da Naila sobre a série. Naila Castro é redatora, tradutora, blogueira, roteirista e designer.
A série de maior sucesso atual na Netflix está mexendo com os brios dos brasileiros. Por uma série de motivos, a trama originalmente sul-coreana toca em pontos sensíveis aos quais muitos poderiam questionar se realmente se trata de entretenimento ou se basicamente não estamos vendo um retrato da vida atual.
O Brasil, um grande consumidor de séries em streaming, respondeu bem ao sucesso em evidência, mas também levantou uma série de paradigmas e polêmicas sobre o desenrolar da trama e sobre como de diversas maneira a vida real é retratada pela arte de maneira muito mais intimista do que a distância de uma tela.
1- Impossível não se identificar com a trama
Nos dias atuais, estamos sentindo na pele os efeitos da pandemia aliada à crise econômico-política que assola o país. A distopia brasileira tomou proporções tão reais que parece mesmo que estamos dentro de uma trama. Dívidas, desemprego, sopa de ossos para matar a fome. Idosos, crianças e mulheres evidenciam a disparidade.
Os personagens da série são extremamente humanos, no sentido amplo. Falham, insistem nos erros, demonstram amar os outros, mas primeiro a si mesmos. A história trata de sobrevivência. Também está em jogo que todos em algum nível demonstram suas fraquezas. Vence aquele que souber aceitá-las.
2- Para todo malandro existe um mané
A musica de Bezerra da Silva traduz bem o desenvolvimento da trama e porque ela remete bem à lei de Darwin ao estilo brasileiro: só o mais esperto sobrevive. Por outro lado, para entrar no jogo, todos têm que estar convencidos de que podem se dar bem. Durante a trama, há uma série de situações em que percepções e improvisos definem o jogo.
3- A trilha sonora é de matar
Toda a música da trama parece ser muito importante para o desenvolvimento. Temos música coreana para as cenas que envolvem o ambiente do país, música clássica para a chamada nos alojamentos e jazz raiz para cenas que envolvem luxo e sofisticação. Há ainda momentos pontuais como música infantil envolvendo o jogo.
4- Qualquer escolha é ruim
Com certeza, o jogo não foi feito para agradar os jogadores. O tempo todo ocorre a ilusão da amizade e união de personagens mas no fundo eles não podem esquecer que somente um será o vencedor. Por outro lado, poderiam decidir não entrar no jogo. E aí voltariam para a vida real e seus problemas sem soluções.
5- Dinheiro é uma promessa divina
O que move a trama é o dinheiro, mas não se trata de cobiça. É a motivação que leva os personagens até a promessa de recompensa. Todo esforço valerá a pena no final? O desespero é o gatilho emocional de todos e é nesse ponto que os personagens cativam os fãs da série. Na vida real, o dinheiro também se apresenta como solução final de todos os problemas.
6- A disparidade entre ricos e pobres
Se fosse uma novela do Walcyr Carrasco, já esperaríamos que “os humilhados serão exaltados,” o que costuma ser um clichê. Mas o que a série deixa bem claro é que tanto ricos quanto pobres buscam um objetivo e mesmo os que têm muito não parecem satisfeitos, enquanto os que não têm nada lutam pelo pouco que possuem: relações pessoais, teto, comida, liberdade. Dinheiro representa tudo isso que faz falta. O pobre sabe, mas o rico ambiciona uma plenitude que espera que o dinheiro cubra: a felicidade, os momentos que valham a pena ou simplesmente entretenimento exclusivo.
Uma curiosidade: por questão política, a série mudou de nome no Brasil
O nome original da série é Squid Game, o que significa o Jogo da Lula. O significado do nome é apresentado logo na primeira cena da série, uma referência a um popular jogo infantil sul-coreano. Porém, no Brasil, internautas apostam que a Netflix quis fugir do viés político, pela coincidência com o nome e a história do ex-presidente Lula.
Após ser acusado de uma série de crimes e ficar preso por 580 dias, o ex-presidente tem conseguido provar sua inocência na justiça e é o favorito para as próximas eleições. A Netflix, no entanto, nega. A justificativa da empresa para escolher Round 6 foi ser o nome original que mais aproxima a série do público gamer.
Em Portugal, prevaleceu Squid Game , de forma que o nome se aproxima da mesma forma ao público-alvo. Ainda assim, como o momento atual no cenário político é entremeado de incertezas, a Netflix deixou claro que não quer se envolver nos problemas dos brasileiros.
Vale a pena assistir, mas dóiHá momentos em que questionamos se todo entretenimento vale a pena. A trama da série nos dá o viés de acreditar que é fatídico que os mais ricos se divirtam com o sofrimento humano dos mais pobres. É brutal, mas ainda assim, a trama faz sucesso em todas as classes. A empatia explica. Embora grotesco, nos identificamos com a trama e os jogadores.
12 comentários:
" o ex-presidente tem conseguido provar sua inocência na justiça... " NÃO! Definitivamente NÃO! O que rke conseguiu (trocando favores com alguns SemiDeuses canalhas do STF) foi acusar os Juízes que o julgaram de serem parciais, o que levou à anulação dodls julgamentos... só isso. Será julgado novamente por outros Juízes. Certamente irá arrastar o processo até a prescrição. Isso ñ quer dizer "Inocente"! Só diz que ele, malandro que é, arrumou brechas jurídicas para se safar. Mais um BANDIDO solto, na malandragem. Com o aval dos corruPTos do Supremo. Braziu!
Não dá pra esperar de um idiotinha a não ser idiotices...
Kim Kataguiri associa 'Round 6' a socialismo e é acusado de propagar fake news
Série mais vista da Netflix aborda consequências dos desequilíbrios sociais provocados por capitalismo, como afirma diretor da produção ao GLOBO
https://oglobo.globo.com/cultura/kim-kataguiri-associa-round-6-socialismo-e-acusado-de-propagar-fake-news-1-25234488
Ainda não vi Round 6. Me dá um pouco de receio começar um seriado no meio da semana. No final da tarde do dia 12 de outubro comecei a ver Maid, com a Andie MacDowell e a filha dela, Margaret Qualley (Alex, ou Alexsandra, o nome da personagem) tanto na série como na vida real. A série é tão boa que quase não dormi da terça pra quarta-feira. Fui trabalhar grogue de sono. Mas valeu a pena. Trata da violência doméstica, tanto física como emocional, a que é mais sofrida pelas mulheres e a mais difícil de ser provada ou mesmo percebida e socialmente reconhecida como tal, até por quem a sofre. De forma coadjuvante é abordado o tema das desigualdades sociais também, que atinge até os brancos pobres eleitores do trumpismo. Alex, coitada, se não fosse uma escritora talentosa (está aí o elemento meio água com açúcar desse seriado: na vida real, poucos têm um grande talento promissor...) , ia ter que fazer faxina talvez pra sempre, ou enquanto a coluna aguentasse. Tem também aquele homem lindo, Raymond Ablack. O Nick Robinson dá pra quebrar um galho (estou olhando os nomes dos atores no Google. Por alguma razão, só gravei o do Raymond, que não é o Cauã, mas também é tudo de bom - rs). Posso dizer um spoiler? Tá bom, me contive. Meu próximo animal de estimação, se do sexo masculino, vai ser Raymond. Todo Raymond talvez seja gostoso.
Mimimimi. Mimimimimi. Mimimimi. Cansei. Mas não poderia deixar de acrescentar: beijinho no ombro das invejosa. Tchau, com a voz e a tonalidade da Rita Von Hunty.
Eu assisti Squid Game, maratonei sábado e domingo. Não é difícil algo assim acontecer, afinal o mercado financeiro manda e desmanda, quanto pior para quem é pobre ou miserável, melhor para os especuladores, financistas e para a elite sempre insatisfeita por não saber o que fazer com o dinheiro também representada na série. O desespero, medo, angústia é néctar para uma elite vazia e mesquinha. Vão nesta temática abordada na série os filmes Ex Drummer da Bélgica e Condenados dos Estados Unidos.
Se trocaram o nome da série por causa do Lula, será que vai gado que vai pedir para trocar o nome do Lula Molusco do Bob esponja?
Como eu já li DeadTube (lista de gatilhos: TODOS, ABSOLUTAMENTE TODOS E NÃO, EU NÃO RECOMENDO DE FORMA ALGUMA), que têm um dos fundamentos e precisa da história parecido com a do Squid Game, achei a história bacana, mesmo não gostando de nenhum personagem estou a espera da segunda temporada, mas não trocaria nenhuma das minhas comédias românticas pela série, caso eu tivesse que escolher.
E vou deixar como recomendação o mangá Mage & Demon Queen, que é um mangá Yuri (lésbico) bem fofo e um pouco problemático em um certo aspecto, para os mimizentos que problematizam histórias fictícias (sim pessoas de esquerda).
O sangue dos seus compatriotas está nas suas maos, moça! Vc deveria ter vergonha de apoiar a soltura de um BANDIDO!
Qual parte do mimimimimimi você não entendeu?
a) Lola sou sua fã adoro o seu blog
b) Não vejo a hora de 2022 chegar e nos livrarmos do Bozo e sua maldita corja. Mas devemos focar em eleger um congresso progressista os coletivos feministas são excelentes alternativas
c) Vc viu a série Maid retrata abuso domestico
Assistam esse vídeo da Yasmin do canal Suavemente Comentado onde ela responde a perguntas e vídeos de MGTontos, e olhem as atrocidades que os caras falam.
Link: https://youtu.be/jMRUZoFCcZw
Assisti ao 1o episódio do Round 6. Ao contrário de Maid, esse não vou conseguir maratonar. Quem será o sádico do jazz? Tomara que o final seja como o de Dogville. O personagem da Nocole Kidman fez o que eu teria feito... Difícil a gente despertar o nosso melhor cercado por tanto mal. A gente acaba virando a Mae West: quando sou boa sou boa. Quando sou má sou melhor ainda.
Assisti ao seriado semana passada. Depois do 1o episódio, acabei me acostumando com a violência. É assim na vida real também, não é? A gente se acostuma. Por isso não há grandes revoltas no Brasil e no mundo com tanta morte evitável, seja porque a vacina foi comprada mais tarde do que poderia ter sido, por fome, por guerra, por doenças já tratáveis, por pobreza num mundo onde há tanta concentração de riqueza nas mãos de poucos... Gostei de Round6, mas ainda prefiro Maid, Pose, Sex Education e Feud. Finalmente estou vendo Feud, que conta os bastidores da filmagem de "O que terá acontecido a Baby Jane?", com as arquirrivais Joan Crowford e Bette Davis. O seriado tem spoilers sobre o filme, que ainda não vi, apesar de ter vontade há muito tempo. Mas, como disse a Ritinha (von Hunty), em arte o mais importante é o como, não é o quê. O quê de "A Hora da Estrela" é bem singelo. O importante mesmo é como Clarice contou. Depois de terminar Feud vou ler e ver "What ever happened to Baby Jane?". A julgar apenas por Feud, Bette Davis faz mais o meu tipo.
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