Atuou no Movimento de Promotoras Legais Populares do qual já fazia parte desde quando morava no Rio de Janeiro e no Coletivo Marias de Luta de Piracicaba, onde atuou por dois anos nas lutas antirracistas e antifascistas, pelo direito das mulheres. Integrou a construção do movimento negro Resistir Sempre. Tinha uma presença ativa no Conselho Municipal das Mulheres e atuou em frentes de luta por moradia. Foi idealizadora do núcleo de psicologia PertenSer.
A ocorrência policial somente se deu após seu falecimento e a cobrança de suas companheiras. Na noite do crime, mesmo a polícia tendo ido até o local, não foi gerado Boletim de Ocorrência. É preciso que a polícia e todos nós não relativizem as famosas “brigas de vizinho”, uma vez que muitas dessas desavenças podem representar perigos reais à integridade física das pessoas podendo, inclusive, disfarçar ou esconder crimes de ódio. Sabemos que, historicamente, a população preta é impedida de acessar com dignidade seus plenos direitos, assistência e segurança pública.
O caso da Vanessa nos ajuda a ter uma imagem de como o racismo e lesbofobia estruturais podem afetar, em todo o percurso, o atendimento pelo Estado Brasileiro, desde as não providências imediatas da polícia, até as escolhas da rede de saúde. Por isso, esperamos uma resposta efetiva para a morte de nossa companheira, tanto da atuação da polícia quanto da rede de saúde e agora de todo sistema de justiça. Vanessa Augusto de Santa Bárbara deixou uma filha, familiares, amigos e pacientes.
A nota é assinada por:
Coletivo feminista e antirracista Marias de Luta de Piracicaba/SP
Promotoras Legais Populares de Piracicaba
Promotoras Legais Populares Águas de São Pedro
Movimento Resistir Sempre – Piracicaba/SP
PertenSer – Núcleo de Psicologia
Conselho Municipal da Mulher de Piracicaba
Aquilombamento PLPS Pretas
Rede Nacional de Mulheres Negras no Combate à Violência
Rede Afro Lgbt
Coletivo Mulheres da Periferia/Porto Alegre/Rs
Afroactivistas da América Latina
Coalicion de Mujeres AfroLatinas e Caribe.
Identidade – Grupo de Lura pela Diversidade Sexual – Campinas/SP
Rede de Mulheres Negras da Bahia
Unegro/SC
Rede de Proteção contra o Genocídio
Baobá Fortificando Raízes
Promotoras Legais Populares FND UFRJ
Promotoras Legais Populares de Jundiai
Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra de Piracicaba
PROLEG- Promotoras Legais Populares de Santo André
MNU – Movimento Negro Unificado – Campo Grande – MS
União de Mulheres de São Paulo
Casa de Cultura Hip Hop de Piracicaba
Batalha Central de Piracicaba
Associação de Mulheres Negras Acotirene/SP
Grupo de Mulheres Negras Dandaras Urbanas/SP
8M Unificado Piracicaba
Casa da Mulher de Ribeirão Preto/SP
Coletivo Antirracista O Melhor de Cada Uma. Pelotas/Rs
GTMULHERES de Axé RENAFRO, Núcleo RS
Coletivo Diversas Feministas/MS
Procuradoria Especial da Mulher da Câmara de Piracicaba
Comissão da Diversidade Sexual e Igualdade de Gênero da OAB seccional São Carlos/SP
Coletivo de Advogadas Feministas de São Carlos/SP
Setorial LGBTQIA+ PSOL São Carlos/SP
Mandato da Deputada Estadual Márcia Lia(ALESP)
União da Juventude Brasileira(UJB)
Conselho Municipal de Políticas para Mulheres da Cidade de São Paulo
Iris Nogueira, membra do Conselho Estadual de Direitos da Pessoa Humana (CONDEPE) e do Conselho Municipal de Políticas para Mulheres da cidade de São Paulo (CMPM)
Baque Mulher Piracicaba
Movimento de Empoderamento Feminino Baque Mulher FBV
Festivau Curau – Culturas Regionais e Artes Urbanas
Movimento de Mulheres Negras da Floresta – Dandara
Espaço Feminista Uri Hi
Que triste. Eu ainda não estava sabendo disso...
ResponderExcluirCom certeza o que incomodou a vizinha não foi unicamente a reclamação pelo som alto. Isso deve ter sido somente a gota d'água de um ódio que já era presente: ódio pela existência da Vanessa. Ódio pela existência de mulheres negras em posição de não-submissão, pela existência de mulheres lésbicas que se opõem ao patriarcado. Ódio pela existência de mulheres que, a despeito de tudo, reivindicam um lugar na sociedade.
Muito triste mesmo... Até quando mais vamos ter que conviver com esse ódio todo?
Certamente é um trauma que marcará a todos próximos para sempre, principalmente à filha. Espero que ela se recupere da melhor forma possível, com o mínimo de sequelas...
A vizinha era parda não tem nada aver com racismo.
ExcluirO problema de som alto, barulho tem ceifado muitas vidas, lamentavelmente Vanessa foi mais uma vítima, porém podem existir outros motivos para um crime tão cruel. Uma mulher com o sorriso iluminado, batalhadora, preocupada em ajudar pessoas necessitadas, carentes, enfim, o próximo, incomoda, veja o caso do padre Lancelotti, nada aconteceu por ser uma figura pública conhecida, pois senão o pior seria concretizado, este é um exemplo citado, mas muitas pessoas acontece o mesmo, são movimentos populares perseguidos por religiosistas neopentec de um lado e por ditos cães de poderosos do outro, infelizmente esquecidos por uma esquerda de olho em eleições e execrados por uma direita virulenta gananciosa; alguns morrem no cerrado do centro oeste a defender indígenas, pequenos agricultores, outros a proteger a população ribeirinha de mineradores e grileiros no norte, outros no nordeste contra a mão forte e autoritária dos fazendeiros pagam com a vida, no sul contra o preconceito e intolerância sucumbem e tem suas mortes ocultadas, no sudeste morrem ante a truculência policial de seus mandatários. Vanessa é como Doroty Stang, Chico Mendes, agora não mais anônima, mas sim presente. O sorriso de Vanessa continuará sendo o alento das pessoas por ela auxiliadas. Destruições fazem barulho, mas construções permanecem porque fica o legado. Vanessa deixou seu legado.
ResponderExcluirtriste, fui vizinho da Vanessa no Rio de Janeiro, fiquei contente em saber da sua trajetória,pois não a vejo tem muitos anos.
ResponderExcluirAcho que devemos correr atrás sim por explicações, independente se foi racismo, cachaça ou descontrole.Pelo menos essa fdp tá presa.