No final de semana foi deixado o texto abaixo num comentário, com um link que não tinha nada a ver com o tema. Mas gostei do texto e decidi colocá-lo aqui, mesmo sem saber quem é o autor ou de onde vem (se souberem, avisem, por favor).
Mas, antes de colocar o texto aqui, um breve comentário: sabemos que acabar com o Estado, ou pelo menos deixá-lo só para os ricos, é um velho sonho do Chicago boy Paulo Guedes. Sabemos também o que ele acha de nós funcionários públicos ("parasitas" deve ser seu adjetivo mais suave em relação à gente). A reforma administrativa que ele quer evidentemente não atinge os militares, o judiciário, ou o legislativo, que é de onde vem os maiores gastos. Ele lançou o plano pra reduzir jornadas e salários de professores, médicos, enfermeiros, secretários, técnicos administrativos etc -- de toda uma legião de trabalhadores que servimos à população -- em 2019, e até agora não foi pra frente. Será que agora que Bolso comprou a Câmara e o Senado, vai?
De acordo com a pesquisadora Daniela Campello, não. Para ela, "O grande perdedor dessa história toda foi o Paulo Guedes. A chance dele passar para frente essa agenda dele, hoje em dia, é nenhuma". Tomara que não mesmo!
E outra: se o pacotão de maldades de BolsoGuedes passar, a gente vai aceitar passivamente, como aceitamos o aumento da alíquota da contribuição à Previdência (que, aliás, foi reajustada em janeiro, e sobe todo ano. Nossos salários estão completamente congelados, mas o desconto sobre ele aumenta)? Só sei que, desde o ano passado, eu ganho menos que ganhava em 2019. E isso que eu fiz progressão funcional no período, indo de associada I pra II. Mesmo assim não foi suficiente para conter o rombo.
Eis o texto sobre os planos do banqueiro que é ministro da Economia. E algumas previsões que eu torço para que não se concretizem:
Nas intenções do sinistro Paulo Guedes seremos nós servidores públicos quem custearemos a prorrogação da transferência de renda, com a redução de 25% dos nossos salários e da jornada de trabalho, além do congelamento salarial (incluindo progressões) por dois anos, com o risco de esses dois anos se eternizarem. Ele está "negociando" com Arthur Lira e Rodrigo Pacheco a transferência de renda, tendo como contrapartida medidas de austeridade fiscal.
Quer construir as "paredes" do teto de gastos. Sem "as paredes" o teto ruirá. As paredes compõem simplesmente um arcabouço constitucional e legal que desvincula, desindexa e desobriga o orçamento público, inclusive nas despesas mínimas com educação e saúde, e permite ao governo, pelo menos teoricamente, destinar 100% da receita ao pagamento da dívida pública. Ao menos como hipótese, o governo não quer que haja obrigação de pagar nem mesmo as verbas alimentares dos salários dos servidores, aposentadorias e pensões, incluindo os benefícios ao encargo do INSS.
Tendo a certeza absoluta de que nunca faltará o dinheiro para o pagamento dos credores do governo (rolagem da dívida), segundo o sinistro Guedes e os mercados, o mundo terá confiança na economia brasileira e rios de investimentos (aumento da dívida pública e desse círculo vicioso...) afluirão pro Brasil, e assim a economia do país, regada e adubada pelos mercados de capitais, florescerá como um éden. Como são muitos os direitos que os trabalhadores têm, na iniciativa privada e no serviço público, que impedem a criação de empregos e o florescimento econômico, as "paredes" incluem baratear o trabalho no setor público e na iniciativa privada.
Vejam só, logo quando mais gente vai se tornar usuária da educação e da saúde públicas, por falta de renda pra ter acesso a esses serviços na iniciativa privada, as "paredes" vão minguar ano a ano o orçamento daqueles setores, pra o famoso teto de gastos ser cumprido e os mercados terem a certeza de que o dinheiro deles jamais faltará, mesmo que às custas da pindaíba generaliza da população brasileira que vive do trabalho.
Ao mesmo tempo, Bozocida quer aprovar a excludente da ilicitude pra os policiais, subordinar as polícias à presidência da república, facilitar porte e posse de armas, e endurecer a lei da garantia da ordem. Resultado: nossas vidas vão piorar exponencialmente, e se sairmos às ruas pra fazermos protestos e reivindicações, levaremos tiros na cara. Os PMs nos matarão e ficarão impunes sob o manto da excludente da ilicitude.
Quanto à reeleição, é bem capaz de Bozocida ser reeleito, viu? A transferência de renda bancada com os salários dos servidores públicos garantirá os votos pra isso. Pra cada servidor insatisfeito que não vai votar no Bozocida por causa do arrocho, haverá, sei lá, uns 4 ou 5 gratos ou gratas pela transferência de renda. Matematicamente vai compensar pro governo. Pro governo e pro centrão que, como em 2020, vai ser o grande vencedor nas eleições de 2022, elegendo muito mais governadores que a esquerda e o presidente da república, seja ele o Bozo ou outro que vai se candidatar ano que vem e ainda será escolhido.
Lula pode até ser solto e ter devolvido os direitos políticos pelo STF, o que tenho dúvida se vai mesmo acontecer. Mas mesmo que ocorra, os votos de gratidão pela transferência de renda, somado ao reacionarismo de muita gente no Brasil, vai reeleger o Bozo ou, na hipótese menos horrenda, mas ainda assim horrível, algum outro nome da direita.
É incrível como o brasileiro médio aceita se foder em todos os níveis desde que possa ver alguém em situação pior do que a dele/a. A classe média pão-com-ovo que se achava corte já está sem plano de saúde, dependendo do SUS, tendo que colocar os filhos na escola pública com estrutura pra lá de precária e professores cansados e desmotivados, que nem sempre tem o aparato necessário para dar uma boa aula, teve que andar de ônibus, não consegue comprar carne nem arroz mas continua aplaudindo o micto porque o porteiro perdeu a moto e está tendo dificuldade de pagar o aluguel, e no final da rua tem uns sem-teto passando fome e dormindo na rua. Continuam aplaudindo o nazipalhaço porque ainda podem satisfazer seus impulsos sádicos vendo a miséria alheia. Dá nojo. Só vão virar gente quando passarem fome.
ResponderExcluirAlém do ódio de classes, vi num vídeo o Paulo Ghiraldelli dizer que os jovenzinhos de classe merdia não gostam do Bolsonaro, acham-no irracional e burro (ele é), mas não votam na esquerda por causa dos "identitários". Não querem a irracionalidade do Bolsonaro mas também não querem ficar ouvindo que tudo é racismo, machismo, querem continuar olhando mulheres, namorando. etc. Ou seja, querem continuar sendo racistas, machistas e classistas. Não querem a irracionalidade e a burrice do Bolsonaro, mas querem continuar tendo privilégios e licença para humilhar e pisar quem eles considerem inferior. O Brasil só tem jeito se for devolvido aos índios, literalmente.
Titia, seu comentário é a descrição mais cirúrgica que já li da classe merdia brasileira.
ExcluirTitia
ExcluirA crasse merdia brasileira pensa ser elite ou pensa algum dia chegar perto, mas estão cinco milhões abaixo de quem tanto desprezam, esta é a realidade. Tem um filme muito interessante de 2014 e é O Abutre (Nightcrawler) dirigido por Dan Gilroy, o personagem do Jake Gyllenhaal é a personificação de uma parte da tal "classe média" , assista e tire suas conclusões, pois os diálogos são muito interessantes e pertinentes.
O Tchuchuca, certamente, têm um servidor público que lhe faça as vezes como homem da casa, satisfazendo sua senhora sexualmente, enquanto o Tchuchuca goza ( literalmente ) com a possibilidade plausível de jogar o salário dos funcionários públicos na latrina, goza ao tratar-nos como parasitas, goza ao aumentar a idade para a aposentadoria e alíquota do INSS, entre outros "prazeres" que o Tchuchuca tem, a portas fechadas, com seus amantes (banqueiros, mercado e agiotas). Enquanto isso, sua esposa paga o amante "máquina de dar prazer" com o $$$ roubado dis servidores públicos. Tchuchuca é um velho corno e broxa, um FDP Cuckhold desgraçad0 da pior espécie. Seu maior prazer é ser enrab@d0 por um servidor público, enquanto sua velha tem prazer sexual com outro. Velho fedido, verme humano, LIXO. Seu lugar no inferno está garantido. Cuckhold de b0st@!
ResponderExcluir> Ele lançou o plano pra reduzir jornadas e salários de professores, médicos, enfermeiros, secretários, técnicos administrativos etc -- de toda uma legião de trabalhadores que servimos à população -- em 2019, e até agora não foi pra frente.
ResponderExcluirO setor onde eu trabalho só consegue dar conta do serviço com (muitas) horas extras, pois não repõem as aposentadorias há anos, mas a demanda pelo serviço continua crescendo ano a ano.
Se reduzirem a jornada, ou vão gastar mais com horas-extras ou o serviço vai entrar em colapso.
Em março, teremos o segundo ano sem o dissídio, além de terem cortado a progressão e férias-prêmio ao mesmo tempo que aumentaram a alíquota previdenciária (essa parte da lei não pode ser ignorada como as outras durante a pandemia, por que será?).
Titia não vai escrever sobre a Karol Com K?
ResponderExcluirEscreva LOLA ESCREVA
11:12 obrigada. E devo dizer que aprendi isso com minha própria família, cheia desses delírios de superioridade e loucos pra ver gente miserável, assim podem lustrar o ego fazendo caridade no natal. É uma situação horrível.
ResponderExcluir10:17 já escrevi. Na verdade, foi Paulo Freire quem escreveu e eu só transcrevi antes aqui no blog: "Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor".
Parte 1: Olha, meu comentário virou parte de um texto da Lola (rs). Avasconsil são as iniciais do meu nome. Já trabalhei na Federal do Ceará (UFC) como servidor de nível médio. Desde 2006 trabalho no Ministério Público Estadual, como servidor de nível superior. É parecido com ser brasileiro nos EUA. Não importa se você é do sul, sudeste ou nordeste do Brasil, é cidadão de 2a, 3a ou classe até inferior do mesmo jeito (no MP ou no judiciário, quem não é "membro" está nessa situação). Mas pelo menos ganho melhor onde estou. Você disse que o link que acrescentei no final do comentário que você comentou não tem nada a ver com o texto, mas tem sim. É um artigo de alguém da esquerda americana, de quem eu nunca ouvi falar (Liza Featherstone|Tradução: Guilherme Ziggy, na Jacobin Brasil), mas que talvez seja uma pessoa conhecida por lá, dizendo que as propostas iniciais de Biden vem surpreendendo positivamente a esquerda deles lá, isso apesar de ele ser um conservador e com uma fama não muito boa (deu pra perceber que o Glenn Greenwald o odeia...). Basicamente ele está propondo uma transferência de renda robusta. E suspensão da cobrança dos empréstimos estudantis. De despesas hospitalares. O adiamento dos despejos de quem não teve condições de pagar o aluguel, enfim, um conjunto de medidas de alívio financeiro a muitas famílias americanas, coisa que Trump jamais proporia e que é o inverso daquilo que pretende a equipe econômica do Paulo Guedes aqui no Brasil.
ResponderExcluirParte 2 : A redução dos salários e da jornada de trabalho dos servidores públicos é proposta que vai ser discutida com a PEC emergencial. Essa PEC cria uma série de gatilhos de cortes de despesas pra permitir o cumprimento do teto de gastos, aprovado em 2016 no governo Temer pra viger por 20 anos, com uma revisão prevista pra 2026 (ainda faltam 05 longos anos...). As reformas que Guedes chama de estruturais ou estruturantes visam a permitir o cumprimento da emenda do teto de gastos. A finalidade delas é permitir o corte de despesas, inclusive na educação e na saúde, e na educação incluem-se também as pesquisas científicas, pra que o teto seja cumprido ano a ano, até 2036. Permite congelar salários e progressões dos servidores (da União, Estados, DF e Municípios), reduzir os salários e a jornada de trabalho dos servidores em 25%. Proíbe os concursos públicos... Pelo teto de gastos o orçamento da União do ano seguinte tem que ser o do ano anterior reajustado pela inflação desse ano passado. Mesmo que, por alguma razão, ocorra um aumento da arrecadação tributária, nem assim a União pode gastar mais do que esse teto.
ResponderExcluirParte 3: Pra ela investir mais, por exemplo, em saúde, tem que tirar da educação, ou do custeio de outros serviços públicos, ou de pesquisas científicas. Enfim, tem que fazer os gastos caberem nesse teto. As reformas estruturantes, do jeito que Paulo Guedes as quer, dá ao governo ampla liberdade pra fazer os cortes e as adequações que ele julgar necessárias. Por isso o sinistro as chama de as paredes do teto. Permite cortar e cortar as despesas, pra o teto ser respeitado e nunca faltar o dinheiro da rolagem da dívida pública (pagamento dos juros dos credores do governo). A reforma administrativa, p. ex., cria uns 05 tipos de vínculos de trabalho no serviço público, quase todos sem estabilidade e, é claro, com remuneração pior que a atual. A parte da remuneração vai ser matéria de lei ordinária, mas o objetivo é que o serviço público pague tão mal quanto a iniciativa privada. Ganhar uma remuneração decente é considerado um privilégio pelo governo. Coisa de "gente rica". Todo mundo tem que se lascar, menos os verdadeiramente ricos do Brasil. Introduz no art. 37 da Constituição o princípio da subsidiariedade, segundo o qual a iniciativa privada prefere ao estado na prestação de serviços públicos. Isso tem a ver com o teto de gastos porque, pra cumprir esse teto, o governo vai poder transferir a prestação de serviços públicos cada vez mais à iniciativa privada e, claro, pra você usar, vai ter que pagar, já que a iniciativa privada não faz nada de graça pra ninguém. O fim da gratuidade e da universalidade do SUS cabe aí dentro desse princípio, o da subsidiariedade. Parece uma coisa inofensiva e até bonitinha, "princípio da subsidiariedade", mas não é. Dá margem a muito corte de serviço público hoje gratuito, quer dizer, de custeio difuso, com os muitos tributos que pagamos. Tem gente que fica feliz porque acha que só o servidor público vai se dar mal com a reforma administrativa. Mas não é assim, amiguinho/a. As "reformas estruturantes" vão afetar todo mundo. Já reclamamos, e com razão, que pagamos muito tributo sem contrapartida nenhuma. Pois a coisa pode piorar 1000 vezes com essas "paredes do teto" (PECs: emergencial, novo pacto federativo, reforma administrativa, e a dos fundos públicos). E aquilo que já disse no outro comentário, se reclamarmos, formos às ruas protestar ou reinvidicar, correremos o risco de levar tiro na cabeça, pois Bozogenocida quer comprar as polícias melhorando os salários delas e ainda aprovar a excludente de ilicitude. E ainda quer que cada integrante da polícia ou forças armadas possa ter a posse e o porte de até 10 armas de uso restrito das forças armadas. Contra quem vocês acham que, na cabeça do Paulo Guedes e do Bozocida, essas armas serão usadas, contra os ricaços da Brigadeiro Faria Lima, ou dos "esquerdopatas" "comunistas" que forem às ruas protestar contra sua pindaíba? Pois é. Já escrevi muito, vou ficar por aqui. Aqui é outra vez o link do artigo que faz a gente ter inveja dos americanos, que se livraram do esTrumpício. E aqui é de um artigo que mostra que reduzir salário de servidor deprime mais a economia. Claro que os economistas dos rentistas dizem que tirar dos servidores não vai fazer mal nenhum, pois a cada real tirado dos servidores e investido não sei onde e não sei no quê (eles não dizem...), no dia D e na hora H, vai proporcionar um retorno muito maior, que vai compensar os impactos negarivos no consumo, causados pela redução salarial, e evitar a redução no PIB. Cada um escolha os argumentos que fazem mais sentido. E em quem quer confiar.
ResponderExcluirhttps://outraspalavras.net/outrasmidias/eua-o-curioso-aceno-de-joe-biden-a-esquerda/
https://www.cnnbrasil.com.br/business/2021/02/03/pec-emergencial-permite-cortar-salarios-e-alivia-contas-mas-pode-piorar-pib
Nossa, e com a mídia fazendo lavagem cerebral demonizando servidor público como se esse fosse o mal do país, o brasileiro médio e Zé povinho desinformado compram muito fácil a ideia de ferrar o servidor "vagabundo que não trabalha". Mais ainda se houver uma legião de "gratos e gratas" pela transferência de renda que vira do corte de salário dos servidores.
Excluir
ResponderExcluirCom certeza ele vai dizer que a declaração dele foi tirada de contexto e tá sendo muito mal interpretada. Não vai ser a primeira vez.
"O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta sexta-feira (5) que 'orientação do presidente, desde o início', é para 'desonerar reduzir, simplificar, tirar o Estado do povo brasileiro'".
https://www.jb.com.br/economia/2021/02/1028098-guedes-diz-que-orientacao-de-bolsonaro-e-tirar-estado-do-povo-brasileiro.html
Acordo sem os atingidos não vale
ResponderExcluirhttps://www.otempo.com.br/politica/reginaldo-lopes/acordo-sem-os-atingidos-nao-vale-1.2445026
»Algo está errado quando uma empresa que cometeu crime sai contente de um acordo de reparação e a população atingida reclama que nem sequer foi ouvida. Foi o que aconteceu na semana passada, com a assinatura do acordo entre a mineradora Vale, o governo de Minas Gerais e as instituições de Justiça, referente ao crime do rompimento da barragem de Córrego do Feijão, em Brumadinho, em janeiro de 2019.»
Jones Manoel explica por que a frente ampla pra a tentativa de eleição de Baleia Rossi deu errado: https://youtu.be/haPitQbxgIc (explica também por que a classe trabalhadora tá frita aqui no Brasil...).
ResponderExcluirAvasconcil
ExcluirAssisti o canal e através do seu link o mesmo explica de forma direta e acessível sobre o legislativo, esquerda, direita, não conhecia o canal, mas valeu muito a pena! Obrigada!
De nada. Gosto do Jones Manoel mas ele se mete em picuinha acadêmica com frequência. Talvez na academia seja normal isso acontecer, não sei. A gente nunca deve esquecer que errar é humano. E havendo tempo é bom a gente mesmo ler os autores que os Yuotubers citam, pra tirar nossas próprias conclusões e não ficar nas mãos ou na dependência da cabeça de ninguém. https://youtu.be/qrdYCleezMA
ExcluirVídeo novo da Rita Von Hunty falando das PECs emergencial e da reforma administrativa: https://youtu.be/vECxA55rHX8
ResponderExcluir