Anna Karina é em que eu vou votar amanhã pra vereadora em Fortaleza (pra prefeita, Luizianne Lins). É ela também que escreveu este texto que publico hoje. Amanhã, eleja uma feminista na sua cidade! Vote em candidatas do Psol (50), PT (13), ou PCdoB (65). Não vote em partidos que compõem a base de Bolsonaro!
Uma cidade boa para as mulheres é uma cidade boa pra todo mundo. Isso é um pouco de como tenho pensado esses dias. Batalhar por políticas públicas que tomem como base as necessidades das mulheres trabalhadoras, pobres e periféricas, sobretudo as mulheres negras, é no fim das contas lutar por políticas para todas, todos e todes.
Os papéis sociais impostos a nós, mulheres, tem sempre sido os do cuidado com os outros, sejam com os filhos, com maridos, com os mais velhos. Temos sido as que majoritariamente nos preocupamos com a saúde, educação, alimentação e um largo etc de questões do cuidado. Acumulamos diversas tarefas ao longo da vida.
No Brasil, somos a maioria (51,8%) e em cidades como Fortaleza somos ainda maiores com uma população de 53,19% de mulheres. O espaço, porém, que decide nossas vidas é composto fundamentalmente por homens. Mulher na política é quase um palavrão.
As cidades não são pensadas para a inclusão da maioria, as mulheres, mas sim contra todas nós. Como mulher, aprendi desde muito cedo, ainda adolescente, a andar não muito próximo dos muros das casas, pelo medo de ser mais facilmente abordada por estranhos; aprendi que quando estiver sozinha em um bar não devo tirar a vista do copo ou ficar preferencialmente no balcão e não em uma mesa; aprendi que ao andar no transporte coletivo a mochila precisa estar na altura da bunda pra não ser encoxada; aprendi, em segredo, e de forma trágica, que mulheres morrem vitimas de aborto malfeito, pois muitos parceiros querem transar mas não aceitam o uso da camisinha e eu que lute por um método contraceptivo que não venha a arriscar o pensamento machista dele que camisinha pode tirar o prazer sexual do homem; aprendi que assédio na rua é a coisa mais corriqueira na vida de uma jovem mulher, que existem muitos homens que pensam que roupa curta é um convite a uma relação sexual e que um “não” significa um sim.
Esses e tantos outros aprendizados são exemplos de convivência social pelas quais passamos nas ‘cidades dos homens’. As enxergo assim, como “cidades masculinas”, pois mesmo as mulheres sendo maioria, os que pensam, projetam e planejam as cidades e as políticas públicas de convivência social são os homens.
Em Fortaleza, dos 43 cargos de vereança, somente 6 estão ocupados por mulheres. Os problemas de infraestrutura, pobreza e violência nos impactam de forma muito mais forte do que aos homens, por isso, defendo fortemente que uma cidade pensada por mulheres é uma cidade mais inclusiva a todas e todos, na medida em que olhamos praquilo que nos custa mais caro: nossas próprias vidas. E o raciocínio é muito simples: quanto mais os espaços públicos forem ocupados por nós, mulheres, mais isso será um sinalizador de que a segurança está sendo garantida.
Quem nunca viu campanhas de mais mulheres e crianças nos estádios de futebol para garantir a paz, não pode imaginar que devido a educação masculina construída nessa sociedade machista, em que ao menino homem é dado o carro e a arma como brinquedo, que esses mesmos meninos quando adultos entenderão as cidades como espaço dos carros, com asfaltos e viadutos e também que violência se combate com mais violência. Essa construção cultural, pode até parecer, mas não é um simples detalhe.
Os movimentos de mulheres e o feminismo têm pautado a necessidade de ocupação de mais espaços políticos de decisão pela a maioria da população: as mulheres. Defender essa ocupação é ainda mais importante em tempos bolsonaristas, onde tantos machistas ressentidos se jogam com mais força para fazer recuar ainda mais o movimento de mulheres. Só em Fortaleza, o bolsonarismo através do candidato “capitão” lançou mais de 400 candidatos a vereadores. Mais do que eleger um prefeito miliciano que apoiou o motim da polícia, o bolsonarismo quer ocupar a câmara municipal, quer batalhar por leis que tornarão nossas vidas ainda piores.
Amanhã estaremos todas, todos e todes chamados a definir o quanto avançará o neofascismo e o tamanho da sua bancada da morte. Estou entre aquelas que defende que é preciso barrá-los e até por isso, estou candidata. O feminismo pode e deve ser um instrumento pra isso, uma verdadeira ferramenta de luta contra o fascismo. Pela vida das mulheres mas também de nossos filhas, filhos e companheiros, é hora do voto feminista em todas as cidades, um voto pela vida das pessoas, pela inclusão, para vencer o ódio, por uma cidade pra todas\os.
ResponderExcluirVou votar nela amanhã! Obrigada pela dica, Lolinha!!!
Deveriam criar cotas para as mulheres, 50% das vagas.
ResponderExcluirSe as proprias mulheres não votam em mulheres, uma lei corregiria isso.
Bastante democratico, não?
por que a mulher tem cuidar do marido? por acaso é deficiente? Façam como o gen. Manuel Belzú que foi presidente da Bolívia no século XIX, "ese se cuida solo" (este se cuida sozinho), que é o que respondeu um colega dele para a esposa do general no livro "Juana Manuela Mucha Mujer" de Martha Mercader.
ResponderExcluir