Publico hoje o guest post interessante de uma leitora que prefere não se identificar. Ela escreveu isso antes do corona se tornar pandemia e chegar ao Brasil.
Queria aqui falar sobre um assunto que me incomoda. Ou melhor, este assunto me fascina. O que me incomoda é a forma como a sociedade lida com este tópico.
Falo da velhice. Tenho 36 anos, mas gosto de observar a velhice, pensar nela, tentar me colocar neste lugar. Obviamente ainda me sinto jovem, e muito, mas quero viver para ser uma mulher velha, em algum momento, se tudo der certo. E espero ser respeitada nesta condição.
Tenho observado que há um desrespeito não muito evidente acontecendo por aí. Refiro-me às avós: nós realmente as respeitamos? Diria que não muito. Achamos as “vovós” e os “vovôs” umas gracinhas, mas não estamos muito a fim de entendermos estas pessoas como o que são: pessoas, seres autônomos que não obrigatoriamente estão a fim de cuidar dos filhos dos filhos. Pessoas que têm vida sexual e afetiva, em diversos casos. Pessoas que também gostam de momentos de solidão. Momentos de festa. Momentos de entretenimento. Momentos de NÃO CUIDAR de nada, nem de ninguém. Momentos de puro livre-arbítrio.
Acho importante chamarmos a atenção para isso: nem sempre os avós acham uma tarde com os netinhos um prazer imenso. Nem sempre eles estão disponíveis (e acabam cancelando compromissos pessoais -– seja encontros com amigos, seja questões da vida cotidiana, idas a bancos etc, só para que possam acatar os pedidos dos filhos). Mas não estamos nem aí, achamos que o que é nosso é deles também, e lá se vai a pessoa que já teve que cuidar dos próprios filhos, cuidar dos filhos de terceiros. Sim, filhos são terceiros. E idosos são indivíduos e têm o direito de dizer não quantas vezes quiserem. (E não deveriam nem ser solicitados como são, incessantemente, tendo que decidir entre o não ou o sim. Deveríamos poupá-los deste tipo de berlinda. Deixemos que eles peçam para ver os netos.)
Penso que a questão dos netos é delicada porque envolve algo muito emocionante. Deve ser divino ser avó/avô. Já ouvi isso de amigas mais velhas, de minha própria mãe: “é algo transcendente”. Daí penso que esta questão emocional acabe incutindo certa culpa nos avós. Se eles gostam tanto assim dos netos, como dizem, por que não cuidariam deles? E os filhos diversas vezes usam essa carta na manga: “Ué, você vai negar cuidar do seu neto lindo? Que tipo de avó desalmada é você?”. Funciona que é uma beleza.
Então isso pode ser um trunfo para o resto da vida. O neto pode ter 18 anos, 20. Não importa. Os pais deste neto podem usar para sempre desta eficaz chantagem emocional. Não cuidar do neto seria coisa de “vô desnaturado”. Não pagar a faculdade particular dele seria um absurdo. O tipo de pedido varia, de acordo com a idade (mas quando se trata de dinheiro, aí eu vejo com total clareza: idoso não tem direito de ter a grana dele para ele mesmo usar como quiser. Tudo tem que ser para os filhos já criados e os netos).
Então isso pode ser um trunfo para o resto da vida. O neto pode ter 18 anos, 20. Não importa. Os pais deste neto podem usar para sempre desta eficaz chantagem emocional. Não cuidar do neto seria coisa de “vô desnaturado”. Não pagar a faculdade particular dele seria um absurdo. O tipo de pedido varia, de acordo com a idade (mas quando se trata de dinheiro, aí eu vejo com total clareza: idoso não tem direito de ter a grana dele para ele mesmo usar como quiser. Tudo tem que ser para os filhos já criados e os netos).
Não seria justo que neste momento, depois de tanta vida vivida, os avós pudessem ter o merecido descanso, curtindo os netos sem grandes abusos, sem terem que ser os responsáveis diretos (ou quase isso) pela prole da prole?
E há uma questão ainda mais interessante aí, que andei notando. Costumamos relacionar este tipo de coisa da qual estou falando às dinâmicas das famílias pobres.
Penso de forma totalmente diferente, neste caso: não consigo pensar em razão melhor para se contar com a ajuda da família do que a falta de grana. Outras boas razões são a pouca idade (gravidez na adolescência é mais comum nos bairros pobres), a falta de perspectivas, a falta de instrução sobre como cuidar de um bebê. Quando falamos de pessoas pobres, penso que esta talvez seja a melhor solução, mesmo: contar com a família para que aquela criança cresça da melhor forma possível dentro de uma realidade de escassez.
Mas o que venho observando, ultimamente, é que a classe média já planeja seus filhos contando com a babá gratuita, digo, a avó. Falo de pessoas que pagam escolas particulares para crianças de sete anos, mas se negam a pagar uma babá e livrar a barra de uma pessoa de 66/70 anos, às vezes de até mais idade (visto que na classe média as mães são mães mais tarde). Não falta grana. “Só confio na minha mãe para cuidar de meu filho”.
Sua mãe teve poder de decisão quando você planejou gerar seu filho? Creio que não, na maioria dos casos. Então, por que ela deveria ser responsabilizada por algo que não compete a ela? Por que esta situação foi criada, onde só se confia em um ser humano específico para cuidar de alguém, sendo que este ser humano específico não escolheu ser avó/avô? Não me parece justo.
Penso de forma totalmente diferente, neste caso: não consigo pensar em razão melhor para se contar com a ajuda da família do que a falta de grana. Outras boas razões são a pouca idade (gravidez na adolescência é mais comum nos bairros pobres), a falta de perspectivas, a falta de instrução sobre como cuidar de um bebê. Quando falamos de pessoas pobres, penso que esta talvez seja a melhor solução, mesmo: contar com a família para que aquela criança cresça da melhor forma possível dentro de uma realidade de escassez.
Mas o que venho observando, ultimamente, é que a classe média já planeja seus filhos contando com a babá gratuita, digo, a avó. Falo de pessoas que pagam escolas particulares para crianças de sete anos, mas se negam a pagar uma babá e livrar a barra de uma pessoa de 66/70 anos, às vezes de até mais idade (visto que na classe média as mães são mães mais tarde). Não falta grana. “Só confio na minha mãe para cuidar de meu filho”.
Sua mãe teve poder de decisão quando você planejou gerar seu filho? Creio que não, na maioria dos casos. Então, por que ela deveria ser responsabilizada por algo que não compete a ela? Por que esta situação foi criada, onde só se confia em um ser humano específico para cuidar de alguém, sendo que este ser humano específico não escolheu ser avó/avô? Não me parece justo.
Sei que há casos onde a avó insistiu, “quero um neto” etc. Ok, que bom para esta avó, se ela estiver feliz cuidando do neto. Mas duvido que haja muita gente por aí não querendo ser mãe e só sendo porque a futura vovó insistiu. No fim das contas, a decisão de ter filhos é mesmo dos pais, e não dos avós.
Queria apenas abordar este assunto porque percebi nele bastante racismo estrutural, também. O pobre é que leva a fama de “ter filho adoidado”; o pobre é que merece o nojinho da sociedade por ter filho muito cedo. Mas a classe média também tem seus filhinhos sem ter condição de criá-los, se endividando, matriculando em escola que não pode pagar, morando em bairro que não pode morar, jogando essas responsabilidades nas costas de seus pais.
Pedindo dinheiro a vida toda aos avós da criança, sendo inconvenientes. Mostrando, com todas as evidências, que não soube crescer, se desvincular dos próprios pais e cuidar de seus próprios filhos. A classe média e seus bebês mal planejados não merecem nosso julgamento, também, então? Só os favelados? Mesmo sabendo-se que os favelados, na maioria das vezes, de fato não têm outra opção?
Pedindo dinheiro a vida toda aos avós da criança, sendo inconvenientes. Mostrando, com todas as evidências, que não soube crescer, se desvincular dos próprios pais e cuidar de seus próprios filhos. A classe média e seus bebês mal planejados não merecem nosso julgamento, também, então? Só os favelados? Mesmo sabendo-se que os favelados, na maioria das vezes, de fato não têm outra opção?
Se alguém tiver ficado chateado com o que escrevi, digo que também estou chateada. Vejo isso acontecendo com minha própria mãe, com minhas amigas mais velhas. Todas sofrendo nas mãos de filhos sem-noção que não entendem que aquela mulher ali, que os pariu, é um ser humano que também sente cansaço. Que tem vontade própria. Que gosta de viver e curtir, do mesmo jeitinho que nós.
Já há pessoas pensando a maternagem. Já há pessoas pensando o que é ser mãe, pai. Já há pessoas pensando quais seriam as melhores maneiras de se criar os filhos. Mas estou vendo pouca gente falando sobre os avós. Na verdade, não vejo ninguém falando sobre eles sob este prisma, dos cuidadores gratuitos. Por isso, enfatizo que meu intento não é demonizar ninguém, até mesmo porque observo que ser mãe/pai é mesmo algo dificílimo.
O meu ponto aqui é só defender o lado dos mais velhos, mesmo. Acho que não estamos sendo muito respeitosos com eles.
O meu ponto aqui é só defender o lado dos mais velhos, mesmo. Acho que não estamos sendo muito respeitosos com eles.
Termino indicando a leitura desta matéria sobre Josefa Feitosa, mulher viajante de 59 anos que disse uma frase óbvia: “Avó não foi feita para cuidar de neto”.
Perfeito! Excelente texto! Tenho um sobrinho de um ano. Minha irmã está desempregada, infelizmente, foi demitida ao voltar da licença maternidade, só meu cunhado está trabalhando, eles não moram com minha mãe. Minha irmã fica em casa no momento, mais tempo, mas ainda assim, é minha mãe que aos 76 anos esta fazendo a comida do meu sobrinho, diz que minha irmã não consegue fazer nada porque o menino não deixa. Antes da pandemia do coronavirus, minha mãe vivia na cozinha quase o dia todo preparando potes de papinha para minha irmã vir buscar. Esses dias isso voltou a acontecer, mesmo com todas as recomendações para isolamento físico devido ao covid19. Ou seja, minha mãe e meu sobrinho expostos. Mas não adianta eu falar porque minha mãe diz que gosta, que porque lá na frente vai poder cobrar gratidão, esse tipo de coisa, que eu é que sou incompreensiva etc.
ResponderExcluirAcho que o problema é que a sociedade em geral não enxerga indivíduos com mais de 60 anos (ou mesmo mais de 50) como pessoas, homens e mulheres, simplesmente. Homens e mulheres com personalidades, preferências, desejos, sonhos, sexualidades, estilos de vida diversos. Como pessoas que consomem, compram, se divertem das mais variadas formas. São vistas como uma espécie a parte. Vejam as manchetes de notícias como costumam ser: Idoso (ou senhor) de 70 anos...Idosa (ou senhora) de 62 anos.. Mesmo veículos fotos progressistas, como o Huffpost Brasil,volta e meia um repórter imbecil escreve algo assim: Vovó fitness supera depressão (detalhe: mulher com 55 anos).
ResponderExcluirParece que a pessoa perdeu a humanidade, a individualidade porque passou de uma idade qualquer. Parece que a pessoa tem que ganhar um rótulo, ser classificada e isso vem colado com preconceito, limitações, imposições.
Por que não simplesmente homem de 70 anos, mulher de 62 anos, mulher de 55 anos... Qual seria o problema? É o que essas pessoas continuam sendo, afinal. Não são seres de uma espécie separada, nem vivem em um mundo separado. Nem venham com papo de respeito por favor. Tenho 37 anos e a última coisa que desejo é lá na frente ser rotulada de qualquer coisa, como se não fosse mais mulher, como se tivesse perdido a identidade. Isso para mim seria um desrespeito.
Anônimo das 16:44. Perfeito seu comentário!
ResponderExcluirAinda acrescento que nem se deveria citar a idade de ninguém. Bastaria dizer: Mulher x, homem x.
Esperava bem mais desse discurso, estou desapontado. Não citou nem 64.
ResponderExcluirDESAPONTADO!!!
Esses mesmos idosos alimentam esse comportamento parasitário dos filhos.
ResponderExcluir
ResponderExcluirEu nem terminei de ler ainda, estou no segundo parágrafo, mas vim correndo dizer que este texto poderia ter sido facilmente escrito por mim, em um certo ponto até me peguei pensando nossa será que mandei algum texto para a Lola e esqueci kkkkkkk.
Sandra
Esse é só mais um dos 29383984872934820398492 motivos pelos quais PRECISAMOS começar a falar MUITO SÉRIO sobre parentagem responsável. Tratar o assunto com a enorme profundidade e seriedade que ele tem. Sem enfiar bíblia, religião ou fanatismo politico no meio.
ResponderExcluirUma coisa é os avós socorrerem os filhos e netos em momento de aperto - alguém ficou doente e os avós olham pelas crianças. Os pais ficaram presos no trânsito/trabalho, os avós podem pegar netos na escola. Um exemplo lá em casa - meu irmão e cunhada tem trabalhos super exigentes. Eventualmente meus pais cuidam do menino algumas horas no domingo a tarde para que os dois possam tirar uma soneca.
Outra coisa completamente diferente é entregar os netos para os avós (quase sempre A AVÓ) criarem. Drenarem os recursos emocionais e financeiras de quem, muitas vezes, já tem o dinheirinho contadinho e as energias limitadas.
É necessário uma vila para se criar uma criança? Acredito que sim. Mas isso de maneira nenhuma exonera os pais do papel de principais cuidadores e provedores. Os avós já criaram os filhos deles.
Estamos em 2020 e falar de parentagem responsável, de que as pessoas deveriam refletir minimamente antes de colocarem mais um no mundo não deveria ser esse dogma que ainda é. Não deveria estourar tantos aneurismas e levarem as pessoas a insanidade como leva.
Parentagem responsável e RESPONSABILIDADE REPRODUTIVA NÃO é sobre: religião, bíblia, igreja, genocídio, aposentadoria ou o diabo que for. É sobre o fundamento de uma sociedade minimamente estável e civilizada. É sobre não sobrecarregar uns em detrimento de outros.
Cuidar dos netos para que os pais tirem uma soneca??? Aff... caso típico do relatado. Que absurdo!
ExcluirNão dabe interpretar, a pessoa disse que em domingos eventuais os avos cuidam dos netos e assim os pais podem descansar da rotina pesada,eventualmente !
ExcluirVerdade Lola! Uma coisa são os avós ajudarem, outra é fazerem o papel dos pais.
ResponderExcluir"Mesmo sabendo-se que os favelados, na maioria das vezes, de fato não têm outra opção?"
ResponderExcluirSe tirar essa frase, o texto fica perfeito.
Embora alguns caminhos sejam mais difíceis para uns que para outros, todos temos opção. Sempre. E eu já dormi em cama escorada com tijolo e em colchão direto no chão também. E estou com minha carteirinha de pobre em dia para poder falar a respeito.
concordo com o texto, exceto na diferenciação entre classe média e pobre.
ResponderExcluirO abuso com os avós acontece em todas as classes.
O que mais tem é jovem largando o filho com avó o dia todo e as vezes a noite pra ir em rolezinho.
O estado dá camisinha, AC, creche, bolsa família.
Evitar filho é facil, mas ter um filho anda fácil tbm, por isso a prevenção anda tão aquém do desejado.
Nao sei bem o que penso do texto… Se por um lado concordo que os avós não deveriam fazer o papel de pais, por outro eu acho que faltou ao texto a visão de lacos familiares e empatia. Eu não acho que os avós tem a “obrigação” de ajudar, mas quando se vive em família e em sociedade, por uma questão de empatia se ajuda mutuamente. Da mesma forma que eu ajudo quando posso amigos com filhos pequenos, idosos, principalmente quando são parte da família. Minha mae sempre reclamou do quanto ela era sobrecarregada quando criava filhos pequenos sem ajuda da família, então não faz muito sentido ela agora que é avó não ajudar também. Não é obrigação, é amor, cuidado, carinho. Precisa de uma aldeia para criar uma criança, e avós são parte dessa aldeia.
ResponderExcluirO texto NÃO é sobre empatia nem falta de amor e de carinho.
ResponderExcluirAldeia para criar crianças?? Tá de brincadeira, que exagero
ResponderExcluirOlá. Trata-se de referência a um provérbio. Não é para interpretar ao pé da letra. Significa que as crianças são influenciadas por várias pessoas da comunidade ou sociedade, não só pelos pais. Nada mais verdadeiro: família, escola, amigos, mídia. Todos educam ou, se não se conscientizam, deseducam as crianças a sua volta.
ExcluirEu não curto estilo de vida "aldeia" ou comunal, não. Gosto de viver minha vida, sozinha, em paz, no meu ritmo. Gosto de ter minha casa, meu lar, chegar em casa e não ter televisão ligada, barulho de criança, correria, falação, barulho de cozinha, bagunça. Gosto de chegar e ficar em silêncio, ler ou ouvir uma música. Isso claro traz alguma estranheza para minha família, sei que me julgam mas não adianta, já me esforcei para tentar mudar mas não deu certo. Não gosto dessa coisa de tudo junto e misturado, individualidade e privacidade é fundamental para mim. Gosto da minha família e amigos mas não tenho necessidade de estar junto, ao menos não com tanta frequência.
ResponderExcluirA questão é que hoje em dia as pessoas parecem querer envolver TODOS ao redor na criação de seus filhos. Tipo: se ninguém for ajudar, o casal não consegue tomar banho, não consegue fazer comida, não consegue limpar a casa (não estou falando de faxina pesada mas de arrumação simples diária), não consegue colocar roupa na máquina, esquece de alimentar o gato ou cachorro, não consegue se pentear, fazer ir no mercado etc. Sei que a vida atual é corrida e difícil para todo mundo, as vezes é necessário pedir ajuda, mas me parece que os casais tem filhos sem pensar em como vão ficar essas questões da vida diária, não se organizam, não se planejam, já contam de antemão com o socorro de alguem, especialmente a avó ou a tia ou prima mais velha que se mantem solteira (ou comprometer todo mundo à volta). Vejo que essa atitude é bem comum em casais que estão na faixa dos 30 anos de idade, por incrivel que pareça. Não sei como é lá fora, isso seria mais comum aqui no Brasil, onde muitas vezes pessoas da mesma família constituem suas famílias vivendo no mesmo terreno, as vezes na mesma casa? Não sei dizer. Claro que ajuda é sempre bem vinda e muitas vezes é necessária mas acho complicado os casais terem filhos já contando incondicionalmente com outras pessoas, amigos e parentes, pois todos também são homens e mulheres adultos, tem suas próprias vidas para tocar, problemas para resolver, sonhos para buscar e realizar, trabalhos, estudos, enfim. Vejo que muitos não consideram ou sequer conseguem ver as mulheres com mais de 50 anos em geral e as avós em especifico como pessoas assim, parecem considerar que essas mulheres não precisam de nada disso, não tem ou não devem ou não podem ter sonhos, desejos, aspirações, buscar realizações, não lidam com questões existenciais, não tem mais problemas, não podem fazer mais nada. Como se tivessem deixado de ser mulheres. Como se não tivesse direito a mais nada nessa vida, como não tivesse mais nada para conquistar, pois já deveria ter conquistado, se não, agora não pode ou não precisa mais, basta aceitar e se resignar com o que a vida empurra ou ficar a disposição dos outros. Tipo assim, "chegou na menopausa a vida tem que acabar" e acho que deve ser uma das piores coisas que uma mulher tem que lidar quando chega nessa etapa.
ResponderExcluirNossaaaaa lendo todo o texto é como me sinto parece extamente escrito baseado no que passo.....acho que muitas avós passam por isto, não temos a menor chance de decidirmos se queremos ou não ficar a disposição e responsabilidade de cuidar de netos,a frase que mais me tocou e vivencio é gostaria muito de poder sentir saudades, convidar a vir passar o dia de passear quando eu tiver vontade ,disponibilidade e não me sentir acuada sem poder dizer não quero cuidar e parecer a avó sem coração, desnaturada,mas ao dizer o não somos cruzificadas , uma geração que lançou a regra de que avós são babas permanentes....
ResponderExcluirVou aproveitar o que li para uma auto reflexão!
ResponderExcluirEstava certa que encontraria um texto que me representasse..., só joguei na pesquisa as palavras chaves "avós que cuidam de netos" e esse texto maravilhoso, descrevendo exatamente o que eu sempre acredite e hoje, como avó, sou sufocada pelos ponto de vista por conveniência.
Agora, por exemplo, queria muito compartilhar em minhas redes sociais isso, mas estou aqui, pesando os prós e contras, prevendo a reação da dita "classe média" (refiro-me às filhas) se vale ou não o estresse que me aguardará..., já passei por isso com o filho e hoje ele entende essa minha posição (pai da neta de 5 anos e do neto de 2 anos), já as filhas ainda tem exatamente todos os pontos de vista citados no texto, em cada detalhe!
Sei que depende de mim o posicionamento e não consigo me fazer clara o suficiente, pq falo, falo, falo e parece que não sou ouvida..., hmmm..., lembrei agora o que o filho que mora comigo (solteiro, autista suporte 1 diagnosticado só aos 20 anos, hoje com 24 anos) costuma dizer, que não é gritando ou sendo grosseira(o) que as crianças vão respeitar o que dizemos,mas repetindo e sendo firme, isso proporciona segurança..., de repente é nesse detalhe que me perco, esqueço que ainda que eu esteja lidando com adultos, a criança não deixa de fazer parte deles (de nós) e é necessário essa postura confiável!
Gosto de escrever (ainda que sem cuidados com erros ortográficos) porque assim consigo refletir e me expressar de forma mais "ordenada", além de me conhecer melhor, ainda que muitas vezes me surpreenda comigo, mas também podendo encontrar o de posso melhorar!
Gratidão pelo texto, como disse, o assunto me representa, literalmente!
Adorei o texto, e a carapuça serve exatamente aqui em minha casa. Eu e meu marido criamos um neto que hoje está com 11 anos. Estamos passando um perrengue pq agora está na pré adolescência e acha que já sabe tudo da vida. Nós não sabemos mais de nada pq somos velhos. Agora tenho mais 2 netos, e minha filha fala que tenho que ajuda la ficando com as crianças pq crio o filho da irmã dela. É uma situação difícil. Me sinto presa. Vivo pra tomar conta de netos. Me sinto numa prisão. Quero fazer meu croche, atividades das quais eu gosto mas infelizmente não consigo pq sempre tem crianças na minha casa que requer atenção e cuidado.
ResponderExcluirCom certeza a individualidade dos avós deve ser respeitada, assim como a decisão de alguns de se envolver menos "no pesado" da criação dos netos. Filhos são antes de tudo responsabilidade dos pais com certeza.. Mas acho também o seguinte: é uma via de mão dupla. Quando os avós decidem que a sua participação na vida dos netos será mais restrita, por priorizarem outras coisas, o que repito é super respeitável, devem compreender também que seu papel na vida desses netos será diferente. E da mesma forma o direito aos famosos "pitacos" na criação, são proporcionais ao quanto se convive. Não se opina sobre o que não se sabe. Claro que pode ser que a relação com os netos seja super forte independente de menos tempo de convívio, mas não é algo exigível. Decidiu ter uma relação menos próxima, compreenda se a criança não pular no seu colo imediatamente ao te ver. Porque assim como existem os pais sem-nocao que usam de chantagem emocional e abusam nos pedidos de ajuda aos avós, existem os avós que não ajudam, mas exigem. Não convivem, mas querem ser idolatrados. Pagam de super-avos na rede social e não mudam uma vírgula na agenda pela criança.
ResponderExcluirSó li verdades aqui! Infelizmente, tudo que foi abordado aqui é uma realidade!
ResponderExcluirEu estou num dilema quanto a isso. Minha mãe parece estar em depressão e eu estou numa maternidade solo. Minha mãe tem esquecimentos. Já perdeu 2 vezes a carteira de identidade no ano passado e também esquece palavras. Ela tem algumas neuroses sobre se vestir bem limpa Eu me associei num clube e minha mãe não quer ir nem levar minha bebê. Diz que não gosta. Está quase 40 graus e ela prefere ficar em casa do que ir na piscina, eu acho que é um tipo de fobia. Eu faço doutorado. Moro numa casa de 36 metros quadrados. Então eu saio para um café para estudar enquanto minha mãe cuida da minha filha de 1 ano e 1 mês. Estou numa maternidade solo. A minha mãe oscila muito. Eu tenho que entregar meus estudos até meio desse ano. A minha mãe esquece do combinado e chega a hora que ela quer. E eu estou na dependência dela porque não tenho dinheiro para pagar uma babá e não procurei a creche pública porque naquele período de inscrições a minha mãe estava ficando com minha filha. Agora a minha mãe não avisa o dia que não vem nem ávida se vem nem a hora que vai chegar. A gente tinha combinado dela vir pela manhã até março quando eu tenho que entregar minha tese. Para a tia da minha mãe, eu não trabalho e vivo na cafeteria sem um propósito além disso ela me atira na cara que se não fosse minha mãe me dar esse apartamento eu moraria no olho da rua o que não é verdade porque eu ajudei a comprar esse apartamento. Também a minha tia me disse que se tiver uma denúncia contra mim sobre exploração de idosos no caso a minha mãe de 63 anos (eu tenho 41) eu saberia o que me acontecia. O porém é que tínhamos combinado eu e minha mãe por um período específico do final do meu doutorado, mas como somos de uma família humilde as pessoas não entendem o que faço em Engenharia Elétrica e talvez nem acreditem. Eu explico que estou lutando por um futuro melhor para minha filha. Mas a tia da minha mãe esta brava diz que eu estou escravizando minha mãe. Eu não sei o que fazer, pensei em trancar o doutorado agora no finalzinho. Também estou estudando para concursos para Engenharia que terá em abril e estamos em janeiro. Não tem como eu estudar em casa. Não é uma situação que vá se prolongar, seria por mais dois meses. Vocês acham que é abuso da minha parte? Eu fico decepcionada por não poder contar com minha mãe.
ResponderExcluirAcho que avós não devem assumir o papel de pais da criança mesmo não, mas também não devem motivar o casal a ter filhos se não estão dispostos a ser uma eventual rede de apoio. Sempre nos pediram netos e agora nem visitaram os netos, eu e meu marido estamos exaustos, nunca mais tivemos um tempo pra nós, totalmente sozinhos como pais. Lamento demais pelos meus filhos, os avós deles só pensam
ResponderExcluirem suas próprias vidas, mas qdo estiverem mais velhos não adianta cobrar visitas, pq acho difícil sem esse vínculo ter sido construído.