Ontem à noite vazou uma conversa asquerosa de Roberto Justus. Exaltado, ele disse ao seu amigo Marcos Mion que o corona é "uma gripezinha leve" que "só mata velhinhos". Demonstrou todo seu asqueroso elitismo ao afirmar que "na favela não vai acontecer p*rra nenhuma se entrar o vírus, muito pelo contrário". Foram inúmeras barbaridades que deixaram indignadas as pessoas sensatas e em êxtase os bolsominions, que pensam igual a ele (sem, é claro, terem 1% da sua fortuna).
Ontem à noite também foi a vez do guru do governo, Olavo de Carvalho, afirmar numa live que não houve nenhuma morte por coronavírus (na realidade, já são 15 mil no mundo). Pelamor, quando interditarem seu Jair, interditem também o astrólogo!
E hoje acordamos com a sordidez de seu Jair a todo vapor. Na calada da noite, o pior presidente da história do país decretou uma medida provisória que autoriza a suspensão do contrato de trabalho por quatro meses. O trabalhador manteria o emprego, mas sem trabalhar e, principalmente, sem receber salário. Enquanto outros países estudam como proteger as pessoas em tempo de crise sanitária e econômica, aqui Bolso fez exatamente o contrário.
A CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) permite em até 25% a redução de salário "em caso de força maior". O empregado nunca pode receber menos que um salário mínimo. Por isso, a MP de Bolso é inconstitucional, sem falar de desumana. Por causa disso, a tag #BolsonaroGenocida rapidamente chegou (e ficou) nos Trending Topics do Twitter.
A MP 927, chamada de #MPdamorte, acabou com a apatia de quem achava que este não é o momento de tirar Bolso, e nocauteou por um tempinho os bolsominions. Como defender o indefensável? Como defender um presidente que, em vez de oferecer algum tipo de proteção aos trabalhadores informais, liquida o salário dos trabalhadores formais por quatro meses?
Sem nenhuma proposta concreta, foram pipocando tuítes de que não era bem assim, que haveria 25% do seguro-desemprego pra essas pessoas, que cada funcionário teria que negociar individualmente com seu patrão (nada de sindicatos!). Na GloboNews, que pareceu amplamente simpática à MP, uma jornalista declarou: "É ruim pro trabalhador, mas preserva emprego".
Uma bolsominion que se diz coach (não sei se real ou robô) disse que a empresa iria bancar o trabalhador oferecendo-lhe um curso online. Depois o empregado teria um salário maior graças a essa enorme "oportunidade". Tudo que o funcionário tem que fazer, ora, é sobreviver quatro meses sem renda!
Lembra que na campanha eleitoral o papo de Bolso era "de que adianta ter direitos se não tem emprego"? Com a MP, virou: "você não terá mais direitos nem salário, mas estará empregado". E o empregado sem salário sequer entrará pras estatísticas do desemprego!
Que eu saiba, trabalhador sem salário não é empregado, é escravo. Um trabalhador troca sua força de trabalho por um salário. O governo brasileiro subverteu essa lógica mais simples, mas não foi a única maldade do dia -- seu Jair liberou R$ 68 bilhões aos bancos. Assim os bancos poderão oferecer mais empréstimos aos seus clientes, cobrando aqueles juros camaradas de sempre.
Sexta passada Bolso disse pro garoto-propaganda Ratinho: "Vão morrer alguns, sim. Mas não podemos prejudicar a economia".
Em entrevista à TV Record no sábado, o miliciano declarou: "Brevemente o povo saberá que foi enganado por esses governadores e por grande parte da mídia nessa questão do coronavírus. Espero que não venham me culpar lá na frente pela quantidade de milhões e milhões de desempregados na minha pessoa". Em seguida, o hipócrita emendou: "Não podemos politizar isso aqui". Ele culpou os governadores (principalmente Witzel no Rio e Dória em SP), "os verdadeiros exterminadores de emprego".
Perguntado sobre o que o governo fará para impedir que a pandemia chegue às comunidades pobres, ele desconversou. Disse que era preciso ter cuidado e evitar a circulação, mas que o perigo era com outras doenças: "Tem uma comunidade no RJ que tem um número de tuberculosos muito alto. Entrando o vírus lá, com certeza nessa comunidade vai ter muita gente que vai perder a vida". O energúmeno não respondeu o que o governo pode fazer pra impedir isso. Não parece querer impedir!
Ah, quer outra maldade? O governo autorizou o aumento de 4% nos medicamentos.
Com essas medidas tão impopulares, Bolso faz apostas arriscadas: acha que pode ignorar o corona e continuar culpando a China quando tudo der errado. Acha que pode suspender salários por quatro meses e esperar que a multidão esfomeada de trabalhadores culpe o patrão, não o presidente que permitiu a atrocidade. Acha que os trabalhadores culparão os governadores que fecham o comércio e insistem na quarentena pela crise econômica.
Está cada vez mais claro o plano nefasto de Bolso: a aposta pela catástrofe. Ele quer gerar revolta, quer que o povo comece a saquear supermercados na busca desesperada por alimentos, para assim dar logo o seu golpe de Estado. Antes ele decreta estado de sítio. Mas haverá exército suficiente pra segurar um povo com fome? Aliás, o exército quer mesmo comprar essa guerra? Até onde irão os militares no apoio a um miliciano insano?
Apesar da mídia ter apreciado a ideia das empresas não pagarem salários, férias ou FGTS, e do governador Doria (PSDB) elogiar a MP da morte, muita gente chiou. Rodrigo Maia chamou a MP de "medida provisória capenga". O Psol avisou que entraria com pedido para que o Congresso devolvesse a medida, e também pediria ao STF que a anulasse.
Bolso não segurou o rojão e, algumas horas depois, revogou o artigo 18 da MP, aquele que permite suspender salários por 4 meses (ou só anunciou que revogaria e mentiu de novo?!). Aparentemente, a pressão do judiciário foi crucial para o recuo, o que mostra como Bolso está cada vez mais fraco e isolado. A Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho emitiu uma nota:
"Na contramão de medidas protetivas do emprego e da renda que vêm sendo adotadas pelos principais países atingidos pela pandemia -- alguns deles situados no centro do capitalismo global, como França, Itália, Reino Unido e Estados Unidos--, a MP nº 927, de forma inoportuna e desastrosa, simplesmente destrói o pouco que resta dos alicerces históricos das relações individuais e coletivas de trabalho, impactando direta e profundamente na subsistência dos trabalhadores, das trabalhadoras e de suas famílias, assim como atinge a sobrevivência de micro, pequenas e médias empresas, com gravíssimas repercussões para a economia e impactos no tecido social. [...] "A presente crise não pode, em absoluto, justificar a adoção de medidas frontalmente contrárias às garantias fundamentais e aos direitos dos trabalhadores".
A nota lembra ainda o que Bolso deve fazer: taxação sobre grandes fortunas (que, ao contrário da MP 927, tem previsão constitucional) e intervenção para reduzir as taxas de juros do cartão de crédito. Que tal também, em vez de dar dinheiro aos bancos, cobrar os bilhões que os bancos devem ao governo, e repassá-los ao povo?
O pior presidente da história continua testando a paciência do povo. Testa uma maldade tenebrosa, comparável ao confisco da poupança de Collor em 1990, e volta atrás. Quer matar a população de fome e ao mesmo tempo o Gabinete do Ódio coloca os robôs pra divulgarem ameaças golpistas como "pra cima deles, presidente". Deles quem? Dos brasileiros?
««O tamanho da derrota de Bolsonaro, ao recuar na MP 297, é tão grande qto sua falta de capacidade técnica. - Decidiu vetar o trecho sobre suspensão de salários e contratos. - Ignora que não se pode vetar trecho de MP. Só é possível pedir devolução Vai ter que remendar o furo!»»» (Margarida Salomão)
ResponderExcluirhttps://twitter.com/JFMargarida/status/1242144695511375873
Recuo de Bolsonaro ainda não impede suspensão de contratos
(Vai depender da "negociação" com o patrão)
https://www.conversaafiada.com.br/economia/recuo-de-bolsonaro-ainda-nao-impede-suspensao-de-contratos
Não existe revogação de medida provisória via tuíter!
ResponderExcluirA aberração está valendo!
No Brasil a gente não tem Elite, a gente tem classe dominante...
ResponderExcluirHospital das Forças Armadas entregou os dados, mas faltando nomes de dois pacientes infectados com Sars-Cov-2.
ResponderExcluirUm só pode ser o seu Jair do 58.
Quem será a outra pessoa?
Bolsonaro é a personificação do vírus da ignorância sob as diretrizes do guru picareta da Virgínia. Que tempos horríveis!
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