CHEFÃO NAZISTA DEMITE SECRETÁRIO NAZISTA

Num discurso ontem à noite, o secretário da Cultura Roberto Alvim disse em vídeo que "a arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional [...], ou então não será nada". 

Como alertou o site Jornalistas Livres, foi um plágio de um discurso de Goebbels, ministro da propaganda de Hitler (nazista e de extrema-direita, mesma ideologia de Bolso, somos obrigados a lembrar). 

Após o escândalo, Alvim alegou uma "coincidência retórica com uma frase sobre nacionalismo em arte" e culpou a esquerda por desvirtuar o que disse. 

Bolso disse originalmente que manteria o secretário. Chamou o discurso de Alvim de "pronunciamento infeliz", mas, diante da pressão, teve que declarar: "Reitero nosso repúdio às ideologias totalitárias e genocidas, como o nazismo e o comunismo".

A cereja do bolo foi o olavete Alvim ser chamado de "mau da cabeça" por Olavão. 

Agora bolsominions, certamente comandados pelo Gabinete do Ódio, estão batendo forte na tecla da "sabotagem". A ex-nazista, mas nunca ex-feminista Sara Winter, por exemplo, disse que a assessoria de Alvim escreveu tanto o discurso quanto escolheu a música tocada no vídeo (uma ópera de Wagner, pela qual Hitler era fascinado). 

Já interlocutores diretos de Alvim disseram à imprensa que ele sabia muito bem da origem nazista da música e do discurso. Tanto que chegou a brincar com eles, dizendo, rindo, que seria chamado de vídeo por conta do vídeo. Mas, enfim, em entrevista a uma rádio o próprio Alvim disse ter selecionado a música, porque ela mostra a fé cristã de Wagner. 

Pra mim ficou óbvio que Bolso só demitiu Alvim porque a Confederação Israelita do Brasil mandou. Ironicamente, pediram apenas a saída do secretário nazista, não do presidente nazista que foi chamado para falar na Hebraica durante a campanha presidencial, deferindo lá várias barbaridades contra negros, quilombolas, mulheres e LGBTs. 

Alvim só se arrependeu publicamente do discurso nazista depois que ficou sabendo do posicionamento da comunidade judaica. E seu chefão afirmou: "Manifestamos nosso total e irrestrito apoio à comunidade judaica, da qual somos amigos e compartilhamos muitos valores em comum".

É vergonhoso. Um dia antes, Bolso havia declarado que agora sim o Brasil tinha um secretário de Cultura de verdade, "que atende o interesse da maioria da população brasileira, a população conservadora e cristã". 

Não estaríamos vivendo este pesadelo, este vexame internacional, se Jair Bolsonaro tivesse sido punido e perdido seu mandato de deputado quando, quase 4 anos atrás, na votação de "impeachment" de Dilma (leia-se golpe), ele parabenizou Eduardo Cunha e homenageou o coronel Brilhante Ustra, "o pavor de Dilma Rousseff". Ustra foi um torturador que tinha como um de seus métodos enfiar ratos na vaginas das mulheres. 

É patética toda a passada de pano que a direita vem tentando fazer para explicar mais essa presepada do pior presidente da história do Brasil. Como se houvesse algum mistério, algum ineditismo, nas ligações perigosas entre Bolso e neonazismo! Em 2011, diante da polêmica das declarações racistas e machistas que o então deputado federal Jair deu ao CQC, neonazistas organizaram um ato de defesa a ele, em frente ao MASP, em SP. Bolso não foi, mas apoiou a manifestação.

Vários desses neonazis haviam participado de um atentado à bomba na Parada Gay em SP, em 2009, em que 40 pessoas ficaram feridas. 

A foto ao lado ficou famosa. É de Bolso com um sósia de Hitler, um professor que foi candidato a vereador no Rio pelo mesmo partido de seu Jair (na época, o PSC). Carluxo convidou o professor para falar na Câmara a favor do Escola Sem Partido, mas, por estar fantasiado de Hitler, o cara foi impedido. 

E um dos episódios mais fascinantes, a meu ver: em 2013, um neonazista de Belo Horizonte postou uma foto se orgulhando de estrangular um morador de rua. Foi preso de condenado, ainda bem. A polícia encontrou em sua casa uma carta enviada por Bolso. Por que Bolso se correspondia com um neonazista? O que estava escrito na carta? Não sabemos! 

Eu monitorei um chan mascu e neonazista entre 2014 e 2018, e posso afirmar sem medo: 

não existe eleitor mais fiel a Bolso que os neonazis. Quando o deputado federal não passava de uma piada sem graça em programas nojentinhos como CQC e Superpop, os misóginos já berravam "Bolsonaro presidente". 

Hoje seria engraçado, se não fosse trágico, ver a direita fingindo parabenizar seu presidente por "agir rápido" e despedir o secretário. Ora, quem chamou o secretário? Eu é que não fui! Qual foi o "critério técnico" para nomear um nazista?

A dúvida não é se Alvim ou Bolso são simpatizantes nazistas. A dúvida é sobre qual nazista o nazista-mór vai colocar no lugar no nazista demitido.