Publico hoje o texto de Viviane Ester de Barros, professora da Educação Básica há 29 anos, em Petrópolis, RJ. A professora, que é "Apaixonada pela educação e sedenta por justiça social", tem graduação em Pedagogia e Letras e pós-graduação em Linguística.
Recentemente, o presidente fez uma crítica às políticas de alfabetização das administrações anteriores. Declarou que livros didáticos têm muita coisa escrita e que cartilha boa era a Caminho Suave, insinuando que as crianças não aprendem em consequência dos métodos utilizados nas escolas. Essa é uma análise simplória e que precisa ser analisada à luz dos movimentos de inclusões diversas nas últimas décadas.
Historicamente, a dificuldade na alfabetização de alunos nas escolas públicas transitava pela questão dos métodos, que são muitos. Alguns deles partem de unidades sonoras mais simples, para construções mais complexas: fonema, sílaba, palavra, frases e orações. Estes foram os mais usados.
Outros partem do princípio de que a compreensão dos sentidos e finalidades do texto são essenciais para que o educando seja efetivamente um leitor. Com base nisso, a decodificação das unidades mais simples é paralelamente trabalhada ao entendimento do texto como mensagem, abrangendo diferentes gêneros textuais, o estudo das finalidades de cada gênero, os usos e sua relação com a realidade, tendo como objetivo as práticas sociais da leitura e da escrita.
Todo este processo é chamado de letramento. Inclui não só a decodificação (o tal b+a faz ba), como a leitura no sentido mais amplo (conseguir executar uma receita pela compreensão das partes deste gênero textual).
Os métodos que partem das unidades menores ensinam uma técnica de decodificação. Os que partem do contexto abrem horizontes para que alunos e alunas utilizem a técnica para suas vivências.
Você pode, então, pensar que isso é óbvio. Não. Não é.
Quando as crianças (vou me ater à escolarização na idade adequada) têm modelos leitores, elas têm mais noção das práticas sociais, porém lidamos com várias que não vivem em ambientes que proporcionem experiências leitoras nem têm famílias escolarizadas. Isso significa que compreender o papel social da escrita demanda acessar diversos modelos desta prática.
Os métodos que consideram a função social da escrita são científicos, partiram de estudos linguísticos e da epistemologia (estudos que procuram os caminhos de como aprendemos). Para a aquisição da leitura e da escrita, o termo é psicogênese da língua escrita. Não é coisa de amadores. Temos cientistas que estudaram muitos anos para chegarmos a essa práxis.
O grande nó na prática pedagógica é que o fazer docente precisa de acompanhamento, para garantir que as intervenções no processo da aprendizagem sejam efetivas. Professores precisam saber em que fase da compreensão do sistema a criança está e oferecer a ela ferramentas para que prossiga na compreensão do sistema. Não há prescrição predeterminada e as escolhas dos professores e das professoras devem ser cirúrgicas: como, quais textos devo selecionar, de que meios preciso dispor para que as crianças percebam regularidades, etc.
Acreditamos que oferecer frases do tipo O BEBÊ BABA, O BOI DÁ LEITE, OLAVO VIU A UVA não contribuirá em nada para que a leitura e a escrita possam realmente transformar e oferecer motivação para que discentes caminhem para a leitura do mundo, condição tão essencial para a emancipação de cada brasileiro.
Viu isso?
ResponderExcluirtwitter.com/JaaaiSilva/status/1221996190092398592
Vão ser "impreCionantes" os resultados...
ResponderExcluirÉ gente burra com preguiça de estudar querendo tornar os outros burros também pra não passar vergonha. E nessa ferram com o futuro de milhares de pessoas, inclusive crianças inocentes que não tem culpa nenhuma da burrice e dos complexos desses merdinhas mitômanos.
ResponderExcluirNão é por nada, mas esse título é contraditório, se não fosse por isso eu adoraria o seu texto esquerdista
ResponderExcluir