terça-feira, 17 de setembro de 2019

E QUANDO O PRÓPRIO GOLPISTA ADMITE QUE IMPEACHMENT DE DILMA FOI GOLPE?

E não é que ontem no Roda Viva o maior fantoche do golpe de 2016, Michel Temer, chamou o impeachment de Dilma de golpe, como nós sempre chamamos?
Lógico que o vampirão, ardiloso como sempre, negou o seu papel no golpe. Disse sem corar que "jamais apoiou ou fez empenho pelo golpe", o que todo mundo sabe que não é verdade. Opinou também que, se Lula tivesse assumido a Casa Civil em março de 2016 e virado ministro, as articulações para remover Dilma não teriam acontecido, pois Lula tinha "bom contato" com o Congresso. 
Lula, aliás, só não foi ministro porque Sérgio Moro divulgou ilegalmente um grampo de uma conversa gravada pela polícia. Se já foi estranho um juiz de primeira instância mandar espionar uma presidenta, espalhar a gravação (quando o prazo da gravação já havia acabado), entregando-a em primeira mão para a Globo, fugiu de qualquer padrão aceitável. 
Moro e os procuradores sabiam disso muito bem (como revelado pelas conversas do Vaza Jato), e imaginavam que haveria punição. Não houve. Sinal verde para o golpe, aquele do "Com o Supremo, com tudo". 
Que vergonha, Brasil! Esse tipo de comportamento é tão típico de republiqueta... 
Faz três meses que o Intercept Brasil publica as conversas vazadas de Moro e procuradores, que agiram em flagrante ilegalidade para tirar Dilma, prender Lula, e colocar a direita no poder. E nada acontece. Em qualquer país sério do mundo, Moro já teria sido demovido do cargo de ministro (aliás, num país sério um sujeito que participou ativamente para que o principal adversário do presidente não pudesse concorrer jamais seria ministro), Lula já teria sido libertado, e as eleições de 2018 já teriam sido anuladas. Mas aqui é o Brasil, país do vale tudo, da terra arrasada, de tantos golpes de Estado. 
Ontem o Globo pediu desculpas a Heloisa Bolsonaro, esposa de Dudu, pela reportagem (altamente elogiosa) da revista Época sobre ela (a cúpula da revista se demitiu/foi demitida por causa disso). Quantas décadas vai demorar pra Globo pedir desculpas ao país pelo golpe de 2016? Levou 49 anos pra Globo admitir, em editorial de 2013, que apoiou o golpe militar de 1964 e que este apoio foi um erro. Será que, daqui a mais meio século, o grupo da família Marinho se convence de que promover o golpe de 2016 também foi errado?
Provavelmente não, pois, como lembrou o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), se não fosse este golpe, não haveria "fim da CLT, prisão de Lula, entrega do pré-sal, eleição de Bolsonaro, privatização da BR Distribuidora, destruição da previdência, gasolina a R$ 5, fim do PAC e do Minha Casa Minha Vida". Todas bandeiras apoiadas pela mídia. 
Agora que se sabe que Paulo Guedes e demais capangas mentiram sobre os números da previdência, vemos que "o plano engendrado em Brasília aumenta a desigualdade, sacrifica os mais pobres, entrega o filão das aposentadorias mais bem remuneradas aos fundos e bancos privados, quebra municípios pequenos com economia movimentada principalmente por dinheiro dos aposentados". Quando as estatísticas comprovarem que a reforma não melhorou a economia e apenas ajudou a aumentar a desigualdade social, haverá algum pedido de desculpas?
Muita gente anda dizendo que uma das responsáveis pelo golpe, a agora deputada estadual Janaína Paschoal (PSL-SP), também admitiu que houve golpe ao tuitar: "Alguém acha que Dilma caiu por um problema contábil?" Mas Janaína já voltou atrás e sua opinião é irrelevante. 
Ninguém minimamente inteligente acredita que o golpe ocorreu para punir as pedaladas fiscais (que ninguém nem sabe o que é). Mas a opinião do golpista Temer vale porque ele foi um dos principais beneficiários do golpe. De que outra maneira Temer viria a ser presidente, se não fosse através de um golpe? De que outra maneira Temer ainda não estaria preso, se não fosse a recompensa pelo golpe?
Não se pode esperar absolutamente nada do Supremo ou do Congresso. Só quem pode alterar este rumo de autodestruição escolhido pelas elites é o povo na rua. E povo, infelizmente, parece mais adormecido em berço esplêndido do que nunca. Até quando, Brasil?

4 comentários:

Anônimo disse...

"Alguém acha que Dilma caiu por um problema contábil?"

É, a opinião realmente é irrelevante.

Anônimo disse...

Acredito que o impedimento de Dilma não foi um golpe, mas uma conspiração. Para classificar o ato de golpe, os ritos constitucionais deveriam ser claramente desrespeitados, o que não aconteceu. Porém, aqueles que queriam Dilma fora se aproveitaram da baixa popularidade da presidente e do mau desempenho da economia, usaram situações de importância relativa pequena (as pedaladas fiscais) como pretexto para dar início ao processo de impedimento e o final todos sabemos.

Estranho é Temer falar disso. Ele sim deveria sofrer impedimento devido às graves denúncias envolvendo corrupção e trafico de influência. Mas foi blindado pelo congresso amigo.

Portanto, só vai sofrer impedimento quem não tiver uma boa relação com o congresso, pouco importando se estiver envolvido em denúncias comprovadas graves ou não.

Anônimo disse...

Moro ainda vai ser presidente, podem apostar.

Anônimo disse...

Temer disse que Dilma tentou dar um cargo pra blindar o Lula. E ao mesmo tempo, que o impeachment foi um golpe. Ou acredita em ambos ou em nenhum. Se for escolher no que acredita qualquer pode argumentar o que quiser.

BLH