Um caso recente causou bastante comoção. E isso é ótimo. Significa que o pessoal não está aceitando bem a situação.
Michelle Sampaio, uma jornalista respeitada da Rede Vanguarda (afiliada da Rede Globo no Vale do Paraíba, SP) foi demitida da emissora por estar acima do peso, após 16 anos de casa. Michelle engordou 24 quilos durante a gravidez, e, depois de dois anos, não conseguiu eliminar tudo que queria. Ou o que a emissora queria. Enquanto estava tentando emagrecer, ficou nos bastidores. Ela disse no texto que publicou no seu Instagram respeitar "a posição da empresa". Não vai processar.
Ao blog de Mauricio Stycer, Michelle deu mais detalhes. Contou ter recebido ordens da direção para voltar ao seu peso. Não foi a primeira vez que a emissora fez esta cobrança. Em 2017 outra repórter, Marcela Mesquita, também não pôde aparecer na tela por estar fora do peso "ideal". Outra colega, Amanda Costa, narrou a mesma coisa.
Michelle também acrescentou: "Não acho que seja preconceito. Eles têm padrões. Acho apenas que poderiam ter me dado a chance de fazer o meu trabalho".
Ao ler a notícia, lembrei na hora do fantástico livro da Naomi Wolf, um clássico. O Mito da Beleza foi publicado em 1991, mas, quase três décadas depois, ele permanece atual. No livro, Naomi fala de como é comum um telejornal contar com uma dupla de apresentadores -- ele, muito mais velho, gordo, cabelo grisalho, bem fora do padrão de beleza; ela, eternamente jovem, magra e bela, ambos geralmente brancos. (Se você ainda não leu O Mito da Beleza, tá esperando o quê? Tem aqui, grátis, em português!).
Quase trinta anos depois, este é o padrão de apresentadores que ainda vemos.
No domingo à noite, a Globo negou que tenha despedido Michelle por causa do peso. Não convenceu muita gente.
Entendo perfeitamente que Michelle não queira processar a emissora. Ela já deve estar marcada apenas por ter exposto publicamente o motivo de sua demissão. Mas gostaria muito que ela lesse O Mito da Beleza para entender que os "padrões" configuram preconceito estrutural e enraizado. Padrões estão aí para serem quebrados. Só por ser um padrão não quer dizer que esse padrão não seja discriminatório e preconceituoso.
Ontem à tarde um jornalista da Fórum, Lucas Vasques, me ligou para ouvir algum posicionamento meu acerca do caso.
Eu disse a ele basicamente o que escrevi aqui. Ele me contou que, nos anos 90, uma outra jornalista passou pelo que aconteceu com Michelle. Ela também não processou a emissora. A matéria de Lucas é bem reveladora.
Eu disse a ele basicamente o que escrevi aqui. Ele me contou que, nos anos 90, uma outra jornalista passou pelo que aconteceu com Michelle. Ela também não processou a emissora. A matéria de Lucas é bem reveladora.
É terrível que, tanto tempo depois, quase três décadas, tão pouco tenha mudado. Homens são avaliados por seu talento e credibilidade; mulheres, por sua aparência.
A propósito, você deve ter visto imagens de Michelle enquanto lia este textinho. Como disse uma divertida leitora no Twitter, "Se essa moça é gorda, eu sou o Planeta Júpiter, com anéis e tudo".
Nós podemos e devemos rejeitar esses padrões, começando por parar de falar mal de amigas, atrizes, jornalistas , qualquer profissional que esteja fora do padrão. Acho que devemos ressaltar unicamente a competência e/ou relevância da pessoa na sua área de atuação.
ResponderExcluirJá temos metade da humanidade tentando nos julgar e enquadrar nos objetivos deles, os homens sabem muito bem o que é bom pra eles. Temos que fazer o mesmo , a mudança de mentalidades já começou e tem que ser ampliada
Primeiro: quero que a Globo se exploda.
ResponderExcluirDito isso.
A empresa é privada, pode escolher quem ela quer como representante, desde que não haja racismo.
Sem querer ser chato (mas já sendo), o planeta que tem anéis é Saturno...rsrsrs...
ResponderExcluirGlobo é um desserviço, homens gordos podem trabalhar a vontade na emissora, mas mulheres não.
ResponderExcluirLixo de emissora
Cão do Mato, Júpiter também tem anéis
ResponderExcluirSim. E parece que Urano e Netuno também. Mas bem mais discretos que os de Saturno. Tanto que só foram descobertos décadas depois.
ExcluirEis algumas atrizes gordas da Rede Globo:
ResponderExcluirCláudia Jimenez;
Fabiana Karla;
Daniela Fontan da novela Amor Eterno Amor;
Renata Celidônio conquistou o público ao participar da novela Aquele Beijo;
Carina Porto interpretou uma personagem gordinha que se destacou na novela Caras e Bocas;
Simone Gutierrez, participou da novela Cheias de Charme
Depois quando a gente fala em mimimimi, reclama.
Essa estória ta mal contada
ResponderExcluirBlogueira maldita prometeu que iria embora do Brasil se o Bolsonaro ganhasse a eleição para presidente. Não cumpriu. Mentirosa maldita! Vou chutar seu cú sujo gordo até a Venezuela sua puta maldita destruidora de famílias!
ResponderExcluirEu sou uma baleia grávida, se essa moça for 'gorda'. Uma pena, já que o formato do corpo dela não tem a menor relação com o que é necessário para ser uma jornalista e apresentadora. Até quando vão nos exigir que sejamos apenas uma casca para enfeite?
ResponderExcluirAnônimo das 15:50 duas profissões diferentes: atrizes e apresentadoras de tele jornal. As primeiras estudam atuação, as segundas jornalismo. As primeiras têm tradição de mulheres gordas trabalhando desde o início da modernidade, com a criação das Óperas (onde cantar também é requisito), a segunda profissão só existe depois de década de 1960, com nenhuma representatividade de mulheres gordas bem-sucedidas na carreira. Despois reclamam de serem chamados de ignorantes e mal intencionados, mas oh, tá difícil não generalizar.
ResponderExcluirMichelle, sua atitude em não processar a emissora, pode até ter um grau de compaixão, mais por outro lado, contribui, e muito, pras injustiças prosperar. grato, lola, seu blog é: ESSENCIAL!
ResponderExcluirPra mim, só mais uma confirmação de que maternidade é mesmo uma grande furada na qual nenhuma mulher minimamente sensata iria querer embarcar numa sociedade machista de merda como essa.
ResponderExcluirConcordo totalmente. Costumo brincar que se fosse possível eu até gostaria de ser pai, que parece algo bem fácil. Mas mãe? De jeito nenhum. Trabalheira infinita. Julgamentos e cobranças infinitos. Dispenso.
ExcluirComo você tantas mulheres da nova geração tão vendo a furada infinita que é ser mãe no atual estado dos relacionamentos. Já não era sem tempo
ExcluirDe fato se essa moça for gorda, sou obesa mórbida. Afffff!!!!!
ResponderExcluirQuem tá treinando corre o risco, mohana! hahah
ResponderExcluir"ele, muito mais velho, gordo, cabelo grisalho, bem fora do padrão de beleza". Eu nunca vi um telejornal ter um apresentador homem gordo e careca, isso é falácia.
ResponderExcluirEsqueceu do Sr. Boris Casoy? Velho, gordo, fora do padrão de beleza... alguém duvida da capacidade e competência dele como jornalista?
ExcluirOlha, ser gorda é uma coisa, ser obesa é outra. Acho que ninguém deve ser discriminado por nada,sobretudo por aparência. Não sou feminista mas sei bem o que é ser zoada por ser gordinha... Eu acho que saúde sim mas buscar um padrão de beleza, que pode até afetar a saúde física e mental é loucura.
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