BOLSOGATE DA GRANDE FAMIGLIA CHEGA ANTES DA POSSE

Bolso pai, Dudu e o ex-motorista de tom alaranjado Fabrício

Vocês devem ter visto o novo escândalo do governo que ainda nem começou.

Para dar uma pausa no governo eleito, que só vem indicando corruptos, incompetentes e gente que é inimiga dos ministérios que vão assumir, Bolso surpreendeu a maioria dos analistas políticos, que só esperava um escândalo de roubalheira dessas proporções no ano que vem. 

Nada disso: parece que a famiglia Bolsocheio já está transbordando de denúncias. Esta a gente apelidou, talvez precocemente, de Bolsogate. 

O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), braço direito da Lava Jato, divulgou relatório na semana passada em que descobriu movimentações bancárias suspeitas na conta de um ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho mais velho do Coisa Ruim. Em um ano, Fabrício Queiroz, PM e amigão de longa data do clã, fez várias operações envolvendo nove servidores que trabalharam no gabinete de Flávio. Entre janeiro de 2016 e março de 2017, eles deram a Fabricio R$ 184 mil.

Entre os beneficiários das movimentações bancárias de Fabrício estava a primeira-dama Michele Bolsonaro, que recebeu um cheque de 24 mil reais do ex-motorista Fabrício (que recebia salário de R$ 23 mil, o que deve fazer dele o motorista mais bem pago do Brasil).

Durante 38 horas após as denúncias (feitas pelo jornal de direita Estadão), o governo se manteve num embaraçoso silêncio. Onyx Lorenzoni, ministro-chave de Bolso (e acusado de corrupção desde 2005, mas Sérgio Moro disse que Onyx já pediu desculpas, então tudo bem, e o próprio Onyx disse que já se resolveu com Deus e que tatuou no braço um lembrete para não ser mais corrupto), se irritou com as perguntas de jornalistas numa coletiva (chegou a perguntar prum repórter quanto ele ganhava) e foi embora. 

O futuro ministro da Justiça Moro (o mundo inteiro vê com estranheza e risos o fato de um juiz que impossibilitou o principal adversário de Bolso -- Lula -- de concorrer às eleições ganhar um posto importante no novo governo) também teve que sair às pressas de uma coletiva. 

A explicação do patriarca Bolso foi absurda. 

Ele disse que os R$ 24 mil de Fabrício para Michele foram na verdade 40 mil, em dez cheques de 4 mil cada, referentes a um empréstimo que o presidente eleito teria feito ao ex-assessor do filho. Por que um sujeito que tem 1.2 milhão em conta corrente precisa pedir empréstimos?

E por que o dinheiro foi dado pra Michele, e não pra Bolso? 

Bom, porque Bolso, segundo ele próprio, não tem tempo de ir ao banco, disse o rei das fake news que em quatro dias posou três vezes retirando dinheiro de caixa automática. Ele admite que talvez tenha errado por não declarar esse empréstimo ao imposto de renda, mas, se for o caso, ele se acerta com o Fisco. 

A explicação de outro filho de Bolso, Dudu, foi melhor que a do pai: "O que ocorreu ali ninguém sabe".

Na realidade, não tem muito segredo. Parece ser uma prática comum entre deputados não muito honestos: como eles acham que ganham mal, forçam seus assessores a repassarem parte do salário para eles. Não era apenas Fabrício que trabalhava para o Bolsoclã. Suas duas filhas e esposa também. Pelo menos nisso Bolso não mentiu durante a campanha: ele se preocupa muito com a família brasileira (a dele e a dos amigos). E por que ganhar um monte de dinheiro com apenas um parlamentar, se dá pra fazer isso logo com quatro?

Lembro quando o Boulos perguntou num dos pouquíssimos debates presidenciais em que Bolso participou sobre a Wal do açaí, a funcionária-fantasma que ele contratou durante quinze anos para cuidar da sua casa (com dinheiro público). A gente se sente ingênua à medida que mais sujeira vem à tona. E pode apostar que esta do motorista é só a pontinha do iceberg.

Se não fosse a tragédia (pra lá de anunciada) que estamos vivendo, seria hilário. Primeiro vimos uma eleitora de Bolso implorando a Sergio Moro para que ele diga, de uma vez por todas, que a clã é honesta.

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Depois vieram as justificativas de que tudo isso não passa de uma armação do PT.

Agora começaram os cancelamentos de festas. Uma excursão que ia de Mato Grosso pra Brasília pra celebrar a posse de Bolso foi cancelada. 

Ha ha, só sei que perfis como o Bolso Regrets e o Jair Me Arrependi, que registram arrependimento dos eleitores do fascistão, devem estar fazendo hora extra pra dar conta do volume. 

Taí uma indústria que estará muito aquecida nos próximos anos. Se é que chegaremos a um ano.