Apareceu a pontinha do iceberg respondendo à pergunta que faço há meses -- quem está financiando a campanha de ódio e de mentiras de Bolsonaro?
A Folha revelou um esquema de #Caixa2doBolsonaro: cada contrato de empresários (entre eles o dono da Havan, aquele que demite quem não vota no candidato dele) paga R$ 12 milhões para disparar fake news contra o candidato do PT. A doação não é declarada, o que é ilegal.
Aproveito para publicar hoje o excelente artigo que João Paulo Jales dos Santos, estudante do curso de Ciências Sociais da UERN, escreveu pra este bloguinho.
O futuro presidente do Brasil provavelmente será um sujeito desqualificado, medíocre, incompetente, e com uma pauta de governo contra as minorias. Sim, Bolsonaro tende a vencer a eleição no dia 28. Não se trata de ser pessimista, mas realista. Por mais que se diga que o 2º turno é uma nova eleição, não é bem assim. O 2º turno parte de bases políticas, sociais e eleitorais formadas no 1º turno. Bolsonaro colocou sobre Haddad uma diferença de cerca de 17% dos votos válidos, um número expressivo, que dá ao medíocre deputado um favoritismo para ser o próximo presidente.
Antes de Haddad ser escolhido o candidato oficial do PT, as pesquisas indicavam que Lula tinha cerca de 40% das intenções de votos, segundo IBOPE e Datafolha. Haddad não conseguiu herdar todos os votos lulistas, ficou distante quase 11% de alcançar os dois quintos do eleitorado que manifestava preferência por Lula. Há um considerável número de eleitores que são simpatizantes de Lula e que não estão preferindo Haddad, e sim Bolsonaro. Este é um pleito atípico, onde um candidato moderado e centrista como Haddad praticamente não possui chances, porque a atmosfera eleitoral pende de sobremodo para o extremismo de direita.
Para vencer, Haddad teria que ganhar em todos os estados do Nordeste, tarefa relativamente fácil. Conquistar os quatro estados do Norte que desde 2010 vem votando no PT, Amazonas, Amapá, Pará, Tocantins; mas no 1º turno, Haddad somente venceu no Pará. E o Norte é a região com maior número proporcional de evangélicos, que vêm sendo radicalizados contra o PT graças aos pastores fundamentalistas. Nessas condições, Haddad vencer no Norte, como o PT vem fazendo desde 2002, se torna uma tarefa complicada. No Sudeste, Haddad precisaria vencer ao menos em Minas Gerais, mas até mesmo em Minas uma vitória é complicada. Estado que em 2014 deu vitória a Dilma, o Rio de Janeiro é um fiel território bolsonarista; contar com o voto do eleitorado fluminense nesse momento, não dá para a candidatura de Haddad.
No Centro-oeste, Bolsonaro conta com o voto extremamente ideologizado do agronegócio, setor de forte base econômica na região. E no Sul, a região desde 2006 vem se firmando como a mais fiel opositora do petismo. Além de Minas Gerais, os outros dois estados fora das regiões Norte e Nordeste que menor porcentagem de votos deram a Bolsonaro foram Espírito Santo e Rio Grande do Sul, colégios que já votaram no PT em outras ocasiões, mas que na atmosfera política deste pleito, são fiéis campos bolsonaristas. A formação de uma coalização regional pró-Haddad, pelas circunstancias da atual campanha, é tarefa complexa. Só com algum fato atípico poderia Haddad vencer nos colégios eleitorais que precisa para derrotar Bolsonaro.
A direita estabelecida pensou que ao aplicar um golpe disfarçado de impeachment em Dilma Rousseff levaria esta campanha. Ledo engano. Ao fomentar o ódio e a raiva, a direita tradicional perdeu terreno para uma direita bolsonarista. Direita esta que ascende do ódio sepulcral contra o PT, contra as minorias e a ascensão social dos excluídos. Uma direita politicamente despreparada, que através de canais do Youtube e de páginas de redes sociais, principalmente no WhatsApp, fomentou um discurso odioso, e que as sementes da discórdia plantadas desde 2014, geraram frutos agora, com êxito nas urnas.
A direita bolsonarista não possui preparo técnico-legislativo e nem noções de gestão e política pública. É uma direita que não respeita as instituições democráticas liberais, e que nem discernimento sobre o que de fato é o liberalismo político e econômico possui. É uma direita que ética e moralmente é muito mais depravada do que a direita que alocou Temer na Presidência.
O PSDB, a mídia tradicional, o mercado financeiro e o grande empresariado pensaram que ao despachar o PT da Presidência em 2016, levariam facilmente esta presidencial. Erraram ao achar que estava tudo sob controle. Ao fim e ao cabo, criaram uma monstruosidade político-social, que revelou sua face nitidamente no último dia 7. Não que já não se sabia quem era a extrema-direita brasileira, mas para não haver mais nenhuma dúvida, o 7 de outubro foi a cristalização do horror ético e social que é a direita bolsonarista. Uma direita imbuída dos valores fundantes do Brasil, uma direita que usa o discurso do antipetismo como um véu para disfarçar o que de fato é contra.
Porque esta direita, na realidade, é anti mobilidade social, anti ascensão social dos negros e excluídos, anti direitos das mulheres e direitos civis igualitários para as pessoas LGBTQ+. Uma direita que não suporta ver a institucionalização das cotas étnico-raciais, que não aguenta ver a entrada dos pobres nas universidades, que não é capaz de compactuar com dignidade de cidadania e condições materiais para aqueles que sempre foram tratados pelo sistema opressor como os restos humanos da sociedade -- a canalha, na visão da elite, que tão somente merecia ocupar os espaços subalternos que lhe foram devidamente reservados pelo racismo e pela exclusão e desigualdade de classes do sistema capitalista.
A direita bolsonarista alia duas características marcantes da sociedade brasileira: a desigualdade social como elemento para dar continuidade ao projeto excludente da elite, e a violência do autoritarismo moral e do poder constituído do Estado. Com esses dois elementos ainda vivos no tecido social, juntamente com a aguda crise econômica, institucional, ética e de segurança que abala o país, possibilitou-se trazer à tona os sentimentos primitivos de ódio que estiveram escondidos nessas últimas três décadas de inauguração da ‘Nova República’.
Usar o moralismo como item número 1 da agenda nacional não é estratégia nova para o projeto neoliberal. Nas décadas de 60 e 70, o capitalismo usou da moralidade anticomunista para financiar regimes militares autoritários na América Latina. Não foram Margaret Thatcher nem Ronald Reagan que inauguraram o renascimento do liberalismo econômico clássico, o neoliberalismo, e sim a ditadura de Augusto Pinochet no Chile. Regimes autoritários são um chamariz e tanto para que o establishment neoliberal leve a cabo seu projeto social privatizante. A direita monta redes de influências social, política e econômica que hoje transcendem os territórios nacionais soberanos, são redes globais, que tinham por objetivo romper a influência social dos movimentos libertários e socialistas que marcaram as décadas de 60 e 70.
Feministas passaram a ser tachadas de “matadoras de bebês”, segundo Rush Limbaugh, originando assim o grotesco termo feminazi. Comunistas e socialistas comprometidos com igualdade e justiça social tiveram reforçados seus estigmas sociais. A luta por direitos civis igualitários para minorias ganhou a alcunha de “uma guerra cultural pela alma da América”, nas palavras de Pat Buchanan na Convenção Nacional do Partido Republicano no ano de 1992.
Os termos são importantes, porque servem como uma forma usada pela direita religiosa e extremista para despejar farsas que não correspondem à realidade objetiva, visando alcançar os valores conservadores arraigados nas sociedades. Fazer uso das artimanhas moralistas dos valores morais para ganhar eleições e assim implantar o projeto neoliberal na vida social e econômica dum país, eis a estratégia usada por Jair Bolsonaro.
Num momento delicadíssimo como o que passa o Brasil, com uma massa de milhões de desempregados, sucateamento dos serviços públicos, constantes retiradas de direitos sociais e trabalhistas, um rombo fiscal enorme nas contas do governo, um medíocre e incompetente Jair Bolsonaro assumindo à Presidência, é assertivo afirmar que o país caminhará ainda mais para o fundo do poço. Num momento que o país precisa de equilíbrio e consenso para sair da profunda crise social, tende a ganhar à Presidência um demagogo e populista de extrema direita comprometido com um projeto privatizante ainda mais radical do que o implementado por Temer.
Será que gostariam aqueles que votam em Bolsonaro copiar estritamente o modelo americano em que as universidades são pagas, onde não existe um sistema público universal de saúde, em que os trabalhadores não desfrutam das garantias de proteções trabalhistas como as asseguradas pela CLT? Sim, porque esse é o projeto de Bolsonaro, copiar o modelo neoliberal americano de previdência e rede de seguridade social para implementar tal qual no Brasil.
Um governo Bolsonaro será instável, de frágil governabilidade, com um gabinete ministerial incompetente, resultando num verdadeiro caos financeiro e administrativo. Caminhamos, talvez, para a deterioração da institucionalidade da ‘Nova República’. Se vencer, Bolsonaro implodirá de vez o sistema jurídico-institucional que há três décadas vigora no Brasil. Caso o calendário eleitoral seja mantido, daqui a dois anos haverá eleições municipais, um momento crucial para que a esquerda assuma o comando de centenas de Prefeituras Brasil afora. Se o resultado da eleição de 2016 foi um indicativo do cenário que viria nesta eleição, 2020 pode sinalizar uma reorganização da esquerda para vencer no próximo pleito presidencial. O movimento progressista e democrático caminha para perder agora e ganhar depois. Com o descalabro que será o governo Bolsonaro, quem colherá os frutos políticos e eleitorais será exatamente o polo de centro-esquerda que, por ora, tende a perder na atual conjuntura. A política é feita de ciclos, há 16 anos Lula vencia e chegava ao comando do governo central. Caso Bolsonaro ganhe agora, um novo ciclo, favorável à esquerda, virá adiante.
Representando o horror da ignorância aliado à violência do autoritarismo moral, a ascensão meteórica de Bolsonaro é o esgarçamento do sistema político e judiciário. Num país onde juízes não respeitam a Carta Magna de 1988, com uma elite comprometida em ampliar seus privilégios e manter um modelo social excludente, Bolsonaro é a fidelidade de um Brasil tomado por um ressentimento de preconceito racial e de classe. É o horror da ignorância, representado na inconsistência argumentativa de armar a população.
Num país que optou por um modelo de segurança pública repressivo, com uma bandidagem que não teme o braço armado estatal, a polícia, e consequentemente não temerá uma população armada, o eleitor bolsonarista não quer aceitar o fato de que armar a população aumentará substancialmente o número já alto de homicídios. Além do fato de que para se manusear uma arma, necessitasse de um treinamento especializado, aliado a um preparo emocional e psicológico, que a imensa maioria das pessoas não detêm. É a violência do autoritarismo moral, com repressão social brutal à humanidade das minorias, solidificada no discurso farsante moralista da tradicional família brasileira, mergulhada numa opressão patriarcal que vai de encontro a todos os ditos valores que diz defender.
O Brasil de 2018 é o projeto reacionário da elite levado às últimas consequências. O bolsonarismo é o reflexo de um país comprometido com mazelas sociais, que sepulta de vez os mitos oficiais de pacificidade e harmonia social que tanto marcaram um tipo de sociedade, que como se pode ver e comprovar hoje, nunca existiu.
Lola, publica os comentários dos posts anteriores.
ResponderExcluirQuem puder deve ir embora, infelizmente é como diziam nos anos 80, a saída pro Brasil é o aeroporto.
ResponderExcluirNão tem como conviver pacificamente com esses antas, minha paciência acabou. Só saio na rua com um martelo na bolsa, esses merdas tão sonhando se acham que vão agredir sem retorno. Como não quero matar ninguém é ir presa, a solução é ir embora
Saiu um artigo na bbc com a opinião de Fernando Schüler sobre o que estaria ajudando Bolsonaro:
ResponderExcluir"A democracia é uma grande máquina moderadora de posições. A democracia é uma máquina inclusiva. Mesmo agora na campanha do 2º turno, as duas candidaturas já moderaram vários pontos de vista. Ambos abandonaram as propostas de Constituinte (que foram negadas por ambos os candidatos logo após a votação do 1º turno). O Haddad recuou na questão do aborto, por exemplo; Bolsonaro recuou no tema das privatizações", diz ele, que é mestre em ciência política e doutor em filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)."
(...)
"É um pouco o que o Steve Bannon (ex-estrategista e assessor político do republicano Donald Trump, nos EUA) dizia dos democratas nos Estados Unidos. 'Olha, se vocês insistirem na retórica da política identitária (relacionada a direitos de minorias como negros e homossexuais), nós vamos ganhar a eleição (de 2016)'. Nesta guerra cultural, os conservadores se saem melhor que os progressistas, digamos", diz."
link:https://www.bbc.com/portuguese/brasil-45871703
Achei a opinião dele péssima. Ele chama de "moderar" mudar o discurso afim de vencer as eleições. A esquerda deve deixar de ser esquerda e parar de falar sobre minorias e legalização do aborto. Ele fala que Haddad "moderou" quando deixou de falar sobre o aborto e que o Coiso "moderou" quando deixou de falar de privatizações. Discordo completamente. Haddad está deixando de ser esquerda para tentar vencer as eleições (em outros países a defesa do aborto não é necessariamente pauta de esquerda). Já o Coiso está sendo o que ele sempre foi: um estatista contra privatizações que mudou um pouquinho o discurso para agradar o mercado e agora voltou atrás. O tal cientista político chama de "moderado" tudo que esteja de acordo com o neoconservadorismo religioso tosco do Brasil, vulgo bolsonarismo. Se isto é moderação então radicalismo é o liberalismo raiz privatizante e o esquerdismo moderno. Admiro o PSOL que continua sendo PSOL apesar de ter poucos políticos eleitos. Pelo menos está sendo fiel a uma ideia e não tentando chegar ao poder a qualquer custo. Por isso que no segundo turno vou votar no Presidente Prefiro a Multa. Se para chegar ao poder é preciso se curvar as vontades dos religiosos que insistem em não separar o estado da religião até votar no PSOL é melhor.
O que está acontecendo aí não é moderação e sim homogeneização. Bolso não é liberal, esquerdista ou mesmo conservador. O coiso é bolsonarista. E todo mundo tem que pegar a doença do bolsonarismo. Eu me recuso.
Ah,Hitler fundou um estado totalitário alcançando o poder democraticamente. Longe de mim dizer que Bolso é igual a Hitler. Só quero dizer que a democracia pode ser um risco a ela mesma às vezes. E agora é rezar para que Bolsonaro seja apenas um cachorro que late, mas não morde.
Os conservadores se saem melhor porque percebem a ignorância do povão e atendem a esta ignorância. Qualquer coisa para chegar ao poder. Se a maior parte do povão gostasse de tortura (talvez gostem) os políticos iriam louvar a tortura para satisfazer o povão e assim chegar ao poder. Vale qualquer coisa pelo poder.
Ser a favor do aborto é radicalismo. Ser a favor da PEC 181 é ser "moderação".
ResponderExcluirCientista político tendencioso é uma desgraça.
Mas é o tipo de cientista político que combina com o brasileiro.
ResponderExcluirDesculpa pelos comentários aqui Lola. Tinha acabado de ler o teu texto sobre a reportagem da Folha e de ler o da BBC. A p**** da BBC não permite comentários. 😬
ResponderExcluirVocê não cansa?
ResponderExcluirO Haddad NÃO tem a MENOR chance de vencer.
Vocês irão perder na DEMOCRACIA.
ResponderExcluirAguardem.
Ah, os intelectuais!
ResponderExcluirAtravés de palavras rebuscadas e uma análise sempre meticulosa, senhores da verdade. Pra mim é bem estarrecedor que intelectuais, com filosofia socialista/comunista/feminista/petista, que permearam este governo Lula/Dilma, durante tanto tempo, fracassaram estrondosamente e ainda não aprenderam que a sociedade tem ojeriza de sua filosofia, pelo menos na nossa nação. É igualmente estarrecedor, ver postagens em blogs como este, de pessoas que reclamam de violações de direitos, justamente na vigência deste Governo. Se são dotados de um intelecto tão privilegiado, por que não o empregaram em prol de articulações que pudessem mitigar estas tão faladas mazelas? Como uma xícara cheia, a mente de um esquerdista está transbordando de especulações que os impede de enxergar a verdade. Este movimento presente no país, sintetizado na figura de um presidenciável que vocês tanto odeiam, surgiu graças a inépcia de seus próprios correligionários. Esvaziem suas mentes, enquanto é tempo!
a) Eu torco pelo Bolsonaro porque eu quero ver esta classe media pao com ovo metida a besta racista machista e homofobica mas que adora um concurso e seus direitos se virar quando o chicote bater
ExcluirQue bom que todos concordamos que caixa 2 eh crime, tive a impressão que os petistas achavam isso aceitável.
ResponderExcluirAlicia
Concordo com tudo e ainda elevo a décima potência.
ResponderExcluirRilke disse que a morte está dentro de nós como a semente na fruta. Tenho pra mim que a facada é uma das sementes do governo "Jair" (é assim que o Uol/Folha o vem tratando, com certa intimidade...). Ainda não me convenci de que ele sofreu um atentado real. Caso minha intuição esteja certa (não só minha, muitos acham a mesma coisa), ele está nas mãos do grupo que tornou possível a farsa. Esse Caixa 2 é outra semente. Como o Judiciário não é confiável, essa história vai ser cozida em banho-maria, pra ser usada na hora certa e se for necessário. Acho que esse governo vai ser um fiasco e uma dessas sementes, ou outra que a gente ainda não sabe que existe, vai matar a fruta. Do mesmo jeito que o mensalão e o petrolão mataram o governo do PT. O governo "Jair" ainda nem começou e já está se comendo por dentro. É briga pra ver quem vai indicar o ministro da saúde, ou o do transportes, ou da agricultura... É briga pra ver quem vai ser o presidente da câmara, se Rodrigo Maia ou se o filho do Troço... Já estão sendo dados sinais de que a reforma da previdência só vai atingir os servidores do baixo escalão. Vão deixar de fora juízes, promotores, defensores públicos, legisladores, exatamente os que dão mais despesas. A reforma que vai sair vai ser pífia e não vai agradar aos "mercados"... Vão ser poupados também os militares das forças armadas e os policiais militares, carreiras que não eram tão valorizadas e que passarão a ser porque os descontentamentos precisarão ser sufocados pelos "profissionais da violência". Quando esses militares aposentados começarem a tratar os deputados e os senadores como dizem que Dilma os tratava, aos berros e muxoxos, vão sabotar o governo dele como sabotaram o dela. Isso vai fazer a inflação subir, o dólar se descontrolar; a economia, que já não está lá essas coisas há muito tempo, vai continuar ladeira a baixo... A confusão vai ser grande. É só uma questão de tempo. Acho que Sarney está certo: o governo "Jair" vai ter vida curta. Essa raposa velha disse que não dura 06 meses. Vamos aguardar.
ResponderExcluirHebert
ResponderExcluirBoa noite Lola, tudo bem?
( corrigindo ) Pelo que estou lendo, o pensamento de talvez deixar o país que Você
resolveu adotar se foi, pois Você quer ver e participar do seu jeito,
de um novo clico social, e de uma nova fase do país, não é verdade?
Lendo o parágrafo final deste texto, sobre o possível fim da mística
de simpatia, harmonia e amabilidade brasileira ( sem contar o riso fácil )mundialmente conhecido, me lembrei do ator Diretor e cineasta tradicionalíssimo, carioquíssimo ( não só da gema como Eu ), e brasileiríssimo, Hugo Carvana.
Especialmente no filme Vai Trabalhar, Vagabundo II a Volta, quando em uma passagem do início do filme, seu personagem Dino ( malandro a moda antiga ), recita um Ode ao Rio, após anos fora do país:
"ah Rio de Janeiro, quando você acorda, você cheira bem,
cheira maresia, sargaço, ventania,
durante o dia, os homens te sujam, te pegam, te maltratam,
mas agora tô aqui, serei teu guardião,
tantos anos longe de você, foi ontem!?
parece que nunca saí,
que nunca estive fora daqui, foi sonho o tempo todo,
o tempo todo durou quanto tempo, Rio?
Não nego, entrego mesmo, sou teu,
sei que tu tá remendado, bandido, mal parado,
Rio, tu tá mesmo mal amado, mas Eu cheguei,
vamos fazer uma parceria,
Você cuida da minha saudade, que eu te acho a imagem perdida,
ah Rio, Rio, meu grande lugar comum!!!"
Algo que se refere ao Rio, mas que pode ( e deve ) se aplicar ao país,
urgente.
Pode parecer ingênuo, pueril, mas enfim...
Abraço.
Belo artigo, João. Parabéns!
ResponderExcluirNunca vou deixar de colocar na conta do PT o fato do Coiso estar sendo eleito. Pra mim isso é totalmente sem perdão. Votei Lula 2x, votei Dilma 2x, votei em Haddad 2x para a prefeitura de SP e quando aconteceu o golpe, fui pra rua protestar também. Só que aí começaram a aparecer as coisas e desde 2016 não para de aparecer coisas, denúncias, condenações, processos, delações, a porcalhada toda que o partido e seus aliados fizeram nos tantos anos em que ficaram no poder com a ajuda de pessoas idiotas, iludidas e ingênuas como fui. E nas eleições acabou escancarando de vez. Então no primeiro turno, votei Marina Silva porque ela nunca me pareceu ser uma pessoa envolvida com porcalhice e além de tudo, é mulher e eu acho importante mulher votar em mulher sim. Ela é evangélica mas defendia plebiscitos e é uma defensora do diálogo, coisa que falta muito ultimamente. Agora no segundo turno, vou viajar. Porque se de fato não voto no Coiso nem amarrada, no PT menos ainda depois de tudo e fora o que ainda não apareceu, o que vão desenterrar daqui pra frente. Já aceitei que ele vai ganhar, que essa suposta questão aí do Whatsapp não vai dar em nada porque se der, vai dar ruim pro PT e para várias pessoas que foram eleitas graças ao Mensalinho do Twitter também e o país precisa sair do caos, de um jeito ou de outro. Vi também uma série de exageros cometidos por gente que se dizia aliada do progressismo, tipo duvidar do atentado, dos médicos de Juiz de Fora como os caras fazendo "suásticas budistas" em igreja e depois aparecendo em filmagem eles pixando "Ele Não", as mesmas pessoas. Tá todo mundo cansado, de saco cheio de tanta mentiraiada, de tanto jogo sujo, o pavor que a mídia tá criando ainda vai acabar em mortes reais, então só quero que essa bosta de eleição acabe logo e que esse ano acabe logo e que 2019, independente de quem vai ganhar, que faça um bom governo, que a sociedade colabore e que a gente saia de uma vez dessa lama porque sinto muito, condenado da justiça eu não defendo não. Mesmo que seja um que eu conheça pessoalmente. Deu tudo errado nessa eleição e sim, a culpa é do PT e de quem passou a vida inteira acreditando nesse partido, como eu.
ResponderExcluirFale por você. Se quer carregar culpa então que seja a sua culpa mesmo. Apesar dos erros do PT as pessoas poderiam ter votado em Marina ou João Amoedo ou Henrique Meirelles, car@. Mas preferiram votar em um psicopata. Essas eleições deram errado e a culpa é toda de quem apertou 17. Da minha parte estou estudando a possibilidade de tapar o nariz e apertar o 13. Na verdade, nunca tinha voltado no PT antes. Sempre votei nulo, mas pela primeira vez estou mudando de comportamento. Porque em psicopata apoiador de tortura eu não voto de jeito nenhum. Jamais perdoarei a população brasileira por ter colocado um psicopata no poder caso o processo democrático for rompido por este psicopata autoritário. A culpa será toda dos eleitores do coiso pois todos viram como ele é. Não tiveram a menor vontade de pesquisar as ideias dos outros candidatos. Talvez apenas gostem do ódio.
ExcluirQue seja sua culpa também já que você votou no PT. Mais minha não é porque eu nunca votei no PT antes.
Diante desse quadro que os eleitores do coiso criaram talvez eu tenha que votar mesmo nesse partido corrupto só pra tentar evitar a ditadura de um psicopata protofacista.
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ExcluirEste homem vai fazer um estrago no país.Vai fazer o que o Paulo Guedes quer, porque é um incompetente. O Paulo Guedes é um entreguista, vai privatizar tudo e seremos uma colônia maior do que somos! As terras indígenas serão entregues às gigantes multinacionais, e o resultado disso, será a fuga de indígenas que mal falam o português para as grandes cidades, aumentando ainda mais o número de indigentes no país.Dias tenebrosos nos esperem! Aguardem!
ResponderExcluirHonestamente, isso e o que mais me pesa, o impacto desta candidatura das comunidades indígenas e quilombolas, e o trabalho escravo no campo... Tempos sombrios nos aguardam!
ExcluirEste homem vai fazer um estrago no país.Vai fazer o que o Paulo Guedes quer, porque é um incompetente. O Paulo Guedes é um entreguista, vai privatizar tudo e seremos uma colônia maior do que somos! As terras indígenas serão entregues às gigantes multinacionais, e o resultado disso, será a fuga de indígenas que mal falam o português para as grandes cidades, aumentando ainda mais o número de indigentes no país.Dias tenebrosos nos esperem! Aguardem!
ResponderExcluirAlicia, só não é aceitavel quando é o opositor. Alias, não existe provas de caixa 2 do PT. E essa matéria sobre um suposto caixa 2 do Bolso é prova inquestionavel.
ResponderExcluirFalar em reorganização da centro-esquerda e em alternância no poder pressupõe que a Constituição, e todo arcabouço jurídico abaixo dela, serão mantidos . E a gente não sabe se vão . Só sei que se a democracia aqui no Brasil se destrambelhar de vez, nem "Jair" vai ter boas notícias . Por que respeitariam vontade das urnas, mesmo que conquistada na base das fake news? Bolsonaro é um asno. Se a democracia aqui no Brasil papocar de vez, ele não vai ser o chefe maior do estado. Lula, por ter sido preso, não fez o menor esforço pra assumir a função de guardião da democracia de que fala Steven Levitsky. Ele sabia que o PT perderia essas eleições e, como "Jair" é muito burro e está cercado de pessoas que ou são burras como ele, ou não têm a menor noção das dificuldades políticas e jurídicas que terão pra transformar suas propostas e projetos em emendas constitucionais e em leis infraconstitucionais, têm tudo pra fazer um mau governo e piorar o que já está ruim no Brasil . O plano de Lula sempre foi o de perder agora pra ganhar depois, com a esquerda fortalecida pelos erros e pela inoperância do governo Bolsonaro. Mas só que pra os planos de Lula darem certo, terá que haver eleição em 2020 e em 2022, tendo como base a Constituição e as leis como as conhecemos hoje . Lula, o restante do país e até Bolsonaro com sua equipe ridícula, poderemos ser atingidos por mudanças tão grandes, sociais, jurídicas e políticas , e num espaço de tempo tão pequeno, que essa visão de refortalecimento da esquerda poderá não passar de uma fantasia. Estou desanimado e com medo. Não sabemos como estará o Brasil no final de 2019. E poderá estar muito, muito pior que agora. Em quase tudo ou em tudo.
ResponderExcluirLula não tem idade mais para planos a longo prazo
ExcluirÉ isso aí, gente! Vamos iniciar um ciclo de esquerda agora pra evitar iniciar um ciclo de esquerda daqui a 12 anos!
ResponderExcluirA questão do caixa 2 atual é que ele destrói o discurso que o uso estava errado ao negar a vitória da Dilma 2016 e joga água nas falas que foi um golpe, por que como vimos pela TV existia mais que provas para cassar a chapa Dilma/Temer, tantos que os votos dos Ministros contrários a cassação são facilmente contestáveis.
ResponderExcluirPara a campanha do PT junto a classe média me parece que pelo menos abre um discurso negativo sobre o Bolsonaro, as qualitativas vão dizer isso, mas por hora ele fica na retranca, apesar da fala do Haddad de prender um empresário para ele falar foi um tiro fora, ontem ouvi uma piada no bar sobre isso, vi também um "tweet" de um economista famoso liberal fiquei intrigado.
Tem um caminho dos dois lados ser explorado, vai precisar acertar o discurso bem, por que dependendo do que ocorrer pode aumentar a rejeição do Haddad que é maior que a do Bolsonaro inclusive entre as mulheres.
O Bozo revolucionando o mundo circense.
ResponderExcluirAntigamente se dizia,
O PALHAÇO O QUE É?
É LADRÃO DE MULHER!
O falso messias veio e mudou tudo:
E O PALHAÇO, O QUE É?
É LADRÃO DA EX-MULHER!
O Brasil sempre na vanguarda! Primeiro país do mundo a eleger um ladrão de cofres para presidente!
Sabem quem este lenga lenga antige?
ResponderExcluirO Renan,garoto classe média progressista que estuda ciencciê sócias na PUC.
Não atinge o Zé, borracheiro que tomou coronhadas em um assalto esperando ônibus pra lhe rouvarer o celular parcelado.
O problema esquerda, e que existem muitos mais Zés do que É.
Perderam as bases por conta de um academicismo tosco metido a intelectual.
Avascon, o Lula já tá com 75 anos... daqui a 4 anos ele ou vai estar em Curitiba na cadeia ou no cemitério meu Brother....
ResponderExcluirAlém disso, outros nomes da esquerda surgirão e certamente vão tomar o espaco que até então era do pai dos pobres... Os luletes vão ter que se acostumar.
Faltam menos de 10 dias e é óbvio que Haddad não vai conseguir virar o jogo. Então estão desesperadamente tentando anular a eleição. Pura fantasia. Se não aceitaram a candidatura do Lula, acreditam que vão conseguir anular uma eleição na véspera?
ResponderExcluirPra mim essa eleição é simbólica, é a morte do antigo PT padecendo sob as mãos de Pilatos (Ciro) pra ressurgir um novo partido. Uma pena que isso custe o sacrificio da carreira política do Haddad.
ResponderExcluirEu estou tranquila que o Haddad vai vencer.
ResponderExcluirA Lola garantiu várias vezes que Bolsonaro não tinha a menor chance de ser eleito.
Vdd! Diversas vezes em dezenas de postagens anteriores a Lola sempre afirmou que Bolsonaro nunca seria eleito pois, em "eventual" 2° turno ( não mais tão eventual assim ), a rejeição dele era altíssima entre as mulheres e por isso nunca seria eleito. Eu estou confiando nas palavras da Lola. Ela é professora e é muito mais sábia que nós, então estou tranquila, confiando nela.
ExcluirNuma eleição tal como vinham sendo as eleições, ele realmente não venceria. Mas essas eleições foram ou estão sendo as da Cambridge Analytica (nem sei se coloquei o y no lugar certo) e do Whatsapp. Até o PSDB não contou com essa novidade.
ExcluirIronia costuma ser um sinal de humor e inteligência. Mas a de vocês é tão bobinha e chatinha... Parece até revelar uma alegria secreta (?) pelo "sucesso" do Bolsonaro. A Lola é otimista e gosta do Brasil (duas coisas em que somos diferentes), ela acreditou que um ser humano tão absurdo e inepto não seria eleito. De acordo com a lógica não era para ser mesmo. Já eu nunca duvidei. Desde quando esse país tem lógica? Eu nunca duvido da capacidade do Brasil ser um país absurdo, atrasado, elitista, autoritário, obscuro e tremendamente ignorante. E (infelizmente) o Brasil sempre corresponde as minhas espectatitas. A eleição do Bolsonaro não me surpreende em nada, embora me deprima. Deprimente é. Mas não é surpreendente. É só o Brasil sendo Brasil. Fazendo o que sempre fez. Sendo o que sempre foi.
ExcluirVai ser engraçado quando o Bolsonaro vencer, teremos milhões de nazi-mestiços em festa. Será de dar pena.
ResponderExcluirEsperem um pouco.
ResponderExcluirA democracia só existe quando os nacionais de um país escolhem o seu governo.
Onde a vitoria de um candidato, eleito pelas urnas, é um retrocesso democrático?
Expliquem melhor.....
Democracia é bem mais que "escolher seu governo", isso é parte dela. Democracia é sobre igualdade de direitos entre cidadãos.Está também no direito a livre manifestação política. Democracia é algo infinitamente maior que apenas voto, embora evidentemente voto seja uma parte importante. Mas não basta apenas ter eleitores para se dizer que existe democracia. Se fosse assim a Venezuela seria super democrática, e não é. A ameaça a democracia está em escolhecer uma pessoa que diz que irá "acabar com ativismos", que já falou abertamente em fechar o Congresso, que sempre que abre a boca comete um crime de ódio contra alguma minoria. E ao longo da história "os nacionais" de vários países já escolheram representantes autoritários e criminosos que acabou com a democracia em suas pátrias. É esquizofrênico, é contraditório, é bizarro. Mas já aconteceu. E está acontecendo. Tem gente que realmente acredita que democracia é sobre a maioria esmagando a minoria. Não é. Até o uso de palavras como "ganhar" e "perder" em uma eleição me parece estranho. Não é partida de futebol, coisas muito sérias estão em jogo.
ExcluirLi os comentários e não encontrei nenhum que diga que a eleição do Idiota, por si só, seja um retrocesso democrático . Retrocesso pode vir depois. As expectativas são de que ele vai fazer tanta cagada, piorando ainda mais a crise econômica, que as consequências dessa piora ponham em risco a democracia. Os empresários que o apoiam, os militares e policiais militares, pra manter o novo status quo
ExcluirPra manter o status quo que vai surgir, podem articular um golpe. Mas se isso acontecer os fãs do coiso vão ficar tristes tb, outro vai assumir a chefia maior do estado . Quanto a Lula, apesar de já ter passado dos 70, ainda vai ter sua importância. Ele é muito inteligente . Se viver o bastante ainda vai influenciar algumas eleições . A idade só põe abaixo a força muscular. O cérebro pode ficar em atividade por mais tempo.
ExcluirExiste melhor terreno do que o brasileiro para o pessoal da escola austriaca, Instituto Millenium, Mises fincar suas raízes? O resto do mundo olha com desconfiança e rejeita, agora por aqui aceitam da forma mais pacífica, servil e cega ir para o matadouro.
ResponderExcluirBolsonaro é uma das maiores provas de que as forças democráticas jamais devem subestimar o poder do discurso de ódio, por mais absurdo que pareça.
ResponderExcluirOs reacionários estão loucos.
ResponderExcluirSimplesmente não sabem o que fazer com a eleição do Bolsonaro como presidente.
Só restam-lhe seguir a estratégia de Maximilien Robespierre durante a revolução francesa: Implantar o medo e o terror.
Já fizeram isso em 2014 e foi por um triz que deu certo. Esqueceram?
Isso também é culpa da esquerda que não expulsou a extrema-esquerda de seus meios!
ResponderExcluirEsse pessoal que apoia o stalinismo, Cuba Coréia do Norte elogiando ditaduras comunistas e falando que tem que mandar pra gulag ou fuzilar mesmo trouxe uma imagem negativa para esquerda democrática e moderada que deveria se afastar para que o público que é de fora não ache que os extremistas representam toda a esquerda.
"Eu estou tranquila que o Haddad vai vencer."
ResponderExcluir19 DE OUTUBRO DE 2018 20:16
Haddad esta pensando que eleições é igual a Tele-Sena do Silvio Santos.
Ganhasse com mais e menos votos.
Este texto mostra bem direitinho por que a eleição de Bolsonaro pode representar uma ameaça à democracia no Brasil. Na melhor das hipóteses ele vai fazer um governo ruim e receber fim semelhante ao de Dilma. Na pior ele vai usar o combate ao crime organizado como justificativa pra suprimir liberdades e direitos civis. Combatendo de forma atabalhoada organizações criminosas como o PCC, a reação violenta delas à atuação estatal (incendiando ônibus ou fazendo coisas piores) pode ser usada pelo governo do Traste como uma desculpa pra a supressão de direitos e liberdades civis. Ele já disse que quer aprovar uma excludente de ilicitude pra que a polícia militar possa matar em serviço sem ser incomodada. A mesma polícia que vai combater o tráfico vai ser que a vai conter os protestos por perdas de direitos. Num contexto assim, bandido vai ser qualquer um que ouse reclamar de forma coletiva e organizada dos desmandos do governo dele. Se este texto não for suficiente pra entenderem por que Bolsonaro é uma opção tão ruim, desisto. Só vai então ressuscitando um Leonardo Da Vinci pra que ele faça um belo desenho.
ResponderExcluir"Um governo Bolsonaro poderia ser parecido com o de [Fernando] Collor [1990-1992]. Mas é muito difícil saber o que esperar de um governo dele. Bolsonaro poderia mostrar-se politicamente inapto e isolar-se, sendo politicamente derrotado pela oposição", analisa Levitsky.
"Outro cenário, muito pior, é se Bolsonaro decidir realmente começar a atacar as organizações criminosas, como o PCC, por exemplo. Isso pode significar uma erupção da violência. E Bolsonaro pode usar esta violência como desculpa para começar a suspender ou evitar liberdades constitucionais e mover-se em uma direção autoritária, usar a crise como uma justificativa para concentrar e abusar do poder. E isso seria bem feio.
https://www.uol/eleicoes/especiais/steven-levitsky-democracia-jair-bolsonaro-eleicoes-2018-fernando-haddad.htm?fbclid=IwAR395LtvFMthyFbjZHkwSAl_fJWSDN2hE4bcY0xKhbpgtU6m8m90GR_4aWM#mito-e-poder
Ah, e o Judiciário (TSE) realmente pretende deixar a questão das fake news espalhadas pelo Whatsapp como justificativa pra eventualmente cassar a chapa Bolsonaro/Mourão. É uma sementinha da morte. Vai germinar apenas se o governo dele for ruim (isso se antes ele ou um ditador com cérebro não tiver jogado a Constituição de 88 numa fogueira e feito outra...):
[...] Pato na lagoa Os integrantes do Tribunal Superior Eleitoral ponderaram que, a menos de dez dias do segundo turno, “não é hora de criar marola”. Mussi decidiu na noite desta sexta-feira (19) citar Bolsonaro para que ele se manifeste sobre o assunto. E só.
Fica a dica Para registro: o mesmo ministro que disse ser indesejável interferir no curso da eleição, afirmou que a investigação deve continuar correndo na corte. “Lá na frente, se for o caso, cassa a chapa.” [...]
https://painel.blogfolha.uol.com.br/2018/10/20/ministros-do-tse-defenderam-nao-criar-marola-com-acoes-sobre-whatsapp-as-vesperas-da-eleicao/?utm_source=whatsapp&utm_medium=social&utm_campaign=compwa
Este texto aqui faz um bom apanhado do que a gente está vivendo. Inclui até as postagens pelo Whatsapp. Janaína Paschoal disse que esse uso eleitoreiro do Whatsapp não está acontecendo. Isso porque ela não recebeu fake news nenhuma... Agora entendo por que tanta gente nega que tenha havido ditadura: a ditadura só existiu pra quem perdeu uma pessoa querida. É o mesmo raciocínio tosco.
ResponderExcluirOPINIÃO
Jair Bolsonaro só poderia surgir no Brasil
Nenhum país está imune ao populismo à direita ou à esquerda
Rodrigo Tavares
O fenômeno é amplamente conhecido. A emergência de líderes populistas, tanto à esquerda quanto à direita, é estrumada pelo medo. É em momentos de decadência e de desânimo que a população sacrifica a prudência em nome da promessa do abatimento das suas dores.
A tríplice crise que o Brasil atravessa —econômica, de segurança e de ética pública— produziu o candidato Jair Bolsonaro, da mesma forma que as crises na Hungria, Itália e Filipinas criaram Viktor Orbán, Matteo Salvini e Rodrigo Duterte, respectivamente.
Mas se estes fatores estruturais explicassem integralmente a emergência do populismo, porque é que outros países, no redemoinho da crise, tiveram o discernimento de evitar o abismo?
No ano passado, a França, embrulhada numa crise identitária e econômica, escolheu Emmanuel Macron ante Marine Le Pen. Portugal, no meio da crise de 2011-2015, optou por António Costa e não pelas pontas extremas do espetro político.
Existem fatores, específicos ao Brasil, que explicam como é que um político abrutalhado nos modos, regional na influência, divisório nos valores e minguado no intelecto conseguiu-se nacionalizar em poucos anos, sem ter os tradicionais meios de comunicação à sua disposição.
Em primeiro lugar, Bolsonaro é o político que conseguiu, nestas eleições, ocupar, com mais eficácia, o submundo das redes sociais. O Brasil, é importante sublinhar, é um dos países com maior número de usuários de Facebook (4.º), Twitter (6.º) e WhatsApp (3.º) no mundo.
ResponderExcluirEnquanto líderes tradicionais se acotovelavam para conseguir espaço nas televisões ou nas ruas, Bolsonaro desenvolveu, ao longo dos anos, uma silenciosa e sofisticada infraestrutura de ataque e propaganda nas redes sociais.
Se os seus adversários limitam-se a postar, com regularidade, notícias nas redes, Bolsonaro adotou uma estratégia piramidal de difusão de propaganda, composta por até 300 mil grupos de WhatsApp, com ativistas regionais, municipais e internacionais (incluindo em Portugal).
Uma reportagem da Folha mostrou também que empresários pagam até R$ 12 milhões [2,8 mihões de euros] pelo envio pelo WhatsApp de centenas de milhões de mensagens contra o PT. Enquanto os outros candidatos têm pequenas equipas de especialistas em marketing político, Bolsonaro converteu eleitores em disseminadores de propaganda. Vítimas transformadas em algozes.
Nas últimas semanas entrei em quatro desses grupos de WhatsApp (Somos todos Bolsonaro, Bolsonaro 17 PSL, Bolsonaro17 Presidente e Vídeos de Bolsonaro). Não são grupos de discussão mas plataformas de encaminhamento de conteúdos —quase sempre vídeos e fotografias montadas, com informações falsas ou enviesadas.
Há também muitos áudios e links externos. Nestes quatro grupos, desde que comecei a escrever este artigo há 20 minutos, já recebi 76 mensagens —dezenas de vídeos antigos de líderes do PT com líderes venezuelanos e acusações que o Brasil vai tornar-se comunista; insultos grotescos a Fernando Haddad; pedidos de boicote a marcas ou a figuras públicas que não apoiam Bolsonaro.
É uma espécie de ditadura cibernética. Quem não é membro destes grupos fica surpreendido com o grau de beligerância com que os eleitores de Bolsonaro defendem publicamente ideias insensatas. O aplicativo foi utilizado para difundir um nível alarmante de desinformação, boatos e notícias falsas, que transformam pessoas normais em soldados.
ResponderExcluirSe existe uma quase unanimidade fora do Brasil contra Jair Bolsonaro, mesmo entre movimentos de direita, há uma total unanimidade entre os membros desses grupos de que existe um complô internacional comunista para impedir a vitória do deputado nas urnas. A falta de sentido crítico é um indicador de manipulação.
Como 44% dos brasileiros apoiam-se no WhatsApp para formar as suas decisões políticas, Bolsonaro dá-se ao luxo de criticar abertamente a média tradicional e, num gesto profundamente antidemocrático, recusar-se a ir a debates.
Em segundo lugar, ainda que o país tenha sido liderado, desde o início dos anos 90, por governos de centro ou de esquerda, com agendas progressivas nos costumes, os brasileiros são, em geral, conservadores. Quase pudicos.
O último condenado à pena de morte foi executado em 1876 mas, em 2018, 63% da população brasileira ainda é favorável à pena extrema. Apenas 14% defende a legalização da interrupção da gravidez em qualquer circunstância. Fazer topless é considerado um ato obsceno pelo Código Penal.
Quando questionados anualmente pelo instituto de sondagens Datafolha sobre as instituições mais confiáveis, os brasileiros escalam as forças armadas, as polícias e as igrejas ao cume das preferências.
O Brasil é, por detrás da agitação carnavalesca, uma espécie de Emirados Árabes Unidos dos trópicos. Não por acaso, Bolsonaro resgata valores conservadores, que estavam carentes de representatividade política, com o apoio das instituições em que os brasileiros mais acreditam.
A isto está associado o machismo, uma generalizada cultura de estratificação de gênero que outorga mais poder de influência ao homem e objetifica a mulher.
Segundo um estudo de 2017, 61% dos brasileiros homens assumem que têm atitudes machistas, ainda que apenas 17% reconheçam ser preconceituosos.
Para os homens, os comentários misóginos de Bolsonaro são considerados próprios de um patriarca, ao mesmo tempo que muitas mulheres tendem a reagir com indulgência. Se Jair fosse mulher e feminista, a sua aceitação social pelo eleitorado conservador seria recebida com mais glóbulos brancos.
(Recebo mais 64 mensagens com 28 vídeos: Haddad é pedófilo, Haddad tem uma Ferrari que comprou com dinheiro da corrupção, Haddad é um falso cristão, Haddad defendeu o incesto num livro que escreveu em 1989.)
Em terceiro lugar, o Brasil sofre um estio de líderes. Se do regime militar ecoaram vozes nacionais dissidentes que irrigaram com sensatez o debate nacional, seja na política ou nas artes, os últimos trinta anos não geraram lideranças em número e áreas suficientes para acelerar o desenvolvimento econômico e social do país.
Professor de fim de semana na Fundação Getúlio Vargas, costumo pedir aos meus alunos que enumerem anonimamente, num papel, aqueles brasileiros, em todas as áreas, cujas posições públicas contribuem para as decisões deles. Aqueles que servem de referência. Quase sempre as folhas são entregues em branco.
Quando agora se esperaria que despontassem das cavidades da sociedade todos os líderes necessários para defender a causa da liberdade, a maioria esquiva-se ao enfrentamento público, estando mais preocupados em manter uma neutralidade utilitarista que lhes dê latitude de opções para o futuro, com Bolsonaro na presidência.
A maioria dos jornais, das empresas brasileiras ou dos candidatos a presidente que perderam no primeiro turno têm padecido de afasia.
Se o Brasil tivesse líderes políticos defensores de uma direita moderada, o crescimento de Bolsonaro poderia ter sido estancado logo no início. Mas faltam forças políticas que, como o Partido Popular espanhol ou o Partido Conservador do Reino Unido ou do Canadá, defendam consistentemente valores conservadores, tradicionalistas e liberais.
ResponderExcluirO Brasil nunca teve um José Maria Aznar, uma Margaret Thatcher ou um Stephen Harper. Bolsonaro é criticado por líderes de direita globalmente —até pela extrema-direita de Marine Le Pen— pela sua falta de consistência ideológica e discurso extremado tosco. Mas, dado o deserto de alternativas à direita, para os brasileiros o capitão reformado é um oásis de esperança.
(Tenho 125 mensagens recebidas nas últimas 3 horas. A última é uma foto de um tweet viral de autor anônimo: "Me perguntaram: se você é cristão, por que vota no Bolsonaro? A pergunta foi para afrontar. Minha resposta: porque prefiro Pedro que era impulsivo, falava besteiras e andava com uma espada mas amava Jesus, do que Judas com discurso mentiroso de ajudar os pobres, mas era ladrão e traidor.)
Em quarto lugar, o Brasil tem um problema com a sua história.
Uma viagem a São Vicente, no litoral do estado de São Paulo, é reveladora. Foi a primeira cidade fundada pelos portugueses no Brasil (em 1532) e é considerada o berço da democracia nas Américas —foi lá que se instalou o primeiro parlamento e foram realizadas as primeiras eleições. Mas o único vestígio deste passado é a Casa Martim Afonso, um local pequeno e quase improvisado com uma exposição de objetos da época.
No Brasil, o futuro é construído apenas a partir do presente, numa permanente revoada inventiva e incessante procura pelo novo.
Para não repetir os erros da história, seria necessário saber que erros foram esses, mas a cultura brasileira é negligente sobre o passado. São poucos os heróis nacionais celebrados coletivamente. São poucas as conquistas da História que se entranharam na memória do brasileiro comum. É pouca a curiosidade pela vida estrangeira dos avós imigrantes.
O meu filho adolescente, estudante no Brasil, conhece melhor o império romano de há 2 mil anos do que a história do império brasileiro de há cinco gerações passadas.
O país também ainda não tratou as feridas da ditadura militar (1964-1985).
Não houve nenhum processo terapêutico como o proporcionado pela Comissão de Verdade e Reconciliação da África do Sul, que examinou os crimes do apartheid (1960-1994). A Comissão da Verdade brasileira, instituída mais de 25 anos após o fim do regime militar, não conseguiu universalizar a condenação pública às violações dos direitos humanos.
Ninguém foi preso, ao contrário do que aconteceu na Argentina e no Chile, que condenaram centenas de pessoas pelas atrocidades cometidas durante os regimes militares. Ainda hoje, o golpe brasileiro de 1964, que depôs o presidente eleito João Goulart, é cunhado por alguns, de forma mais benevolente, como uma "revolução" ou um "movimento".
Aqui em Buenos Aires, de onde escrevo esta coluna, alguns intelectuais argentinos dizem-me que seria difícil emergir no país um líder populista que fosse abertamente apoiante do regime militar ou da tortura, como Bolsonaro.
Vale lembrar que o presidenciável foi ovacionado quando, ao declarar na Câmara dos Deputados o seu voto pelo impeachment de Dilma Rousseff, homenageou Carlos Brilhante Ustra, um torturador que chefiou o DOI-CODI, uma espécie de PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado) brasileira.
ResponderExcluirFinalmente, para a tempestade ser perfeita, só faltaria que o adversário no segundo turno das eleições fosse o PT. E foi isso que aconteceu.
Líderes populistas procuram inimigos públicos para neles cristalizar o somatório dos medos e, a partir deles, galvanizar o apoio das massas. Os judeus estão para Hitler, os ciganos para Matteo Salvini ou os imigrantes muçulmanos para Le Pen como o PT está para Bolsonaro. É neste partido, que comandou o Brasil de 2002 a 2016, que se condensam, aos olhos do capitão, todos as virulências.
O fato do partido não ter ainda feito uma autocrítica pelo seu envolvimento em escandalosos casos de corrupção nem ter-se rejuvenescido com novos líderes só asfalta a propaganda de Bolsonaro.
Se o PT tivesse sido derrotado no primeiro turno e o adversário de Bolsonaro fosse Ciro Gomes, Geraldo Alckmin ou Marina Silva, a tese "os brasileiros contra o PT" seria desconstruída. Mas a manutenção do PT na eleição só reforça o bipolarismo e a tese do inimigo coletivo.
Nunca um ato eleitoral foi tão segregador e hostil. Nunca houve tanta animosidade política no país desde a democratização. E nunca os brasileiros foram obrigados a escolher entre um presidente que descriminará metade da população (Bolsonaro) ou será descriminado pela outra metade (Haddad).
(423 mensagens em 24 horas, a maioria com vídeos insultuosos. Nenhuma proposta concreta sobre como enfrentar as crises que abatem o Brasil.)
Rodrigo Tavares
é fundador e presidente do Granito Group. A sua trajetória acadêmica inclui as universidades de Harvard, Columbia, Gotemburgo e California-Berkeley. Foi nomeado Young Global Leader pelo Fórum Econômico Mundial.
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/jair-bolsonaro-so-poderia-surgir-no-brasil.shtml?utm_source=facebook&utm_medium=social&utm_campaign=compfb&fbclid=IwAR0kMACMjiBh_pmmrqasZyvJ9ATykh0OcxbH8J98XH_cpnJTOLiXY9EQxd8
"Isso também é culpa da esquerda que não expulsou a extrema-esquerda de seus meios!
ResponderExcluirEsse pessoal que apoia o stalinismo, Cuba Coréia do Norte"
"esse pessoal" não é de extrema esquerda. Se informe.
Extrema esquerda é anarquista, trotsquista ou autonomista, não estalinista nem (muito menos) fã do Juche.
E pensar que o TSE não vai investigar esse absurdo da campanha ilegal do WhatsApp
ResponderExcluirAcho que querem destruir este país mesmo, terminar de colonizar a terra, vender o que for produtivo pros estrangeiros,matar os índios restantes e escravizar pela miséria o resto da população. Parece apocalíptico e pessimista o nosso futuro. Tô com dificuldades de ver uma saída
ResponderExcluir"Extrema esquerda é anarquista, trotsquista ou autonomista, não estalinista nem (muito menos) fã do Juche.
20 de outubro de 2018 18:57"
Que pena, se fossem anarquistas como Liev Tolstoi, Henry David Thoreau e Mahatma Gandhi ganhava meu voto com certeza
Lola, eu critiquei aqui um texto da BBC que mostra a opinião de Fernando Schüler então quero elogiar as ótimas análises feitas em dois textos novos:
ResponderExcluirDestaco este trecho: "Vivemos uma crise epistemológica que ainda não temos como entender bem. Continuamos a pagar a conta por erros históricos como processos abolicionistas incompletos e racismo entranhado nas instituições. O fato de o eleitorado mais de direita optar por um radical, ao invés de outros candidatos da direita mais comprometidos com a democracia, indica uma necessidade urgente de autocrítica entre elites conservadoras e liberais". link: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-45837308#_=_
Gostei muito dessa análise pois mostra o papel de responsabilidade tanto das elites quanto das classes médias e das classes populares, em um país com tantas pessoas conservadoras e religiosas, na escolha por um candidato claramente autoritário quando havia outras opções no "cardápio". Opções também à direita, religiosas, conservadoras, liberais, sem mancha de corrupção mas que os eleitores religiosos e conservadores preteriram em favor do populista autoritário Bolsonaro.
O segundo texto é o que está nesse link: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-45829323
Concordo com grande parte dos argumentos do autor de que Bolsonaro pode ser um risco a democracia, mesmo que eu também não acredite na possibilidade de um golpe de estado clássico. A maior parte dos brasileiros prefere a democracia, mas está votando em um autoritário, apesar de todas as opções que tinha. Acredito que os escândalos de corrupção do PT e a crise econômica tenham contribuído, mas é evidente que intelectuais, mídia, membros da classe alta e líderes da "nova direita" espalharam propositalmente a histeria anticomunista e jogaram com o conservadorismo moral do povão afim de impulsionar a adesão a Bolsonaro. Sério, duvido que essas pessoas acreditem mesmo nessa história de "Venezuela". O foda é a irresponsabilidade de escolher um autoritário pra ficar no lugar do PT.
Temos que parar de achar que só existe conservadorismo na direita.
ResponderExcluirQuantos ditos de "esquerda" não repudiam a esquerda contemporânea por ser "progressiva demais" e acharem que só tem que se preocupar com direitos trabalhistas e que pautas progressistas são "coisa de burguês".
A internet é uma coisa maravilhosa! Vc encontra cada maluco. Já vi conservadores e racistas se voltarem para o comunismo e stalinismo porque acham que o capitalismo é o culpado pela "degeneração" do mundo atual como os direitos para gays por exemplo.