Em dezembro, durante as férias, li em espanhol o livro de Maria O'Donnell, Born.
Foi um bestseller na Argentina há três anos, quando foi lançado, e fala sobre o sequestro mais caro da história, o dos irmãos Jorge e Juan Born, então herdeiros da Bunge y Born. Para serem soltos, tiveram que pagar 60 milhões de dólares nos anos 1970. Li o livro porque fui amiga da filha de Jorge numa escola em SP e porque estive uma vez no iate e na cobertura da família, nos anos 80. Ou seja, eu mais ou menos conhecia um dos protagonistas.
O livro é excelente e me fez aprender mais sobre a história da Argentina. E, apesar do heroísmo de Jorge nos nove meses de cativeiro (ele não se desesperou e conseguiu negociar), ele se queima irrevogavelmente ao apoiar o governo Menem (em boa parte para tentar rever o dinheiro do resgate).
Bom, logo no começo do livro, O'Donnell fala de um outro sequestro famoso, do qual eu sabia muito pouco: o do neto de J. Paul Getty, ocorrido nove meses antes do dos Born. Desde que descobri que o filme Todo o Dinheiro do Mundo trata disso, fiquei ansiosa para vê-lo. E agora na Páscoa finalmente vi o filme -- que me deixou me mordendo de raiva do Getty e do capitalismo em geral.
O quê?!, você pode perguntar, Você viu um filme sobre um sequestro terrível e teve raiva de uma das vítimas, não dos sequestradores? Ok, deles também, mas eles são criminosos. Já Getty é tratado como um lendário bilionário americano.
Kevin Spacey como Getty |
O filme deu muito o que falar porque, seis semanas antes de seu lançamento, o octogenário (e ótimo diretor) Ridley Scott decidiu refilmar todas as cenas em que Kevin Spacey interpretava Getty.
Não era pouca coisa: eram 22 cenas. Essas refilmagens consumiram nove dias frenéticos e quase 10 milhões de dólares. Scott temia que, com os escândalos recém revelados de Spacey, o filme poderia sofrer um boicote. Achou melhor substitui-lo por Christopher Plummer que, aos 88 anos, tem mais a ver com Getty (Spacey tem 58 anos e teve que usar um bocado de maquiagem para envelhecer). Deu certo -- Plummer (lembra dele em A Noviça Rebelde?) foi até indicado ao Oscar de ator coadjuvante. Lembra o Mr. Burns dos Simpsons.
Todo o Dinheiro não é um grande filme, mas certamente prende o interesse. Pra quem não sabe, na época Getty, um magnata do petróleo, não era apenas o homem mais rico do mundo, mas o mais rico da história da humanidade. Pouco antes, ele havia dito numa entrevista a Playboy: "Se você consegue contar seu dinheiro, você não é um bilionário".
Só que Getty era tão muquirana que deu bronca na sua quinta esposa por ela gastar demais no tratamento do filho deles de 6 anos, que tinha câncer e já havia ficado cego do tumor. Esse filho morreu com 12 anos, sem que Getty comparecesse ao funeral (isso o filme não mostra). Getty era tão muquirana que instalou um orelhão para os hóspedes usarem na sua mansão (isso o filme mostra).
Getty era tão, mas tão pão-duro que, quando seu neto Paul foi sequestrado, ele nem cogitou pagar o resgate pedido -- 17 milhões de dólares. Numa declaração à imprensa, o bilionário disse que, se pagasse, seus outros 14 netos também seriam sequestrados. Isso até pode ser verdade, mas o fato é que ele se recusou a atender telefonemas da sua ex-nora Gail (Michelle Williams), a desesperada mãe de Paul, e demorou cinco semanas depois do início do sequestro para enviar um empregado para ajudá-la (um negociador e ex-agente da CIA interpretado por Mark Wahlberg).
O jovem Paul na vida real |
Paul tinha 16 anos quando foi sequestrado pela máfia italiana em Roma, em 1973. Chamado pela mídia de "o hippie dourado", ele havia sido expulso de sete escolas e largado o colégio aos 16 para virar pintor. E já havia brincado com amigos que iria forjar seu próprio sequestro para tentar tirar uma grana do avô. Getty acreditou nisso por bastante tempo. (Ah, outra coisa que ficou fora do filme: uma revista pornô, Playmen, pagou mil dólares para publicar fotos de Paul nu, que haviam sido tiradas antes do sequestro. Na época, tudo bem publicar fotos de um menor de idade nu).
Paul Getty no filme e na vida |
Gail e sua família estavam numa enrascada. Eles mantinham o sobrenome Getty, mas nada do dinheiro e poder que vinham com o nome. O marido de Gail, pai de Paul, filho de Getty, se separou dela em 1966 (nove anos antes do sequestro), casou-se com uma modelo (que morreu de overdose em 1971), e passou a viajar pelo mundo usando drogas com gente como Mick Jagger. Mesmo com um filho viciado em heroína, Getty ficou ofendidíssimo quando Gail conseguiu a guarda das crianças (seus netos).
Não que Getty tivesse qualquer intenção de cuidar deles. "Criar filhos [e netos] iria interferir com as amantes que ele tinha", escreveu John Pearson, autor do livro Painfully Rich: The Outrageous Fortune and Misfortunes of the Heirs of J Paul Getty, no qual o filme é baseado. Era óbvio que ele amava sua arte e sua fortuna, muito mais que sua família.
Na vida real, Gail era filha de um juiz. Mas não era rica. E ela realmente teve que lidar com tudo sozinha. Seu ex-sogro bilionário não aceitava falar com ela. O machismo da época fazia com que ninguém a levasse a sério. O sequestro era visto como algo a ser resolvido entre homens (um dos quais não queria pagar resgate).
Ainda tem dúvidas de que Getty era um enorme fdp?
Basta saber que o sequestro aconteceu no mesmo período que a crise do petróleo, quando o preço do barril subiu tanto que com os lucros de um só dia Getty poderia pagar o resgate do neto. [Alguns spoilers menores a seguir:] Apesar disso, Getty só aceitou pagar depois que um pedaço da orelha do neto chegou pelo correio a um jornal italiano.
E aceitou pagar numas. Getty pagou US$ 2.2 milhões (porque seus advogados falaram que era dedutível do imposto de renda) e emprestou os 800 mil restantes (a essa altura, quase cinco meses após o início do sequestro, a máfia estava inquieta e topou reduzir o valor) a seu filho (pai de Paul), o viciado, a juros de 4% ao ano.
Na vida real, o personagem de Walberg era um incompetente. Acreditou mesmo que o rapaz tinha orquestrado seu sequestro e caía num trote atrás do outro. Na realidade, foi um ex-agente do FBI, que trabalhava na embaixada americana em Roma, quem negociou o resgate com os sequestradores, conseguindo baixá-lo a US$ 2.9 milhões ou US$ 3 mi, dependendo da fonte. Nove pessoas foram presas pelo sequestro mas, devido à falta de provas, apenas duas foram condenadas. O dinheiro do resgate nunca foi encontrado (ou, segundo esta fonte, 85 mil dólares foram recuperados).
Gail e Paul em 1974 |
O filme faz parecer que Getty morreu na mesma noite em que seu neto foi solto. Não é verdade, claro: Getty morreu três anos depois, aos 83, em 1976, numa mansão de 72 quartos em Londres. Seus filhos e netos realmente não receberam quase nada (o filho viciado ficou com 500 dólares; Paul, o neto, com zero), mas Getty tinha sido casado cinco vezes, e suas cinco ex-mulheres, além de outras onze, já recebiam pensões. A que mais ganhou foi uma decoradora que conhecia Getty há anos mas se recusou a casar com ele. Ela ficou com 826 mil dólares em ações e mais US$ 1,167 por mês em pensão.
Outras licenças poéticas que o filme toma: na vida real, Gail nunca teve que identificar um cadáver, como acontece no filme (mas teve que identificar a orelha do filho).
Paul nunca viu o rosto dos sequestradores, nem tentou fugir (a cena da fuga fez os familiares dos sequestradores se indignarem com o filme). E óbvio que aquele final hollywoodiano, cheio de coincidências, é pura ficção.
O que me deixou mais revoltada com Getty foi a história do minotauro. O filme mostra que, quando Paul conheceu o avô, Getty (renomado colecionador de arte) lhe deu uma estátua de um minotauro, dizendo que ela valia US$ 1.2 mi. Durante o sequestro, Gail, angustiada, tentou vender a estátua para arrecadar grana para pagar o resgate. Aí notou que a estatueta era mera lembrancinha de um museu, uma bugiganga.
Além disso, Getty pergunta "Quem ela está fodendo?" sobre Gail, a mãe de seu neto. E força sua ex-nora a assinar um documento dando ao filho drogado a custódia dos filhos. Um calhorda total.
Mas talvez o pior seja descobrir, no final, que Getty mantinha um Trust Fund (um fundo filantrópico) simplesmente para não ter que pagar impostos. Como você se sente ao saber que você paga mais impostos que os bilionários que a mídia faz você idolatrar?
Gail e seu filho Paul em 2011 |
O filme não mostra a tragédia que foi a vida de Paul após o sequestro. Ele nunca se recuperou. Casou-se aos 18 anos e teve um filho, Balthazar Getty (que virou ator). Traumatizado, Paul se rendeu às drogas e ao álcool. Oito anos depois do sequestro, por conta de uma overdose, Paul, então com 24 anos, teve um derrame que o deixou tetraplégico, parcialmente mudo e cego. Foi sua mãe Gail que cuidou dele pro resto da vida. Ela processou o ex-marido para que ele pagasse parte do tratamento. Paul morreu em 2011, aos 54 anos.
O Getty's não possuíam (e nem possuem) classe como os Rokefellers e Rothschilds
ResponderExcluirPor isso 'tão no fundo do poço
Lola, na sua opinião de cinéfila, por que Ridley Scott nunca ganhou um Oscar, apesar de ter dirigido ótimos filmes?
ResponderExcluirNão sei. Ridley Scott foi indicado ao Oscar de diretor 3 vezes, por Thelma e Louise, Gladiador e Falcão Negro em Perigo. Talvez tenha chegado mais perto com Gladiador (que levou melhor filme). Filmes até mais famosos dele, como Alien e Blade Runner, não tem tanto perfil de Oscar. Tá cheio de diretor importante que nunca ganhou Oscar (Kubrick, Hitchock, Tarantino etc). Mas Scott é muito reconhecido e tem o título de knight (sir).
ResponderExcluirSabe Lola, seu texto fez eu pensar no imposto sobre grandes fortunas no Brasil. Já passou da hora.
ResponderExcluirKkk boa
ExcluirEsse é um filme para odiar o Getty. Nem todos os bilionário são monstros horrendos como ele. É preciso diferenciar isso.
ResponderExcluir3 coisas:
ResponderExcluir1. Esse texto é puro ressentimento. Getty não devia nada a ninguém. Ninguém tem a obrigação de ter uma moral que você considere aceitável. No fundo sua raiva é fruto da impotência que você tem em controlar homens como ele.
2. Olha a cara do Paul. Um neto desses definitivamente não vale 17 milhões de dólares, ainda mais considerando que ele tinha muitos outros.
3. Quem cobra seus impostos não são os bilionários, é o Estado. Não gosta do esquema, reclame com ele (que também é quem criou as leis que regem os trust funds).
É.
ExcluirEles devem estar gratos com a sua defesa. Pobre e mal acabado querendo advogar para o diabo. É de cair o c* da bunda.
ExcluirO Bill Gates criou um fundo para fazer pesquisas pra encontrar a cura do Alzheimer e de doenças como a Malária, que atinge milhões de pessoas em países pobres mas não tem o interesse da indústria farmacêutica.
ResponderExcluirEle paga isso tudo do próprio bolso, agora pergunto às pessoas que odeiam bilionários como ele, qual a quantidade de seu salário reservada pra ajudar is outros?
Ahn, pessoas com o cu em chamas em defesa dos bilionários que nem sabem que vocês existem, e que se soubessem, cagariam e andariam pra vocês do mesmo jeito:
ResponderExcluirBilionários com ética e vergonha na cara são exceção. Tanto que existem 2208 deles no mundo, mas quando é pra falar dos que prestam vocês só citam três: dois que estão mortos e só um vivo até hoje. Que tal pararem de perder seu tempo defendendo gente que não sabe que vocês existem, se soubessem não ligariam, e irem estudar pro ENEM desse ano, pra quando chegar na hora da prova não ficarem de mimimi "esses pretos e pobres vagabundos cotistas roubaram minha vaga"?
E mesmo que Paul Getty não fosse um bilionário, ele continuaria sendo um ser humano execrável, um bosta, um completo desperdício de moléculas que deveria ter sido abortado - exatamente como os mascus. "Ninguém tem a obrigação de ter uma moral que você considere aceitável", mas na hora que pobres querem faculdade, mulheres querem aborto legal e homossexuais querem benefícios civis como casamento esses entulhos fedorentos são os primeiros a querer impor sua própria """""moral"""" pros outros. Se matem seus idiotas. Ninguém quer vocês nem sente sua falta, exatamente como os milionários que vocês correm pra defender.
Ao invés de se cuidarem, estudarem, trabalharem, procurarem aperfeiçoamento, a mascuzada na internet lambendo as bolas de indivíduos que nem sabem que eles existem. Não é a toa que a vida dessa gente é uma merda.
Você é mascu troll?? Só pode!! Que vergonha da sua grosseria.
ExcluirÉ mesmo, né, anon das 8:04? A gente tem mais é que comemorar que os 8 homens mais ricos do mundo tenham o mesmo patrimônio que a metade mais pobre da população mundial. Deixa eu repetir: 8 caras têm o mesmo que 3,5 bilhões de pessoas. É ótimo que com os bilhões do Bill Gates ele possa patrocinar a busca da cura de doenças (imagino que ele não desconte isso do imposto de renda). Imagina só se os bilhões desses 8 caras fossem repartidos entre 3,5 bi de pessoas. Seria terrível! Elas provavelmente iriam gastar esse dinheiro todo!
ResponderExcluirConsiderando a riqueza que esses 8 caras geram para o mundo (empregos, bens, serviços), é melhor que eles continuem com o dinheiro.
ResponderExcluirEu acho é pouco, anon! Por que esses 8 só tem metade de toda riqueza do mundo? Vamos dar TODA a riqueza do mundo (incluindo o pouco que vc e eu temos) pra um só homem! Certamente ele vai saber o que fazer com esse dinheiro todo. Vai gerar muitos empregos e serviços!
ResponderExcluirNão, lixão de 10:11. Quem gera isso são os trabalhadores que são explorados por esses bilionários. Dê uma fábrica a um Bill Gates e não coloque nenhum trabalhador dentro e veja quantos computadores ele consegue produzir sozinho...
ResponderExcluirLola, pensei que você iria comentar alguma coisa sobre a diferença salarial entre o Mark Wahlberg e a Michelle Williams para refilmarem as cenas do filme. Ela recebeu mil dolares, ele, mais de um milhão!
ResponderExcluirhttps://g1.globo.com/pop-arte/cinema/noticia/mark-wahlberg-teria-recebido-um-cache-bem-maior-do-que-o-de-michelle-willians-para-regravar-filme-diz-site.ghtml
3 coisas, 21:43, seu babaca:
ResponderExcluir1. 'tão te pagando quanto pra vc lamber o cu desse defunto decadente e falido? ou tá lambendo cu de cadáver de graça mesmo?
2. se um neto de bilionário não vale 17 milhões, imagina vc, seu bosta, capacho de merda, tu não vale nem a esmegma podre q sai da sua uretra, seu lixo
3. Quem te explora no trabalho não é o Estado, seu encosto, e agradeça a Deus por haver um Estado que te garante receber o mínimo, pq sem ele, nem um salário de fome vc ia ter, sua anta
"esses 8 caras"/"é melhor que eles continuem com o dinheiro"
Depois o liberOTÁRIO tem a cara de pau de vir falar de "corporativismo", mas são uns cânceres ambulantes mesmo
So um adendo
ResponderExcluirChamar esse bilhonario de fdp, é misognia, preconceito e intolerancia contra as profissionais do sexo. Putas merecem respeito.
"Ain, 8 pessoas têm a mesma riqueza que os 50% mais pobres"
ResponderExcluirVamos aos números (eu sei que é difícil, mas me acompanhe):
Fortuna somada dos 8 mais ricos = 426 bilhões de dólares
Dividindo pelos 50% mais pobres (~3,5 bilhões de pessoas) = 122 dólares, arredondando pra cima.
Ou seja, dividir toda a riqueza dos 8 mais ricos pelos 50% mais pobres vai resultar num pagamento único, uma única vez na vida, de 122 dólares pra cada um dos 50% mais pobres. Não é 122 dólares por ano, muito menos por mês: riqueza é estoque, não fluxo. É 122 dólares e acabou.
Se isso resolve alguma coisa, não é o problema da pobreza: é o problema do seu ressentimento contra quem tem mais que você.
Mais de um bilhão de pessoas vive com menos de um dólar por dia. US$ 122 daria pra eles terem o que comer durante 122 dias, ou 4 meses. Não tenho ressentimento algum contra quem tem mais do que eu (até porque os brinquedos dos ricos não me atraem), só acho que deve haver um limite pra riqueza. Tenho senso de justiça. Mas e aí, quanto vc ganha pra defender a fortuna dos bilionários? Porque imagino que vc não é um deles. Mas acha que um dia vai ser?
ResponderExcluir"Se isso resolve alguma coisa, não é o problema da pobreza: é o problema do seu ressentimento contra quem tem mais que você."
ResponderExcluirNem adianta explicar. No fundo, vale os dizeres do sábio Kirk Lazarus:
"Never go full retard".
Quando um pobre defende o patrimônio de um rico, ele não está fantasiando que um dia talvez chegue a ser como ele. Ele está evitando ser essas duas coisas ao mesmo tempo, pois aí já é sofrimento demais: pobre e invejoso.
ResponderExcluirAinda mais importante, o pobre em questão não tolera relativização de propriedade privada, pois ele sabe o quanto custou a dele.
Já criticar a corrupção pública e privada é natural, mas desde que a crítica não se transforme em uma forma velada de traição aos valores acima.
Pois é, gente pobre tem valores. Não são apenas "estômagos" como os reduzem os intelectuais e administradores públicos (e intelectuais metidos a administradores públicos).
Valentino, quem realmente não é invejoso simplesmente não liga, olha pros milionários ostentando seus brinquedinhos e pensa "Ok, se diverte aí que eu tenho que ir trabalhar/estudar/cuidar da minha vida". Quem não é invejoso não perde tempo tomando as dores de quem não está nem aí pra opinião da 'plebe' porque, tipo assim, tem coisas importantes de verdade pra fazer.
ResponderExcluirQue bom que concorda. ^^
ResponderExcluirSegurar a onda de ressentimento contra a riqueza é justamente cuidar da própria alma. Não é tomar as cores dos ricos, é reduzir a própria dor.
Valentino, ninguém se ressente da riqueza. A riqueza não faz nada. A riqueza não tem culpa. As pessoas que destroem e exploram pra conseguir riqueza? Essas sim tem culpa.
ResponderExcluirMe preocupo muito com o futuro desse mundo quando vejo como esses lambe-botas de milionário simplesmente acham que riqueza é sinônimo de plena licença pra ser escroto.
Todo rico é muquirana, senão não seria rico.
ResponderExcluirPrioridades...
É engraçado como tem um pessoal que não pode ouvir falar mal de bilionário, que logo toma as dores e chama todo mundo de ressentido... mas morre de inveja do colega que tem uma gratificação de mil reais a mais.
ResponderExcluir**********************
Eu tenho que concordar num ponto: Getty era uma pessoa desprezível, mas isso, por si só, não deveria nos fazer odiar todos os milionários. O filme, aparentemente, não desenha nenhuma teoria de que o Getty era assim por que era milionário, ou de que era milionário por que era assim. Então esse é um filme para odiar... o Getty, não necessariamente todos os milionários.
Eu não acho que essa seja a questão. Milionários são diversos, como todo mundo. Haverá umas peças raras como o Getty, um ou outro que tenta realmente se importar e ajudar, e uma grande maioria que não vai nem tentar ajudar a humanidade, mas provavelmente vai ajudar filhos, netos, irmãos, esposas e ex-esposas, sobrinhos, tios, talvez os primos.
E convenhamos: não é preciso ser milionário para ser um crápula. Tá cheio de misântropo no mundo, daqueles que querem se dar bem às custas dos outros, e uns ainda piores, que nem querem se dar bem, só querem que os outros se dêem mal também. Muitos desses, aliás, costumam vir aqui no blog da Lola, comentar absurdos, torcendo para que as pessoas não tenham atendimento médico, para que os médicos façam um julgamento moral dos pacientes antes de atender, para que os salários diminuam, para que as horas de trabalho aumentem, para que os fetos não sejam abortados para que possam ser sacaneados até à morte depois de nascerem, para que as "vadias" sejam condenadas a serem mães, para que não haja escola pública, saúde pública, aposentadoria, direito à privacidade, etc, etc, etc. Tudo isso enquanto se gabam de serem "auditores muito bem sucedidos" que têm apartamentos de cento e cinquenta mil reais como patrimônio...
A questão é outra: que sistema é esse que permite a alguns serem bilionários enquanto outros têm de trabalhar de sol a sol para ganhar uma existência minguada, sem nenhum conforto, nenhuma esperança, e nenhuma segurança? Por que, por mim, todo milionário podia ser santo, que não ia mudar o problema central: ainda assim, estariam tendo acesso privilegiado à riqueza que é produzida por todos, sem terem feito nenhum esforço a mais do que os outros, sem terem nenhum mérito especial, sem terem contribuído mais do que ninguém.
E é isso que está errado, não a muquiranice do Getty.
Não é verdade que Getty não tenha deixado herança, seu filho Gordon e alguns netos aparecem ainda em algumas listas de bilionários e milionários americanos.
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