terça-feira, 24 de abril de 2018

NO MUNDO DOS IMPOSTORES

No fim de semana vi um documentário impressionante, que recomendo muito: O Impostor, filme de 2012 de Bart Layton.
O doc, que mais parece um ótimo filme de suspense, é sobre um francês, Fréderic Bourdin, que em 1997 fingiu ser um menino desaparecido, Nicholas Barclay. Nicholas tinha 13 anos quando sumiu, em 1994, em San Antonio, Texas. Depois de 3,5 anos, Bourdin, que vivia na Espanha, afirmou ser Nicholas. Ele não tinha nada a ver com o garoto, que era loiro, de olhos azuis. Bourdin tinha então 23 anos (sete a mais do que Nicholas teria em 97), olhos e cabelos castanhos, e falava inglês com sotaque. 
Ainda assim, a família de Nicholas o aceitou como o filho desaparecido. Bourdin ficou cinco meses morando na casa deles, em San Antonio (pra sua decepção, pois imaginava que os EUA era feito de metrópoles, não de cidadezinhas rurais). Chegou a ir à escola!
Bourdin durante o filme
Bourdin enganou todo mundo, incluindo as polícias e serviços de imigração dos EUA e da Espanha. Inventou uma história mirabolante sobre seu sequestro (disse que havia sido raptado por militares americanos, mexicanos e espanhóis, drogado e estuprado durante meses, com dezenas de outros meninos, e que jogaram coisas nos seus olhos para que eles mudassem de cor. Sério: como alguém ouve isso e não vê automaticamente que o cara é um mentiroso compulsivo?).
Enganar a família de Nicholas, eu até entendo. Imagino que ter um filho desaparecido seja pior do que ter um filho morto, pois a morte traz uma espécie de fim, de encerramento. Mas um filho desaparecido você vai procurar pra sempre, e se sentirá culpadx se parar de procurar. E você não sabe o que aconteceu, onde ele está. Então até compreendo que a família de Nicholas quis acreditar a qualquer custo que Bourdin era seu filho. Ela não é pintada com boas tintas no doc, fica sugerido ou que ela foi incrivelmente estúpida, ou criminosa.
A irmã de Nicholas
"Como assim, criminosa?", você pode perguntar. Pois é, Bourdin, quando foi desvendado, disse à polícia que Nicholas havia sido assassinado pela própria família, que o colocou no lugar para que não desconfiassem dela. E não é que os policiais e agentes do FBI acreditaram no que o mentiroso patológico disse sobre a família e passaram a investigá-la?!
Até as únicas pessoas que minimamente desconfiaram de Bourdin desde o começo 
(um detetive particular e uma agente do FBI, se bem que o primeiro a categoricamente afirmar que Bourdin não era Nicholas foi um psicólogo que o entrevistou; ele disse que não era possível que uma criança que cresceu num lar onde só se falava inglês até os 6 ou 7 anos pudesse ter sotaque, mesmo depois de uma década sem falar inglês) suspeitaram da família de Nicholas. Pra eles, havia algo de muito estranho pra família adotar um impostor.
Bourdin foi condenado a seis anos de prisão por fraude e perjúrio. Na cadeia, fazia ligações telefônicas para famílias que tinham filhos desaparecidos, dizendo ser a criança ou jurando ter informações sobre ela. Quando saiu da prisão e foi deposto dos EUA, ele voltou à França e, numa cidadezinha de lá, assumiu a identidade de outro menino desaparecido. Bourdin já tinha quase 30 anos e estava meio careca, mas foi preciso um teste de DNA para determinar que ele não era o garoto de 14 anos que pretendia ser.
Ele já teve cerca de 500 identidades falsas, quase sempre de órfãos ou crianças desaparecidas, em mais de 15 países e 5 línguas. Ele não enganava por dinheiro, mas por razões emocionais (sua mãe tinha 17 anos quando o teve; seu pai, que ele nunca conheceu, era um imigrante argelino que já tinha outra família). 
Com a esposa em 2008
Mesmo assim, casou com uma francesa e têm cinco filhos. Ano passado, segundo o mentiroso, ela fugiu com outro homem e deixou as crianças com Bourdin. Quando perguntaram pra ele, em 2008, se agora que ele era pai e marido ele teria se tornado um novo homem, ele respondeu: "Não, esse é quem eu sou".
Há um outro filme sobre o desajustado, chamado O Camaleão (2011). Ainda não vi. Mas certamente O Impostor é melhor. E melhor ainda é saber que Bourdin detestou o filme.
Não sei se tem muita ligação, mas tudo isso me lembrou um caso recente, bem impressionante também -- o do australiano Christopher John Gott, atropelado no Rio. No dia 18 de janeiro deste ano, um carro desgovernado invadiu o calçadão de Copacabana, atingindo 18 pessoas, incluindo um bebê de 8 meses, que morreu. Parece que o motorista sofreu um ataque epiléptico enquanto dirigia (é o que ele alega).
Um dos feridos, levado ao hospital Miguel Couto, em coma, tinha um passaporte australiano. Os médicos informaram a embaixada, mas o cidadão cujo nome constava no passaporte não existia. O documento era falso. Finalmente, após tirar a digital do homem em coma, a polícia viu que aquele era Gott, um pedófilo que havia fugido de seu país 22 anos atrás.
Até 1994, Gott foi alvo de 17 denúncias de abuso sexual de adolescentes. Foi condenado a 6 anos de prisão mas fugiu dois anos depois, enquanto estava em liberdade condicional. Veio parar no Brasil, onde morou com identidade falsa durante duas décadas. Ele continua em coma com traumatismo craniano e, segundo um médico, não deverá se recuperar.
Sabe-se lá o que Gott fez no Brasil durante esses 20 anos. Cobrava R$ 50 por aula particular de inglês, não tinha conta bancária, tomava caipirinha no calçadão, era amigável. Informalmente adotou três meninos. Um deles disse que nunca sofreu abuso, mas quer descobrir se o seu "pai de criação" durante seis anos fez vítimas no Rio. 
Fico pensando se esses caras que têm identidades falsas são tão diferentes de trolls na internet, com suas dúzias de perfis fake. Eles também fingem ser quem não são. 
Será que são tão diferentes de mascus (também pedófilos) que se escondem por trás de avatares para mascarar a vida miserável que levam? Desse jeito, por trás da tela, certos da sua impunidade, tentam passar a imagem que são pessoas corajosas, com coração e cérebro. No entanto, ao contrário dos impostores que citei, mascus e trolls não conseguem enganar muita gente por muito tempo. 

11 comentários:

  1. 11:34 - sim, todos são

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  2. Que desgraça. Não tem talento em mentiras, falsidade e enganação que sustente sozinho tudo isso. Só existem impostores bem sucedidos por longos períodos de tempo porque existem pessoas fracas emocionalmente o suficiente para desejarem ser enganadas e aceitarem por muito tempo as farsas dos impostores, ao ponto de abraçarem essas mentiras apaixonadamente durante muitos anos.

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    1. Concordo totalmente.
      Só existe gente falsa e enganadora nesse mundo porque existem otários para cair na enrolação deles.

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  3. "Sabe-se lá o que Gott fez no Brasil durante esses 20 anos."

    Aparentemente fez coisa a lot, chegando a dar aula de inglês para executivos. Não é uma pessoa que ficava trancada dentro de casa, escondida.

    É bizarro isso. Você vê a pessoa todo dia, dá bom dia, fala sobre o tempo e a política e nem imagina quem é seu vizinho.

    Realmente não se deve julgar um livro pela capa, por mais bonita, gentil e atenciosa que ela seja.

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  4. 25 de abril de 2018 09:23

    Aí no caso a culpa é do homem. Senão tiver pai, culpe o próximo homem presente. Mesmo que não tenha pai, irmão, avô, primo... Sempre terá um homem próximo que foi o responsável por desgraçar a cabeça dessa vítima com machismo e capitalismo opressor.

    Lembre-se: tudo na vida sempre terá um homem pra culpar.

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  5. 09:23 - ô mascu, vc é tão fracassado q precisou concordar consigo mesmo através do comentário patético do 12:39? Vc acha mesmo q alguém aqui é tão otário (quanto vc) q não percebeu a sua senilidade? seu imbecil

    "vc realmente acredita que há machismo?"

    É CLARO Q HÁ MACHISMO NA SOCIEDADE, SEU MERDA

    "começa a colocar em cheque suas próprias convicções?"

    ESSE POST SÓ CORROBORA Q DE FATO HÁ MACHISMO, SUA ANTA

    "um cara que tem 99,9% de chance de ter transtornos mentais graves" - assim como todos os homens, a masculinidade é um defeito congênito

    "não são pessoas com sanidade mental" - claro q não são, pq são homens, lembre-se: masculixinidade = demência

    E não é vc q diz o q a Lola deve fazer ou não, seu paspalho, cale a boca e recolha-se em sua insignificância, seu merda

    O maxismo emerge dos transtornos mentais (típicos do sexo masculixo) ou não, sua mula, deixe de falar bosta

    "natural que busquemos tratar a doença então" - só se a gente exterminar o sexo masculino, né mascu, pq todo homem, praticamente, nasce com essa doença

    "todo homem foi criado por uma mulher" - fonte: seu cu

    "em grande maioria" (sic), foi educado, também por uma mulher (fonte: sua uretra necrosada)

    Ah, vá a merda mascu, a sua vida é um lixo, VOCÊ é um lixo, a masculixinidade (mal congênito) é um lixo, os homens (como se observa) são todos uns lixos, mas vc, sendo o lixo q é, precisa arranjar algum jeito de botar a "culpa" de toda esse lixo na mulher

    SABE O Q VC FAZ? PEGA UMA AGULHA E ENFIA NA SUA URETRA, SEU PEDAÇO DE BOSTA MOLE

    Eu vou te explicar uma coisa...

    Não é a mulher q "fracassa" na educação de um lixomen, é o q os omens, devido o cromossomo anômalo y e seus milhares de genes deletérios, possuem uma mente defeituosa, é por isso q a maioria dos doentes mentais são homens, a masculinidade é uma doença congênita ou genética

    Aí não tem santa q ajude, né, seu asno, se os omens são uns fracassados mentais por natureza, não há melhor, quer dizer.... mulher, deusa q só ela, q resolva, seu BABACA

    E não, seu lixo das 12:39 (q é o mesmo trouxa das 09:23) - mulher nenhuma é como vcs, incapazes de admitirem a completa derrota q são, a gente não joga a culpa nos outros como vcs omens frustrados e alienados fazem

    A culpa é do próprio omen mesmo, independente de ele ter tido pai, avô, tio ou o c%ralho a 4, se bem q todas essas pessoas só recrudescem as chances de vcs homens desenvolverem ainda mais suas deficiências psiquiátricas próprias do sexo masculixo

    EU SEI Q É UM DIFÍCIL PRUM DESCEREBRADO ANENCÉTERO FEITO VC, MAS APRENDA, MASCU, APRENDA

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  6. "Mesmo que não tenha pai, irmão, avô, primo"

    nossa mascu, é sério isso? q omen é esse q não tem nenhum ancestral ou parente colateral do sexo masculixo?

    é um e.t. implantado na barriga de um traveco?

    esses mascus, kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk, cada vez mais desvairados

    só não chamo de imbecil pq seria muita redundância

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  7. dsclp lola a grosseria, é q esses mascus são cínicos demais

    não dá pra conversar com esses merdas na paciência

    eles aprendem só na marra mesmo

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  8. Anon 09:23 você sabe, as pessoas não são educadas só pelas mães. Além da mãe tem o pai, os tios, os primos, na verdade toda uma sociedade pra educar (ou estragar) as pessoas. Ou seja, por melhor que a mãe faça, sempre vai ter alguém pra ensinar o que não presta a uma criança, em algum momento sempre vai ter um macho podre pra transformar o pobre menino em alguém igual a ele.

    E não misoginia e ódio dos mascus que usam termo como "merdalheres" não são doenças mentais, são fruto de machismo, misoginia, egocentrismo e MIMO - sim, mimo, eles são um bando de merdinhas que nunca levaram uma bronca, nunca ouvira que o mundo não gira ao redor do pinto deles, que o universo não existe em função dos desejos deles, e que ninguém lhes deve NADA - muito menos as mulheres. Um monte de mimadinhos reclamando e esbravejando ódio porque o que ele quer não cai do céu no colo dele não precisa de tratamento psicológico; precisa é de castigo e de vergonha na cara. Pode desistir que ninguém aqui tem pena de mascu não, e esses mentirosos patológicos mencionados no texto são criminosos e tem mais é que ir em cana mesmo. Precisa de tratamento? Ok, faz enquanto tá preso. Depois são as feminazis esquerdopatas que tem peninha de bandido, né? São misândricas esquerdistas que tem bandido de estimação...

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  9. O Mito do Macho Trapalhão

    É contra-intuitivo, eu sei. Por décadas, a própria ideia de um homem calculista, traiçoeiro e enganador foi tão excepcional a ponto de ser quase monstruosa; este é o domínio de líderes de culto, de trapaceiros, de homens maus como o marido em Gaslight. E enquanto as pessoas aceitam provisoriamente que há homens que “aliciam” crianças e “gaslaiteam” mulheres, a relutância em vincular esse comportamento a qualquer homem real de carne e osso que conhecemos é extrema. Muitas pessoas não acreditam que homens normais são capazes disso.

    Quando as alegações de Dylan Farrow sobre Woody Allen estavam no noticiário, as pessoas rapidamente se voltaram para a afirmação desculpatória de Allen de que Mia Farrow “fez lavagem cerebral” em seus filhos para mentirem sobre ele. Era fascinante, tanto porque a alegação dele era bastante ausente de evidências quanto porque Woody Allen admitira descaradamente e repetidamente manipular, aliciar e preparar Soon-Yi Previn. Mas, porque Allen tão habilmente implantou o roteiro do trapalhão, todos falharam em ver seu comportamento nesses termos. O retrato de Allen de si mesmo - ele mal sabe o que ele comeu no café da manhã! - foi tão eficaz assim. Não importa que ele seja tão organizado, ambicioso, motivado, confiante e determinado de modo a conseguir lançar com sucesso um filme por ano.

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