MAIS UM MACHISTA PERDE O EMPREGO

Quero deixar registrada aqui um caso que terminou bem pra maior parte dos envolvidos.

Começou assim: semana passada, pra celebrar o Dia Internacional da Mulher, Roberta, uma "médica de esquerda", escreveu na sua conta no Twitter: 

“Quando os homens imaginam uma revolta feminina, eles imaginam um mundo em que as mulheres governam homens como homens governam as mulheres. Não é de se admirar que eles tenham medo”.  

A citação de Sally Kempton que Roberta traduziu é uma bela mensagem de luta que faz lembrar a célebre frase de Margaret Atwood: "Homens têm medo que as mulheres riam deles. Mulheres têm medo que homens as matem".

Um sujeito chamado Milton, no entanto, decidiu mostrar toda a sua estupidez, respondendo com um tuíte: “Saudade do tempo em que mulher dava b*ceta e não opinião”.

Em outras palavras, mandou Roberta se calar, já que nenhuma opinião feminina é bem-vinda pra esse senhor. Sua resposta lembra bastante algo que mascus sempre repetem: "Se ela não tivesse b*ceta, eu não dava nem bom dia". Quer dizer, mulher só importa pelo que ela tem entre as pernas (e mesmo assim mascus sentem nojinho). 

Mas Roberta não se calou. Ela fez a resposta de Milton viralizar. Uma seguidora dele mandou o tuíte para a empresa em que ele é -- era -- executivo, a multinacional Promarc Technology Corporation, na Flórida. 

A empresa o demitiu no ato e enviou uma mensagem a quem denunciou seu empregado: "Caro ..., o Sr Milton foi demitido hoje devido ao ocorrido e graças a pessoas como você que o denunciaram". Aos jornais, um representante da empresa disse terem ficado surpresos com a atitude de Milton, já que não havia reclamações contra ele no trabalho. 

Roberta, e muitas outras pessoas, festejaram a demissão. A vaga já foi preenchida. 

Pouco depois, nas redes sociais, a galera viu que o Sr. Milton apoia um certo candidato a presidente. Adivinhe quem, né? Pois é, logo aquele que recentemente deu esta declaração: "Não é questão de gênero. Tem que botar quem dê conta do recado. Se botar as mulheres vou ter que indicar quantos afrodescendentes?" (eu gosto de como racista acha que chamando negro de "afrodescendente", está deixando de ser racista!). 

Vários bolsominions que já estavam furiosos por um "pai de família" perder o emprego por causa de uma piada, um tuíte, "a mais pura verdade", ficaram ainda mais bravos pela associação de um cara misógino com um candidato que tem tanto respeito pelas mulheres, pelos LGBTs, pelos "afrodescendentes"... E se uniram pra atacar Roberta. Toda a minha sororidade, querida guerreira!

O mimimi machista chegou ontem ao blog, na forma de um comentário lamentando a demissão do Milton: "A cidadã publica um pensamento destes, o qual generaliza mais uma vez os homens, bem típico de certas pessoas. Primeiro dá a pisada e depois se coloca na posição de vítima". (Felizmente já teve resposta). 

Mas não se desespere, Miton! Quem sabe a Alezzia te oferece um emprego? Lembra do estagiário que gratuitamente atacou feministas e foi demitido da empresa, o Grupo Cantareira? A fábrica de móveis orgulhosa do seu machismo o contratou. Já já a Alezzia chama o Milton!