Em meados de setembro, Luiza, feminista e professora em Brasília, me enviou um email contando seu caso e pedindo ajuda. Com a correria, não tive tempo de respondê-la (desculpe, Luiza!). Luiza acabou publicando seu relato no Facebook, que reproduzo aqui:
- Precisamos urgentemente falar sobre ESTUPRO -
Na manhã do dia 14/10/16, acordei nua, na cama de um cara, sem saber o que tinha acontecido. Lidar com isso, carregando traumas antigos, quase custou minha vida e me faz passar 18 dias internada. Foram meses de dor e revolta.
Eu estava passando por um momento difícil. Durante o fim de 2016, eu e meu companheiro havíamos nos separado. Fui passar uns dias na casa do meu melhor amigo, em São Paulo, para ver se ajudava. Ele morava com um amigo. Ambos são dirigentes nacionais de uma mesma organização política.
No penúltimo dia, comecei a beber no almoço. Eles foram para reuniões e eu, deprimida, bebi durante toda a tarde. À noite, bebemos em dois bares e ainda paramos em uma conveniência pra comprar mais bebida. Fiquei completamente embriagada. O cara que morava com meu amigo insistiu pra ficar comigo. Eu disse que não, duas vezes. Não tive o direito de decidir. Sem que eu tenha memória ou consciência do que se passou, acordei no seu quarto.
A sensação foi horrível. Me senti com vergonha e culpa por ter bebido tanto. Estava frágil e buscando qualquer coisa que pudesse me dar segurança. Convivi com o medo de ter contraído uma doença ou uma gravidez.
Na manhã do dia 14/10/16, acordei nua, na cama de um cara, sem saber o que tinha acontecido. Lidar com isso, carregando traumas antigos, quase custou minha vida e me faz passar 18 dias internada. Foram meses de dor e revolta.
Eu estava passando por um momento difícil. Durante o fim de 2016, eu e meu companheiro havíamos nos separado. Fui passar uns dias na casa do meu melhor amigo, em São Paulo, para ver se ajudava. Ele morava com um amigo. Ambos são dirigentes nacionais de uma mesma organização política.
No penúltimo dia, comecei a beber no almoço. Eles foram para reuniões e eu, deprimida, bebi durante toda a tarde. À noite, bebemos em dois bares e ainda paramos em uma conveniência pra comprar mais bebida. Fiquei completamente embriagada. O cara que morava com meu amigo insistiu pra ficar comigo. Eu disse que não, duas vezes. Não tive o direito de decidir. Sem que eu tenha memória ou consciência do que se passou, acordei no seu quarto.
A sensação foi horrível. Me senti com vergonha e culpa por ter bebido tanto. Estava frágil e buscando qualquer coisa que pudesse me dar segurança. Convivi com o medo de ter contraído uma doença ou uma gravidez.
Eu havia bebido por cerca de 14 horas, ao menos 7 litros de cerveja, ou
350g de álcool. A estimativa é que a quantidade de álcool no meu sangue
chegou a mais de 0,5 g/dL. Esse valor corresponde ao último estágio da
embriaguez, onde podem ocorrer comprometimentos do sistema nervoso
central e coma. Mesmo em estágios anteriores, além de amnésia alcoólica,
já poderia apresentar estupor, perda de compreensão, de julgamento e de
consciência.
Como muitas mulheres, não reconheci logo que foi estupro. Pra cair essa ficha doeu e demorou uns dias. Aprendemos a ver violência apenas no que ocorre entre desconhecidos, como um homem puxando a mulher pelos cabelos pra um canto escuro. Quando se trata de pessoas conhecidas, sempre duvidam da vítima. Mas o que aconteceu não foi sexo, foi estupro. Uma pessoa completamente embriagada não consegue oferecer resistência. Como não se tem discernimento, nesses casos não é possível consentir, tratando-se de um estupro de vulnerável (artigo 217-A do CP).
Depois de meses pra conseguir me reerguer dos danos psicológicos, fui conversar com meu “amigo”. Ele riu da minha cara, me xingou e disse que eu era uma mentirosa. Logo ele, que era a pessoa que eu amava como um irmão. A revolta me fez reagir. Busquei a DEAM em Brasília, o Ministério Público e a DEAM em São Paulo e registrei o BO.
Como muitas mulheres, não reconheci logo que foi estupro. Pra cair essa ficha doeu e demorou uns dias. Aprendemos a ver violência apenas no que ocorre entre desconhecidos, como um homem puxando a mulher pelos cabelos pra um canto escuro. Quando se trata de pessoas conhecidas, sempre duvidam da vítima. Mas o que aconteceu não foi sexo, foi estupro. Uma pessoa completamente embriagada não consegue oferecer resistência. Como não se tem discernimento, nesses casos não é possível consentir, tratando-se de um estupro de vulnerável (artigo 217-A do CP).
Depois de meses pra conseguir me reerguer dos danos psicológicos, fui conversar com meu “amigo”. Ele riu da minha cara, me xingou e disse que eu era uma mentirosa. Logo ele, que era a pessoa que eu amava como um irmão. A revolta me fez reagir. Busquei a DEAM em Brasília, o Ministério Público e a DEAM em São Paulo e registrei o BO.
Também fiz denúncia na organização deles: o MAIS, que hoje compõe o
PSOL. Apesar de se dizerem feministas, eles inocentaram o cara e
desconsideraram os elementos apresentados (prints, áudios, extratos
bancários, laudo médico). O próprio agressor confessou que eu estava
bêbada demais. Recorrerei ao PSOL, partido ao qual sou filiada, e às
demais organizações para que esse tipo de violência não se perpetue em
espaços que deveriam combatê-la.
Todos sabem que a incidência de crimes sexuais é muito alta e que a maioria dos agressores não são responsabilizados. Todos dizem que é preciso denunciar a violência sexual. Mas, quando denunciamos, somos atacadas, deslegitimadas e silenciadas. Até quando seremos tratadas como loucas, mentirosas e vingativas? Até quando nós mulheres sofreremos todo o tipo de traumas e danos psicológicos, sem nenhum tipo de reconhecimento da nossa dor e sem nenhuma reparação? Não temos tempo para esperar. É pela vida e pela segurança das mulheres. Não dá mais pra segurar o grito na garganta.
Todos sabem que a incidência de crimes sexuais é muito alta e que a maioria dos agressores não são responsabilizados. Todos dizem que é preciso denunciar a violência sexual. Mas, quando denunciamos, somos atacadas, deslegitimadas e silenciadas. Até quando seremos tratadas como loucas, mentirosas e vingativas? Até quando nós mulheres sofreremos todo o tipo de traumas e danos psicológicos, sem nenhum tipo de reconhecimento da nossa dor e sem nenhuma reparação? Não temos tempo para esperar. É pela vida e pela segurança das mulheres. Não dá mais pra segurar o grito na garganta.
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(Eu, Lola). No final da semana passada, outra feminista (vou chamá-la de A., pois ela não quer ser identificada) me pediu para falar da repercussão do caso da Luiza. A. explicou: "O MAIS (Movimento por uma Alternativa Independente e Socialista) é uma organização formada por ex-militantes do PSTU. Estes militantes romperam com o PSTU por volta de um ano atrás e formaram uma organização política chamada MAIS, que em meados de 2017 entrou no PSOL como mais uma corrente lá dentro. Ou seja, o MAIS é uma corrente política que integra o PSOL mas que saiu de um processo de rompimento com o PSTU.
"Ao formarem esta nova organização, vieram com uma nova roupagem, uma nova linguagem visual, para atrair jovens e pessoas de setores de combate às opressões. Porém, a prática desta organização é a mesma de quando eles estavam dentro do PSTU: sistematicamente silenciam mulheres, menosprezam as pautas feministas (e claro, as pautas contra racismo e lgbtfobias). Desqualificam as pessoas que saem da organização, desqualificam os militantes que são mais questionadores, coloca no ostracismo quem questiona a direção, enfim, são muitas práticas cotidianas de apagamento da militância das mulheres. A parte mais perversa é que, obviamente, alguns desses militantes homens acabam sendo agressores, estupradores e assediadores, e esta face do machismo eles tentam esconder a todo custo.
"São muitas as mulheres (MUITAS, Lola, muitas mesmo) que conheci e saíram de ambas as organizações (PSTU e MAIS) muito agredidas, principalmente psicologicamente. Mas não se engane, há muitos casos de estupro que são silenciados, não chegam nem à justiça/ polícia e nem aos movimentos."
"Ao formarem esta nova organização, vieram com uma nova roupagem, uma nova linguagem visual, para atrair jovens e pessoas de setores de combate às opressões. Porém, a prática desta organização é a mesma de quando eles estavam dentro do PSTU: sistematicamente silenciam mulheres, menosprezam as pautas feministas (e claro, as pautas contra racismo e lgbtfobias). Desqualificam as pessoas que saem da organização, desqualificam os militantes que são mais questionadores, coloca no ostracismo quem questiona a direção, enfim, são muitas práticas cotidianas de apagamento da militância das mulheres. A parte mais perversa é que, obviamente, alguns desses militantes homens acabam sendo agressores, estupradores e assediadores, e esta face do machismo eles tentam esconder a todo custo.
"São muitas as mulheres (MUITAS, Lola, muitas mesmo) que conheci e saíram de ambas as organizações (PSTU e MAIS) muito agredidas, principalmente psicologicamente. Mas não se engane, há muitos casos de estupro que são silenciados, não chegam nem à justiça/ polícia e nem aos movimentos."
São palavras duras, as da A. Antes de continuar, queria só pedir para não matarem o mensageiro (no caso, eu, ou meu blog, onde essas denúncias estão sendo publicadas). Sou de esquerda, mas não sou filiada a nenhum partido (assim como sou feminista, mas não me apego a nenhuma corrente específica). Tenho imensa simpatia pelo PSOL, assim como a outros partidos de esquerda. E o blog fica à disposição para comentar as denúncias.
Continuando: na terça, o MAIS lançou uma nota em resposta às acusações de Luiza. A nota dizia que não houve estupro e nem agressão e que Luiza não estava embriagada. Num dos trechos, a nota diz: "Nenhuma das testemunhas confirma a versão de Luiza de que ela estava embriagada a ponto de perder o controle sobre seu corpo e suas decisões. Essas pessoas estavam presentes no bar e na casa onde o fato ocorreu, estão entre elas três mulheres (sendo uma delas negra) e um homossexual, todos conscientes e sensíveis ao debate de opressões".
A nota foi tão mal recebida que pouco depois foi apagada. Escreve A.: "Esta nota, Lola, foi o que fez eu e as outras mulheres nos juntarmos para escrever em defesa da Luiza e contra o posicionamento do MAIS. O caso da Luiza foi um estopim para nossa indignação e a nota que o MAIS soltou foi a coisa mais asquerosa que pude ler de uma organização de esquerda. E sim, Lola, foi escrita por mulheres mesmo. As mesmas mulheres que protegem estes homens".
Na sexta, o MAIS retirou a nota e deixou este recado no lugar:
Publico aqui o texto que um grupo de mulheres divergentes, entre elas a A., escreveu:
Somos um grupo de mulheres com diferentes trajetórias políticas, de diversas cidades e ocupações. Aqui formou-se um grupo de mulheres que, apesar de inúmeras diferenças, há um ponto que nos une: somos ex-militantes organizadas nas mesmas fileiras que os protagonistas dessa nota e rompemos com nossa organização devido às inúmeras violências misóginas que sofremos dos nossos ex-camaradas. Conhecemos a fundo as práticas e métodos imorais de perseguição, calúnia e difamação por parte do MAIS e não nos identificamos porque temos medo de que nossa segurança esteja em risco.
No Brasil de um estupro a cada 11 minutos, conhecemos bem a realidade das mulheres que ousam realizar uma denúncia sobre a violência sofrida perante os meios legais: exposição, desconfiança, humilhação e não reconhecimento do crime que sofreu. O estupro, o crime que deslegitima no limite máximo o poder de consentimento da mulher, é tratado como inverdade por parte dos agentes do Estado, que deveriam garantir nossa integridade física e moral, pela sociedade no geral e, muitas vezes, por nosso círculo de amigos e família.
Somos um grupo de mulheres com diferentes trajetórias políticas, de diversas cidades e ocupações. Aqui formou-se um grupo de mulheres que, apesar de inúmeras diferenças, há um ponto que nos une: somos ex-militantes organizadas nas mesmas fileiras que os protagonistas dessa nota e rompemos com nossa organização devido às inúmeras violências misóginas que sofremos dos nossos ex-camaradas. Conhecemos a fundo as práticas e métodos imorais de perseguição, calúnia e difamação por parte do MAIS e não nos identificamos porque temos medo de que nossa segurança esteja em risco.
No Brasil de um estupro a cada 11 minutos, conhecemos bem a realidade das mulheres que ousam realizar uma denúncia sobre a violência sofrida perante os meios legais: exposição, desconfiança, humilhação e não reconhecimento do crime que sofreu. O estupro, o crime que deslegitima no limite máximo o poder de consentimento da mulher, é tratado como inverdade por parte dos agentes do Estado, que deveriam garantir nossa integridade física e moral, pela sociedade no geral e, muitas vezes, por nosso círculo de amigos e família.
Semana passada recebemos a notícia de uma denúncia feita por uma militante de esquerda, colocando o estupro que sofreu por parte de um militante do MAIS. Prontamente a denúncia foi combatida pela organização por meio de uma nota absurda, desmentindo a denúncia, expondo a vítima e se utilizando de diversas desculpas esfarrapadas e oportunistas para proteger o agressor. Infelizmente, a nota da organização não nos surpreendeu, considerando que acompanhamos por quase uma década repetidas situações como as do tipo.
Em primeiro lugar, é preciso dizer que, apesar de se colocar como uma nova organização, com novas práticas e novo nome, o MAIS nada mais é do que um conjunto de ativistas que já discutiram há muitos anos o debate das opressões, vindo da sua antiga organização. Entretanto, há diversos homens que constituem essa corrente que seguem reciclando suas práticas misóginas já antigas e conhecidas por diversos setores, e especialmente, por diversas mulheres que quebraram e abandonaram suas militâncias devido às violências que sofreram.
A tendência coloca em sua nota a formação de uma comissão que se propõe a analisar o caso exposto pela vítima, a partir de pessoas que são testemunhas do agressor, sem considerar as provas mandadas pela militante. Não há nenhuma chance de uma comissão isenta e sem influência, considerando que as pessoas que avaliam, são as pessoas que militam e defendem o agressor todos os dias. Há de se questionar ainda a recusa dessas provas, que são concretas.
É claro a todos os ativistas sinceros da esquerda a dificuldade e as barreiras que as mulheres que sofreram algum tipo de violência misógina têm que enfrentar para realizar uma denúncia. A primeira barreira é o constrangimento ao realizar uma denúncia. O MAIS ignora totalmente para fazer sua defesa: expõe, constrange, deslegitima o relato da militante. Para além disso, distorce o debate das opressões usando de maneira oportunista o papel de negros e homossexuais nessa discussão. Desta forma, fazem questão de destacar que dentre as testemunhas há uma mulher negra e um homem gay, para invalidar a denúncia da vítima.
A nota é assinada pelas Mulheres da Coordenação Nacional do MAIS e revela mais uma vez a prática oportunista de usar mulheres para legitimar suas violências, fracionando as mulheres dentro da própria organização e desestimulando as denúncias internas que tão bem conhecemos e já fizemos.
Ao realizar essas ações, o MAIS não só age em desacordo com a moral de uma organização de esquerda, mas se iguala aos governos que retiram os direitos das mulheres, que as expõem, que as matam todos os dias. Se igualam à polícia que duvida de relatos, desconfia de mulheres e tenta convencê-las de desistirem das denúncias de violência. Segue reproduzindo práticas que são combatidas por diversos ativistas que levam com seriedade a pauta das opressões.
Deixamos aqui nosso repúdio a nota do MAIS, que indica que não há limites para se defender homens misóginos da esquerda e destruírem mulheres. Repudiamos o ato reacionário do MAIS que ao tratar a violência contra a mulher com esses métodos, age como a justiça burguesa que deslegitima todos os dias as denúncias corajosas de tantas mulheres. Repudiamos aqui o oportunismo dos homens do MAIS que se utilizam de mulheres das suas fileiras como um escudo para lhes proteger, colocando-as contra mulheres que os denunciam.
Nos solidarizamos integralmente com a militante vítima da agressão e deixamos nosso apoio incondicional. Exigimos que a organização se retrate publicamente e afaste todos os agressores de suas fileiras, garantindo que as mulheres tenham um espaço seguro para militarem. Reivindicamos que as solicitações da vítima desse caso sejam atendidas pelo MAIS, com a reavaliação do caso por uma comissão independente, com os critérios estabelecidos pela vítima, de modo que esse caso não seja mais um de tantos outros.
Não há questionamentos a serem feitos: o corpo da mulher precisa deixar de ser um espaço público dentro da esquerda. Rompemos o silêncio e não nos calaremos mais.
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Luiza escreveu outros posts em resposta à nota do MAIS, como este, este e este.
Sexta-feira, dia 29/09, o Setorial de Mulheres do PSOL soltou uma nota se posicionando sobre a denúncia:
A Setorial Nacional de Mulheres do PSOL recebeu no dia 26/09 e acolheu grave denúncia de estupro feita por uma companheira, que tem sido tema de debate nos movimentos. O acusado é militante de uma organização que, recentemente, decidiu por seu ingresso em nosso Partido.
Em primeiro lugar, é preciso dizer que, apesar de se colocar como uma nova organização, com novas práticas e novo nome, o MAIS nada mais é do que um conjunto de ativistas que já discutiram há muitos anos o debate das opressões, vindo da sua antiga organização. Entretanto, há diversos homens que constituem essa corrente que seguem reciclando suas práticas misóginas já antigas e conhecidas por diversos setores, e especialmente, por diversas mulheres que quebraram e abandonaram suas militâncias devido às violências que sofreram.
A tendência coloca em sua nota a formação de uma comissão que se propõe a analisar o caso exposto pela vítima, a partir de pessoas que são testemunhas do agressor, sem considerar as provas mandadas pela militante. Não há nenhuma chance de uma comissão isenta e sem influência, considerando que as pessoas que avaliam, são as pessoas que militam e defendem o agressor todos os dias. Há de se questionar ainda a recusa dessas provas, que são concretas.
É claro a todos os ativistas sinceros da esquerda a dificuldade e as barreiras que as mulheres que sofreram algum tipo de violência misógina têm que enfrentar para realizar uma denúncia. A primeira barreira é o constrangimento ao realizar uma denúncia. O MAIS ignora totalmente para fazer sua defesa: expõe, constrange, deslegitima o relato da militante. Para além disso, distorce o debate das opressões usando de maneira oportunista o papel de negros e homossexuais nessa discussão. Desta forma, fazem questão de destacar que dentre as testemunhas há uma mulher negra e um homem gay, para invalidar a denúncia da vítima.
A nota é assinada pelas Mulheres da Coordenação Nacional do MAIS e revela mais uma vez a prática oportunista de usar mulheres para legitimar suas violências, fracionando as mulheres dentro da própria organização e desestimulando as denúncias internas que tão bem conhecemos e já fizemos.
Ao realizar essas ações, o MAIS não só age em desacordo com a moral de uma organização de esquerda, mas se iguala aos governos que retiram os direitos das mulheres, que as expõem, que as matam todos os dias. Se igualam à polícia que duvida de relatos, desconfia de mulheres e tenta convencê-las de desistirem das denúncias de violência. Segue reproduzindo práticas que são combatidas por diversos ativistas que levam com seriedade a pauta das opressões.
Deixamos aqui nosso repúdio a nota do MAIS, que indica que não há limites para se defender homens misóginos da esquerda e destruírem mulheres. Repudiamos o ato reacionário do MAIS que ao tratar a violência contra a mulher com esses métodos, age como a justiça burguesa que deslegitima todos os dias as denúncias corajosas de tantas mulheres. Repudiamos aqui o oportunismo dos homens do MAIS que se utilizam de mulheres das suas fileiras como um escudo para lhes proteger, colocando-as contra mulheres que os denunciam.
Nos solidarizamos integralmente com a militante vítima da agressão e deixamos nosso apoio incondicional. Exigimos que a organização se retrate publicamente e afaste todos os agressores de suas fileiras, garantindo que as mulheres tenham um espaço seguro para militarem. Reivindicamos que as solicitações da vítima desse caso sejam atendidas pelo MAIS, com a reavaliação do caso por uma comissão independente, com os critérios estabelecidos pela vítima, de modo que esse caso não seja mais um de tantos outros.
Não há questionamentos a serem feitos: o corpo da mulher precisa deixar de ser um espaço público dentro da esquerda. Rompemos o silêncio e não nos calaremos mais.
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Luiza escreveu outros posts em resposta à nota do MAIS, como este, este e este.
Sexta-feira, dia 29/09, o Setorial de Mulheres do PSOL soltou uma nota se posicionando sobre a denúncia:
A Setorial Nacional de Mulheres do PSOL recebeu no dia 26/09 e acolheu grave denúncia de estupro feita por uma companheira, que tem sido tema de debate nos movimentos. O acusado é militante de uma organização que, recentemente, decidiu por seu ingresso em nosso Partido.
De imediato, queremos manifestar nossa solidariedade à companheira, e nos colocamos a sua inteira disposição. Compreendemos o quanto é difícil reconhecer-se como vítima de violência e abuso e, principalmente, levar adiante a denúncia deste tipo de violência.
Nossa luta contra o machismo e o conservadorismo se dá todos os dias, por isso mesmo quando este tipo de denúncia feita pela companheira ocorre em nossas fileiras as providências devem ser enérgicas.
Desde que tomamos ciência da denúncia, no dia 26/09, nos dispusemos a participar de uma comissão de mulheres composta por várias organizações, uma reivindicação tanto da companheira denunciante como da organização MAIS, para tratar o caso. No dia 03 de outubro também será realizada uma reunião auto-organizada das mulheres do PSOL DF, onde milita a filiada denunciante, com o intuito de debater a grave situação e acolhê-la. Além disso, ela foi aconselhada a enviar uma denúncia formal para a Comissão Nacional de Ética do partido, instância responsável pela apuração de todos os casos de denúncias de desvio moral, mesmo o caso tendo ocorrido um ano antes do militante denunciado ter ingressado no PSOL.
Lembramos que o 5º Congresso Nacional do PSOL, ocorrido em 2015, aprovou por consenso uma resolução orientando o tratamento de casos de violência contra a mulher pela Comissão de Ética. Entre os indicativos definidos em congresso para qualquer caso desse tipo estão a celeridade na apuração e a possibilidade de afastamento imediato do filiado acusado durante o decorrer do processo, além de elencar punições para os considerados culpados, sendo a máxima a expulsão do partido. À exceção do afastamento do acusado das instâncias, a fim de que não se prolonguem situações de sofrimento à denunciante, todas as demais medidas só poderão ser levadas a cabo após apuração que assegure à denunciante a possibilidade de colocar todos os elementos que já se dispôs a fazer e também assegure ao denunciado seu direito de defesa.
Em meio a esse conjunto de encaminhamentos, nos defrontamos com posições que não condizem com o acúmulo e com as lutas feministas que travamos ao longo da nossa história.
O estupro de uma mulher a cada 11 minutos, um crime abominável e repugnante, evidencia a cultura do estupro presente em nossa sociedade machista e patriarcal, que objetifica o corpo e a vida das mulheres. Como manifestação desta cultura, estão a tentativa de justificar ou relativizar as denúncias realizadas por mulheres que, além de serem vítimas, ainda são expostas e desacreditadas, gerando um ciclo que perpetua esta cultura e violência brutais. Felizmente, como resultado das lutas feministas que travamos na sociedade, as mulheres vítimas de estupro não estão mais obrigadas a fazer um boletim de ocorrência para poderem acessar todos os cuidados e garantias a que têm direito para, minimamente, mitigar as sequelas físicas e psicológicas resultantes desse crime. Esses avanços nos animam a continuar na luta.
O feminismo ocupa um lugar de centralidade para a construção de uma sociedade justa e igualitária. Por isso mesmo, o fortalecimento da auto-organização das mulheres e das agendas feministas cumprem papel fundamental no combate à opressão de gênero e à conquista de direitos que revertam este quadro de desigualdade entre homens e mulheres no Brasil. As violências sistêmicas contra as mulheres são manifestações desta desigualdade historicamente construída, que se relacionam em múltiplos sistemas de desigualdades, como raça, etnia, classe, orientação sexual e identidade de gênero.
Estamos juntas nesta luta. A solidariedade nos fortalece e como setorial de mulheres do PSOL, acompanharemos de perto o processo.
Nossa luta contra o machismo e o conservadorismo se dá todos os dias, por isso mesmo quando este tipo de denúncia feita pela companheira ocorre em nossas fileiras as providências devem ser enérgicas.
Desde que tomamos ciência da denúncia, no dia 26/09, nos dispusemos a participar de uma comissão de mulheres composta por várias organizações, uma reivindicação tanto da companheira denunciante como da organização MAIS, para tratar o caso. No dia 03 de outubro também será realizada uma reunião auto-organizada das mulheres do PSOL DF, onde milita a filiada denunciante, com o intuito de debater a grave situação e acolhê-la. Além disso, ela foi aconselhada a enviar uma denúncia formal para a Comissão Nacional de Ética do partido, instância responsável pela apuração de todos os casos de denúncias de desvio moral, mesmo o caso tendo ocorrido um ano antes do militante denunciado ter ingressado no PSOL.
Lembramos que o 5º Congresso Nacional do PSOL, ocorrido em 2015, aprovou por consenso uma resolução orientando o tratamento de casos de violência contra a mulher pela Comissão de Ética. Entre os indicativos definidos em congresso para qualquer caso desse tipo estão a celeridade na apuração e a possibilidade de afastamento imediato do filiado acusado durante o decorrer do processo, além de elencar punições para os considerados culpados, sendo a máxima a expulsão do partido. À exceção do afastamento do acusado das instâncias, a fim de que não se prolonguem situações de sofrimento à denunciante, todas as demais medidas só poderão ser levadas a cabo após apuração que assegure à denunciante a possibilidade de colocar todos os elementos que já se dispôs a fazer e também assegure ao denunciado seu direito de defesa.
Em meio a esse conjunto de encaminhamentos, nos defrontamos com posições que não condizem com o acúmulo e com as lutas feministas que travamos ao longo da nossa história.
O estupro de uma mulher a cada 11 minutos, um crime abominável e repugnante, evidencia a cultura do estupro presente em nossa sociedade machista e patriarcal, que objetifica o corpo e a vida das mulheres. Como manifestação desta cultura, estão a tentativa de justificar ou relativizar as denúncias realizadas por mulheres que, além de serem vítimas, ainda são expostas e desacreditadas, gerando um ciclo que perpetua esta cultura e violência brutais. Felizmente, como resultado das lutas feministas que travamos na sociedade, as mulheres vítimas de estupro não estão mais obrigadas a fazer um boletim de ocorrência para poderem acessar todos os cuidados e garantias a que têm direito para, minimamente, mitigar as sequelas físicas e psicológicas resultantes desse crime. Esses avanços nos animam a continuar na luta.
O feminismo ocupa um lugar de centralidade para a construção de uma sociedade justa e igualitária. Por isso mesmo, o fortalecimento da auto-organização das mulheres e das agendas feministas cumprem papel fundamental no combate à opressão de gênero e à conquista de direitos que revertam este quadro de desigualdade entre homens e mulheres no Brasil. As violências sistêmicas contra as mulheres são manifestações desta desigualdade historicamente construída, que se relacionam em múltiplos sistemas de desigualdades, como raça, etnia, classe, orientação sexual e identidade de gênero.
Estamos juntas nesta luta. A solidariedade nos fortalece e como setorial de mulheres do PSOL, acompanharemos de perto o processo.
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Para A., esta é uma nota "melhor que a do MAIS, mas ainda aquém do necessário para tratar um tema tão sério como esse." Luiza escreveu: "Eu agradeço a solidariedade das mulheres do PSOL, mas cadê a resposta à nota do MAIS? Eu estou sendo exposta publicamente por meio de uma nota misógina feita pra me humilhar. Isso é uma das maiores violências já cometidas contra mulheres que denunciam dirigentes dentro da esquerda. E não tem resposta a esse absurdo e a exigência de retratação do MAIS pela nota? Inacreditável."
A. disse também: "Lola, eu gostaria de frisar duas coisas que achamos muito preocupante e que precisa ser debatido também. A primeira nota do MAIS começa da seguinte forma: 'No dia 26 de setembro, Luiza Oliveira postou em seu facebook uma denúncia gravíssima ao MAIS.' Eles entendem que a denúncia é feita contra a organização e não contra um militante deles. Esta postura é extremamente problemática, porém sintomática de uma organização que muitas vezes se porta como uma seita, que ao se deparar com críticas e posicionamentos diferentes aos deles, toma como um ataque que visa destruir o partido/organização. Isto é muito perigoso pois mostra que há pouco espaço para auto-crítica vindas de dentro ou fora do partido.
"O outro ponto problemático foi a postura que percebemos de alguns militantes e simpatizantes do MAIS, que passaram a condenar a auto-organização das mulheres e a mobilização surgida a partir da indignação causada pelos fatos narrados anteriormente. Alegavam que o problema se restringia apenas às organizações (MAIS e PSOL) e que as mulheres destes partidos "dariam conta" do problema, resolvendo-o internamente. Uma vez que a denúncia de estupro e o descaso com que eles trataram a denúncia vieram à público a partir da própria Luiza, nós, enquanto feministas, sentimos a obrigação de nos posicionarmos. Assim como tantas outras pessoas que também se indignaram e também se manifestaram. A cultura do estupro deve ser debatida por todos, em todas as esferas pertinentes e possíveis, pois só assim seremos capazes de mudar a sociedade e fazer com que o mundo seja um lugar melhor para todas as mulheres. E é por isso que apesar dos novos desdobramentos, mantemos nossas posições expostas na nossa nota, para rompermos o silêncio em todos os espaços, inclusive (ou principalmente?) dentro das organizações da esquerda."
A. disse também: "Lola, eu gostaria de frisar duas coisas que achamos muito preocupante e que precisa ser debatido também. A primeira nota do MAIS começa da seguinte forma: 'No dia 26 de setembro, Luiza Oliveira postou em seu facebook uma denúncia gravíssima ao MAIS.' Eles entendem que a denúncia é feita contra a organização e não contra um militante deles. Esta postura é extremamente problemática, porém sintomática de uma organização que muitas vezes se porta como uma seita, que ao se deparar com críticas e posicionamentos diferentes aos deles, toma como um ataque que visa destruir o partido/organização. Isto é muito perigoso pois mostra que há pouco espaço para auto-crítica vindas de dentro ou fora do partido.
"O outro ponto problemático foi a postura que percebemos de alguns militantes e simpatizantes do MAIS, que passaram a condenar a auto-organização das mulheres e a mobilização surgida a partir da indignação causada pelos fatos narrados anteriormente. Alegavam que o problema se restringia apenas às organizações (MAIS e PSOL) e que as mulheres destes partidos "dariam conta" do problema, resolvendo-o internamente. Uma vez que a denúncia de estupro e o descaso com que eles trataram a denúncia vieram à público a partir da própria Luiza, nós, enquanto feministas, sentimos a obrigação de nos posicionarmos. Assim como tantas outras pessoas que também se indignaram e também se manifestaram. A cultura do estupro deve ser debatida por todos, em todas as esferas pertinentes e possíveis, pois só assim seremos capazes de mudar a sociedade e fazer com que o mundo seja um lugar melhor para todas as mulheres. E é por isso que apesar dos novos desdobramentos, mantemos nossas posições expostas na nossa nota, para rompermos o silêncio em todos os espaços, inclusive (ou principalmente?) dentro das organizações da esquerda."
Seja de esquerda, direita, centro, cima, baixo. Homem e sinônimo de estupro.
ResponderExcluirSe eu pessoa beber por horas e matar ou estuprar alguém, ele pode ser responsabilizado por isto.
ResponderExcluirResponsabilizado por matar ou estuprar alguém. É crime. Diferentemente do que sofrer estupro. Vocês querem, a todo custo, responsabilizar a vítima, né não?
ExcluirMas e se os dois estiverem bêbados?
ResponderExcluirVolta e lê tudo de novo, porque tu não entendeu bosta nenhuma da moral do texto!
Excluirmais uma vez cai o mito do "cara legal de esquerda desconstruidão, boy magia, maridão,homem pró feminismo"
ResponderExcluirA coisa mais revolucionaria que mulheres devem fazer em uma noiva sociedade feminista, e deixar de sentir qualquer tipo de atração por homens.
"Se [uma] pessoa beber por horas e matar ou estuprar alguém, ele pode ser responsabilizado por isto."
ResponderExcluirSim, pode. E?
"Mas e se os dois estiverem bêbados?"
Se os dois estiverem bêbados, é outro caso, não o que está em discussão, onde havia uma pessoa bêbada e outra sóbria.
"Sim, pode. E?"
ResponderExcluirE daí que isso significa que as pessoas são responsáveis por seus próprios atos, mesmo quando bêbadas. Por acaso um homem pode alegar que nao teve responsabilidade algum de bater em sua mulher porque estava bebado na hora do ato? Uma pessoa que bebeu, dirigiu e atropelou alguém não pode alegar que não teve culpa porque "não lembra" do atropelamento, de ter dirigido ou coisa similar.
Se a moça não se lembra de ter dito SIM para o sexo, isso não significa que ela não disse o SIM. Ela estava bêbada e ela própria não se lembra do que ocorreu. Ainda assim, uma mulher bebada deve ser responsável por seus próprios atos. Agora, se nem ela sabe o que ocorreu (e isso foi escolha dela, ninguém a forçou a beber), por que ela exige que as autoridades consigam descobrir o que houve de fato?
Estupro é sexo sem consentimento, não sexo bêbado. É perfeitamente possível ela ter dado consentimento, mas sequer lembra disso, uma vez que bebeu de maneira irresponsável. Ela própria não se ajuda, e pode estar acusando falsamente de estupro um inocente.
Ninguém tem o direito de estuprar ninguém. Em hipótese nenhuma.
ExcluirA vítima nunca deve ser responsabilizada.
Estupro é crime.
Deixa de burrice. O laudo médico atestou violência sexual. Cê acha q a vagina da mulher fica a mesma coisa depois de um estupro e um sexo consentido? Se os dois estavam bêbados eu não sei, mas ela estava bêbada DEMAIS a ponto de não conseguir machucar uma mosca quanto mais se defender. Se ele estivesse tão bêbado quanto ela, deveria ter capotado e não teria forças pra estuprar ninguém. Você no mínimo deve ser homem e não ter uma vagina pra falar isso, imbecil.
ExcluirQuatro testemunhas, sendo que três são mulheres, contradizem o relato dela. São provas testemunhais muito fortes.
ResponderExcluirNão há muito o que discutir, ela está mentindo.
Há muito o que discutir! O teu comentário, por exemplo.
ExcluirQual a parte em que ela diz ter provas documentais (laudo médico entre elas) você não leu?
ExcluirPSOL é um partido de esquizofrenicos.
ResponderExcluirO proprio nome "Socialismo e Liberdade" é, por DEFINIÇAO, contraditorio.
Mais um exemplo da dificuldades da esquerda de romper com homens agressores. Querida Lola, aquele professor assediador 'feminista'segue te processando?Abraços afetuosos e boa semana!
ResponderExcluirForça pra Luiza e para todas as que lutam com ela. Nisso as radfems estão certas, nunca se pode pensar que um homem é exceção porque é de esquerda, ou porque fala as coisas certas, ou por qualquer outra coisa que não ações e atitudes não-machistas. Olho vivo sempre e nunca confiar totalmente em ninguém, nunca.
ResponderExcluirCoincidentemente, as testemunhas só a viram em um momento; no caso, quando ela estava bebendo no bar. Não sabem quanto ela bebeu antes de ir pro bar, não sabem o quanto ela bebeu depois e, se saíram antes do outro grupo, também não sabem quanto ela bebeu no bar. Traduzindo pros cérebros de azeitona: as testemunhas não viram o estado final de embriaguez da Luiza, portanto não podem dizer que ela estava consciente no momento do estupro. Acabou, gentalha. Vão lavar uma louça.
Anon das 20:22, sim, creio que o processo continua. Eu ainda não recebi nada, nenhuma intimação. Essas coisas demoram. Pode levar anos, que eu saiba.
ResponderExcluirForça querida. Esse canalha, se dermos sorte, será obrigado a pedir desculpas e pagar algum valor para ti, visto o dano moral causado por ser processada indevidamente. Essa conduta de processar é o que o transformou em canalha- antes era apenas um babaca. Nos mantenha atualizados. Abraços.
ResponderExcluir"E daí que isso significa que as pessoas são responsáveis por seus próprios atos, mesmo quando bêbadas."
ResponderExcluirEntão vamos entender o que isso significa. Se eu encho a cara, vejo a carteira em cima do balcão do bar, passo a mão nela e me mando, eu sou responsável por esse ato, e esse ato é um furto. Se você enche a cara, deixa a carteira em cima do balcão do bar, e eu, sóbrio, aproveito a sua embriaguez, passo a mão na carteira e dou no pé, eu continuo a ser responsável pelo furto. Não é você que vira ladrão por ter se embriagado.
Em outras palavras, a embriaguez é juridicamente neutra. Ela não é crime, nem é excludente de crime. Quem comete um crime embriagado não deixa de ser criminoso. Quem é vítima de um crime quando embriagado não passa a ser criminoso, nem o autor do crime deixa de ser criminoso ou fica isento de pena em vista da embriaguez da vítima.
Preciso usar lápis de cor?
" Nisso as radfems estão certas, nunca se pode pensar que um homem é exceção porque é de esquerda"
ResponderExcluirO problema com organizações como o MAIS ou o PSTU é que são seitas. São grupinhos fechados, avessos ao debate democrático, e como são relativamente pequenos, são facilmente apropriados por panelinhas de dirigentes eternos que se arrogam poderes desmedidos sobre as vidas dos militantes. E quando os dirigentes - ou militantes favoritos dos dirigentes - são acusados de alguma coisa, a questão é imediatamente politizada. Como diz a Luiza, eles encaram uma denúncia contra um membro da organização como uma agressão - provavelmente policial, ou oriunda de outra seita rival - à organização como um todo.
Como diz a Jo Freeman, a sororidade é poderosa, a sororidade mata. E a fraternidade não faz por menos.
Filha, procura beber menos para sua própria segurança.
ResponderExcluirEspero que você se recupere.
Tios, procurem não estuprar mais, para as suas próprias humanidades.
ExcluirEspero que vocês raciocinem.
"São grupinhos fechados, avessos ao debate democrático, e como são relativamente pequenos, são facilmente apropriados por panelinhas de dirigentes eternos que se arrogam poderes desmedidos sobre as vidas dos militantes. E quando os dirigentes - ou militantes favoritos dos dirigentes - são acusados de alguma coisa, a questão é imediatamente politizada. Como diz a Luiza, eles encaram uma denúncia contra um membro da organização como uma agressão - provavelmente policial, ou oriunda de outra seita rival - à organização como um todo"
ResponderExcluirDe acordo.
Antonio Palloci
Lola; te admiro muito! <3
ResponderExcluir"Eu disse que não, duas vezes. Não tive o direito de decidir. Sem que eu tenha memória ou consciência do que se passou, acordei no seu quarto."
ResponderExcluirSe ela falou não e fez assim mesmo, ainda que estivesse sóbria, estupro consumado.
"Essas pessoas estavam presentes no bar e na casa onde o fato ocorreu, estão entre elas três mulheres (sendo uma delas negra) e um homossexual, todos conscientes e sensíveis ao debate de opressões"."
ResponderExcluirIsso da negra e do homossexual foi uma baixaria bastante indicativa do caráter de quem redigiu a nota.
Ja postei diversas vezes aqui que a situação da militância feminina no PSOL é dramática, como mulher e feminista não pude mais continuar a endossar as ações do partido simplesmente porque nelas não há coerência e sim apropriação do discurso do oprimido para fazer proselitismo e continuar tratando mulheres como lixo. Esse caso descrito foi um mas há comunidades privadas no Facebook com relatos aos montes, um pior que o outro. PSOL jamais.
ResponderExcluir"Estupro é sexo sem consentimento, não sexo bêbado"
ResponderExcluirA lei discorda amplamente de você.
"De acordo.
ResponderExcluirAntonio Palloci"
Você está querendo comparar organizações de algumas centenas de adeptos, com uma estrutura monolítica, controladas por suas cúpulas, com uma organização de centenas de milhares de pessoas, com uma estrutura absolutamente plural, democraticamente controlada por suas bases.
"Estupro é sexo sem consentimento, não sexo bêbado."
ResponderExcluirHá dois crimes diferentes que são popularmente chamados de "estupro". Nenhum deles é "sexo sem consentimento". Um deles não é "sexo bêbado", o outro pode ou não ser.
O primeiro desses crimes é o descrito no artigo 213, e explicitamente chamado "estupro":
"Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso"
Esse é um crime que o CP reputa muito grave, incorrendo em penas severas, de seis a dez anos de reclusão. Mas aparentemente isso não se aplica ao caso em discussão; pelo menos até onde se sabe, não houve nem violência nem ameaça.
O segundo crime é descrito no artigo 214, e, embora seja popularmente chamado "estupro", é descrito pelo Código Penal como "violação sexual mediante fraude":
"Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima"
Esse é um crime que o CP reputa menos grave do que o primeiro, e é punido com dois a seis anos de reclusão. É esse, em tese, o crime no caso em discussão: o agente teria se aproveitado do estado de embriaguez da vítima, que a impediu de manifestar sua vontade livremente (em outras palavras, a vítima "apagou" e o suposto autor se aproveitou disso para ter relações sexuais com ela).
"É perfeitamente possível ela ter dado consentimento, mas sequer lembra disso, uma vez que bebeu de maneira irresponsável."
Sim, é possível.
Mas em direito, as alegações têm de ser provadas. A vítima alega que foi abusada, e o autor não nega que tenha tido relações sexuais com ela. Portanto, o fato material da "conjunção carnal" pode ser dado como provado. O autor alega que a relação foi consensual. Mas isso é uma alegação dele, que pode ou não ser verdadeira, e que precisa ser provada. Se ele puder produzir prova de que houve consentimento explícito, a hipótese de crime estará excluída. Se não, vai prevalecer o que já está demonstrado: que houve relações, e que a suposta vítima estava muito embriagada, a ponto de não poder livremente expressar sua vontade.
"Ela [...] pode estar acusando falsamente de estupro um inocente."
Pode, claro. Se não houver má fé nessa acusação, não há problema nisso. Caso contrário, todo julgamento que termina com uma absolvição teria que imediatamente resultar em outro julgamento, desta vez contra todos os que injustamente acusaram o réu.
Vou de novo te dar um exemplo de bebedeira. Você bebe demais, e eu, que sou seu amigo, te ponho dentro do teu carro, te levo pra casa, e, já que estou com seu carro e tive de deixar o meu perto do bar e estou cansado, vou pra casa nele. No outro dia você, que não se lembra de nada disso, acorda e chama a polícia por que furtaram o seu carro. Pronto, aí você tem uma "falsa acusação" perfeitamente inocente e justificável - e não o crime de denunciação caluniosa, que você de certa forma insinua no seu comentário.
Ela pode ter dito sim.Os dois bêbados. ..Complicado.
ResponderExcluirEssa história de "dentro da esquerda" tira o foco da vítima e pensei que nesse blogue se acreditasse nas mulheres que são vítimas de crimes sexuais, será que a denúncia virou acusação só porque a Lola é alinhada politicamente com o PSOL? O nome da matéria deveria ser simplesmente "mais um caso de estupro", ou algo assim,
ResponderExcluir(...)e sim apropriação do discurso do oprimido para fazer proselitismo e continuar tratando mulheres como lixo (...)
ResponderExcluirQuando eu digo que a maior parte dos esquerdista só querem nos usar como bucha de canhão e o feminismo sendo a sucursal da esquerda vai nos levar a ruína, eu sou sou o demônio fascista.
Repetindo ad nauseam et infinitum - a esquerda vai nos engolir muito antes do Bolsonaro ou da bancada evangélica...
Sinto muito, Luiza! Sinto muito do fundo do meu coração!!! Aqui deixo minha solidariedade e te envio nesse momento energias positivas. Tudo de melhor pra você!
Jane Doe
Lola, por favor divulgue o nome desse canalha.
ResponderExcluirEsses agressores precisam ser expostos.
Como ela sabe que não consentiu, se diz que não se lembra de nada?
ResponderExcluir- O relato dela foi levado à uma Comissão de Ética e ela não conseguiu provar que houve estupro.
ResponderExcluir- Testemunhas mulheres que estavam na sala da casa a viram entrando consciente no quarto com ele.
- Ela alterou a versão dos fatos em conversa com pessoas meses depois do ocorrido.
No mínimo, temos que aceitar que existe contraditório e não agir como LINCHADORES de INTERNET. Vamos esperar a nova Comissão avaliar os fatos e os lados se pronunciarem.
E por acaso a palavra de nma negra e a de um homossexual valem mais que a palavra se 2 homens brancos trabalhadores honestos? Que Brasil é esse que vcs vivem? Que eu saiba, o peso é igual. Ninguém é melhor que ninguém, seja negros, amarelos, índios, brancos, homossexuais ou heterossexuais. Se toquem aí!
ResponderExcluirEsses dias vi a foto de uma mulher loira que está se "transformando" em uma mulher negra (ou seja, cheio de estereótipos) e geral condenou o ato dela (não estou defendendo, acho babaquice também). Mas aí me pergunto, por que essas mesmas pessoas defendem que um homem pode se "tornar" mulher (com muitos estereótipos que a gente sabe que não define uma mulher)? Isso me deixa muito brava. Eu achava que as mulheres estavam arrasando e superando toda a história que vivemos, mas essa é a maior mentira, nada mudou.
ResponderExcluir"À noite, bebemos em dois bares e ainda paramos em uma conveniência pra comprar mais bebida."
ResponderExcluirBebemos no plural? Ou seja, eles também estava com certo nível de embriaguez?
Total respeito ao que você passou, mas se ambos estavam bêbados, segundo a lei, não é considerado estupro.
que comissão de ética o que meu deus, isso é caso de policia, não é caso administrativo
ResponderExcluire ela demorou demais pra fazer a denúncia, o laudo foi produzido diversos meses depois do fato com base no relato da denunciante e notas fiscais das bebidas que ela alega ter consumido
ela pode ter comprado tudo e não ter bebido, não? um advogado de defesa do estuprador pode alegar isso sem a menor dúvida
se ela tivesse bebido tudo o que alegou, segundo O PRÓPRIO LAUDO, ela teria sido levada a óbito
agora fica no diz-que-diz, a palavra de um contra a palavra de vários, um partido pelo visto com histórico de ficar ao lado de estupradores e essa mensagem que mulher nao deve denunciar estupro na hora porque vai ser maltratada, ninguém vai acreditar etc.
isso acontece de fato mas meses e meses depois é pior ainda de provar
independente da situação tem que agir logo porque de qualquer modo, a coisa vai demorar e se você nada fizer vai contribuir pra um estuprador continuar por aí fazendo mais vítimas
"e sim apropriação do discurso do oprimido para fazer proselitismo e continuar tratando mulheres como lixo (...)
ResponderExcluirQuando eu digo que a maior parte dos esquerdista só querem nos usar como bucha de canhão e o feminismo sendo a sucursal da esquerda vai nos levar a ruína, eu sou sou o demônio fascista."
nessa hora abraça todo mundo né, negros, mulheres e trans, basicamente um kit: compre um, leve três
só que na hora que o bicho pega, não é bem assim
esse partido em particular tem um histórico de falta de zelo com as causas femininas que não é segredo, simpático é só quem é desatento, incoerente, tá ganhando algo com isso ou tudo junto
e eu só não entendo pq a mulherada não debanda de vez
aliás, minto, entendo sim: socialização
é colocar nossos interesses lá atrás na fila porque todo mundo tem que passar na frente
é colocar o seu interesse básico de autopreservação, autocredibilidade, confiança em si lá atrás também porque os interesses do partido (que tem um interesse muito limitado e utilitarista em você) estão acima como um pai, como Deus, como todas as coisas que se coloca acima de uma mulher
é você abaixar a cabeça
só que como feminista, você abaixa a cabeça gritando palavras de ordem
a coisa não foi feita pra ser compreendida mesmo, só seguida
se a pessoa dá o consentimento bêbada, juridicamente ela não deu consentimento nenhum
ResponderExcluiré tão inválido quanto o consentimento de uma criança
se o cara bebeu um bocado também e não foi ele quem embriagou a garota, que admitiu estar bebendo desde muito antes, provavelmente não vai ser configurado crime
se ele estava sóbrio ou em condições de decidir, viu uma garota ali na garupa do bozo arlindo e se aproveitou da situação, estupro de vulnerável
e se um monte de gente viu uma garota na garupa do bozo arlindo sendo levada para um quarto e nada fez, daí se explica esse monte de testemunha negando o fato
ou porque de fato não foi bem assim que aconteceu
questão é que a prova pericial se foi no tempo e isso sozinho teria tido o poder de decidir a situação
Esse pessoal que passa a mão em estuprador parece que não o texto: "eles inocentaram o cara e desconsideraram os elementos apresentados (prints, áudios, extratos bancários, laudo médico). O próprio agressor confessou que eu estava bêbada demais."
ResponderExcluirTem áudio, tem laudo médico e tem confissão. Não existe a menor dúvida que o cara estuprou a Luisa. E não, o fato de ele está bêbado também não muda nada! Assim como está bêbado não é desculpa paa acidente de trânsito, homício e qualquer outro crime, está bêbado não muda o fato de estupro ser crime e não livra a cara dele.
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ResponderExcluirConfissão não quer dizer muita coisa para condenação no Direito brasileiro, fora uns casos muito pontuais. Estupro não é um deles. O delito tem que ser provado por outros meios. Você confessa e continua sendo investigado do mesmo modo.
ResponderExcluir"E não, o fato de ele está bêbado também não muda nada! "
Muda, sendo caso fortuito.
O laudo tardio não é favorável à autora do post por dois motivos, decurso do tempo e incongruência entre a quantidade alegadamente consumida e o efeito dessa quantidade em um ser humano no seu tamanho, peso e sexo.
Endosso a ideia que é preciso que se crie uma cultura de denunciar esse tipo de situação o mais rápido possível e que se lute pelas mudanças no tratamento às vítimas no lugar de esperar esse tratamento melhor para daí começar a denunciar. Existe a questão da prova material que, em qualquer situação, precisa ser preservada o quanto antes.
O movimento feminista é suficientemente organizado para abraçar essa pauta (do tratamento digno às vítimas, basicamente uma questão de Direitos Humanos) e manter uma mobilização nacional nesse sentido e certamente outros setores da sociedade abraçariam essa causa também. É algo possível de ser feito e concretamente positivo.
Conjuntamente, é necessário um trabaho de educação social para pleno esclarecimento das hipóteses legamente enquadradas como estupro nas normas brasileiras, qual o tempo de ação da vítima e que passos deve tomar.
Assim como já existiu o "Vamos Juntas", sistema de carona a pé entre mulheres, parece ser necessário um esquema semelhante para acompanhar vítimas de crimes sexuais em toda novela de órgãos públicos que a pessoa precisa se sujeitar quando seu estado psicológico não é nem um pouco tranquilo. Preferencialmente com o envolvimento de advogados(as).
"é você abaixar a cabeça
só que como feminista, você abaixa a cabeça gritando palavras de ordem"
E isso precisa acabar.
"e eu só não entendo pq a mulherada não debanda de vez"
ResponderExcluirOlha, eu não tenho procuração para defender o PSOL, que é um partido do qual eu particularmente não gosto (acho moralista, não gosto do "revolucionismo", acho que faz uma análise superficial, às vezes até caricatural, da realidade).
Mas eu acho que a mulherada não debanda pelos mesmos motivos pelos quais não debanda do emprego, da família, da igreja ou do clube esportivo: por que acredita, certa ou erradamente, que é melhor ficar e brigar para que mude, do que entregar os pontos e dar a vitória de bandeja aos machistas e aos misóginos.
Eu pessoalmente acho que elas têm razão. Mesmo quando não se trata das mulheres do PSOL, e sim das mulheres do DEMO ou do PSDB. De debandada em debandada, as mulheres acabariam presas em seus próprios quartos - onde descobririam fatalmente que o isolamento não é proteção contra a misoginia.
Sinceramente cada vez menos eu acredito que homens podem ser aliados reais :-/
ResponderExcluirLive - Tretas da Semana
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=hAr__8hKZxg
Mais um capítulo de "O Esquerdomacho"
ResponderExcluirdonadio, é você?!
ResponderExcluir"donadio, é você?!"
ResponderExcluirDepende. Se sou eu, sou eu; se não sou eu, é outra pessoa...
idiota sem-graça...
ResponderExcluir"apropriação do discurso do oprimido para fazer proselitismo e continuar tratando mulheres como lixo."
ResponderExcluirSim, essa é declaradamente a estratégia para conseguir engajados para a revolução. Por esse mesmo motivo que a ideologia é formalmente contra a religião e a fé.. pq esses elementos aplacam a revolta dos oprimidos por meio de uma promessa de recompensa futura (após a morte).
As diferentes formas desse crime horrível estão descritas no código penal. Pelo que pude analisar do caso ainda que se leve em conta que o "rapaz" estava ébrio (a descrição desse fato no texto) a denúncia havia de ser apurada! Minha única observação e que sendo homem ou mulher há de se provar o que se diz, a falta de provas nos leva a denunciação caluniosa que também é crime. O unilateralismo, a escolha de um lado, sem analise imparcial seja por machismo, feminismo, liberalismo marxismo ou qualquer outro "ismo" é a morte da justiça...
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