sexta-feira, 7 de abril de 2017

GUEST POST: A LONGA JORNADA PARA SER MÃE

Nós feministas defendemos a legalização do aborto e rejeitamos a ideia de que toda mulher quer ou precisa ser mãe para se sentir completa. 
Algumas pessoas mal informadas confundem nossa luta por escolhas (a palavra-chave é essa: escolha) com uma rejeição à maternidade, o que não é verdade. 
A N. me enviou este belo relato de tudo que teve que enfrentar para conseguir ser mãe.

O desejo de ser mãe era algo central em minha vida desde muito jovem, não exatamente relacionado com a ideia de casar de branco, de ter filhos e do comercial de margarina embutido, mas simplesmente ser mãe. Tinha absoluta certeza desse desejo.
Casei aos 21 anos, muito jovem e apaixonada. Aos 23 já estávamos começando a tentar engravidar, de modo ainda despretensioso e tranquilo. Eu estava na faculdade, não havia motivo para pressa. Passaram-se dois anos de tentativas e nada de chegar uma gravidez em nossas vidas. Foi nesse ponto que comecei a me preocupar que algo podia estar errado.
Marquei a primeira consulta médica. O médico, avaliando a questão da minha idade (25 anos na época), recomendou calma. Mais um ano de tentativa e um primeiro pedido de alguns exames simples: análises clínicas de sangue para verificar taxas hormonais, ultrassons para checar se a ovulação estava ok, espermograma para o marido. Exames feitos, tudo certo, nenhuma alteração detectada. Mais um ano correu.
Troquei de médico e dessa vez resolvi consultar uma especialista em reprodução humana. Neste ponto eu já estava em um processo de sofrimento muito intenso a cada mês que a gravidez não vinha. A menstruação era sinônimo de sensação de fracasso, tristeza, sentimento de impotência, raiva, desesperança, uma mistura brutal de muitas emoções e sentimentos contraditórios.
Meu companheiro sofria também, claro, por desejar a gravidez, mas não se comparava ao sofrimento físico e emocional que eu passava, que de certa forma gestava a esperança e sentia a perda e a dor no meu próprio corpo todos os meses, de modo repetitivo e angustiante.
Dessa vez a médica solicitou exames mais específicos e invasivos, alguns bastante dolorosos e chatos: videohisteroscopia, histerossalpingografia, histerosonografia, biopsia do endométrio, além de repetição de exames hormonais, exames de compatibilidade, ultrassons seriados para controles ovulatórios etc. Uma mulher que já tenha vivido essa maratona de exames investigativos sabe o quanto é extremamente cansativo e doloroso todo esse processo.
Exames feitos e nada detectado, a médica nos explicou que fazíamos parte de uma porcentagem de casais em que a causa é desconhecida. Nos sugeriu uma tentativa de inseminação artificial, por sermos jovens e por ser um método mais barato.
Tínhamos reservas financeiras na época e optamos por tentar uma fertilização in vitro, método mais caro, porém com chance de sucesso maior. 
Então começou o processo da nossa primeira FIV: hormônios diários (injeções na barriga) para estimular uma super ovulação, sucção dos óvulos (que é feita com anestesia geral, no consultório de fertilização), preparação do endométrio para receber os embriões, fertilização no laboratório, dias de angústia e espera recebendo notícias do desenvolvimento dos embriões através de telefonemas da embriologista até o esperado dia da transferência dos embriões, seguido de duas semanas de espera para fazer o teste de gravidez! Uma enorme maratona cheia de altos e baixos emocionais, aflições, medos.
Nessa tentativa reagi pessimamente aos hormônios e tivemos apenas um embrião para transferência, de qualidade regular e nenhum para congelamento. 14 dias depois veio a resposta negativa.
Foi um grande luto.
Passei dois anos tentando ignorar esse assunto na minha vida, me formei na faculdade, comecei a trabalhar em tempo integral, estava pensando em um projeto de mestrado quando conheci um casal que conseguiu engravidar através de um médico X, me falaram maravilhas dele. Com a esperança renovada, decidi marcar uma consulta.
Achei o médico um pouco frio e grosseiro, mas a recepção estava lotada e o casal tinha conseguido engravidar, deixei passar essa impressão e logo ele me solicitou a repetição de alguns dos exames que eu já havia feito alegando que tinham caducado nesse tempo de dois anos. Me senti profundamente cansada em recomeçar novamente a ser examinada, mas respirei fundo e recomecei. Exames refeitos, nada detectado novamente, o médico me sugeriu uma cirurgia de videolaparoscopia para descartarmos a hipótese de uma endometriose.
Me senti maltratada durante o processo cirúrgico. Achei que o médico foi de muita insensibilidade em vários momentos. Após a cirurgia o diagnóstico foi de uma endometriose leve e não impeditiva para a gravidez.
Na consulta de retorno o médico me sugeriu que eu fosse à reunião da igreja que ele frequentava para Deus operar uma cura e possibilitar a gravidez! Nesse momento percebi o porquê do consultório lotado e me dei conta que tinha caído nas mãos de um médico nada sério, para dizer o mínimo.
Nessa época eu e meu marido saímos do Brasil para morar em definitivo no exterior. Por conta da adaptação a um novo pais, língua nova para aprender, rotinas a adaptar, deixamos o projeto da gravidez em stand by, mas sempre tentávamos de modo natural e as mesmas frustrações mensais se passavam.
Na verdade os sentimentos e sensações variam muito quando tanto tempo se passa em um processo como esse: raiva e revolta são substituídos por uma quase indiferença, que se transforma em tristeza e novamente em frustração, em um ciclo terrível de emoções estranhas. Você assiste amigas, irmã, cunhada, desconhecidas engravidando e tendo seus filhos enquanto você se sente paralisada em uma espécie de limbo emocional, ainda mais quando não tem um diagnóstico específico para lutar contra e mudar o cenário.
Já havia passado quase 8 anos desde o início de tudo.
Decidimos então partir para uma segunda tentativa de FIV. Dessa vez escolhemos uma clínica de excelência, investimos quase todas as nossas reservas financeiras e começamos essa FIV com certeza absoluta que agora sim daria certo!
O processo foi distinto, logo na primeira consulta avisei que não faria mais nenhum exame investigativo (por extremo cansaço) e respondi muito bem à toda medicação, conseguindo no final quatro lindos embriões! De acordo com o médico, embriões modelos, de foto de clínica!
Estávamos muito felizes.
Neste país em que fizemos a FIV não existe nenhum controle rígido da quantidade de embriões que podem ser transferidos. Resolvemos transferir os quatro! O médico nos garantiu que a chance de trigêmeos ou quadrigêmeos era baixíssima e queríamos aumentar as chances de uma gravidez. Nessa altura, se viessem gêmeos, ficaria felicíssima.
Qual não foi nossa desilusão quando chegou o resultado do exame de gravidez com um inacreditável negativo!
Sensação de chão se abrindo, uma tristeza muito profunda, um luto inacreditável, seguido de uma forte desesperança. Comecei a me convencer que jamais seria mãe, que deveria começar a aceitar essa realidade.
Um tempo depois dessa segunda tentativa, nos mudamos para outro continente e então meu marido começou a falar sobre a hipótese de adoção, que sempre foi algo tangível para nós.
Comecei então o processo de adoção nesta nossa nova cidade, um mar de burocracias, exigências, documentos, fotos e entrevistas. Não fazíamos nenhuma exigência especial em relação a sexo, cor de pele e nada nesse naipe, apenas queríamos uma criança saudável e pequena , ainda no primeiro ano de vida.
O processo emperrou em questões jurídicas locais que até hoje não consigo compreender ao certo. O fato é que o processo não se concretizou.
Nos mudamos novamente, absolutamente estarrecidos que estávamos indo embora sem nossa criança nos braços.
Não tínhamos mais condições financeiras, mentais ou emocionais de continuar com tudo isso. Assim pensávamos na época e decidimos esquecer esse projeto de ter um filho em nossas vidas.
Voltamos ao Brasil de férias e comunicamos nossa decisão para uma parte da família que acompanhava tudo um pouco mais de perto.
Qual não foi nosso susto quando poucos dias depois dessas conversas familiares, nossa família nos procurou com uma oferta generosa e lotada de amor: haviam se juntado em um esforço para conseguir o valor para que tentássemos outra FIV novamente.
Ficamos paralisados.
Perguntamos a todos se sabiam da enorme chance de dar errado e esse dinheiro ser todo perdido. Estavam cientes e insistiram para que aceitássemos.
Um enorme privilégio -- quem pode dispor de uma ajuda familiar desse porte? Tantas mulheres que enfrentam filas e anos de espera para fazer uma FIV subsidiada, e estávamos ali com a possibilidade de tentar novamente de modo imediato!
Fomos então para nossa terceira tentativa de fertilização in vitro, em uma conceituada e respeitada clínica de SP. Gostei demais do médico que nos atendeu na primeira consulta, que diante de todo nosso histórico, só pediu atualização de alguns exames clínicos simples. Mergulhei novamente nos hormônios, injeções etc.
O estado em que eu estava nos dias de espera do resultado da FIV era no mínimo estranho. Não sabendo se estava grávida ou não, agia como se estivesse, procurava sinais que ainda não existem, mal dormia de ansiedade...
No dia tão esperado recebo a ligação da enfermeira da clínica, que me diz ao telefone: "Parabéns, mamãe"! Não conseguia acreditar, pedia para ela conferir se não haviam trocado o resultado do exame, se eu estava mesmo grávida, não conseguia concretizar essa realidade que parecia tão impossível há tão pouco tempo atrás e há tanto tempo.
Dessa vez havíamos conseguido três embriões, transferimos os três e no dia do ultrassom para escutar o coração do bebê ou dos bebês, lá estava um coração batendo forte e ritmado. Lágrimas e uma emoção profunda e inesquecível. Era nosso bebê, que nasceria 40 semanas depois de um parto natural mudando para sempre nossas vidas.
Uma coisa curiosa que ocorreu é que durante esse processo de tantos anos de tentativa de engravidar, acompanhei de perto duas amigas que fizeram abortos por motivos distintos para cada uma delas. Pude ver seus sofrimentos e angústias de terem que passar por um aborto clandestino. Minha antiga convicção de que a decisão de ter filhos ou não deve ser unicamente uma decisão da mulher só se fortaleceu.
A maternidade, gravidez, parto, criação e cuidados de um bebê são aspectos da vida muito intensos, fortes, trabalhosos e transformadores. Vivenciar ou não estes aspectos da vida deve ser uma opção unicamente da mulher e acho espantoso que não possa ser plenamente compreendido dessa forma.
Ter a minha filha comigo hoje em dia só me fez ter ainda mais certeza da absoluta necessidade de respeitar a decisão da mulher, quer essa decisão seja não ser mãe ou perseguir esse desejo por anos até a maternidade se realizar.
A maternidade não é um passeio no bosque ou um conto de fadas. É algo árduo, cansativo, por vezes solitário e também na mesma medida profundamente bonito, amoroso e intenso. 
Sabendo disso hoje por experiência vivida, aumentou ainda mais minha convicção de que a maternidade deve ser consciente e escolhida. Desejo força e solidariedade a todas as mulheres que não desejam ser mães ou não podem ser, as que desejam e não conseguem e as que como eu desejaram muito e hoje são mães. A maternidade não deveria ser local de disputas, mesquinharias ou julgamentos e sim um lugar singular e único para cada mulher que habita esse mundo tão confuso.

44 comentários:

  1. mais um pisão diário nos mascus

    ResponderExcluir
  2. se a imortalidade existisse, não seria necessário e ninguém ia querer ser mãe (ou pai)

    ResponderExcluir
  3. Eu não sei como nem porque, só sei que eu homem hetero branco vou levar a culpa por isto :P

    ResponderExcluir
  4. ''Eu não sei como nem porque, só sei que eu homem hetero branco vou levar a culpa por isto :P'' Só pode ser zoeira isso, não é?

    ResponderExcluir
  5. N entendo essa obsessão em parir, pessoas ficam anos tentando, gastando dinheiro com tratamento quando podem adotar .

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Enquanto isso, o Islamismo só crescendo. Eles vão ganhar o mundo

      Excluir
    2. Vão ganhar o mundo trazendo a cultura deles. Vai acabar "meu corpo minhas regras, sou obrigada a nada, Foda-se etc". Estão destruindo os alicerces do ocidente para a entrada dos muçulmanos. Qual a vantagem para as mulheres, respondam?

      Excluir
  6. cis é aquela marca de caneta, material escolar e de escritório, né?

    ResponderExcluir
  7. pai não vai dar pra ser nem se quisesse, a imortalidade só vai existir quando os homens já estiverem extintos pois os machos são obcecados pela morte e ela os atrai sexualmente, inclusive.

    Thanus é você?

    ResponderExcluir
  8. Felicidades, N. Sou uma dessas mulheres que preferem se enforcar num pé de coentro a ser mãe, mas já que você quis ser mãe de livre e espontânea vontade, e está satisfeita com a maternidade, seja feliz.

    Pessoas, seguinte: a N. não é a inimiga, ok? Pelo contrário, aliás, ela apoia totalmente que as mulheres tenham escolha e deixou claro que ser mãe foi justamente o que a motivou a apoiar o direito das mulheres de escolherem. Então, por favor, queiram apontar os canhões pro verdadeiro inimigo das mulheres: o machismo e os/as machistas. As mulheres estão sendo privadas dessa escolha não é por causa das que escolhem e lutam pra ser mães, mas das/dos que acham que mulher TEM QUE parir (seja pra poder mantê-la em cabresto, seja pra puni-la por ter feito sexo, seja por burrice), é por causa dos machistas sentados nas cadeiras do Congresso, do Palácio, dos ministérios, dos tribunais e das igrejas. Digo-lhe o mesmo 14:46. Há um ramo do feminismo que representa você? Apegue-se a ele e deixe a N. no dela. Os machistas lhe agradecem por criar lutas internas.

    ResponderExcluir
  9. falando de maternidade? os transativistas não vão gostar, é transfóbico falar em maternidade, vcs não sabiam?

    ResponderExcluir
  10. Sei que vão surgir comentários sobre maternidade compulsória, então o mínimo que a gente espera é respeito pela autora. O feminismo também é sobre autonomia de escolher ter ou não ter filhos, e fica evidente como foi o desgaste da autora a cada tentativa. No facebook, acompanhei recentemente uma matéria da revista AzMina sobre mulheres que passaram por um aborto natural e como os filhos que elas geraram (alguns até em avançado estágio de desenvolvimento) são desconsiderados e como a dor delas é minimizada com o "depois você engravida de novo", como se fossem incubadoras. É claro que é uma importante reflexão sobre a dicotomia pró-vida na forma como essas mães são tratadas.
    A mulher que opta por ser mãe, que é o "esperado" da nossa sociedade, também enfrenta várias questões. Uma válida leitura aos que ainda acham que as feministas são anti maternidade.

    ResponderExcluir
  11. Não acho transfóbico, até porque maternidade não é só parir e é possível ser mãe adotando filhos.

    ResponderExcluir
  12. Eu também desejo muitas felicidades à você e seu bebê.Ainda bem que existem mulheres que querem viver a maternidade,porquê se dependesse de mim pra parir o mundo já tinha extinguido.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Para que parir? Se pode gastar seu tempo e dinheiro unicamente com vc, não é mesmo?

      Excluir
  13. Chorei aqui, relato lindo! Muito bom o texto! Vamos respeitar a escolha de todas as mulheres.

    ResponderExcluir
  14. "Não fazíamos nenhuma exigência especial em relação a sexo, cor de pele e nada nesse naipe, apenas queríamos uma criança saudável e pequena , ainda no primeiro ano de vida."

    Tá aí porque a adoção não foi pra frente. Ao contrário do que imaginam, a maior parte das crianças em abrigo não estão disponíveis para adoção e as que estão, não são brancas, recém-nascidas, do sexo feminino e de olhos claros (a preferência máxima dos brasileiros, independente da cor dos pais adotantes inclusive).

    Quem não tem preconceito contra crianças maiores e aceita irmãos não fica 6 meses na tal "fila".

    ResponderExcluir
  15. "N entendo essa obsessão em parir, pessoas ficam anos tentando, gastando dinheiro com tratamento quando podem adotar ."

    Porque ter filho é diferente de engravidar. Quando você adota um filho, você não tem barriga pra mostrar pros parentes, não tem chazinho de bebê, não tem vantagem pra contar, não tem o status social da santidade do barrigão, não tem ensaio fotográfico newborn de crianças ensacadas e com cara de natimortas (acho horríveis esses ensaios) e geralmente vem aquele monte de perguntinha e suspeita sobre o pedigree da criança (a família era drogada? a criança foi abusada sexualmente? a criança tem problema?) e sem contar que a maioria das crianças pra adoção são negras, o que acaba batendo no racismo de quem quer adotar e da família que vai receber esses filhos rejeitados.

    A verdade é dura mas é uma: no Brasil, adotar é prêmio de consolação pra mulher sem condições de pagar por tratamentos.

    Por esse motivo que existe um número imenso de devoluções aos abrigos (antes da adoção efetiva os candidatos podem devolver as crianças aos abrigos). A pessoa quer um bebezinho branco, parecido com os pais e zero KM, consegue uma criança negra de 5 anos com histórico de abuso e 2 irmãos e não consegue lidar com isso.

    Curioso que se você engravida e seu filho nasce deficiente, você não pode simplesmente largar esse e escolher outro. Mas pra adotar é igual cachorro: quero da raça assim, quero da cor assim, quero desse e desse modelo, quero ver o pedigree dos pais.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Existem mulheres que sonham muito em ser mãe, e querem passar pela experiência de gestar, parir e amamentar, que mal há nisso? Não que um filho "parido" seja mais amado que um adotivo, mas a pessoa tem todo direito de querer ter essa sensação pelo menos uma vez na vida. É muito insensível reduzir isso a uma vontade de fazer "chazinho de bebê". Caramba, feminismo não é sobre a gente poder escolher?

      Excluir
  16. Essa é uma das poucas coisas que eu jamais vou compreender - esse desejo intenso de gestar, parir e criar. Mas não por não compreender que vou ser insensível a dor de quem quer e não consegue.
    Eu sinto muito que ela tenha passado por tanto sacrifício físico e emocional. Que tenha passado por um profissional ruim - coisa aliás muito frequente ente GOs (classe médica com a maior quantidade de mercenários, pilantras, mentiroso, manipuladores, crápulas, misóginos e pró-natalistas por m2).

    Lendo essa história, eu penso - tanta gente estúpida e abusiva colocado filho no mundo igual a rato, sem nunca ter pensado meio segundo antes, pra deixa-los a própria sorte, pra magoa-los de todas as maneiras possíveis, para usa-los de bucha de canhão, de escada social whaterver - e uma pessoa decente e amorosa como a mulher do post teve que viver esse calvário!!! =(

    Queria muito que todas as gravidezes e crianças no mundo viessem apenas desejadas, planejadas e de fato amadas, e não para servir algum propósito mesquinho dos genitores...

    Espero que a N, seja muito feliz...

    Jane Doe

    ResponderExcluir
  17. "maternidade não é só parir e é possível ser mãe adotando filhos"

    só por isso que não é transfóbico?

    mas falar o óbvio, tipo, que quase todas as mulheres tem ou tiveram a possibilidade, a capacidade de engravidar e que só mulheres têm essa possibilidade, é transfobia né?

    ResponderExcluir
  18. (Viviane)
    Sinceramente, anon de 17h09? Por mais que eu concorde com seus comentários sobre adoção (sim, é simplesmente desumana a possibilidade de se devolver uma criança adotada como mercadoria. Isso deveria ser proibido por lei), discordo de sua avaliação sobre as mulheres que fazem tratamentos para engravidar. Puxa vida, num post em que a autora defende o direito de escolha de todas as mulheres a partir da própria experiência, um julgamento como o seu está fora de lugar, para ser beeem educada...

    ResponderExcluir
  19. Adoção eh sempre um plano B para ser mae.

    O ser humano eh isso. Quer "ver" seu DNA no filho, algo como se fosse um percurso de um rio, quando morrer sentir que deixou algo na terra...

    Puramente natural.

    ResponderExcluir
  20. Que legal a moça ser bem mente aberta, perceber que era uma escolha dela e respeitar a escolha das outras.
    Mas a questão da adoção é bem delicada pois, como já comentado, as crianças para adoção tem transtornos ou são de "raça" que os adotantes não querem.
    E se a mulher quer abortar, vem gente dizer que "é melhor ter a criança e pôr para adoção". É uma coisa cruel de falar, como se o mundo dos orfanatos e lares temporários fosse um mar de rosas.

    ResponderExcluir
  21. Lola! Vc já viu esse depoimento da Patrícia Lélis? (Aquela que acusou Feliciano de abuso). Ela agora defende o feminismo. http://www.pragmatismopolitico.com.br/2017/04/de-conservadora-evangelica-a-feminista-o-desabafo-de-patricia-lelis.html

    ResponderExcluir
  22. O que muita gente não entende e que escolhas são feitas o que por tabela trás consequências. A mulher que deseja ser mãe deve se preparar física/mental/financeira para a chegada do bebê para que o mesmo disponha de tudo que seja necessário para um crescimento saudável e feliz.


    Aquelas que não desejam que tomem as devidas providências para evitar. Viu a escolha é dá mulher.

    Se ela quer sabe como fazer, se ela não quer sabe como evitar. agora o que não dá e para a sujeita sair por aí transando sem o mínimo de responsabilidade vir chorar que não pode se mãe.

    Essas tiveram a oportunidade de escolha mas não aproveitaram então que arquem com as suas responsabilidades querendo ou não.

    ResponderExcluir
  23. O brasil está com uma geração de jovens nem nem. Nem trabalha nem estuda engravidado cada vez mais cedo.Na minha família os 3 rapazes assim,com idade ente 19 a 23 tudo tendo 2 filhos. Imagino quando tiverem 40.Estamos enfrentando um ciclo de terror.A terra está passando por um colapso,principalmente humano e esses jovens tendo filhos cada vez mais cedo.Não entendo,juro!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Mas em relação as mulheres que possuem mais tempo de estudo, cada vez mais estão planejando antecipadamente o nascimento dos filhos e não de maneira irresponsável. A educação feminina é a melhor forma de evitar gravidez precoce.

      Excluir
  24. Anon transfobico e trolll das 15:45,deixe de querer ironizar a transfobia e de ditar o que é ou não transfobico.

    ResponderExcluir
  25. Difícil de imaginar a angústia da autora,porém fico muito feliz que um texto aparentemente triste tenha tido um desfecho tão feliz,tenho gente na família que está com dificuldade em engravidar e espero que tenham a mesma sorte que a autora.

    Também lamento que além de todo o nervosismo e decepção ela tenha que ter passado pelas mãos de médico evangélico que queria resolver tudo na base de oração.

    As vezes,vendo a crescente de dificuldade de mulheres jovens na faixa dos trinta e poucos anos engravidarem,me pergunto se o uso de anticoncepcionais muito cedo e prolongado,antes mesmo dos vinte anos,quando se tem útero adolescente,não seria de alguma forma culpado pela diminuição da fertilidade feminina no mundo.

    As expectativas de que mulheres se tornem mães também são altas, a cobrança é intensa,e acho que isso só vem para aumentar a frustração que uma mulher possa vir a sentir,caso não engravide.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. (Viviane)
      Maria, sobre seu terceiro parágrafo, é uma hipótese bem plausível. Penso que métodos anticoncepcionais devem ser indicados conforme a faixa etária, para evitar esse problema.
      Mas não, né, a classe dos GOs (e aí eu assino embaixo do que a Jane Doe postou ontem, às 17h43) só vê o $$$$ a qualquer custo e receita anticoncepcionais hormonais como se fossem aspirina, dá nisso aí...

      Excluir
  26. Sem contar que quando a criança é negra, do sexo masculino ou tem alguma deficiência os assistentes sociais não querem, ameaçam a mulher até com processo e cadeia pra que ela não entregue a criança. Essa de dar pra adoção só funciona se o bebê for branco, menina e totalmente saudável porque brasileiro se estapeia por crianças assim. Menina recém nascida branca e saudável eles venderiam em leilão se pudessem. Menino negro com alguma necessidade especial mofa nos abrigos até fazer 18anos e então é chutado pro mundo. O que só faz aumentar o ódio e a vontade de meter um tijolo nos dentes de quem vem com essa de "Dê pra adoção!"

    Rodolfurher e anon transfóbico: provando que é mais fácil cagar uma barra de ouro 24k cravejada com diamantes do que encontrar vida inteligente na internet fora dos blogs feministas.

    ResponderExcluir
  27. Belo depoimento N. Fico feliz em ver que apesar do seu desejo e sofrimento para conseguir ser mãe não nublou o seu entendimento do desejo de outras mulheres em escolher não ser. Nós sabemos que o desejo de ser mãe é alcançado pela gravidez ou pela adoção. O que leva as mulheres ao aborto sao diversos motivos, e não nos cabe julga-las, apenas apoiá-las. Muito feliz ao perceber que o seu sofrimento encontrou eco no sofrimento de outras mulheres, sobre o mesmo assunto, por motivos diversos. Isso é sororidade. Seja feliz!

    ResponderExcluir
  28. 00:49

    Não se trata disso, a crítica não é pra moça pessoalmente, não tem nada de errado em querer ter filho naturalmente, mas, você n acha estranho que as pessoas que tentam e não conseguem, preferem o sofrimento de tentar engravidar com tratamento do que a adoção? Se querem tanto um filho, por que que importa de onde veio?
    A adoção ficam em último caso e a maioria nem pensa nisso, preferem ficar sem filho.
    Isso é culpa do machismo, o homem quer ter um filho biológico pra mostrar pra sociedade que é fodao, viril e n tá assumindo porra alheia, a mulher quer mostrar que cumpriu seu papel de incubadora.

    Já viu os motivos que as pessoas dão pra n adotarem? Ridiculos! Querem uma criança perfeita, como se houvesse alguma garantia de que o filho deles vai nascer saudável e vai ser uma pessoa boa.

    ResponderExcluir
  29. "Menino negro com alguma necessidade especial mofa nos abrigos até fazer 18anos e então é chutado pro mundo."

    Gente eu cresci em um orfanato e conheci muitos outros em 4 estados diferentes e posso afirmar que as crianças são muito mais bem tratadas lá que em muitas famílias tradicionais, e apesar de poder sair quanto completa 18 anos muitos podem ficar trabalhando ou como voluntários, e mesmo os que saem sempre que visitam o lugar é são muito bem vindos.

    Acho válido lutar para que as pessoas lutem pela adoção de crianças maiores e com irmãos - tanto meninos como meninas - mas esse mito difundido por muitas obras de ficção é injusto com as pessoas que trabalham, muitas vezes pro bono, nessas instituções tão importantes para a nossa sociedade.

    ResponderExcluir
  30. 21:56 que bom que as coisas funcionaram bem pra você. E não duvido que tenha muita gente boa trabalhando nos orfanatos e instituições, mas você realmente acredita que TODOS são assim? Você realmente acredita que nesse país, onde as autoridades que deviam combater a exploração e o abuso infantil ganham dinheiro com isso, todos os orfanatos e abrigos são essa maravilha que você fala? É, você conheceu muitos bons orfanatos mas são 26 estados e o distrito federal. Você só conheceu as instituições de 4 Estados, e com certeza não conheceu todos. Claro que não há abuso e violência em todos, mas você também não pode dizer que todos são uma maravilha.

    13:19 e qual é a vantagem pras mulheres procriarem feito coelhos nessa sociedade machista de merda que nós temos aqui? Nenhuma. É só trocar um tipo de opressão machista pelo outro.

    ResponderExcluir
  31. Oi titia,

    Eu sou voluntário na ONG Padrinho nota 10, caso queira conhecer nosso trabalho procure o site é: http://www.padrinhonota10.com.br . Evidentemente sei que não posso garantir que todos os orfanatos do país são exemplares - da mesma maneira que não são todas famílias que cuidam de crianças. O que eu não gosto é do preconceito que o brasileiro normal tem com os orfanatos sem conhecimento de causa. Geralmente o pessoal pensa que as crianças são maltratadas apenas por ignorar a realidade.

    Falando na situação nacional, o MPF fez um levantamento, caso lhe interessa:
    http://www.turminha.mpf.mp.br/direitos-das-criancas/convivencia-familiar-e-comunitaria

    ResponderExcluir
  32. N., fico muito feliz pelo seu relato. É um alento ler uma história sobre maternidade escolhida e desejada. Não acho que ser mãe é 'apenas uma imposição de encanador a que o patriarcado obrigada as mulheres', estar grávida, parir e cuidar dos filhos significa muitas outras coisas positivas e desejáveis também. Pelo menos o meu feminismo não quer que mulheres deixem de parir, quer que elas o façam por convicção pessoal e sejam acolhidas e ajudadas nesse trabalho 24 por 24 que é a maternidade. Obrigada por relatar.

    ResponderExcluir
  33. Há uma semana li um livro maravilhoso que trata em grande parte desse assunto. A autora tem um diagnóstico praticamente de infertilidade e ela relata como foi o processo de luta, de exames, de aceitação, de reinterpretar sua feminilidade...

    Chama: Minhas irmãs, as santas. Da Colleen Campbell.

    É um livro Cristão, como fica claro pelo nome. Indico pra quem 'é da área'. rsss
    Lendo a resenha é provável que muitas rejeitem logo de cara. Mas é realmente um livro mto bom!

    ResponderExcluir
  34. discordo de sua avaliação sobre as mulheres que fazem tratamentos para engravidar.


    ==================

    já eu achei altamente precisa kkkkkkkkkkk porque é só o que vejo

    na minha família teve, por um acaso do destino, várias adoções e dá pra ver que o tratamento é diferente sim, para pais e filhos

    já começa nos pais, que falam assim: "esse aqui é meu filho e esse aqui é meu filho do coração.

    existe toda uma celebração da barriga (gestação) que não tem na adoção, existe todo um preparo social pra aquela mulher entrar na vida materna que, numa adoção, acontece de repente

    querer ter filho só parece que é a mesma coisa que querer engravidar mas na prática não é não, tem muito ego e orgulho feridos aí, fora o comércio da fertilização in vitro que fez todo mundo acreditar que infertilidade é doença e não um controle natural da espécie humana descartando os corpos menos aptos (acontece com qualquer bicho e somos bichos também, a diferença é que somos animais com dinheiro)

    ResponderExcluir
  35. Pois é Viviane, até dois anos atrás eu nunca tinha pensado nisso;até que comecei a reparar que na ultima década o número de mulheres com dificuldade em conseguir uma gravidez parece cada vez maior,detalhe,não estou me referindo a mulheres de 45 ou quarenta e sete anos,já quase na idade de entrar na menopausa,mas sim mulheres de trinta e dois,29,33; relativamente ainda jovens,e com uma faixa de idade em que boa parte das moças de classe média estão tendo seus primeiros filhos,não conseguindo engravidar;enquanto observo mulheres de quarenta e poucos anos que já tiveram filhos na juventude ou adolescência engravidando com facilidade.
    Aí me toquei que o útero dessas mulheres já madurou e já carregou uma gravidez até o final antes e possivelmente tem essa "memória",digamos assim,enquanto muitas dessas mulheres de trinta tentando engravidar sem sucesso tomam anticoncepcionais desde os quatorze,quinze anos,quando já eram capazes de gerar uma criança,mas ainda não tinham um desenvolvimento corporal e pélvico completo,ou seja,desde cedo,desde o começo da adolescência, o útero delas vem sendo sistematicamente preparado pra Não engravidar e não aceitar uma gravidez em hipótese alguma,depois disso elas passam mais de década tomando anticoncepcionais direto, algumas inclusive tomam mesmo quando passam meses sem ter uma relação sexual,simplesmente pelos benefícios que eles trazem além do contraceptivo; aí me perguntei :
    Será que depois de todo esse tempo sendo preparada pra não engravidar,desde quando se tinha um útero adolescente,bastaria suspender a medicação que a gravidez aconteceria facilmente? Ou será que a longo prazo uma possível redução da fertilidade seria um efeito colateral?

    Óbvio,não estou culpando pílulas anticoncepcionais pela infertilidade,problemas pra engravidar sempre existiram,mas será que o uso compulsório por parte de garotas muito jovens,ainda menores de idade, não pode lá na frente,quando essas meninas estiverem preparadas e quiserem engravidar,de atingirem seus objetivos?

    ResponderExcluir
  36. Mas como você e a Jane Doe sugeriram a industria farmacêutica jamais voltaria atrás E admitiria que o uso de anticoncepcionais por adolescentes que ainda nem chegaram a faixa dos vinte/vinte e um anos pode ter consequências desastrosas, tampouco iria sugerir que após dez anos de uso ininterrupto,talvez seja bom que as mulheres interrompam o tratamento por um ano ou um ano e meio,apenas para que o corpo delas seja capaz de 'se lembrar' que elas ainda são capazes de engravidar?


    Claro,não quero que os índices de gravidez adolescente aumentem,mas lembro que na minha adolescência muitas amigas queriam usar logo o anticoncepcional para poderem transar sem camisinha,por pressão de namorados,será que não seria melhor insistir que garotas adolescentes aprendem a maneira correta de armazenar e por uma camisinha e que elas também aprendam a importância que a camisinha tem como contraceptivo pra elas?

    ResponderExcluir
  37. Maria, quando se trata de camisinha, mais do que ensinar as meninas é necessário ensinar aos meninos que eles TEM que usar e como usar. As meninas tem que aprender a se impor, a se recusar a ceder à pressão de machinho fresco e mimado, a mandar folgado que não quer fazer sua parte pastar. Temos que chamar os homens à responsabilidade deles na contracepção.

    ResponderExcluir
  38. Quero saber como que tem gente que ainda quer ter filho. Deusss me livre disso, parece mais masoquismo do que qualquer outra coisa, filho da um trabalho do cão e só sabe gastar

    ResponderExcluir