A doutora em Ciências Sociais Tatiana Miranda e o professor da Universidade Federal Fluminense Carlos Fialho estão fazendo uma pesquisa sobre cabelos grisalhos. Leiam o que eles têm a dizer, por favor:
Há uma novidade acontecendo com os cabelos das mulheres. Muitas delas estão deixando seus cabelos grisalhos livres e naturais. É cada vez mais comum vermos belas cabeleiras brancas desfilando pelas ruas. Aceitação, liberdade, empoderamento, economia de dinheiro (e tempo) -- são várias as causas, e consequências, de aceitar a chegada dos fios brancos. Um desafio para essas mulheres é a aceitação social que podem receber, ou não, da sociedade.
Não estamos falando "apenas" de cabelo. O sociólogo e antropólogo francês Marcel Mauss nos relata que o corpo repleto de símbolos é o instrumento técnico primordial em que se inscrevem as tradições, cultura e aprendizados de uma determinada sociedade. Dessa maneira, o corpo e a aparência física de uma pessoa são carregados de simbologias e informações que fazem sua mediação com o mundo. Entre as alterações em diversas partes do corpo, é dado um destaque especial aos cabelos. Mauss ressalta a importância do cabelo na vida social de um indivíduo quando afirma que os cabelos passam por diferentes fases ao longo da vida de uma pessoa, podendo variar de acordo com o papel desempenhado pelo indivíduo em determinado grupo.
O cabelo, pelo seu lugar de evidência no corpo, funcionando como uma moldura para o rosto, e pela relativa facilidade de manipulá-lo, é um importante fator na criação e reforço de identidades. A antropóloga Patrícia Bouzón nos informa que “o cabelo classifica e hierarquiza, qualifica e desqualifica, exclui e inclui, aproxima e distancia, deixando pouco espaço para indefinições” (2010: 278-279).
Na Europa e Estados Unidos, cabelos femininos brancos e grisalhos são cada vez mais comuns. Aqui no Brasil a onda também está chegando. Somos sociólogos, e estamos coordenando uma pesquisa e documentário sobre mulheres grisalhas. Nossa observação sociológica do cotidiano nos aponta que a aceitação dos cabelos grisalhos pelas mulheres pode ser um bom indicador para pensarmos sobre gênero, contemporaneidade e identidade.
Esse é o nosso segundo trabalho sobre cabelo. O primeiro foi sobre mulheres que pintam os cabelos de loiro. De acordo com nossas conclusões, o cabelo loiro estava ligado à diversas imagens que atuavam sobre a identidade das mulheres entrevistadas. Queremos saber como é que acontece no caso do cabelo grisalho. Quais são as motivações para o uso do cabelo branco.
Em alguns depoimentos iniciais ouvimos mulheres que se diziam cansadas de retocar a tinta a cada 15 dias e, de quebra, ressecar o cabelo. Outras disseram que querem aceitar o processo de envelhecimento e se sentirem felizes com sua imagem natural. Algumas disseram que se sentem livres com os cabelos grisalhos. E muitas querem estimular outras mulheres a aceitarem seus fios brancos.
Fora os resultados da pesquisa, temos a opinião pessoal de que qualquer forma que as mulheres encontrem para se sentirem mais livres e felizes é válida -- sendo loiras, ruivas, morenas ou grisalhas. Mas também reconhecemos que mulheres que assumem seus cabelos brancos transgridem uma norma e têm a coragem de nadar contra a maré.
Se você é uma grisalha e gostaria de participar de nossa pesquisa e/ou documentário, compartilhando a história do seu cabelo branco conosco, faça contato pela nossa página do Facebook ou mande um email para f2m8356@gmail.com. A pesquisa e o documentário são de cunho acadêmico e não possuem fins comerciais.
Agradecemos imensamente à generosidade da Lola por publicar esse post/convite.
Breve comentário da Lola: De nada, queridos! Também quero fazer parte da pesquisa. Eu tenho fios brancos desde os 30 anos e tinjo meu cabelo da sua cor natural (preto) no cabeleireiro. Mas como eu detesto ir à salão e vou no máximo duas vezes por ano e meus fios ficam brancos muito antes disso, ultimamente venho andando com cabelo grisalho o tempo todo. E não ligo. Mas ainda não estou pronta para aceitar ter a cabeleira totalmente branca.
14 comentários:
Fica mais bonito um cabelo todo branco que pintar uma vez por ano e deixar raízes gigantes. Fica um ar de desleixo. Melhor assumir logo.
A textura do cabelo muda bastante quando embranquece e é chato lidar com isso, aquilo que você se acostumou a fazer a vida toda já não dá mais certo, pintar não é tão simples (e vai mais tinta), aquele corte que foi a sua cara anos e anos já não funciona tão bem, pra mim vai muito além simplesmente da cor em si.
E tem a cor. E tem esse povo de cabelo branco lindo em foto, porque é foto, porque na prática você acaba recorrendo à química pra dar uniformidade no tom ou seja... troca seis por dez. A transição do cor natural - grisalho - branco não é igual pra todo mundo, eu mesma tenho umas faixas brancas na parte da frente e atrás ainda é escuro (tenho 43 anos) quer dizer, uma lindeza pra assumir kkkkkkkkkkkkkkk não dá não, vou esperar ficar de cabeça branca por igual que aí eu pinto de roxinho e viro essas vovós sapecas nas excursões para idosos do Sesc.
Até lá vou ficando com meu castanho suuuuuuuuuuuuuper natural, segundo a caixinha.
Eu acho que não vou assumir os meus brancos é nunca. Sou meio preguiçosa para ir ao cabelereiro, mas, pelo menos uma vez por mês lá vou eu retocar as raízes. Eu até assumiria se todo o cabelo ficasse branco. Ocorre que, minha mãe que tem 76 anos, até hoje, metade dos cabelos dela são castanhos. Então, eu que estou com 51, se for pelo mesmo caminho da minha mãe, não terei a cabeça toda branca antes dos 80. Só se eu assumir duas cores.
As fotos de mulheres com cabelos brancos que ilustram os posts estão lindas, e não necessariamente fofas (quero dizer: não fica bonitinha só porque é uma vovozinha fofa; mulheres ainda podem parecer muito atraentes ainda que usem seus cabelos branquinhos, ou quase branquinhos).
Mas a vida real é um pouco diferente, ne? O cabelo nunca fica lindo no dia a dia quanto fica quando acabamos de sair do salão, com ele escovado. Eu tenho cabelos claros, mas faço luzes loiras e digo isso por experiencia própria.
No dia que saio do salão é aquela coisa, lindo, longo, balançando. Depois é aquela tristeza para desembaraçar, fio caindo, ficando fino, mas eu não resisto.
Acho que com os brancos é igual. O período de transição deve ser péssimo (já tentei voltar a minha cor natural e quando vejo a raiz ficando grande não aguento e volto a ficar loira; é assim tbm com quem alisa o cabelo e quer voltar a deixar ele crespo: o período de transição é sempre o mais difícil). Paciencia é a solução.
Não sei se terei desprendimento suficiente para ficar com os cabelos brancos, mas acho que é algo que fica bem para algumas pessoas e outras não (assim como cabelos curtos, ou loiros, ou repicados, etc).
Tenho sorte que não tenho histórico familiar desfavorável. Minha irmã tem 32 e nenhum fio, minha mãe só começou a ter perto dos 50 E eu com 26 ainda não encontrei nenhumzinho.
Alícia
Na França vi poucas mulheres de cabelo branco, vejo bem mais em Floripa.
Eu tenho poucos cabelos brancos, não pinto por medo de usar um produto não natural, mas não me incomoda nem um pouco a cor branca aparecendo.
Tenho 30 anos e nenhum cabelo branco, na minha familia se tem cabelo branco bem tarde.
Mas a minha vontade é deixá-lo todo branco com ajuda de química que seja, qdo começar a ficar grisalha. Acho lindo cabelo todo branco e usaria com todo prazer.
Até o final do ano passado pintei meu cabelo com sua cor natural, o castanho médio. Então, decidi adotar o branco, já que aos 74 anos está totalmente grisalho. Simplesmente, deixei de pintar, cortei curtinho e foi crescendo. É pura liberdade, sem salão, sem perda de tempo, sem gastos. E recebi muitos elogios. Como gosto de mudar de vez em quando, estou pensando em fazer algumas luzes para variar. Estou pensando...
Eu acho lindo e chiquérrimo.
Na Europa vi um montão de grisalh@s.
Looola, você viu esse casoo? To super assustada
https://www.facebook.com/GinaIndelicada/photos/a.432239320152322.94604.432230166819904/1370867966289448/?type=3&theater
http://g1.globo.com/minas-gerais/triangulo-mineiro/noticia/2016/10/homem-mata-ex-facadas-durante-missa-e-confessa-crime-em-audio.html
Veja os doiss
Começaram a nascer uns fios brancos só num lugar da minha cabeça aos 28 anos. O meu cabelo é cheio então nao dá pra ver muito. Eu nunca pintei o cabelo e não estou com a mínima vontade de fazer isso.
Mas uma coisa é assumir aos 70 e tantos (até porque não tá enganando ninguém, mesmo a Sonia Braga fica estranha com aquele cabelão preto), outra é antes do cinquenta.
Anônima das 13:59,vovó sapeca? Comentário mais caricato,hein!Agora, ca ente nós, cabelo branco e ainda mais se for curto é pra mulher com muiiita personalidade, poucas sustentam essa libertação-liberdade.Tem que ser 'pura velha' mesmooooo pra sustentar as críticas desse esgoto de sociedade.
Tenho 39 anos,malho,sou gostosa pacas e assumi os brancos,Amon das 17:06.Antes dos cinquenta é mero detalhe.
Postar um comentário