Esta semana recebi um email da Kaká. Já tinha visto uma ou outra tirinha da sua personagem Guta Garatuja mas, como não tenho Facebook, não sabia bem quem era.
Mas agora vi um monte de cartuns, e ela é excelente! Pedi pra ela se apresentar, e ela me enviou uma auto-entrevista. E também uma tirinha feita só pra cá.
Se você ainda não conhece, conheça a Guta Garatuja. Ela tem uma página já com mais de 35 mil seguidores no FB e um blog. Prazer, Kaká! (Clique nas tiras para ampliá-las).
Meu nome é Karina (Kaká), tenho 30 anos e sou a criadora das tirinhas feministas da Guta Garatuja.
A primeira tirinha que eu criei foi mais ou menos em outubro de 2015 após uma discussão que tive com um colega que tem um discurso bastante machista. Senti que saí da discussão com várias coisas “engasgadas”, mas que não valeria a pena continuar com a conversa, pois ele não estava aberto ao debate e apenas queria polemizar de forma agressiva. Decidi então fazer uma tirinha que expressasse aquilo que eu queria ter dito. Quando vi, eu já tinha 7 tirinhas feitas e toda minha raiva tinha passado. Escolhi uma delas e postei somente para meus amigos no Facebook. Imediatamente várias amigas minhas comentaram que já tinham passado por algo semelhante e senti um certo alívio de ver que nenhuma de nós estava sozinha nessa luta.
Eu gosto muito de me comunicar através de humor e sou fã de tirinhas. Acho uma forma inteligente de passar uma mensagem rápida de forma descontraída.
No começo minhas tirinhas eram inspiradas nas minhas experiências, depois comecei a receber sugestões de amigas e seguidoras.
Meu objetivo é compartilhar experiências (boas e ruins) com minhas seguidoras e também usar o humor para problematizar e levantar discussões sobre situações tidas como normais, mas que reproduzem algum tipo de opressão. Através da Guta Garatuja eu busco empoderar e unir mulheres.
6) Por que você não posta fotos suas e nem revela sua identidade no site ou na página do Facebook?
Ser mulher nas redes sociais já nos expõe a algumas situações desagradáveis mesmo sendo “pessoa anônima”. Através da Guta eu abordo temas que geram bastante polêmica e embora a grande maioria das mensagens que recebo sejam inspiradoras e empoderadoras, também acabo recebendo contato de propagadores do discurso de ódio. Minha página no Facebook, por exemplo, já foi derrubada por pessoas mal intencionadas. Por esse tipo de situação eu prefiro manter minha identidade preservada. Não tenho a intenção de me tornar uma figura pública. Apenas quero me expressar e pra isso deixo a Guta falar por mim.
muito bom
ResponderExcluirAdorei a página, já curti. Gostei muito da entrevista tb :)
ResponderExcluirSério que estas besteiras são a maior preocupação da vida de vcs ?
ResponderExcluirNossa, deve ser bom ser mulher então.
Sem ofensa.
Sim caro Anon, ser mulher é difícil. E muito. A começar pelo fato de que mulheres estão fadadas a doar todo o amor e carinho do mundo. E, poxa vida, é muito cansativo e fastidioso isso.
ExcluirA fêmea da espécie humana é a mais afetada pelo desrespeito à natureza. Bem, até porque os homens têm preferido nas últimas décadas, crer com todas as forças que as mulheres não passam de meros objetos para satisfazer os prazeres carnais e, é claro, povoar o mundão com as proles. Eles se recusam a acreditar que, hellow, estamos no século XXI...
A mulher tem ser uma eterna moiçola doce, meiga e gentil alma infantil para que seja amada. Deve ser também trabalhada como uma pintura, depilar braços, pernas e buços, além de se aguentar por, geralmente, uns cinco dias vazando feito uma pia quebrada com toda elegância e discrição. E creio que nem preciso mencionar o fato de ter que ser atraente, charmosa, encantadora, sedutora, fascinante... oh, esperem ! São sinônimos. Enfim, é o conjunto que faz a obra ser prima. Por isso, não posso me esquecer do conteúdo ! Isso, CON-TE-Ú-DO. Como uma coisa que pode estar cheia ou vazia. Substanciando a obra, o conteúdo é segredo para ser uma boa mulher, ou melhor, a mulher ideal, a “para casar”. Querem de nós um dom angelical, divino, com uma totalidade de qualidades e critérios para brincarmos de casinha desde a infância até o último dia de nossas vidas ou “até que a morte os separe”.
Sinceramente, é difícil ser mulher.
Sem ofensas.
Sério, caro Anon!
ExcluirCaso você ainda tenha dúvidas, é maravilhoso ser mulher. Vem pra cá, que você vai ser feliz, rs!
Ah... que peninha... falei que você não é feliz?
Mas foi sem ofensa, tá? Rs...
Caraca, essas tirinhas são muito maneiras! Valeu pela dica, Lola!!!
ResponderExcluirMuito bom!!! Parabéns kaka
ResponderExcluirSério que ser hater de feminista é a sua maior preocupação?
ResponderExcluirDeve ser bom ser sustentado pela mamãe e tomar toddynho todo dia.
Sem ofensa.
Adorei,primeiro porque ser tirinnhas,segundo por ter humor e por ultimo por ser FEMINISTA.Oba só alegria
ResponderExcluirrindo até agora.... muito boa a sua resposta anônimo das 17:21h. Pena que não se identificou...hauhauhauhauhau
ResponderExcluirAs tirinhas são maravilhosas!!!
Iza
Gostei de algumas tirinhas, mas outras...
ResponderExcluirEx.: Não tem como um branco roubar sua vaga, pois ele não tem preferência através de um sistema de cotas. Negros têm.
É por isso que o título da tirinha é INVERSÃO DE PAPÉIS, caso você não tenha lido.
ExcluirDetesto quando alguém diz que menstruar é uma parte difícil de ser mulher como fizeram aqui nos coments. Sério, gente?
ResponderExcluirMenstruação, cólica, dor do parto tudo isso é fichinha perto de violência de gênero, abuso sexual, psicológico, físico que nós sabemos que 100% das mulheres vão sofrer pelo menos uma vez na vida apenas por se mulher. Então vamos parar de colocar menstruação nessa conta? Essas são funções biológicas do corpo feminino. São capacidades. O feminismo quer destruir a violência de gênero. Quer nos libertar da opressão, da humilhação, da violência imposta às mulheres.
23:16, brancos roubam vagas quando são privilegiados. Muitos que estão na faculdade pública poderiam pagar uma particular. E a maioria desses são brancos.
ResponderExcluirAquela do poker é plágio de uma tira americana. Só mudou de matemática pra poker.
ResponderExcluirCara, gostei muito das tirinhas. Mas tanto a do poker quanto a de Jesus são aahn, "livremente baseadas" demais em tirinhas de outros autores.
ResponderExcluirNão fui eu quem escreveu, mas você não deve ter um útero para desmerecer dessa forma o que significa menstruar com dor todo mês, nove meses de gravides, violência obstétrica, todo o pacote que acompanha o que você chama "capacidades".
ResponderExcluir"23:16, brancos roubam vagas quando são privilegiados. Muitos que estão na faculdade pública poderiam pagar uma particular. E a maioria desses são brancos."
ResponderExcluirBrancos e ricos "roubam" vagas quando fazem o uso indevido de benefícios destinados a outros grupos, como as cotas. Entrar em uma faculdade pública, tendo dinheiro para cursar uma particular, não é roubo, uma vez que o fato de a universidade ser federal não significa que ela seja destinada apenas aos mais pobres, mas também àqueles que demonstraram melhor rendimento nos processos seletivos e, em tese, poderiam gerar maior retorno social com a graduação obtida. Claro que a esse último trecho cabe uma discussão bem mais profunda, mas o mero usufruto do ensino público por brancos não é roubo.
Tenho útero sim e minha menstruação é tranquila. Raramente tenho cólica. Entendo que pra muitas mulheres é mais doloroso. Mas o feminismo não existe pra acabar com suas cólicas ou pra mudar o fato de que mulheres menstruam.
ResponderExcluirParabéns pelo uso do humor mas umas tirinhas alí já circulam pela internet com outro autor... e há muito tempo dado que usei em sala de aula anos atrás.
ResponderExcluirMinha menstruação é tranquila, nao tenho problema nenhum.
ResponderExcluirMas conheço algumas meninas que tem cólicas horrorosas.
E sim, nao tem como o feminismo acabar com as cólicas, mas o mundo deveria ser mais empático com essas pessoas.
faltar do trabalho por causa de cólica é visto como frescura.."ah, mas eu tb tenho cólica e nao preciso faltar". Eu tb nao preciso. Mas algumas pessoas precisam.
O feminismo pode por exemplo ajudar no entendimento de que cólica é um problema real para muitas mulheres. Isso já seria um passo para que pesquisas fossem feitas nesta área tanto quanto no caso de outras problemas médicos. Um passo também para que direitos trabalhistas sejam elaborados reconhecendo a cólica como problema real. Para que medicos em pronto-socorros entendam que aquela mulher que afirma estar com cólica menstrual, que tem isso todo mês, que não aguenta mais e precisa ser medicada, não seja acusada de ter feito aborto e tenha que passar por exame de toqueenquanto, sem nenhuma delicadeza está morrendo de dor e sem medicação. Enfim, parem de dizer que cólica não é problema só pq vcs não tem, até parece que são homens.
ResponderExcluir"23:16, brancos roubam vagas quando são privilegiados. Muitos que estão na faculdade pública poderiam pagar uma particular. E a maioria desses são brancos."
ResponderExcluirO fato da pessoa poder pagar não quer dizer que ela deve, pois a universidade pública NÃO foi feita para quem não tem condições, mas para qualquer um com a capacidade de passar no vestibular.
"E a maioria desses são brancos."
Ou seja, a maioria dos pobres são negros, o que significa que a maioria dos cotistas por renda é negro. E daí que "a maioria para isso é sei lá o quê"? Até não vejo problema nenhum nesta cota, já que o governo pilantra não arruma uma forma de melhorar as condições de vidas das pessoas para que elas consigam o que querem sem uma ajuda extra. Agora, minha crítica foi às cotas por raça.
A primeira tirinha é GENIAL!!!! 0/
ResponderExcluirDe fato, o feminismo não existe pra curar cólicas, tpm ou qualquer inconveniente que nossas "capacidades" (aspas ad infinitum) nos trazem. Mas está aí para nos o direito DE NÃO QUERER ESSAS "CAPACIDADES"... alias tudo o que eu queria na minha vida era poder me livrar das minhas "capacidades". Mas nem mesmo morando na Europa eu acho um médico que não considere as minhas "capacidades" mais importantes que meu bem estar. Por que minhas "capacidades" existem para que eu cumpra meu papel de matriz reprodutora - querendo eu ou não...
Olha, eu me nego a ter que explicar por que cotas são necessárias e por que brancos são privilegiados a essa altura do campeonato.
Mas tem um porém nessa história - as universidades existem PARA TODOS OS CIDADÃOS BRASILEIROS. T-O-D-O-S!!! Ao invés de demonizar a "maldita-classe-média-causadora-de-todos-os-males-da-humanidade", que tal pensar em meios para que T-O-D-O-S - dos filhos dos médicos aos filhos do servente de pedreiro" tenham educação, saúde e segurança de qualidade??
Sério, apesar de ser alinhada com a esquerda, a estupidez e a (i)lógica do pensamento de alguns me deixa de queixo caído!!!
Jane Doe
Geniais as tirinhas!! Elas tornam leve um assunto muito pesado e deixam mais fácil falar sobre esse tipo de coisa com os outros. Até hoje nunca tinha visto tirinhas sobre o assunto com uma autora brasileira, parabéns demais à Kaka pela iniciativa e continue produzindo hein??? Não liga pros haters, eles sempre estarão por aí, e quanto mais você incomodar mais significa que está fazendo a diferença!
ResponderExcluirAmei!!!! Parabéns pelas tirinhas, continue fazendo hein Kaka?
ResponderExcluirPois eu já seguia as tirinhas da Guta faz tempo (mto fã) e por causa do post dela descobri esse blog ótimo. To devorando os textos!
ResponderExcluirJane Doe, acho que você mora na Alemanha, não é? Tem varios contraceptivos que fazem parar a menstruação. Eu ja usei injeção trismestral, implante no braço e agora estou com um DIU Jayss, que tem um poquinho de hormonio, e faz a menstruação parar.
ResponderExcluirSinceramente, se a menstruação é um problema: parem de menstruar, saco! Para mim era um problema, ai descobri o coletor e não é mais.
Agora, ficar reclamando de mesntruação equivale a reclamar de ser mulher. Se a gente reclama- acha que o corpo masculino é superior, ai fodeu! Licença mesntruação é a coisa mais estupida que ouvi falar. Ninguém nunca mais vai contratar mulher na vida.
Falar de colicas e tal é valido, mas não vamos chegar em lugar nenhum sendo essas sofredoras que padecem todo mês... ninguém respeita sofredor.
Fias, sentir dores de verdade não é saudavel, vcs devem estar com alguma doença. Sério mesmo, procurem um médico. Achar que morrer de dor quando está msentruada, é resuquicio de machismo.
"vcs devem estar com alguma doença. Sério mesmo, procurem um médico. Achar que morrer de dor quando está msentruada, é resuquicio de machismo."
ResponderExcluirPergunta sincera: vc acha mesmo que quem morre de dor todos os meses durante anos nunca procurou um médico? ou dois? ou dezenas a vida toda?
De verdade, responde só isso, por favor.
Vc sabe o que os médicos pensam quando vc diz que MORRE de dor todos os meses desde que tinha 12 anos, e que não, não passou depois que vc fez 20, 30, 35? sabe o que é repetir os mesmos exames ano após ano, com cada médico que vc procura e no final ele dizer que não deu nada portanto vc não deve sentir essa dor toda que está dizendo? Sabe o que é tomar anticoncepcional e continuar tendo dor na mesma intensidade depois de três meses que começou? como é investigar endometriose cada vez que troca de médico pra sempre descobrir que não é este problema?
Sabe o que é querer morrer toda vez que a dor começa porque sabe que vai ter que ser dopada, que vai ser maltratada se for para no hospital e ter certeza que nenhum pesquisador está tentando encontrar uma solução para isso pq afinal cólica não é problema, que nenhum estudante de medicina está aprendendo sobre mulheres que sofrem com isso pq se nada aparecer em nenhum exame é porque ela não tem nada?
Sabe o que é ter todo mundo fazendo pouco da sua dor, mesmo enquanto vc vomita no corredor do hospital ou desmaia de dor no seu local de trabalho. E escutar de todo mundo pq vc não procura um médico?
Sério, não consigo lembrar de nenhum problema que atinja homens ser tratado dessa forma. Como se a pessoa que sofre fosse culpada.
Obs. Eu já fiquei sem menstruar durante 2 anos, não foi bom, tive problemas. Voltei a menstruar pq quero ter filhos, mas tem gente que já me falou que nesse caso não posso reclamar.
anonima das 10:48, eu sou a anonima quem vc respondeu. Pode me chamar de Fer.
ResponderExcluirEu concordo PLENAMENTE com vc. O fato de vc morrer de dor e galera fazer pouco caso, é machismo puro. Mas vc sabe que tem algo que não é normal,certo? Eh esse o problema. Achar que sofrer para menstruar é normal. Sendo que não é. Não digo que seja um prazer, mas ter que parar com as atividades quotidianas não é normal.
Eu sofro com enxaquecas de vomitar, ter diarréia, pedir para morrer. Quantas vezes fui no hospital e me deram "toma aspirina que passa" - ah, obrigada, não tinha pensado nisso! Ja ouvi de enfermeira que eu tinha "o diabo no corpo". Sei quanto doi fazerem pouco caso da nossa dor. Mas talvez tenha me expressado mal. O que quero dizer é: menstruar não é horrivel, não nos torna deficientes. Ou pelo menos, não deveria. Afinal, não é legal associar o fato de ficar impossibilitada 5 dias por mês com o fato de ser mulher. Se vc fica incapaz 5 dias por mês, é pq vc tem alguma doença e não "pq é mulher".
So uma outra coisa: minha colega de trabalho estava sobfrendo demais. Não tinha endometriose, nada. Mas achou um cancer nos ovarios. Vai dar uma conferida. Espero que não seja isso.
Acho a discussão sobre menstruação aqui muito relevante. Acho que combater o machismo, assim como o racismo ou qualquer coisa que valha a pena combater, é saber se projetar no outro, presumir que o outro vive coisas que a gente pode não entender, mas podem ser reais e importantes. Realmente não vejo um problema físico sofrido por homens ser tratado com o mesmo nível de displicência que as cólicas menstruais: olha o quanto a medicina se desenrola pra resolver uma porra de uma careca!
ResponderExcluirEm tempo, amei as tirinhas, gostaria que tivesse mais gente fazendo esse tipo de coisa no Brasil e dou os parabéns pra Kaka pela coragem de dar a cara pra bater e por a mão na massa! É muito fácil vir gente criticar, vir falar que "já viu isso em algum lugar" ou qualquer porcaria assim, mas eu realmente gostaria de ver mais meninas se engajando e produzindo conteúdo (como a Lola ou a Kaka) em vez de botando defeito ou achando pelo em ovo. A luta já é dificil o bastante mesmo se a gente se unir.
Parabéns ao blog ótimo e às autoras do site e das tirinhas! =)
Fie um comentario mas acho que ele não foi. Anonima das 10:48, sou a anonima para quemm vc respondeu.
ResponderExcluirEu queria dizer que concordo plenamente com vc. Ser tratada como fresca quando estamos com dor é resquicio forte, fortissimo de machismo. Mas vc ha de convir que morrer de dor, e ir parar no hospital não é "coisa de mulher", mas sim "de mulher que está com algum problema e a galera está chamando de frescura".
Eu sofro de enxaqueca severa. Vomito, tenho dierreia, peço pra morrer. Ai eu chego no hospital e o medico me da aspirina. Quero morrer. Se fosse para isso nõ tinha esperado 4 horas na urgencia. Uma enfermeira falou que eu estava como diabo no corpo. Digo isso para te falar que seri como é estar morrendo de dor e alguém tratar como frescura.
Dito isto, volto ao meu ponto inicial: morrer de dor ao menstruar não é normal. E falar que é normal, incapacita todas as mulheres, pq quem é que vai contratar alguém que fica totalmente incapacitada durante 5 dias por mês?
Espero que vc consiga achar a causa do seu mal estar. Eu depois de procurarar todos os remédios do mundo para enxaaqueca, achei na acupuntra minha salvação. Da uma olhada, as vezes te ajuda.
Fer,
ResponderExcluireu não fico 5 dias do mês com cólica, fico 1 dia. Ou melhor, fico algumas horas, umas 10, 12. Doze horas em que tenho pelo menos uma crise de dor profunda que dura de uma a duas horas e tenho que tomar remédios que acabam comigo o dia todo, me fazem vomitar e muitas vezes não adiantam nada e vou para no pronto socorro pra tomar medicação na veia. Depois de ser muito maltratada, vem a medicação na veia.
Dizer pra mim que eu tenho alguma doença é fácil. Me diz qual a doença que nenhum exame detectou? Sinto pela sua amiga que teve câncer nos ovários, mas acredite, já fiz todos os exames que existem e estão disponíveis. Eu já fui "dar uma conferida", pode acreditar. Eu tenho 37 anos e tenho cólicas terríveis desde os 12 anos, só acho que se eu tivesse uma doença séria, ela já teria me matado.
O que eu tenho é um problema decorrente da menstruação que muitas mulheres tem. Sim, eu não sou a única. Muitas mulheres não menstruam numa boa. Muitas mulheres tem cólica e não tem câncer, endometriose ou qualquer outra doença que você conheça. O que elas e eu temos se chama cólica menstrual forte. O dia que as pessoas, médicos e cientistas entenderem isso, talvez comecem a buscar um tratamento para cólica. Para cólica especificamente. Porque cólica é um problema, não para você, não para a maioria das mulheres, mas para muitas mulheres. O dia que entenderem isso eu não vou ter que escutar pra dar uma conferida depois de ter passado por uma bateria de exames há apenas duas semanas, nem todo o resto que já falei.
Como disse a amiga aí de cima: " olha o quanto a medicina se desenrola pra resolver uma porra de uma careca!". Cólica forte é um problema que atinge mulheres, só isso. Não todas as mulheres, mas continua sendo um problema.
Só mais uma coisa Fer,
ResponderExcluirsobre a sua enxaqueca, vc sabe que não é normal, certo? Não digo que seja um prazer ter dor de cabeça, mas ter que parar com as atividades quotidianas não é normal. Porque quando você diz que tem enxaqueca, e que mulheres tem enxaqueca, é claro que você está associando isso com ser mulher. Ah é, mas homens também tem, então vamos considerar que é um problema de verdade.
Outra coisa: Uma amiga minha que estava sofrendo demais com enxaqueca achou um câncer nos cerébro. Vai dar uma conferida. Espero que não seja isso.
Fer, acho até que fui grossa, desculpe.
ResponderExcluirO que eu quero dizer é que eu não acho normal morrer de dor ao menstruar. É justamente isso, eu não acho normal. Ter cólica forte é um problema, não é normal. E para problemas buscam-se soluções. Só que só vão começar a procurar soluções quando entenderem que muitas mulheres sentem cólica forte, que a cólica forte é o problema em si. Não adianta ficar 20 anos fazendo exame atrás de exame em busca de uma doença se o problema é a cólica.
Entenda, por favor, a causa do meu mal estar é a cólica. Sim, eu já tentei acupuntura e todas as coisas que você pode me sugerir, a que mais funciona pra mim é dieta restritiva. mas ainda tenho dor. Muita dor. Como muitas mulheres pelo simples fato de que muitas de nós não temos a sua sorte e temos cólica. Já pensou se um cientista entende isso e resolve pesquisar o assunto e inventa uma terapia pra este problema? Sabe pq eles não fazem isso? pq acham que quem tem cólica tem outra doença não descoberta
"Dito isto, volto ao meu ponto inicial: morrer de dor ao menstruar não é normal. E falar que é normal, incapacita todas as mulheres, pq quem é que vai contratar alguém que fica totalmente incapacitada durante 5 dias por mês?"
ResponderExcluirDe que forma admitir que algumas mulheres tem um problema de saúde incapacita todas as mulheres do mundo? E pensando nessa linha vamos acabar logo com a licença maternidade, né?
Mulheres com cólicas não precisam de licença menstruação, precisam é de respeito quando tem um problema, como qualquer pessoa.
Um negro que passa por cota não está "roubando" vaga de branco algum, afinal, vaga não é de ninguém para ser roubada.
ResponderExcluirÉ de um racismo enorme falar que a vaga que o negro "rouba" seria, necessariamente, preenchida por um branco. Só brancos que passam?
E em relação aos brancos que passam na universidade pública e passam o curso inteiro picaretando e enchendo a cara no bar, portanto, este sim roubando a vaga de quem quer estudar e desperdiçando o dinheiro público? Ninguém reclama né? Reclama do negro que tá estudando e se esforçando para ter uma qualificação.
Primeiramente: Lola, obrigada pela linda publicação. Foi um prazer conhecê-la. Sempre fui super fã do seu blog.
ResponderExcluirSegundo, eu gostaria de agradecer todos os feedbacks sobre minhas tirinhas. Gosto de saber dos diferentes pontos de vista e essas discussões semprem me servem de aprendizado e me dão idéias para novas tirinhas.
Sobre algumas alegações de que existem tirinhas parecidas com as minhas circulando por aí, caso essas afirmações sejam verdadeiras, eu peço que me escrevam no guta.garatuja@gmail.com e me enviem as tirinhas das quais estão falando. Eu sou fã de tirinhas e leio vários autores diariamente, mas todas as tirinhas que publiquei são criações minhas.
Há um tempo me enviaram uma denuncia na minha página alegando que uma autora tinha plagiado uma tirinha minha sobre assédio na rua, expliquei que assim como eu e como todas as mulheres do mundo, a autora daquela tirinha vivenciava esse tipo de assédio e o fato de ter escolhido o mesmo tema acabou deixando a tirinha parecida, o que não quer dizer necessariamente que seja plágio.
De qualquer forma agradeço a todos a oportunidade deste debate e qualquer reclamação ou sugestão, me escrevam no guta.garatuja@gmail.com que terei o maior prazer em responder.
Obrigada pessoal.
Beijos
Kaká
humm, entendi seu ponto. Realmente se vc tem certeza que não tem nada, deve ser um inferno saber que a dor existe "para doer" e não um sintoma de algo grave que deva ser descoberto.
ResponderExcluirCom certeza tudo que é dito problema de mulher é levado menos a sério.
Mas é custume qdo uma mulher reclama de dor alguém responder "mulher sofre, né? ". Eh mta condecendencia pro meu gosto. Tipo, toda mulher é sofredora. Era essa visão que estava questionando. Mas realmente, claro que o machismo impera e dor de mulher não é considerada dor, mas 'parte do pacote', infelizmente mesmo.
( me fez lembrar uma vez, chguei no hospital sem voz, cuspindo pus, e a medica véia me fala: vc vai ficar msntruada agora? pq as vezes é isso. Me arrependo até hj de não ter mandando tomar no cu. Quer dizer, se eu fosse ficar mesntruada ela não ia tratar minha dor de garganta?)
Gente, que genial essas tirinhas! Já to seguindo a Guta.
ResponderExcluirSou a anon do 16 de julho de 2016 00:19. Podem me chamar de Ju.
ResponderExcluirÉ fato que muitas mulheres sofrem e não tem uma solução e tratamento adequado. Lembrei de uma moça que foi aceita em Stanford com um projeto de um exame acessível para detectar a endometriose. Os que existem são muito caros e quem não tem planos de saúde se ferra. Ela foi no Caldeirão do Huck falar sobre o projeto e a atriz Guilhermina Guinle contou que descobriu que tinha endometriose há uns 2 anos. Imaginem. Mesmo uma mulher rica passou anos sofrendo de dor achando que era "normal" porque "mulher sofre mesmo" como lembrou a outra anon.
Problemas que atingem mulheres, não apenas doenças ou dores, são tratados com descaso mesmo. Se quiserem procurar mais sobre a moça o nome dela é Georgia Gabriela. Moça negra, jovem, do interior da Bahia. Aceita em mais de 9 universidades americanas com a pesquisa dela sobre endometriose.
Por último gostaria de dizer que acho que o corpo das mulheres é capaz de coisas maravilhosas e fico chateada quando tentam menosprezar essas capacidades.
Nós somos discriminadas por causa dessas capacidades? Sim.
Elas podem causar dor? Sim.
Mas elas são o problema de fato? Não.
Nós como feministas sabemos qual é o problema. É importante não perder o foco.
Já que o assunto é cólica, vamos falar também sobre pesquisas sobre endometriose, câncer, dor nas costas, gripe? Já que cólica não é problema mesmo, certo?
ResponderExcluirNão sei como é para quem não tem plano de saúde ou dinheiro para pagar exames, mas para quem tem condições, basta chegar no médico falando de cólica que lá vem a suspeita de endometriose, exames e mais exames. E olha que o principal sintoma de endometriose nem é cólica e sim dor na relação sexual, mas não adianta mesmo tendo apenas cólica como sintoma os exames para investigar endometriose são quase obrigatórios. E sabe qual é a reação do médico quando olha os resultados e vê tudo normal? é achar que a paciente não tem aquela dor toda que está dizendo e adeus.
Feminista que não tem empatia pela dor alheia.
Feminista que duvida de outra mulher, que acha que sabe mais do corpo de outra mulher do que ela mesma.
Feminista que acha que o problema de outra mulher é problema só dela.