domingo, 30 de agosto de 2015

BEIJING NO OMBRO

Lolinha em frente ao Cubo Aquático em Pequim (clique p/ampliar)

Como vocês sabem, entre os dias 4 e 25 de julho estive na China, numa viagem inesquecível patrocinada pelo Santander Universidades para 24 professores e 76 alunos de universidades brasileiras. 
Eu e alunxs queridos em lanchonete
próxima à Muralha da China
Este é um (outro) email que enviei pro maridão no dia 11 de julho, com esse título mesmo, que ele achou infame. O email é longo, mas vamos ver se eu consigo encontrar várias fotos que me mandaram pra ilustrá-lo.

Oi, minha paixão! Muitas saudades! Ontem não escrevi porque fiquei com preguiça. Nem acessei a internet.
Júlio (UFRPE), Heverson (Unifor) e eu
Anteontem tivemos uma excelente aula de um professor brasileiro, o Júlio, da UFRPE, sobre carnaval e manifestações artísticas do nordeste. Foi muito boa mesmo, ele misturou bem teoria e prática, incluiu vários vídeos curtinhos, chamou seus dois alunos (ele teve sorte do casal de alunos saber dançar) pra dançar forró na frente da turma, e esse casal por sua vez conseguiu chamar um casal de alunos chineses pra aprender a dançar, e todo mundo adorou.
Minha palestra na PKU
Eu fiquei na dúvida se também deveria incluir alguns vídeos na minha apresentação (que sera amanha), mas acho que não sei fazer isso, então... Ai, amor, e se minha aula for uma droga? [Não foi, foi super elogiada!]
Um dos campi da PKU
Anteontem teve a segunda aula de um professor chinês, também excelente. Foi sobre direito na China. Eles parecem ter poucos advogados por aqui, cerca de 300 mil. Prum país tão gigantesco e com 1,4 bi de pessoas, é bem pouquinho.
Também anteontem, depois das aulas, fomos ao show acrobático. Era longe... Mas valeu muitíssimo a pena. É incrível tudo que eles fazem. Coisas realmente perigosas, arriscadas, sem rede de proteção. Fico feliz que ninguém morreu, porque eu não me sentiria bem se alguém morresse pro meu entretenimento. E era uma equipe enorme. Sabe aquilo das motos correndo dentro de um globo? Então, acabaram entrando oito motos. Qualquer errinho e morre todo mundo lá dentro.
As dez moças que se equilibraram em cima de uma bicicleta em movimento também iriam se machucar bastante se caíssem, mas sobreviveriam. O carinha que subia e descia degraus altíssimos com uma só mão não teria a mesma sorte, acho eu.
Só sei que fiquei a apresentação inteira de boca aberta, aplaudindo e gritando, implorando: “Não! Não! Por favor, não façam isso!”.
Depois do show uma turma decidiu ir pra não sei onde. Só sei que ficava muito longe, mais de 4 quilômetros, e o pessoal queria ir andando. Andamos 1,5 km e aí finalmente imperou a voz da razão e pegamos o metrô. Foi minha primeira viagem de metrô na China. É muito bom. Lotado, é claro, mas tudo bem sinalizado e bilíngue. E limpo.
Eu e alguns professores no jantar
num barco
Ah, foi interessante porque dois chineses, Bella e V. (seus nomes ocidentais) nos acompanharam nesse passeio todo. Todo mundo quer sair com alunos chineses pra não se perder. E porque eles são super amáveis. E porque na hora de se comunicar (pedir comida, por exemplo), eles quebram um galhão. Bom, Bella e V. estiveram com a gente em Shanghai e, como eles constantemente andam juntos, todo mundo pensava que eram um casal de namorados. 
Eu tentando imitar (sem
sucesso) o gesto da está-
tua num museu
No começo da nossa longa caminhada Bella não estava junto, então perguntei pro V. porque sua namorada não veio. Ele respondeu que ele não tem namorada e que, na verdade, “he's kind of gay” [ele é meio gay]. Aí eu quis saber, como assim, “kind of”? E ele explicou que nunca tinha ficado com um cara, apesar de se sentir atraído por homens. Falamos um pouco sobre homossexualidade na China. Não existe nenhuma medida punitiva, mas é bastante tabu, segundo ele. Ele disse que muitos gays e lésbicas contam pros seus pais e são aceitos, mas há os que insistem em casamentos de aparência.
Eu e Pablo no Lama
Temple
Quando a gente estava perto do nosso destino final, senti uma poluição horrorosa. Comecei a tossir forte (estou com muita tosse esses dias, acho que foi a chuva que peguei em Shaghai, aliada à poluição), e coloquei a máscara que uma professora tinha me dado. Não sei se ajuda muito, mas fiquei com a máscara quase o tempo todo por lá. Eu me senti um ET. Ah, apareceu num telão a Dilma se reunindo com um monte de políticos chineses. A gente ficou com a impressão que ela estava na China. Depois falaram que ela estava na Rússia.
E chegamos ao grande mercado. É aquele lugar que turistas vão para experimentar comidas nojentas que eles consideram típicas mas que os chineses não comem de jeito nenhum, tipo espetinho de escorpião. Além de ser caro pra caramba (25 yuans cada espetinho, ou 13 reais), é cruel. Antes de ser grelhado, o espetinho fica exposto, com vários escorpiões vivos, empalados, se mexendo, tentando fugir. Um aluno brasileiro comeu, outros experimentaram uma ou outra patinha, e todos tiraram muitas fotos.
Tinha também churrasco grego, panquecas, algo parecido com pinhão, e espetinhos que parecem maçãs do amor, mas com frutinhas muito menores que eu não quis provar.
Eu e turminha amada
numa lanchonete na PKU
E um monte de tendinhas cheias de bugigangas. Acabei comprando mais um monte de coisinha que não preciso, tendo que negociar daquele jeito chinfrim. Os chineses gostam muito do meu dinheiro, amor.
O final da noite foi anticlimático, com um péssimo lanche no KFC [Kentucky Fried Chicken]. É que dois dos alunos brasileiros presentes nunca tinham estado fora do Brasil e portanto nunca tinham comido fast food de frango frito. Tadinho, um deles vai passar um ano estudando no Arizona assim que voltar da China e não sabe que vai se enjoar de KFC e afins por lá.
Comida chinesa é muito melhor!
No estádio olímpico de Pequim
Ontem de manhã teve um evento meio lúdico, meio de atividade física, num dos gramados da universidade (que não tem 2,7 hectares, como te falei; li em outro folheto que são 270 hectares, ou 2,7 mil quilômetros quadrados de campus). Foi divertido. Aprendemos noções básicas de Tai chi Chuan e tivemos que escrever alguns símbolos em chinês com uma caneta gigante. Eu fui a única professora que participei.
Fê, eu e Luã na cerimô-
nia de encerramento
Ontem à tarde, depois de almoçar numa das cantinas da universidade (almôndegas de porco com arroz, muito bom) e trocar mais cem dólares (acho que serão os últimos que trocarei, paixão, ou seja, gastarei uns 400 dólares no total; o consenso por aqui entre os brasileiros é que não compensa comprar eletroeletrônicos, que estão com um preço parecido com o do Brasil; os que estão mais baratos são falsificações), passei a tarde sem fazer nada. Teve um pessoalzinho que me chamou pra ir ao Summer Palace (ex-palácio do imperador), mas eu preferi não ir. Minhas pernas estão cansadas de tanto andar. Ontem meus pés doíam! 
Às 17:30 (aqui se almoça e se janta muito cedo, as cantinas da faculdade fecham às 18:30) nós professores nos reunimos em frente ao prédio 1 (estamos no 9, aqui anda-se muito pra ir a qualquer lugar) para sermos conduzidos a um restaurante no campus, longe pra caramba. E lá foi a Lolinha com seus pés exaustos andar mais um montão. 
Professores na embaixada do Brasil na
China
Foi um jantar de confraternização. Havia alguns (poucos) professores chineses (a maioria está de férias agora). Um deles, que atua na linha de Brazilian Studies, fala português muito bem, passou um ano e meio na UnB e trabalha com literatura comparada. Fiz pra ele a sua pergunta -– se os chineses sabem do poder e da importância que têm -– e ele respondeu sorrindo que sim. “É o nosso marketing,” disse ele.
Pablito e eu na Muralha da China
Ele também disse que a China continua sendo um país comunista, mas só politicamente. Na economia, como sabemos, é capitalista. No campo político, o Partido Comunista daqui tem 87 milhões de membros filiados. Mais que a população total de vários países.
Rindo ao ter que posar
com estátua na PKU
Também conversei com uma professora chinesa e comparamos a situação das mulheres em cada um dos BRICS. Chegamos à conclusão que é pior na Índia. A situação da Rússia também é bastante ruim, pelo que li, inclusive com perseguição política a grupos feministas. E a África do Sul detém o recorde mundial de estupros (com atenção especial ao estupro corretivo de lésbicas). E partes mais distantes da China ainda cometem abortos e infanticídios de meninas. Ou seja, EM COMPARAÇÃO, o Brasil parece não estar tão mal. Essa professora se declarou feminista e disse que estará na minha palestra amanhã. (E sabe que vergonha, amor? Eu não trouxe cartão de visita pra entregar! É verdade o que tinha ouvido: eles entregam o cartão com as duas mãos).
No Museu de Planejamento Urbano,
ainda em Shanghai
Uma executiva do Santander, uma chinesa que mora em Madrid mas visita a China cinco vezes por ano, disse ter a impressão que em países comunistas como a China havia menos desigualdade entre homens e mulheres, pelo menos no mercado de trabalho e no pagamento de salários. Eu disse que várias alunas chinesas contaram ter menos oportunidades de trabalho que seus colegas homens, e ela achou estranho, porque na filial do Santander em Pequim só tem mulheres, segundo ela: “they're all ladies”.
Com alunxs fofos na saída da Cidade
Proibida
Foi um jantar muito bom, naqueles restaurantes com mesa giratória e cheia de pratos. O pato estava excelente. Pato é gostoso, se a gente abstrair e não pensar no pobre bichinho.
Agora estou aqui, domingo de manhã (acordei às 6), escrevendo este email gigantesco pra você. Vou tirar a manhã pra responder emails, coisa que não faço há dias.
Melhor não comentar. Pablo me
força a fazer essas poses. Foi no
Lama Temple, e eu me senti no
Caçadores da Arca Perdida
Talvez fazer um post pro blog pra amanhã. Hoje depois do almoço vamos sair. Mas tenho que revisar minha palestra de amanhã.
O chocolate aqui não é bom, minha paixão.
Queria que você estivesse aqui comigo.  
Te amo, meu lindo!
Da sua Lolinha

32 comentários:

  1. "patrocinada pelo Santander Universidades para 24 professores e 76 alunos de universidades brasileiras"
    _
    Comprovado Lola e patrocinada por banqueiros, pelenga capitalista.

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  2. É, tem um pessoal doído mesmo com minha viagem à China. Aliás, com qualquer viagem minha. Se eu viajo de férias, estou gastando o dinheiro do contribuinte (porque, né, nós professores universitários em instituições públicas não pagamos impostos e nem deveríamos receber salário). Se eu viajo pra um programa que reúne atividades acadêmicas e turísticas (e durante as minhas férias de julho!), eu estou usando o tempo em que devo dar aula para viajar (ouvi isso). Se eu vou pra China, sou comuna. Se eu vou pra China patrocinada por um banco, sou uma pelenga capitalista. No way out!
    Fico super feliz que fui selecionada pela UFC para participar da sétima edição do Top China, programa mantido pelo Santander Universidades. Foi uma viagem incrível que eu nunca faria sozinha. Adorei tudo e tenho muitas saudades da China.

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  3. Essa viagem parece ter sido maravilhosa. Lola, qual foi o lugar que mais te surpreendeu na china ?

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  4. Pelenga capitalista. Huahuahua

    Puts.

    Essa é nova.

    Ah Lola! Que lindo! *---*

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  5. Lá vem a Lola erotizando a própria opressão de novo, cheio de foto com omi.

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  6. Novo item do checklist pra ser feminista: não pode tirar foto com omi. Radfem é doença mesmo.

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  7. Lola você fez tudo errado, viajou pra China patrocinada por um banco, tirou muitas fotos com omis, fez poses objetificando a mulher e comeu pato, sua especista. Vão cassar sua carteirinha.

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  8. Nossa, Lola. Vc até faz a gente querer viajar pra China! Muito legal!

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  9. Eu amei mesmo a China, anon das 14:29. Não sei se teve UM lugar que mais me surpreendeu. Adorei o museu de planejamento urbano, em Shanghai, mas não sei se é o mais-mais. E adorei também a PKU, a universidade de Pequim em que ficamos a maior parte do tempo. Gostei muito também do Temple of Heaven, do estádio olímpico (toda a região, que é enorme), do zoológico, da entrada do aeroporto de Pequim, do terminal de trem de Shanghai. Difícil destacar uma só coisa.

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  10. Contemplei cada uma das fotos e das escritas, e acredite fiz uma longa viagem...
    E desta viagem pude descobrir que as gravuras e as imagem podem nos levar para bem longe dos nossos remotos lugares em que vivemos e nos enraizamos....
    bj de carinho te espero no meu espaço....

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  11. Legal, Lola! Antes de seus posts, não guardava nenhuma curiosidade em especial pela China. Os relatos de sua experiência despertaram a vontade de visitá-la um dia.

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  12. Lola, como assim os chineses não comem os espetinhos? Gente, eu achava que era muito deles fazer isso...
    Eu comeria pela experiência. Não me julguem hahaha

    Maria

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  13. Por isso que o intercambio pra africa do sul é tao barato, to fora!

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  14. Lola vc poderia publicar um relato de um mulçumano gay, acho que seria interessante pra pessoas verem ate onde vai a intolerancia. Eu li esse relato gostaria de lhe enviar.

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  15. A Jiang do Masterchef também falou que eles não comem esses espetinhos: https://www.youtube.com/watch?v=ejCKtSTfB_Y

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  16. Mas que implicância esses caras tem com a Raven. Lola, pelo amor apaga isso!!!!

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  17. A viagem parece ter sido suuuper legal! Tô sentindo falta de uma dessas :/

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  18. O problema nao é a viagem, o problema é a hipocrisia do discursinho anti capitalista e depois aceitar dinheiro de um banco. Mas, a lavagem cerebral é tão grande que ninguem acha isso contraditório.

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  19. Pra mim, o pior dessa viagem não foi nem ela ter aceitado patrocínio de um banco e se declarar anti capitalista, isso é uma questão dela com sua compreensão de coerência. O pior foi, pra uma pessoa inteligente e bem informada, ter comprado bem essa imagem de país "do bem" que o governo vende aos turistas. O Brasil t em milhões de problemas, principalmente pras mulheres, mas aqui há pelo menos leis que defendem as mulheres e os trabalhadores, uma lei com a Maria da Penha é um sonho distante lá, um Estado onde o patriarcado é legalizado escancarado. Alguns Links que demonstram um pouco disso:

    http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2013/10/131022_trabalhos_meninas_china_an

    http://noticias.terra.com.br/mundo/asia/solteiras-na-china-sao-pressionadas-com-rotulo-de-mulheres-restantes,5b6e52c232a4d310VgnCLD2000000dc6eb0aRCRD.html

    http://chinologia.blogspot.com.br/2009/08/mulher-na-china.html

    http://m.noticias.uol.com.br/midiaglobal/lemonde/2015/06/27/feministas-sofrem-pressao-na-china-por-usar-humor-contra-machismo-e-governo.htm

    http://www.theguardian.com/world/2013/feb/12/letter-from-china-pooh-sticks

    http://revistamarieclaire.globo.com/Marieclaire/0,6993,EML492769-1740,00.html

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  20. Pensar sobre o que nos rodeia e que impacta em nossa vida e fazer críticas sobre isso não é indesejável. O contrário seria um conformismo e fatalismo cegos. Fazer uma crítica é enfiar o dedo na ferida e analisar o porquê aquilo ainda é uma ferida, e como ir rumo à cura. Você já deve ter visto aqui crítica acerca do machismo dentro da esquerda, as controvérsias dentro do próprio feminismo, os conflitos dentre as "vertentes" feministas - mas com uma visão já enviesada, apenas teve repulsa a todo esse papo e entendeu que "nem eles se entendem, aíohtudoputaeviado".
    É inegável nossa imersão dentro de um sistema dominado pelo capital, impactando em toda a sociedade. Se você for bancar o mártir em todas as questões relacionadas a uma ideologia ao qual você critica, abriria mão de ótimas oportunidades simplesmente por teimosia irracional: Bolsas universitárias, Bolsas de pesquisa, Viagens, Cursos (sendo que qualquer um desses pode vir a ser custeado pelo governo ou por uma entidade particular). Imperaria o ostracismo e anti-intelectualismo motivado por birrinha. Um dia eu espero que você tenha todas essas oportunidades e saiba aproveitar todas elas. Eu já tive algumas, e foram todas fantásticas e cada uma delas abriu um pouquinho o meu horizonte.

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  21. Acho que do BRICS, o Brasil seria o avança da forma mais humanitária entre eles, com todos os altos e baixos que temos. Temos muito a aprender com cada um deles em algum ponto, mas no que diz respeito a isso acho que temos mais a ensinar.

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    Respostas
    1. 54 mil homicidios por ano, fora os números estratosféricos de roubos, assaltos, estelionatos, estupros, agressões...
      Acho que ninguém quer aprender nada conosco não kttsu

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  22. O Capitalismo já está absorvendo o feminismo (se já não absorveu), assim como ele absorve tudo. Um bom exemplo, o veganismo, que os vegans acham que estão indo contra o sistema, não é nada mais que um nicho de mercado, que troca produtos de origem animal por outra origem (geralmente de vegetal) que acaba matando animais da mesma forma, só que indiretamente para que os consumidores fiquem com a consciência tranquila achando que não matam animais para viver!

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  23. como comer vegetais mata animais indiretamente?

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  24. Sim, o capitalismo consegue monetarizar e lucrar com a saúde, a liberdade, a espiritualidade, a tranquilidade de consciência, movimentos sociais, proteção animal... Isso não é novidade. Mas isso não invalida e nem diminui a legitimidade de nenhum desses pontos como influência na sociedade e nos indivíduos, nem às críticas ao sistema que cada um destes pode oferecer. Especialmente sob pena de que caso isso aconteça, invariavelmente cairíamos no conformismo bovino ao qual me referi.
    Imagine: o movimento negro não pode ser levado a sério porque tem um salão caro especializado em cabelos afros - o racismo deixou de existir porque alguém ganha dinheiro com algo relacionado a raça? Não.
    A proteção animal no meio urbano é focado em cães e gatos e o mercado Pet está em ascensão - vamos esquecer dos cães e gatos maltratados porque outros animais estão sofrendo ou porque existe um mercado pet que está em alta? Bom, ainda temos cães e gatos sofrendo.
    O veganismo deixar de ser uma opção ética porque temos um mercado que está fazendo um comércio antiético sob a premissa do veganismo?
    Da mesma forma, o "feminismo de banca de revista" e pra vender novela (os quais não deixo de reconhecer a utilidade também) não invalidam o fato de que existem por aí mulheres sofrendo todo tipo de violência e desrespeito que o feminismo ser propõe a denunciar e combater.
    Essa capacidade do capitalismo de monetarizar tudo é um bom ponto para pensarmos, inclusive. Sobre a ética dessa prática, sobre suas razões, seus efeitos no todo e nos indivíduos. Podemos chegar a uma miríade de conclusões, expor vantagens e desvantagens, é algo que dá muito pano pra manga se você raciocinar a respeito. Só não pode é tapar os olhos e os ouvidos e se sentir confortável na alienação, porque isso é uma atrofia voluntária do próprio intelecto.

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  25. Pra que publicar relato de muçulmano gay se aqui no Brasil mesmo temos cristãos gays sofrendo com intolerância? É tipo, "vamos falar da África", mas do Norte e Nordeste ninguém quer saber.

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  26. Convenhamos, uma feminista de esquerda vai para um país comunista politicamente mas capitalista economicamente patrocinada por um banco multinacional de origem espanhola (some-se aí mais trocentas nuances) e não quer dar um nó na cabecinha dos admiradores do bolsonário?

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  27. Muito bom o comentário de 04:30 da Kittsu! Mas parece que tem gente que prefere viver na alienação e na intolerância. ...
    Eu acho a cultura chinesa fascinante e adoro os posts da Lola sobre a viagem. Neste, particularmente, o que eu mais gostei foi do tom de companheirismo do email pro maridão, muito legal e inspirador ;)

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  28. Lola,
    você pode fazer um post sobre como tomar coragem de procurar ajuda psicológica?
    tem dias que estou a flor da pele, numa ansiedade que eu sei que não é normal, mas morro de vergonha de ir ao psicologo...

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  29. Tô com a Kittsu
    As pessoas dividem o mundo entre bons e os comensais da morte. Galera tá impondo uma série de exigências, se não cumpre uma delas, tá fora, não presta, vai pro Lado Negro da Força.

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