sexta-feira, 13 de junho de 2014

GUEST POST: CARTA A MINHA FAMÍLIA

A L. se inspirou em alguns guest posts pra escrever uma carta cheia de lembranças e revelações para sua família: 

Oi, meu povo.
Hoje vou escrever a todos, MENOS pro papai, ok?
Lembro que em uma das últimas vezes que fui aí mamãe e papai me perguntaram porque eu não gostava do Claudio [todos os nomes da carta foram trocados] e esperavam que um dia eu fosse falar.
Primeiro li um email da mãe e fiquei ruinzinha de saber que essa criatura ainda ronda nossa família. Daí li esse post.
E achei que deveria finalmente escrever.
Bom, não escrevo para o papai porque ele é o mais chegado no indivíduo e por causa do coração. Decidam em família se devemos contar ou não.
Sabe, eu pretendo ter filhas (duas, gêmeas), e talvez Tânia, Francisco e Carolina possam vir a ter filhas também.
E, infelizmente, coisa mais comum de se rolar em família é abuso sexual, principalmente infantil (com meninos e meninas).
E o que as famílias fazem?
Jogam pra baixo do tapete, lidam como um acontecimento isolado e infeliz, quando muito como doença.
Eu não quero que minhas filhas passem pelo o que passei, eu não vou varrer pra baixo do tapete se isso acontecer. Vou colocar a boca no trombone mesmo, denunciar, doa a quem doer.
Bem, vocês me conhecem.
Ok. Eu já contei para Tânia na época em que estava indo com ela para o interior e ela não viu tanta gravidade, talvez vocês não vejam, mas quem sabe contando logo de uma vez eu seja poupada de encontrar com esse ser?
Vamos começar do início?
Lembro de quando era criança um fotógrafo foi lá em casa tirar fotos minhas e insistiu muuuito para que eu ficasse nua. Estava só eu e uma empregada (menina?) e ficamos sem muita reação. Mas bati o pé e o máximo que cedi foi tirar foto de biquíni (um azul, com frufru).
Tempos depois, tinha um garoto na sala que ficava me assediando, querendo me levar pro banheiro e falava as coisas que queria fazer comigo. Acho que isso não é muito normal, né? Eu ficava super assustada e, pra piorar, nessa época falavam que eu era namorada de um dos filhos da dona Sueli (um louco lá), só porque eu conversava com ele.
Isso tudo por volta dos 6 anos.
Passou o tempo, mudamos pra outra cidade, Claudio nos fez umas visitas naquela casona e depois ficou doente. Lembram?
Pois é, nesse tempo (em que ele ficou doente) eu já estava por volta dos 12 anos, já tinha menstruado, o corpo estava começando a se formar.
E esse indivíduo ficava ligando lá pra casa perguntando essas coisas.
Me assediando por telefone, dias e dias.
Ele ligava, se a empregada atendia, deixava mudo, se eu atendia, ficava falando obscenidades para mim pelo telefone (e, bom, era o Claudio, aquela pessoa amiga da família, muito desconcertante ouvir essas perguntas, falar, negar). 
Tentei falar com mamãe sobre isso na época, mas a única coisa que consegui articular foi algo como "tem alguém fazendo umas ligações estranhas para cá".
Isso é normal, minha gente?
Ok, ele é doente, visivelmente doente, mas acabou me fazendo adoecer também.
Desculpe, mas ter um histórico desse com 12 anos não é algo muito fácil de se digerir.
Ele era uma pessoa que eu gostava, fazia festa e, acima de tudo, confiava.
Alguém notou que eu fiquei mais fechada? Afinal, se isso aconteceu dentro de casa, com alguém de confiança, o que me guardava o mundo?
Sabe, essas são as coisas que eu lembro que me marcaram, mas eu não sei se eu acabei esquecendo de alguma coisa para me preservar.
Posso dizer que por muito tempo me senti profundamente abusada e com medo de ser mais. Morria de medo da possibilidade de perder minha virgindade num estupro.
E sabe o que foi pior?! Marcos disse que meu hímen estava mexido.
Eu não quero receber um "ah, mas isso é normal, é assim mesmo, liga não, deixa de besteira".
Porque isso pode ser normal no sentido de ser recorrente, mas não é o que deveria acontecer.
Lembra o que aconteceu no último assédio que eu levei? Do cara que mostrou o pinto pra mim no meio da rua perguntando quanto era o programa?
E se ele tivesse me levado pro meio do mato que tinha poucos metros à frente e fizesse algo comigo?!
Lembra como vocês lidaram com isso?
Bom, temos três bacharéis de direito em casa, não preciso informar a vocês que crimes envolvendo abuso sexual e violência contra a mulher são os que são mais impunes no MUNDO. Que muitas vítimas nem chegam a denunciar o caso, já prevendo a forma com que serão tratadas.
Infelizmente ajudamos a perpetuar isso quando não falamos, quando não denunciamos.
A certeza de impunidade estimula mais e mais esse crime.
Não adianta ter lei se não há seu cumprimento.
Eu não consigo relativizar essas coisas como não sendo sérias. Talvez o azar seja só meu. Mas da próxima vez que eu for pra capital, espero não encontrar com essa pessoa. Eu não quero ouvir nenhuma desculpa por parte dele e ele não vai ter nunca (?) meu perdão.
Estou cuidando dos meus traumas e esquecendo as dores aos poucos e posso dizer que hoje (aos 26 anos) já sei reagir para não ficar traumatizada e levar esse tipo de desaforo pra casa (ufa!).
Ademais, digo que me deu um nó terrível no coração quando soube que tinha uma sobrinha morando com ele numa época antes dele se separar da Fernanda. A menina tinha quase a idade que eu tinha na época dos abusos. Chorei muito, pelas lembranças e por ser incapaz de avisá-los para que ele não fizesse outra vítima.
Porque se o q ele tem é doença, eu não duvido que essa menina possa ter sido molestada.
Se estiverem dispostos, esse post aqui me ajudou muito a entender por que não falei antes.
Espero que possamos cuidar da nova geração com a devida atenção, para que, na medida do possível, ela cresça sem traumas advindos de nossa inércia, do nosso sentido de normalidade doentio.
Marcos costuma dizer que a militância é como um vício pra mim, que eu sempre busco uma causa, e que a nova é o feminismo. Mas sabe, acho que, de certa forma, sou feminista desde criança.
Seria muito bom se todos fossemos.

26 comentários:

  1. É inacreditável como as famílias acham que "não é nada", "frescura de mulherzinha". Até acontecer algo pior, aí perguntam pq ela deixou, se não podia ter evitado, chama de vadia, provocou.
    Se esse tipo de panaca não recebesse tanta confiança, nada chegaria a esse ponto. Desde criança com certeza ele foi autorizado a roubar beijo das meninas, se achar o garanhão, aquela história toda que a gente sabe...aí vira adulto e olha o que acontece.

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  2. Bem é uma carta angustiante. Abuso sexual na família é corriqueiro quando veem que foi um indivíduo disfarçado de amigo varrem mesmo para debaixo do tapete e a culpa fica na gente. Se eu fosse escrever uma carta para a minha família não sei se ficariam chocados ou se jogaria a carta comigo junto pra debaixo do tapete. Amiga supere, tente superar que isso "é normal " ou melhor nos forçam, nos violentam com o normalismo deles. Na minha carta eu diria: OI MÃE LEMBRA DAS SURRAS QUE ME DAVA PORQUE MINHAS CALCINHA VIVIAM RASGADAS? LEMBRA QUE ME BATEU PORQUE MINHAS BLUSAS VIVAM MORDIDAS NO COLARINHO? LEMBRA DAS SURRAS POR EU GASTAR ÁGUA NOS BANHOS QUE NÃO TERMINAVAM NUNCA? LEMBRA TAMBÉM DAS MINHAS MÃOS MORDIDAS, DO HÁBITO DE ROER QUANDO SEU AMIGO CHEGAVA? POIS É ELE ME MATOU MÃE. E O NAMORADINHO QUE ELE INVENTOU QUE EU TINHA AOS 14 ANOS E VOCÊ ME PROIBIU DE SAIR COM AS AMIGAS? EU NÃO TINHA NAMORADO. TODA MINHA REVOLTA, AMARGURA E PESADELOS FORAM CAUSADOS POR ELE MINHA MÃE. EU TAVA COMO A MELINDA DO FILME " O SILENCIO DE MELINDA" ACHEI QUE SE EU PARASSE DE FALAR VOCÊS PERCEBERIAM. PAI SOU EU A SUA PRINCESA, A BELA QUE FOI ENGOLIDA PELA FERA. O SENHOR ME TROCOU PELA BEBIDA POR QUÊ MEU PAI? ONDE O SENHOR TAVA QUANDO FUI ESTUPRADA VÁRIAS VEZES DENTRO CASA? O SEU AMIGO ME MACHUCOU E O SENHOR MORREU SEM SABER QUE EU JÁ ESTAVA MORTA. Ô MEU PAI NUNCA TE FALEI NADA PORQUE O SENHOR NÃO TINHA TEMPO DE ME OUVIR. CRESCI NAS MÃOS DO MONSTRO

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  3. Lolíssima!!!
    Vc não imagina o susto que eu levei quando encontrei essa carta hj aqui!
    Por essa eu realmente não esperava.


    Bom, foi libertador ter mandado essa carta para minha família.
    (se alguém aqui passou por traumas, mas não mora mais com a família e é independente, e estiver forte o suficiente pra passar por isso, eu recomendo)
    Só duas de minhas irmãs responderam, mas ainda assim, achei positivo.
    Tânia se explicou que não é que ela tenha varrido pra baixo do tapete, mas que assimilou pra si os ocorridos e deixou ela mais cuidadosa (entendo que silêncio seja uma forma de reagir).
    E minha outra irmã veio relatar um pequeno abuso que teve na infância com um desconhecido (sei que ela já passou por coisas piores, mas achei bom ter essa conversa com ela).
    E, graças a Deus, nunca mais sequer ouvi o nome desse indivíduo na casa dos meus pais.
    Só não sei como eles se resolveram.

    Lembro que antes disso a cada guest post sobre abuso que eu lia aqui ou alguma notícia, eu sofria e chorava, tinha vontade de morrer.
    Depois da carta, passou essa vontade de morrer, como se uma força tivesse crescido em mim.

    Marcos, meu marido, não gostou muito da idéia de ter me exposto assim, inclusive mandando uma cópia da carta pra vc.
    Mas fiz isso por mim, por ser necessário. Se ele ver o post de hj e meu comentário, espero que ele possa ler os comentários dos demais, e ver como isso foi importante.

    Obrigada, Lola, muito obrigada!

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  4. Alguém entendeu essa carta?

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  5. As pessoas ainda tendem a achar que abuso sexual é algo não muito corriqueiro que acontece com "Moças NÃO de família" que saem a noite sozinhas (que disparate!) e são levadas para o mato e estupradas. Os caras da TV acham que inclusive é fácil acabar com os abusos, é só aumentar o policiamento e ponto fim do problema. SQN!
    Os abusos mais frequentes acontecem DENTRO DE CASA, por gente que devia ser amiga, e isso deve matar uma pessoa em vida, acho no fundo do meu coração, que as pessoas devem achar que estupro é coisa de "maníaco do parque" e não de "pai de família" pq isso tira um peso da consciência de muita gente, é mais cômodo para muitos manter isso para debaixo do tapete, afinal, o "pai de família" alivia a consciência, ainda dá uma falsa sensação de conforto nas mulheres oprimidas da casa, que acham "que bom, pelo menos aqui deve ser mais seguro, afinal se meu próprio (Pai/tio/avô/irmão...) fazem isso imagina na rua ?!"
    Triste demais...

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  6. Anon das 10:58:
    Tô contigo nessa, não entendi muito bem essa carta.

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  7. eu tambem viajei.... entendi a temática da carta, mas me senti lendo aquelas internas que nego posta no facebook em aberto... e da qual eu não participo...

    acho que pelo menos uma referenca do "quem é quem" se faz necessaria...

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  8. Pessoas que não entenderam:
    essa carta foi escrita para minha família e eu encaminhei pra Lola pois sem ela e esse blog nunca teria escrito.
    Nunca pensei que viraria guest post.

    Explicando um pouco:Claudio era um menino carente que meu pai encontrou em sua militância em movimentos sociais e passou a ajudar.
    Ele é mais velho que todos os filhos do meu pai, apesar de não vê-lo como um irmão, sempre foi tratado como alguém da família.

    Já não moro mais nem no estado em que meus pais moram.
    Teve um ano em que aconteceram muitas festas na minha família, a começar pelo casamento de Tânia, e, qnd meu pai falou em convidar esse Claudio, ela vetou e disse que fazia isso por mim.

    Após as festas, meu pai me perguntou o que havia ocorrido e que ele ia me ouvir no momento em que eu estivesse pronta.
    Isso ficou na minha cabeça, até quando eu li o primeiro guest post do link e achei que estava na hora de me libertar disso, pensando tb na segurança das gerações futuras.

    Reconheço que, pra quem é de fora, está confuso, mas relembro que não foi escrito como guest post.

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  9. "A certeza de impunidade estimula mais e mais esse crime.
    Não adianta ter lei se não há seu cumprimento".Esse é o primeiro post desse blog que leio em que a impunidade no Brasil é condenada.No entanto,não acho que o único problema seja o fato das leis não serem aplicadas,as próprias leis são extremamente brandas.A pena para estupro é de 6 a 10 anos.Sem falar de redução de pena para um terço ou até mais,regime aberto, semiaberto e várias outras formas de não cumprir quase nada da pena.Não estou dizendo que punição é a solução,mas é parte dela.Essa é uma reivindicação que jamais vejo nas marchas feministas,talvez pela ligação com os movimentos de esquerda,que são contra qualquer proposta que defenda leis mais severas.

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  10. Que esta carta seja lida por todas as mães, irmãs, avós, tias... precisamos (re)conhecer e não negar o que pode acontecer dentro de casa.

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  11. Guilherme,
    O mais certo não é a punição, mas a correção.
    O sistema prisional de hj mal pune (pune quem é "bom", basicamente) e muito menos corrige.

    É necessário mudar essa mentalidade medieval de punição.
    A prisão deve ser um lugar de reeducação para que o indivíduo possa viver em sociedade após o período da pena. E não um local em que ele aprende a ser um bandido pior.

    O importante não são os X anos que a pessoa vai ficar presa, mas ela "pagar" pelo seu erro e aprender a viver em sociedade, sem cometer crimes.

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  12. lola, hoje eu percebi algo dos masculinistas que me deixou com vergonha alheia e vergonha de mim tambem. tipo, eu nunca tive paciencia pra ver filmes inteiros, sempre vi partes separadas, e parei, pra fazer outra coisa. entao hoje eu procurei pela parte mais pro final do filme matrix, e vi algo extremamente mangina. ele toma tiros e o beijo daquela trinity faz ele ressucitar e ainda destruir a matrix. como é que esses masculinistas podem usar o conceito mangina do filme matrix dentro do movimento masculinista? realmente eu estou decepcionado por ter usado o termo durante tantos anos, sem conhecer a origem dele. os masculinistas tão usando o termo errado , poderiam usar ''alienação'' mas não matrix. o filme matrix é mangina, e é óbvio que é estupido o fato de uma mulher beijar um cara fazer o cara se tornar imortal, nunca vi nada tão mangina como esse filme.

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  13. Anonimo de 14:42

    Como eu disse antes,punição não é toda a solução,mas é parte dela.É claro que é necessário fazer muitas outras coisas para combater o estupro e qualquer outro crime,mas o estado tem a obrigação de fazer justiça contra os maus e proteger a sociedade.

    A impunidade incentiva a criminalidade.Quer ver um exemplo? Imagine que o estado resolvesse não mais aplicar multas de transito.Com certeza o número de pessoas que não usam cinto de segurança,andam acima da velocidade permitida,e outros atos perigosos aumentariam.Uma pessoa que queira cometer um estupro,homicídio ou assalto pensará duas vezes antes de faze-lo,sabendo que poderá passar a maior parte da vida na cadeia ou receber pena de morte.

    Além disso, a verdadeira questão não é se a punição é eficaz ou não,e sim se é justa ou não.

    O bem deve ser defendido,o mal deve ser combatido.

    O mal não tem direitos,só o bem os tem.Isso para mim é tão lógico quanto dizer que a grama é verde.


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  14. Credo gente. Cês são muito tapado pra não ter entendido.

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  15. Acho que essa carta precisa ser lida pelos paes de crianças e pelos futuros pais. Se a gente educasse as crianças para alertarem, gritarem... enfim

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  16. Que engracado.. tenho dois irmaos mais velhos, com 6 e 10 anos de diferenca. Cresci rodeada de homens mais velhos amigos deles e de meninos da mesma rua que brincavam comigo. Meus irmaos sempre cuidavam para que nenhum abuso ocorresse, os garotos nunca me chamavam pra brincar de medico p.ex. pois tinham medo dos meus irmaos. Certa vez um pedreiro que trabalhava em casa pediu pra eu e uma amiga colocar fantasia de carnaval e dancar pra ele. Quando meu irmao chegou e viu a cena fez um escandalo me mandou pro quarto e expulsou o pedreiro que nao voltou mais. Depois foi conversar comigo e me disse que homens faziam coisas erradas com meninas e que se alguem fizesse isso era pra falar pra ele. Engracado que nao foi minha mae ou pai que tinham essa atencao comigo mas um irmao que sabia exatamente o que os homens eram capazes de fazer.

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  17. Minha carta: http://agoraquesoumae.blogspot.com.br/2014/06/fui-sexualmente-abusada-aos-6-anos-de.html

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  18. "Uma pessoa que queira cometer um estupro,homicídio ou assalto pensará duas vezes antes de faze-lo,sabendo que poderá passar a maior parte da vida na cadeia ou receber pena de morte."

    Em nenhum lugar do mundo com penas severas (com ou sem morte) isso é verdade.

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  19. Como é importante a família acreditar na criança, no adolescente, dar suporte. E eu tive sorte de ter a família que tenho. Quando eu tinha uns 13, 14 anos, recebemos na nossa casa um primo da minha mãe - casado, com filhos. Nossa casa tinha piscina e fazíamos um churrasco - eu, de biquíni, brincava tranquilamente. O cara se sentiu no direito de comentar diretamente com a minha mãe como eu estava "gostosa" pra minha idade. Minha mãe ficou tão alarmada que me chamou discretamente para conversar, dizendo que ela estava de olho nele e tal, mas que não podia vigiar o tempo todo e que, se eu percebesse qualquer coisa, que a avisasse. Não preciso dizer que nem consigo olhar direito para esse primo, até hoje. Ainda bem que quase não nos vemos.

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  20. Lola, você já fez algum post falando sobre depressão pós-menopausa? Eu busquei no seu blog e não achei.
    Você teve esse problema? Eu acho que, hoje em dia, essa é a doença mais comum das mulheres da nossa idade.

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  21. Acredita que eu não tenho nenhum post sobre menopausa aqui no blog (pelo menos não que eu me lembre)? É que (ainda) não faz parte da minha realidade, nem da realidade da maior parte das leitoras. Mas já já eu vou entrar na menopausa (espero que sem depressão). Estou precisando de vários posts sobre isso. Quer escrever sobre depressão na menopausa, anon das 11:02? Seria ótimo! (ou qualquer leitora mais velha que esteja na menopausa ou já tenha passado). A Suely tem um blog ótimo sobre menopausa (agora está desatualizado). TEM ANOS que eu peço pra que ela escreva um guest post!

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  22. A coisa aqui é tão tensa que nem terminei de escrever a minha carta e já tavam a perguntar o que eu tanto faço aqui no blog se eu sou muda e não falo com ninguém pessoalmente que dirá na internet.
    " ACHEI QUE SE EU PARASSE DE FALAR PERCEBERIAM". O silêncio de Melinda

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  23. "E sabe o que foi pior?! Marcos disse que meu hímen estava mexido"

    Esse teu marido é ginecologista?
    E/ou dono da sua ppék?

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  24. De todos essses relatos horrendos que leio aqui,uma coisa não sai da minha cabeça: não atacamos o que incentiva a cultura do estupro.A vulgarização/exploração sexual da mulher é considerada "liberdade dee corpo" para muita feminista,inclusive prostituição e pornografia.Homens machistas nunca são ojerizados e muito menos punidos,defendidos até mesmo por feministas (aquele papo de ser contra odiar homens,exigir punição etc).Então,de certa forma,eu não sei porque nos surpreendemos quando tantas crueldades cometidas contra nós não são levadas á sério.
    è simplismente criminoso o que os homesn falam em sites masculinos,o feieto que essas mulheres que pousam nuas, que dançam funk( que tem muitas musicas de incentivo á pedofilia),que fazem vulgaridades...não cabe na minha cabeça como feminista defende essas atitudes femininas que só nos afundam mais na lama,que não tem nada de novo,nada de revolucionário,só estamos sendo as putas que o patriarcado criou para sermos.
    O resultado está aí,que todas conhecem tão bem mas memso asim,insistem no memso erro.Não vamos melhorar nunca,com certeza...

    Ass: Clarice(revoltada ao visitar uma feira de games cheia de booth babies.Nós mulheres só servimos para ser bundas nesse mundo >.<!!)

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  25. xanapower disse...
    "E sabe o que foi pior?! Marcos disse que meu hímen estava mexido"

    Esse teu marido é ginecologista?
    E/ou dono da sua ppék?


    Também não entendi essa parte.

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  26. "o filme matrix é mangina"

    O filme é ótimo (embora, como a maioria das trilogias, vá perdendo força nas sucessivas sequels. É também um filme obviamente "de esquerda", e não tem absolutamente nada de "masculinista". Não sei por que foi "adotado" pelos mascus.

    Deve ser outra tosqueira de quem acha que a última letra do alfabeto grego é o zeta.

    Larga disso e vem ser gente, cara. É muito mais divertido.

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