É irônico, mas sabe sobre o quê eu tinha planejado escrever hoje? Sobre o excelente filme dinamarquês A Caça, que concorre a melhor filme estrangeiro, e que trata de uma falsa acusação de abuso infantil. Ainda vou escrever sobre a obra, mas não hoje.
Hoje tenho que escrever sobre a carta aberta (aqui, em inglês) que Dylan Farrow, hoje com 28 anos, escreveu sobre ter sido sexualmente molestada por Woody Allen quando criança. E é muito difícil, porque já recebi e publiquei dezenas de relatos de mulheres que foram estupradas, muitas delas quando crianças. Eu sempre acredito na vítima, e detesto quando alguém diz que é mentira, ou que eu que inventei o relato. Como se pessoas não fossem estupradas todos os dias e eu precisasse criar histórias!
Por outro lado, acredito também na presunção da inocência, no velho “inocente até ser provado culpado”. Sou contra linchamentos. É óbvio que é muito difícil comprovar abuso, e as estatísticas estão aí pra provar (apenas 3% dos denunciados por estupro passam sequer um dia na prisão). Estupro é um crime impune. É um crime em que rotineiramente se duvida da vítima. E a enorme maioria das acusações de estupro são verdadeiras. A estimativa do FBI é que somente 2% das acusações são falsas. Mas nem por isso podemos condenar sem investigação, sem julgamento, alguém acusado de estupro. Seja ele quem for.
Dylan adolescente com Mia |
Também tem outra coisa: não sei até que ponto acredito em verdade absoluta. Algo muito comum em casos de abuso sexual infantil é que a pessoa se lembra de flashes. A mente tenta barrar o que é difícil demais de aguentar. Em muitos, muitos casos de abuso infantil, a pessoa adulta não tem certeza se aquilo aconteceu mesmo. E, assim como é possível apagar memórias, também é possível criá-las.
Dylan, Mia e Tam em 1992 |
É possível que uma pessoa acredite tanto numa história que, pra ela, aquela é a verdade. Não quer dizer que esteja mentindo. Pra ela, não é uma mentira. Ela acredita. Mas nem por isso necessariamente aconteceu. (Nisso eu tenho um exemplo muito próximo: minha mãe. Nada a ver com abuso, mas ela cria fantasias sobre momentos do passado que eu acho que nunca aconteceram. Não digo que ela é mentirosa, porque ela acredita no que está contando).
Então, sobre o caso Woody Allen, eu acompanhei muito tudo isso. Estava vivíssima em 1992, quando o escândalo estourou. Na época não havia internet, mas li tudo que podia, inclusive o longo artigo de Maureen Orth na Vanity Fair, totalmente pró-Mia. Sim, porque foi uma guerra violenta entre Woody e Mia. Começou em janeiro de 92, quando Mia encontrou, sem querer, fotos íntimas de sua filha adotiva Soon-Yi no apartamento de Woody, em Manhattan.
Eu tento me colocar no lugar de Mia. Eu a admiro. Primeiro que ela fez algo que pouca gente, famosa ou não, faz: adotar crianças em situações de risco que ninguém mais queria. Ela adotou crianças miseráveis de vários países: Soon-Yi quando tinha sete anos, na Coreia, filha de prostituta e que havia vivido na rua antes de ir pra um orfanato; Moses, que tinha paralisia cerebral; duas crianças cegas, e por aí vai. Tem gente que encara isso como uma muleta emocional e vê as adoções com cinismo, e não entendo porquê. Acho absolutamente louvável.
Bom, aí você é Mia, uma estrela de cinema desde pequena, filha de atores, ex-esposa de ninguém menos que Frank Sinatra e do célebre maestro Andre Previn, e está num relacionamento pouco convencional com um dos diretores de cinema mais conhecidos e respeitados no mundo, Woody Allen. O relacionamento é pouco convencional porque eles não habitam o mesmo teto, nem são legalmente casados, mas estão juntos há doze anos e fizeram treze filmes (filmes que devem muito do sucesso não só ao talento de Woody, mas ao de Mia).
Aí você encontra fotos íntimas do seu parceiro (que tem 57 anos) com a sua filha de 19 ou 21 (não há registros confiáveis de quando Soon-Yi nasceu). Como assim? É lógico que isso é horrível e inaceitável. E ver a atitude pública de Woody, como se não tivesse havido nada de errado, é chocante. Na época, ele disse à revista Time: “Não vi qualquer dilema moral”.
Um dos erros de Woody foi justamente esse -- sua falta de senso moral. Ele nunca se arrependeu, e parece que nunca se deu conta, de que envolver-se com Soon-Yi, filha de sua companheira, era mais que uma traição. E que pros seus outros filhos, pros irmãos de Soon-Yi, isso tinha potencial para destruir uma família, o que de fato aconteceu. Se nem pro público Woody pediu desculpas, é claro que não pediu pra Mia, nem pras crianças. Essa arrogância, que ele mantém até hoje, com certeza piorou tudo.
Woody provavelmente começou o relacionamento com Soon-Yi dois anos antes de Mia encontrar as fotos. Em 1990, um fotógrafo flagrou os dois de mãos dadas enquanto assistiam um jogo. A foto (ao lado) só foi publicada depois, no meio do escândalo (o paparazzo comprou um apartamento com ela), mas rumores surgiram numa coluna de fofocas. Woody conseguiu convencer Mia que não tinha nada com Soon-Yi. Até ela encontrar as polaroides comprometedoras em janeiro de 92.
Eu li a biografia de Marion Meade, publicada em 2000, The Unruly Life of Woody Allen. Se o livro não é exatamente pró-Mia, ele é bem anti-Woody. E apresenta uma pesquisa que parece ser consistente. Meade conta que Mia, compreensivelmente nervosa, ligou para Woody e gritou: “Fique longe de nós!” E foi para casa. “Vinte minutos depois de Mia encontrar as fotos, todo mundo na família já estava sabendo”, diz Meade. Woody também foi lá pouco depois, quando as crianças estavam jantando. Ele não falou nada, não se desculpou, só ficou perto da parede. Um a um, os filhos de Mia se levantaram da mesa e levaram o prato pra comer no quarto.
Por incrível que pareça, o relacionamento de Woody e Mia não acabou naquele dia. Durou meses ainda, meses de muitas brigas e discussões. Woody conta que Mia ligava pra ele várias vezes por dia, a qualquer hora da noite, e o ameaçava. Ela entregou a ele um cartão de Valentine's Day, em fevereiro, com a foto da família e agulhas espetando cada coração, enquanto uma faca (com o cabo coberto por uma foto de Soon-Yi) cortava o seu (imagem ao lado).
Apenas 2 ou 3 meses antes, em dezembro de 91, Woody tornou-se o pai adotivo de Dylan, então com 6 anos, e Moses, 13. Para que isso fosse possível, Mia teve que escrever uma carta recomendando Woody como pai. Porém, algumas coisas a incomodavam: Woody brincava de por a cabeça no colo de Dylan e a encorajava a colocar o polegar dele em sua boca.
Ronan e Mia em foto recente |
Mia achava que a proximidade de Woody com Dylan era anormal, e Woody achava que a proximidade de Mia com Satchel era anormal (Satchel, hoje Ronan, é o único filho biológico de Woody e Mia. Em novembro do ano passado, a Vanity Fair requentou as acusações contra Woody, e Maureen Orth perguntou a Mia se Ronan era filho de Frank Sinatra, ao que Mia respondeu “Possivelmente”).
Devido às reclamações de Woody e Mia, em 1990 tanto Dylan quanto Ronan foram avaliados por psicólogos, e passaram a fazer terapia. Woody também teve sessões com a Dr. Susan Coates (dois anos depois, Dr. Coates disse no tribunal que entendia a preocupação de Mia em relação a Woody e Dylan. Segundo a psicóloga, “Eu não via como algo sexual. Mas eu via como algo inapropriadamente intenso que excluía todo mundo”).
O dia 11 de julho de 1992 marcou o aniversário de 7 anos de Dylan, e Mia convidou muita gente, incluindo Woody, para a festa na sua casa de campo em Connecticut. Mia havia pedido a Woody para “não monopolizar Dylan”. Mas chegou um ponto na festa em que ele levou Dylan para brincar no lago. Mia ficou furiosa.
Ele dormiu no quarto de hóspedes, como de costume. Ao acordar, encontrou em sua porta um bilhete de Mia dizendo: “Molestador de crianças em festa de aniversário! Moldou e então abusou de uma irmã. Agora se empenhando na irmã mais nova. Família enojada”.
Porém, o dia fatídico, o dia em que Dylan descreve em sua carta, foi 4 de agosto. Esta é a versão de Mia do que aconteceu neste dia, na sua casa de campo, segundo o que foi publicado em 1992 na Vanity Fair (minha tradução):
“Woody foi a Connecticut visitar seus filhos, e Mia e Casey [uma amiga] foram fazer compras, levando duas das crianças adotivas mais recentes -– uma menina vietnamita cega chamada Tam, 11, e Isaiah, um bebê negro de 7 meses nascido de uma mãe viciada em crack. Enquanto eles estavam fora, houve um breve período, talvez 15 minutos, em que Woody e Dylan desapareceram de vista. A babá que estava dentro da casa procurou por toda parte por eles, mas não conseguiu encontrá-los. A babá fora da casa também procurou e concluiu que os dois deviam estar dentro em algum lugar.
Quando Mia voltou pouco depois, Dylan e Woody estavam em casa, e Dylan estava sem calcinha. (Allen disse depois que não havia estado sozinho com Dylan. Ele se negou a entregar amostras de cabelo e impressões digitais à polícia de Connecticut a menos que fosse assegurado que nada que dissesse poderia ser usado contra ele). Woody, que odiava o campo e trazia seu próprio tapete de banheiro para evitar germes, passou a noite no quarto de hóspedes perto da lavanderia próxima à garagem e foi embora na manhã seguinte.
Naquele dia, 5 de agosto, Casey chamou Mia para relatar algo que a babá lhe havia dito. No dia anterior, a babá de Casey estava na casa procurando uma das crianças e ficou surpresa ao entrar na sala de TV e ver Dylan, no sofá, usando um vestido, e Woody ajoelhado no chão a segurando, com o rosto dele no colo de Dylan”.
Assim que Mia perguntou a Dylan sobre isso, a menina contou que ela e o pai foram ao sótão e que, se ela ficasse quieta, ele a colocaria num filme e a levaria a Paris. Quando, segundo Mia, ele tocou “na parte íntima” de Dylan, Dylan disse a ele: “Isso dói. Eu sou só uma criança pequena”.
No mesmo dia, Mia levou Dylan ao pediatra, que perguntou onde era a parte íntima que seu pai havia tocado, e ela apontou para o ombro. No dia seguinte elas voltaram ao pediatra, e Dylan contou o que havia contado a Mia. O pediatra examinou Dylan e disse que ela estava “intacta”, mas que ele precisaria, por lei, reportar o caso à polícia. Mia ficou desesperada. Ela não queria que aquilo vazasse.
Não sei se vocês conseguem imaginar o circo midiático que teve início. Todo dia tinha notícia fresquinha sobre Woody e Mia. Era como se toda a imprensa fosse um tablóide sensacionalista. Diziam que Mia tinha tentado suicídio. Que Woody a queria de volta. Que Mia quebrou uma cadeira em Soon-Yi. Que Woody não gostava de Ronan e o havia chamado de “bastardinho”. Que Mia gostava demais de Ronan, e por isso não dava atenção a Dylan.
Que Soon-Yi era retardada (vejo até feministas, vinte anos depois, repetindo isso, tirando a agência de uma moça de 19 ou 21 anos. Recomendo que vejam o documentário Woody Allen em Concerto, de 1998, onde Soon-Yi aparenta ser espirituosa e inteligente. Quem a vê como “a vítima com problemas cognitivos de quem uma figura paterna tirou proveito” não deve entender como Woody e Soon-Yi estão casados há 16 anos). Que o casamento entre Mia e Woody já tinha acabado quando Mia encontrou as fotos. Era todo dia uma nova revelação pra acabar com a reputação dos dois (e claro que não podia faltar o repertório de piadas racistas contra Soon-Yi).
Como a carreira de Woody não foi encerrada naquele momento, é um milagre -- de cada dez cartas que chegavam às redações, nove eram contra ele. Por mais que Mia tenha ficado com fama de ex-esposa histérica e ressentida (fama esta reforçada pela declaração do advogado de Woody dada ontem, “É trágico que após vinte anos uma história inventada por uma amante vingativa volte à tona depois de ter sido completamente rejeitada por autoridades independentes. A culpada pela agonia de Dylan não é Dylan nem Woody Allen”), Woody ficou com a amoralidade de trocar a parceira pela filha dela, 37 mais jovem que ele, e com a suspeita de ter abusado sexualmente de Dylan, sua filha de 7 anos. Essa suspeita estará no seu obituário quando ele morrer.
No entanto, em 1992, o caso foi investigado durante seis meses pela prestigiosa Clínica de Abuso Sexual Infantil do hospital Yale-New Haven, que já havia investigado cerca de 1,500 casos similares. Foi o promotor do caso que escolheu a clínica. Os psicólogos falaram com Dylan e as outras crianças inúmeras vezes, e entrevistaram Woody para traçar um perfil psicológico e decidir se ele era um pedófilo.
As duas perguntas principais que um trio de três psicólogos, duas delas mulheres, tinham que responder eram: Dylan foi sexualmente abusada? Ela estava falando a verdade? De acordo com Meade, “Na opinião dos especialistas, as respostas para as duas perguntas eram não. Não havia evidência física de abuso sexual e, portanto, nenhuma chance de Woody haver sexualmente molestado sua filha. O relato de Dylan parecia ser as fantasias de uma criança emocionalmente vulnerável vivendo com uma família perturbada, uma resposta ao stress que ela não podia suportar.”
Mesmo diante dessa conclusão, o promotor resolveu seguir com as investigações. Ele preferiu não fazer uma acusação formal para evitar um julgamento traumático para a criança. Foi uma declaração no mínimo estranha (algo como "acredito que você seja culpado, mas não quero processá-lo, e não te darei a chance de ser inocentado"), e o promotor foi brevemente suspenso.
Woody nunca foi condenado por nada, mas perdeu o processo em que pedia a custódia de Dylan, Moses, e Ronan. O juiz, que chamou Woody de “insensível e não confiável”, determinou que o cineasta não poderia visitar Dylan, e que Moses deveria decidir por ele mesmo se queria vê-lo (Moses não quis. Hoje, ele é um fotógrafo de 36 anos que não mantém contato com Mia, e que voltou a falar com seu pai e com Soon-Yi. Ele contou ao documentarista Robert Weide que o que se passou naquela casa em 1992 foi uma “lavagem cerebral”). Ronan iria ver seu pai em três visitas semanais supervisionadas, mas elas não continuaram por muito tempo.
Pra mim, o que pega mesmo é o timing. Se o abuso sexual tivesse ocorrido antes, em 91, por exemplo, eu não hesitaria em acreditar que aconteceu. Mas agosto de 92 foi no meio do escândalo.
Como disse Woody ao programa de TV 60 Minutes, em 92: “Vamos ser racionais. Tenho 57 anos. Não é ilógico que, no meio de uma briga amarga e mordaz por custódia, eu vou dirigir até Connecticut, onde ninguém gosta de mim e onde estarei numa casa cheia de inimigos, e de repente, durante a visita, eu escolha esse momento da minha vida para me tornar um molestador?”
Woody e Dylan nunca mais se viram ou se falaram depois daquele dia.
O relato de Dylan Farrow é triste e chocante, e eu, como feminista que luto todos os dias para combater a cultura de estupro, fico feliz que suas palavras tenham atraído tanta atenção. Espero que este caso marque o começo de uma nova era em que o senso comum não duvide da palavra da vítima. Mas vamos fazer isso sem linchamento do acusado. Todo caso precisa ser investigado e julgado antes que haja uma condenação.
UPDATE: Uma semana depois, Woody também publicou sua versão no NYT. Não gostei nada do que ele escreveu. Mais uma vez, ele se mostra insensível em relação a ter traído Mia com a filha dela, Soon-Yi. Eu repito o que disse nos comentários: mesmo sem a acusação do abuso de Dylan, apenas o envolvimento de Woody com a irmã de seus filhos já teria sido suficiente pra que eles ficassem com raiva dele pro resto da vida.
E, mesmo 22 anos depois, o máximo que ele concede é que sentiu-se "culpado que por ter [s]e apaixonado por Soon-Yi [e colocado] Dylan numa posição de ser usada como peão de vingança".
Só que antes ele diz, no trecho menos convincente de seu artigo: "estava nas deliciosas etapas iniciais de um novo relacionamento feliz com a mulher que eu viria a me casar".
Primeiro que este "novo relacionamento" muito provavelmente já havia começado dois anos antes, e depois que -- como assim, feliz?! WTF?! A família destruída, choro e desespero todos os dias, ameaças, escândalos, e Woody estava feliz? Duvido muito que houvesse a menor chance de alguém envolvido no escândalo (ele, Soon-Yi, Mia, qualquer uma das crianças) estar feliz durante aqueles meses infernais de 1992 e 93.
Ele, óbvio, tenta jogar toda a culpa em Mia. Está bem claro que Mia não lidou bem (aquele cartão de Valentine's diz muito) e ainda não lida bem com a traição de Woody. O que é compreensível: o cara estava transando com a filha dela, uma jovem que ele conhecia desde criança. E ele não teve nem coragem de contar isso pra Mia. Ela teve que descobrir através de fotos íntimas! E ele teve (tem ainda) a pachorra de considerar aquilo a coisa mais normal do mundo (o pior é que ele declarou, numa entrevista pra Vanity Fair de 2005, que foi sorte Mia descobrir as fotos, que aquilo foi "pra melhor"!).
Mas eu não compro a versão dele de que Mia mandou Dylan fazer a acusação, nem em 92, nem agora. Não creio que foi algo planejado. Creio que a fantasia do abuso (sim, desculpe, sigo acreditando que não houve abuso, e isso não quer dizer que eu pense que todos os abusos sejam fantasiados) surgiu no meio daquele ambiente de raiva e confusão. Woody é injusto porque, assim como o diagnóstico da clínica de New Haven atesta que não houve abuso, o mesmo diagnóstico inocenta Mia de ter fabricado a acusação (a conclusão da clínica não conclui se a afirmação de Dylan é por causa do stress, ou se ela foi influenciada ou instruída pela mãe).
A única novidade que vi no que Woody escreveu agora foi que o cenário que (segundo ele) Mia criou pro abuso foi um sótão, sendo que Woody é claustrofóbico, e que a inspiração dela veio da canção de Dory Previn (cantora e ex-esposa do segundo marido de Mia) "With my daddy in the attic" ("com meu pai no sótão"), que está no mesmo disco da música-mensagem "Beware of Young Girls" ("Cuidado com mulheres jovens"), que Dory escreveu após Mia "roubar" seu marido, André Previn (juntos, Mia e André adotaram Soon-Yi). As duas canções que linquei são bem tenebrosas.
Outra coisa que me espantou no artigo foi Woody cobrar integridade de Mia. Ele a traiu com a filha dela! É muito patético, muita cara de pau. Ele termina o texto dizendo que será a última vez que se pronunciará sobre isso.
A maior vítima dessa história toda, no entanto, é Dylan. Espero que ela fique bem (aqui ela rebate o artigo de Woody).
Estátua de WA na Espanha |
Só que antes ele diz, no trecho menos convincente de seu artigo: "estava nas deliciosas etapas iniciais de um novo relacionamento feliz com a mulher que eu viria a me casar".
Primeiro que este "novo relacionamento" muito provavelmente já havia começado dois anos antes, e depois que -- como assim, feliz?! WTF?! A família destruída, choro e desespero todos os dias, ameaças, escândalos, e Woody estava feliz? Duvido muito que houvesse a menor chance de alguém envolvido no escândalo (ele, Soon-Yi, Mia, qualquer uma das crianças) estar feliz durante aqueles meses infernais de 1992 e 93.
Ele, óbvio, tenta jogar toda a culpa em Mia. Está bem claro que Mia não lidou bem (aquele cartão de Valentine's diz muito) e ainda não lida bem com a traição de Woody. O que é compreensível: o cara estava transando com a filha dela, uma jovem que ele conhecia desde criança. E ele não teve nem coragem de contar isso pra Mia. Ela teve que descobrir através de fotos íntimas! E ele teve (tem ainda) a pachorra de considerar aquilo a coisa mais normal do mundo (o pior é que ele declarou, numa entrevista pra Vanity Fair de 2005, que foi sorte Mia descobrir as fotos, que aquilo foi "pra melhor"!).
Mas eu não compro a versão dele de que Mia mandou Dylan fazer a acusação, nem em 92, nem agora. Não creio que foi algo planejado. Creio que a fantasia do abuso (sim, desculpe, sigo acreditando que não houve abuso, e isso não quer dizer que eu pense que todos os abusos sejam fantasiados) surgiu no meio daquele ambiente de raiva e confusão. Woody é injusto porque, assim como o diagnóstico da clínica de New Haven atesta que não houve abuso, o mesmo diagnóstico inocenta Mia de ter fabricado a acusação (a conclusão da clínica não conclui se a afirmação de Dylan é por causa do stress, ou se ela foi influenciada ou instruída pela mãe).
A única novidade que vi no que Woody escreveu agora foi que o cenário que (segundo ele) Mia criou pro abuso foi um sótão, sendo que Woody é claustrofóbico, e que a inspiração dela veio da canção de Dory Previn (cantora e ex-esposa do segundo marido de Mia) "With my daddy in the attic" ("com meu pai no sótão"), que está no mesmo disco da música-mensagem "Beware of Young Girls" ("Cuidado com mulheres jovens"), que Dory escreveu após Mia "roubar" seu marido, André Previn (juntos, Mia e André adotaram Soon-Yi). As duas canções que linquei são bem tenebrosas.
Outra coisa que me espantou no artigo foi Woody cobrar integridade de Mia. Ele a traiu com a filha dela! É muito patético, muita cara de pau. Ele termina o texto dizendo que será a última vez que se pronunciará sobre isso.
A maior vítima dessa história toda, no entanto, é Dylan. Espero que ela fique bem (aqui ela rebate o artigo de Woody).
294 comentários:
«Mais antigas ‹Antigas 201 – 294 de 294Acho que não promover linchamentos físicos e morais e proporcionar uma boa investigação, é uma boa forma de respeitar a presunção de inocência.
A verdade é que a gente não precisa "achar que é culpado" ou "achar que é inocente". Isso não cabe a nós. A presunção de inocência consiste em, no mínimo, guardar a opinião para si, até porque ela não serve pra nada do ponto de vista de justiça.
Não precisamos emitir uma sentença de culpado ou inocente para darmos um ombro à vítima. Basta ouvir, aconselhar a denúncia, aconselhar acompanhamento psicológico, e não ficar questionando coisas estúpidas como: você tem certeza? você foi clara ao dizer que não queria? será que você não marcou bobeira? Mas fulana, não dá pra se arriscar desse jeito. e etc
Não estamos infringindo a presunção de inocência agindo assim, estamos?
Lola, acho que o problema é que os argumentos que vc deu para não achar que se trata de um abuso é que não foram muito bons mesmo.
Assim como vc achou que o timing da acusação é que fez a diferença, tem gente que acha que faz todo o sentido uma criança falar justamente quando a família tem problemas, pq então ela não se sente mais responsável por destruir aquela família, falar mal do "bom pai".
Síndrome de alienação parental, falsas memórias implantadas, existem, claro. Mas esse argumento serve para desqualificar TODAS as vítimas de abuso quando crianças, e é perigosíssimo de se usar, a não ser pelos profissionais qualificados e que tenham analisado cada caso específico (e não apenas através da mídia, que nós sabemos que distorce os fatos).
O fato de não haver indícios da violência também parecia ser um argumento seu, mas isso vc já esclareceu (ainda bem, pois seria um péssimo argumento).
A equipe de psicologia ter "concluído" que não houve abuso é mais significativo, mas já está muito bem discutido que não é verdade absoluta.
Tanto havia uma dúvida pairando, que Allen não podia mais visitar as crianças.
Como vítima de abuso eu sempre me senti bem acolhida aqui, nem me senti mal por esse texto nem nada (acredito que pq eu já tenha me resolvido bem em relação a isso). Mas fica a dúvida se eu enviaria meu relato se eu tivesse lido um texto assim na época.
Sem querer defender ou acusar ninguém, acho que seria interessante abordar, neste caso, a questão da Síndrome da Alienação Parental ("É termo proposto por Richard Gardner, em 1985, para a situação em que a mãe ou o pai de uma criança a treina para romper os laços afetivos com o outro cônjuge, criando fortes sentimentos de ansiedade e temor em relação ao outro genitor" - Fonte: http://www.alienacaoparental.com.br/). Em casos graves da Síndrome da Alienação Parental o familiar alienador incute falsas lembranças na criança, inclusive em relação a abuso sexual. Quando isso ocorre (e é extremamente comum nesses casos) a Alienação alcança seu nível máximo e a criança realmente acredita que foi abusada. Psicólogos podem perceber que é uma "falsa memória", mas até chegar a esse ponto toda a família sofreu muito. Casos desse tipo são extremamente comuns em divórcios conturbados e batalhas jurídicas por custódia. Repito: não estou defendendo nem acusando, apenas colocando o fato de que é comum esse tipo de acusação em casos onde existe Alienação Parental.
Beijos, Lola!
Agora para ver os comentários mais recentes tem que abrir outra página. Vou comentar pra deixar meu post na história também.
Estou completamente confusa e perdida.
Eu sempre amei os filmes do Woody Allen, somente os filmes, a obra, sempre achei ele com uma cara bem nojenta, mas sempre separei uma coisa da outra. Realmente nunca havia me aprofundado sobre a sua vida pessoal. Sabia que ele é casado com a enteada e sempre achei isso um tanto bizarro e imoral (o que creio que para ele é algo amoral)... e já tinha ouvido falar sobre a acusação de abuso, mas de uma maneira que me deu a entender que havia sido apenas uma suspeita, e que no final das contas entendera-se que ele era inocente. Isso foi bem antes de eu começar a entrar nesse mundo feminista (o qual eu percebo ainda no meu dia-a-dia, em pequenos detalhes, que ainda tenho muuuuuuuuito o que aprender, e coloquei no máximo uma perna nesse mundo... mas aos poucos a gente vai se dando conta das coisas e um dia eu chego lá)... ouvir tristes histórias de abusos, e se dar conta que muitas coisas que eu não julgava abuso, são sim abusos... se eu ouvisse isso agora, de forma totalmente nova, sobre um diretor e roteirista que faz filmes que amo, provavelmente eu iria querer saber mais da história e iria me aprofundar. Mas pra mim ele era inocente e pronto, já tava registrado em algum cantinho do meu cérebro.
A sua posição, Lola, está me deixando bem perturbada. Você ter uma postura tão imparcial a respeito disso me deixa sem saber o que pensar. Primeiramente porque você tem credibilidade comigo, eu costumo levar em consideração e ponderar as coisas que você diz, o seu ponto de vista... Então agora estou ponderando sobre um abuso... Eu tenho o direito de ponderar sobre isso? Foi aqui que eu aprendi que não podemos duvidar da vítima. Mas os fatos expostos para mim são bem relevantes, mas em contrapartida, eu não tenho o direito de duvidar da Dylan.
O fato de o irmão dela depois de adulto ter se afastado da Mia, voltado a falar com Woody e com a Soon-Yi, e dito que houve uma lavagem cerebral, pra mim é muito importante. Porque esse homem, que era uma criança na época, vai do nada assim perdoar o pai abusador, e não falar com a mãe e a irmã? Quando a gente cresce se dá conta de algumas coisas, vê as coisas do passado de uma maneira mais real, vê que nem tudo é como pensávamos que era, e a maturidade nos traz uma nova visão de tudo... Mas a Dylan disse que foi abusada, como duvidar dela?
Estou perdida... não sei o que pensar, não sei o que fazer.
Só sei que a minha camiseta "WRITTEN AND DIRECTED BY WOODY ALLEN" ficará no fundo do armário por um bom tempo, até eu saber o que pensar, descobrir se dá pra separar, até saber o que fazer... se posso usar a camiseta, ou se toco no lixo. Por enquanto eu não me sinto confortável com nenhuma das duas alternativas.
Eu não me confundi com o título,quero dizer que apesar da polêmica toda e de discordar da Lola em algumas coisas.Eu entrarei com um processo contra o meu padrasto,dane-se,pelo menos eu fiz.Só o mínimo de juntar pedaços e eu vou em frente,graças ao que li da Lola,eu me defendi de uma possível agressão!!!Eu gritei com todas as forças e continuo intacta,graças ao que eu li na Lola.Eu parei de ceder as chantagens de uma tia e contei ao meu primo que o pai dele morreu de aids e era gay(na época eu era muito jovem e não liguei os fatos,acreditei que era só um derrame).Graças ao que eu li da Lola,lógico que o Mundo vai cair na minha cabeça assim que ela descobrir,mas eu peço socorro,homofobia jamais,assassinato jamais.Então no meio disso tudo eu te agradeço Lola,porque vc vai fazer parte da minha vida pra sempre,sem chance de voltar atras,me intimidar.Agora o mundo vai desabar,mas vai desabar por minha escolha.
Pode ter sido um caso de alienação parental, sim. A justiça americana ao meu ver não poupa pedófilos. Lembram do Caso Palanski? Por que com Allen seria diferente? Eram dois homens famosos e prestigiados, um foi condenado e até hoje é considerado foragido.
Esqueci uma parte... a principal.
Eu estava na dúvida, tava me negando a acreditar... Eu não queria acreditar que eu gosto dos filmes de um abusador. Então vim aqui para me possuir, pegar nojo, sair chamando ele de porco nojento e etc... E me deparei com isso.
Eu acho que nós duas estamos com a mesma dificuldade, Lola: assumir que gostamos da obra de um abusador.
Uma correção: Soon Yi não era filha adotiva de Woody Allen. Na verdade ele mal teve contato com ela durante anos e a pedido da Mia Farrow ele teria se aproximado da enteada. Esse tipo de confusão que não pode ser feita
Por que se casar com uma pessoa bem mais nova é visto como crime? Por que um relacionamento que vai MUITO mal das pernas não pode acabar quando um dos envolvidos descobre um novo amor? Quantos julgadores tem por aqui? Por acaso W.A. se apaixonou por uma moça de 17 anos que tinha sido adotada pela ex dele. Ele não a criou. Ele nem morava com a ex, era um relacionamento diferente que acabou de forma escandalosa, muito disso pelo fato de Mia Farrow não aceitar a realidade, seu amor não interessava mais a Woody Allen. Podia ser o contrário, ela ter deixado o cineasta por um rapaz mais novo. E então? Provavelmente ele iria fazer um ótimo filme disso mais tarde. Essa é a história de quem vira a página e de quem não consegue superar perdas e pra isso, envolve até inocentes na coisa. Dylan me parece mais vítima do trauma não superado da mãe adotiva do que do assedia e pedofilia do pai adotivo. Por fim, a sociedade precisa entender que meninas de 17 anos não são todas iguais, e que muitas já tem maturidade emocional para ter um relacionamento amoroso com um adulto.
Lola, no comentário das 10h46:
"É sério que vcs querem fazer uma fogueira virtual pra queimar feministas que creem que, por mais que Woody seja um grande fdp como pessoa, não houve abuso sexual?"
Pra deixar um pouco mais claro, se passou batido:
"É sério que vcs querem fazer uma fogueira virtual pra queimar feministas que creem que (...) não houve abuso sexual?"
Aí, às 18h30:
"Começa queimando feministas que creem que, por mais que Woody seja uma grande fdp como pessoa (pelo fato indiscutível que traiu a esposa com a filha dela, Soon-Yi), defendem presunção de inocência (um princípio básico de direitos humanos)."
Olha, presunção de inocência é um pouco diferente de acreditar que não aconteceu. E por mais que você tenha tentado esconder sua opinião por trás de uma suposta neutralidade (que seria mais ou menos assim: pode ter acontecido ou não), ela apareceu. Pra mim, o tempo todo no texto. Mas, mais claramente, nesse comentário (que está registrado, apesar de você ter mudado um pouco o discurso mais tarde).
Lola e colegas comentaristas,
não li todos os comentários, mas pretendo fazê-lo aos poucos. Respondendo à questão da Fernanda, em complemento ao dito pela Marina P...
"...como é possível provar quando o abusador toca a vagina da vítima, faz sexo oral nela, toca seu clitóris, pede para que ela toque seu pênis, se masturbe diante dela...? Não é pergunta retórica não, é sério. Como se faz para provar esse tipo de abuso? O hímen está intacto. Mas a criança foi abusada. Ela não tem recursos linguísticos nem emocionais para descrever o que aconteceu. E aí, como é que a gente sabe que houve ou não abuso?"
Fernanda, sou assessora de um desembargador da área criminal, e nossa competência, entre outros, é julgar os crimes contra a dignidade sexual, então posso te contar como analisamos a prova. Basicamente, em um processo crime cujo bem jurídico tutelado seja a dignidade sexual, há dois grandes tipos de prova: a pericial e a oral/testemunhal.
A prova pericial se presta a atestar se há algum vestígio deixado pelo crime no corpo da vítima, e também a verificar, na medida do possível, a veracidade e verossimilhança de suas declarações e atitudes (sendo a primeira, perícia médica, e a segunda perícia psicológica). É claro que há casos em que o crime não deixa vestígios, calma que eu já chego lá.
A prova oral/testemunhal serve para provar a existência do fato e sua autoria e, na maioria das vezes, consiste apenas no depoimento da vítima, já que crimes contra a dignidade sexual são geralmente cometidos às escondidas. A prova oral que servirá à condenação é aquela produzida em juízo, com descrição/confirmação minuciosa e detalhada dos fatos ocorridos. A vítima, se já tiver idade para se comunicar por palavras, deverá prestar depoimento judicial e indicar com clareza o agressor e os atos por ele praticados - a descrição feita na carta de Dylan, por exemplo, não serviria à condenação, salvo se amparada por meio de prova; ela teria de descrever exatamente o que ocorreu, no estilo "pau dentro da buceta" mesmo.
Na impossibilidade de a vítima se comunicar por meio da fala (e aqui estou me referindo a não ter essa habilidade desenvolvida ainda, e não por vergonha ou qualquer coisa que o valha), a denúncia terá de ser comprovada por meio da prova pericial (crime com vestígios), testemunha presencial ou algum outro elemento que comprove cabalmente o cometimento do delito pelo réu (fotos, filmagens, algo nesse estilo, o que é praticamente impossível de acontecer).
Menos do que isso não gera condenação criminal. E o que a Dylan fez/está fazendo, tampouco. Em princípio, acredito no relato dela (até porque não teria motivos para fazer o contrário), mas no meu entendimento isso não dá a ninguém o direito de chamar o pai dela de estuprador. Estuprador, pra mim (especialista no assunto, volto a frisar) é só e somente aquele que foi julgado e condenado como tal. Lamento que ela não tenha feito a denúncia quando ela ainda poderia surtir algum efeito, tendo sido feita agora não adianta nada e só gera mais publicidade pra quem ela tanto quer ver penalizado.
E acho que foi isso (o que disse no último parágrado) que a Lola tentou dizer nesse post.
Tinuviel, ótimo comentário. Acho que vou publicá-lo como guest post, vc permite? Me mande um email, por favor: lolaescreva@gmail.com
Queria te fazer mais algumas perguntas.
(Odeio que, depois de 200 comentários, o google não permite mais link direto pro comentário).
A Soon-Yi não é filha do Woody com Mia, e sim de Mia com André Previn. Tanto que ela se chama Soon-Yi Previn.
Lola, eu elaborei a resposta às pressas (estou no tribunal ainda, louca pra ir pra casa dormir), então ele não é adequado pra um guest post. Mas vou te enviar um e-mail e a gente conversa, eu escrevo alguma coisa melhor, pode ser?
um detalhe, uma coisa é um guest post, de alguem anonimo desabafando um fato, neste caso eu não penso duas vezes e estou do lado do guest post, outra situação é uma acusação com nome e sobrenome. neste caso é impressindível a presunção de inocencia e processo afim de determinar os culpados.
por mais que diga-se em acreditar na palavra da vitima, não pode-se usar apenas a palavra da vitima num processo, é preciso mais.
por mais que as estatisticas de falsos relatos ou fantasias sejam minimas, elas existem e equivaleriam a condenar um inocente, condenar de uma forma semelhante a uma pena de morte, o estigma de estuprador fica encalacrado na pessoa até o fim dos seus dias (isto se ele não for assassinado antes).
Eu concordo com vc.! Abusos sexuais não deixam marcas físicas obrigatoriamente. As marcas ficam na mente, onde poucos profissionais alcançam. No livro "tiger tiger" (excelente, por sinal), a vítima de abuso sexual infantil conta que passou a ter um relacionamento com o abusador e que durou anos, sem perceber que continuava sendo abusada. Somente a vítima de abuso sexual infantil pode afirma o quê aconteceu e se aconteceu, e muitas vezes essa confirmação vem depois de anos, quando ela consegue relacionar problemáticas pessoais atuais com vivências anteriores. É como se um véu saísse da memória, colocando para fora aquilo que tinha ficado escondido em profundezas que lhe permitiam "não sofrer".
Vamos lá:
1) Não foi constatado abuso na época. Parece que tá difícil de entender isso.
2) Alguns aqui comparam com o caso na banda New Hit mas ei, o abuso foi constatado quando da acusação contra a banda. O mesmo não pode ser dito sobre Woody Allen.
3) O fato de um dos filhos ter retomado o contato indica que há mais coisas por trás dessa questão. Com relação a Ronan, temos essa possibilidade de ele ser filho do Frank Sinatra - o que indica que Mia não é inocente no processo de divórcio - e a raiva dele pelo pai ter trocado a mãe por outra pessoa, o que ocorre bastante com filhos de pais divorciados.
4) Também sou solidário às vítimas mas gente, precisamos da presunção de inocência, sim. Já vimos vários casos, mesmo de estupro, onde o acusado era inocente. Escola Base me vem à memória agora.
Sabem de uma coisa? Essa família de celebridades significa zero pra mim. O Woody Allen é tão irrelevante na minha vida quanto meu vizinho barrigudo. E a família dele tem muito mais recursos do que todos nós aqui juntos. Portanto, deixo-os cuidarem de suas vidas, enquanto eu cuido da minha (que ninguém dá a mínima, por sinal)...
Lola, posso te dar um conselho? Por favor, não publique outro post (ainda mais guest!) para aliviar o lado do Woody. Tipo, "achei alguém para concordar comigo, estão vendo?"
Aliás, tantos comentários ótimos por aqui discordando de vc com argumentos tão bons, por que publicar outro na mesma linha?
Seu texto é machista.
Primeiro porque desqualifica a vítima, assim como o patriarcado tem feito há anos.
Quando que no papel de feminista, a sororidade deveria acolher, dar apoio e suporte à vítima, mesmo que ela seja somente suposta vítima, enquanto o caso esteja inconclusivo.
Afinal de contas é melhor se retratar por ter acreditado que fulano estuprou, do que por não ter acreditado na vítima quando ela mais precisava.
Segundo porque você coloca a Mia como uma ciumenta-traída-histérica-com-sede-de-vingança. Outro papel que o patriarcado aplica sobre nós, mulheres, desde sempre.
Desculpa, Lola. Mas seu feminismo não me representa.
E é a terceira vez que te vejo "passando pano" pra estuprador/molestador. Isso é inaceitável num meio que luta tanto contra a cultura do estupro.
A propósito, por que meu primeiro comentário não foi aceito?!
Livia, quero publicar um guest post sobre como abuso sexual infantil é investigado. Pelo menos duas pessoas perguntaram nos comentários, e eu não sei responder e também gostaria de saber. Não teria nada a ver com o caso Woody Allen. E tem muita gente concordando comigo, aqui nos comentários e no twitter. Não preciso de um guest post pra falar isso.
Querida anon das 21:10, não entendi muito bem a história toda, mas obrigada pelo carinho. Tomara que dê tudo certo pra vc!
Não consigo entender certas posturas que vi aqui e em outros lugares. Uma delas, geralmente adotada por aqueles que defendem a culpa de Woody Allen, vem sob a forma "e se fosse com você?" Isso, para mim, é ilógico, pois parto do princípio de que, quando se levantam suspeitas sobre abuso (e não só de natureza sexual), as vítimas somos todos nós, que criamos e nos criamos em uma sociedade farta em doenças. Não é necessário ser Dylan ou Woody Allen ou pensar como qualquer um dos dois para compreender a situação, gravíssima para ambos os lados.
Outra, e que me incomoda ainda mais, é discutir se Woody Allen violentou ou não Dylan. As verdades são muitas e, honestamente, jamais se chegará a uma conclusão, já que o caso, ao que me consta, está encerrado, e os fatos estão, naturalmente, borrados pelo tempo e pelas memórias de um e de outro. Em vez de nos perdermos em divagações, acusações e condenações, seria imensamente mais produtivo - ou mesmo terapêutico - para uma sociedade doente como a nossa pensarmos nas lições que episódios como esse trazem. Talvez seja o caso de pensarmos sobre a importância que damos para as figuras que admiramos. Talvez seja o caso de pensarmos sobre nossa quase sempre apressada postura inquisidora, nossa tentativa de acharmos culpados e inocentes, ou vítimas e algozes. Talvez seja o caso de pensarmos que produto estamos consumindo, o autor ou a obra. Talvez, ainda, seja o caso de pensarmos que tipo de sociedade ou de pessoa que queremos ser, a que julga e condena ao ostracismo alguém que pode ter cometido um crime (o que, pelos comentários que já li, tem me parecido ser o caso de Woody Allen) ou a que lida com os criminosos de maneira igualitária e justa.
Concordo contigo em quase tdo mas dizer que criana pode imaginar e acreditar.Nao.Pode ser que quando adulta ter alguma memoria inventada da infancia,mas la quando é criança se tem lucidez sim do q ocorreu.E o relato dela Ela tbm fez no periodo que tudo ocorreu.
Eu nao era nascida em 92 sou de 94 e logo nem sabia dessa historia.Pra falar a verdade a pouco nem sabia quem era esse pessoal e essa Mia vi m conhecer agora q é do bebe de rosemary(filme chaato,terrozinho pebinha) nem sabia q era Ela a desse tumulto todo.Nem sabia q foi casada com sinatra.
Mas pelo q consta nao há testemunhas,provas diferentemente do new hit,logo essa questao desse allen ai fica em aberto.
Nunca pensei que veria tantas feministas, diante de um assunto controverso, dar opiniões tão insensatas e de cunho moral. Esse tipo de maniqueísmo é digno dos piores reaças. Digo porque a "família", "pedofilia", "abusador de crianças" são pautas levantadas e distorcidas por certos políticos, constantemente, para obstruir qualquer tipo de debate liberal profundo.
Concordo integralmente com a Lola e realmente nunca saberemos o que aconteceu. Não resta dúvidas que Dylan foi de certa forma uma vítima: ou da alienação da mãe, ou do abuso do pai.
O estupro é uma ofensa a dignidade humana, condutas criminosas como essa devem ser punidas e reprovadas ao máximo. No entanto, cabe lembrar que pessoas com distúrbios, sejam mentais ou éticos, são pessoas que têm direitos também, além de virtudes. Salvador Dalí, Wagner, Polanski e tantos outros estão aí pra provar. Tempos de caça as bruxas acabou né? Creio que a galera deve ter bom senso.
Lola,
Dado que a moral do WA é bastante peculiar, não seria possível que ele não estivesse mentindo e acreditasse realmente que não cometeu abuso algum? Também nesse caso, nenhum dos dois estaria mentindo.
Pode ter sido um caso de alienação parental, sim. A justiça americana ao meu ver não poupa pedófilos. Lembram do Caso Palanski? Por que com Allen seria diferente? Eram dois homens famosos e prestigiados, um foi condenado e até hoje é considerado foragido
Esse caso era diferente, se bem me lembro ele tinha drogado a menina, tinha fotos, provas.. E deu no que deu porque ele fugiu. Pros padrões da época acho q nem era pedofilia, até porque Polanski desfilava com uma menina um pouquinho mais velha ao mesmo tempo
Uma correção: Soon Yi não era filha adotiva de Woody Allen. Na verdade ele mal teve contato com ela durante anos e a pedido da Mia Farrow ele teria se aproximado da enteada. Esse tipo de confusão que não pode ser feita
A Soon-Yi não é filha do Woody com Mia, e sim de Mia com André Previn. Tanto que ela se chama Soon-Yi Previn.
Há várias fotos deles juntos ao longo dos anos (quando ela era pequena), Woody tem filhos em comum com a Mia.. Por que é tão difícil pra vcs entenderem q ela não ter o sobrenome dele não significa q ele não era uma figura paterna na vida dela? Pensa bem, hoje vc se casa com um homem/uma mulher com uma criança pequena e tudo bem daqui a alguns anos vc e a criança ficarem juntos? Acho que não né? Até porque eles foram vistos juntos bem antes da Mia achar as fotos. é bobagem achar q o Woody simplesmente esperou a menina fazer 18 anos, se apaixonou e pronto
Por que se casar com uma pessoa bem mais nova é visto como crime? Por que um relacionamento que vai MUITO mal das pernas não pode acabar quando um dos envolvidos descobre um novo amor? Quantos julgadores tem por aqui? Por acaso W.A. se apaixonou por uma moça de 17 anos que tinha sido adotada pela ex dele. Ele não a criou. Ele nem morava com a ex, era um relacionamento diferente que acabou de forma escandalosa, muito disso pelo fato de Mia Farrow não aceitar a realidade, seu amor não interessava mais a Woody Allen. Podia ser o contrário, ela ter deixado o cineasta por um rapaz mais novo. E então? Provavelmente ele iria fazer um ótimo filme disso mais tarde. Essa é a história de quem vira a página e de quem não consegue superar perdas e pra isso, envolve até inocentes na coisa. Dylan me parece mais vítima do trauma não superado da mãe adotiva do que do assedia e pedofilia do pai adotivo. Por fim, a sociedade precisa entender que meninas de 17 anos não são todas iguais, e que muitas já tem maturidade emocional para ter um relacionamento amoroso com um adulto.
Que nojo desse comentário. Não vou nem comentar duvidar da Dylan (casos assim sempre trazem psicólogos de farmácia copiando e colando do google), mas em relação a Soon-Yi, querendo ou não ele era PADRASTO da garota, não tem como negar isso há fotos da família em viagens,etc com a Soon-Yi ainda criança. Criar alguém não é só dar mamadeira, brincar de boneca. Woody era marido da Mia, pai de seus irmãos. E vc percebe que esse negócio de maturidade é o mesmo que pedófilos dizem ao sair com meninas de uns 12 anos né? Ele tinha mais de 50 anos e ela era uma adolescente. Além disso, ele a viu crescer. Não há como não ver que tinha uma diferença de poderes aqui
O fato de um dos filhos ter retomado o contato indica que há mais coisas por trás dessa questão. Com relação a Ronan, temos essa possibilidade de ele ser filho do Frank Sinatra - o que indica que Mia não é inocente no processo de divórcio - e a raiva dele pelo pai ter trocado a mãe por outra pessoa, o que ocorre bastante com filhos de pais divorciados.
Que negócio esse de algumas pessoas de juntar sinatra na história, chamar Polanski e quem for pra tirar o crédito da Mia.. Casos extraconjungais não estão na mesma categoria de uma acusão de pedofilia e de uma padrasto de 50 e poucos anos caindo fora com a enteada adolescente
Eu concordo com você Lola: “todo mundo inocente até ser provado culpado”.
Não dá para usar acusações como julgamentos.
É preciso investigar e provar!
O ser humano é complexo: Ele pode mentir, pode achar que foi abusado sem de fato ter sido, etc.
Bruce Torres,
1) Não foi bem isso. A famosa Clínica parece não ter agido de forma muito profissional no caso. Tanto que, mesmo não sendo acusado pelo abuso, WA perdeu o direito de visitar os filhos. http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,pesadelos-de-um-sedutor,1120073,0.htm
2) A comparação com o caso da banda New Hit é válida no sentido de não linchar pessoas que foram acusadas mas não foram julgadas culpadas. É, no mínimo, muito estranha tanta fúria contra a banda New Hit e tanto cuidado contra o WA.
3) O fato de um dos filhos ter retomado o contato pode indicar várias coisas: que ele não acredita que o abuso tenha ocorrido (é bem comum um molecote não se dar conta do que se passa ao seu redor), que ele perdoou o pai, que ele não considera abuso certas atitudes inconvenientes, que ele tem algum interesse financeiro ou artístico, etc.
4) A presunção da inocência é importante, tanto que até pagodeiros escurinhos tem direito a ela. Mas não estamos num tribunal nem estamos decidindo se vamos pedir para o condomínio expulsar um morador do prédio, estamos discutindo um caso prescrito, dando opiniões apenas. O caso da Escola Base foi a junção da irresponsabilidade de um delegado maluco por fama com uma imprensa marrom, não pode servir de desculpa para se duvidar do depoimento de uma vítima.
Incrivel como batem nessa tecla imaginaria de que a Mia implantou memorias, como isso funciona? ela descobriu uma formula magica?
Por mais que ela mande a filha mentir, fale que isso ou isso tenha acontecido, a criança ainda tem bom senso, ao ser pressionada ela vai facilmente ceder a historia verdadeira (de que não se lembra nada, de que a mãe mandou falar isso e isso), e isso nunca aconteceu, e ela foi examinada por varios médicos, até hoje insiste na historia e desenvolveu sintomas pós-traumaticos pelo que relata, ninguém desenvolve esse tipo de sintomas por fantasias. Vamos lembrar de que uma criança mentir abuso sexual é rarissimo, e outra, que credibilidade tem um cara que defende publicamente estuprador de criança (Polanski)? Sim, o Woody Allen o apoiou publicamente, não preciso nem citar o caso da enteada (sabe-se Zeus quando ele começou o "flerte" com ela) e a falta de senso moral do mesmo para o caso. Lembrando que nem sempre o abuso deixa rastros fisicos.
Quando se trata de um diretor renomado, é muito mais facil acreditar que a ex-esposa louca (no maior estilo atração fatal) achou uma poção magica e implantou tudo na cabeça da filha, do que a historia contada pela criança seja verdade, mesmo que ele tenha um historico PESSIMO, mesmo que a maior parte das evidencias estejam do lado da filha, afinal, é um diretor renomado, merece um passe extra. Nojo.
http://www.tmz.com/videos/0_vo2e6ho6/
Um video de 1992 em q Mia rebate acusações de influenciar Dylan, fala que mesmo sem o papel & igreja, ela e o Woody tinham uma relação como casamento e como contou p Dylan sobre Woody e sua irmã (Dylan só descobriu 3 meses depois)
Fico impressionada em ver alguém que se define escandalosamente como feminista defendendo visões de senso comum sobre mulheres: somos todas loucas, vingativas e não podemos ser confiadas nem na nossa própria memória. Quem deve ser confiado, e defendido contra a multidão furiosa não deve ser a suposta vítima ou a sua mãe, claro, quem deve ser confiado é um homem que seguidamente retrata mulheres em seus filmes como interesseiras desequilibradas e que "apenas" teve um caso com a irmã menor idade de seus filho (ah, mas sua agência, não é mesmo?). pff....
W.A. sobre o relacionamento com a filha de mia, irmã de seus filhos:
"It's got a more paternal feeling to it," the reclusive director tells Vanity Fair of his once-scandalous romance. "It just works like magic. The very inequality of me being older and much more accomplished, much more experienced, takes away any real meaningful conflict."
Bem saudável mesmo esse relacionamento!
minha avó dizia: "na casa do mentiroso, até o cachorro mente"...tanto Mia quanto Woody são pessoas perturbadas, cheias de problemas..os filhos, adotivos ou não, desse relacionamento não poderiam ser diferentes ou deixar de sofrer abusos, físicos e psicológicos...gente assim não deveria procriar e adoar, mas vivemos no mundo e isso acontece.
perfeito!
Obrigada, Lola, por quase só falar de fatos que inocentam WA e em nenhum momento citar a carta de Dylan, q contesta os fatos que você levanta. Se tivesse feito isso, seria justo. Dizer só: 'a carta da Dylan tá aqui, leiam' é jogo sujo. Claro que este comentário não será publicado, mas, por isso, deixa eu te dizer: perversos não escolhem dia, nem hora melhores para cometer seus abusos, porque eles sabem que as pessoas os defenderão e que a palavra da vítima é nada quase. o WA é um gênio, né? e sem amarras morais nenhumas, todos sabemos. e se ele fez isso para criar esse circo e tirar a atenção da relação dele com a Soon-Yi, deixar a Mia de louca e por aí vai? enfim: o que se diz que é argumento forte e contundente em favor de WA não o é, de fato. e os psicólogos e demais médicos são desacreditados por Dylan. é difícil 'implantar' memórias na cabeça de alguém de 7 anos - vc já estudou sobre isso? você já parou pra pensar em vc qdo tinha 7 anos? e colocar a sua mãe como argumento???? a sua mãe não é criança e tem algum desvio. Dylan era e é saudável, ao que se sabe. então, Lola, eu acho que você gosta tanto do cineasta que não consegue realmente acreditar que ele seja esse monstro. se fosse qqr outro q dissesse: "se um dia me pegarem com 15 meninas de 12 anos na cama, as pessoas vão dizer 'eu já esperava isso dele'", e ainda acusado de abuso, você já o teria linchado.
Eu tenho uma filha de 7 anos e convivo com algumas colegas dela com a mesma idade. Meninas nessa idade são incrivelmente lúcidas do que se passam com elas. Ainda tem certas fantasias, mas tenho a impressão que muitos comentaristas estejam visualizando uma menina de 7 anos como se fosse um bebê que mal tem os sentidos desenvolvidos.
O polanski era um cienasta famoso e foi condenado mesmo assim, porque haviam provas contra ele.
A Mia também é famosa, e teve apoio de veículos e celebridades nessa história, e mesmo assim não conseguiu
validar sua versão, porque ela é furada mesmo. O problema aqui não está na reputação das pessoas, mas no caso mesmo.
Anônimo disse...
O polanski era um cienasta famoso e foi condenado mesmo assim, porque haviam provas contra ele.
A Mia também é famosa, e teve apoio de veículos e celebridades nessa história, e mesmo assim não conseguiu
validar sua versão, porque ela é furada mesmo. O problema aqui não está na reputação das pessoas, mas no caso mesmo.
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Anonimo, você acha q só porque Polanski for condenado todo diretor é condenado? Polanski é a exceção e mesmo assim a birra com ele na justiça americana foi por ele ter fugido. Porque mesmo condenado ele conseguiu viajar.
Se fosse assim os EUA teriam um mar de homens poderosos na cadeia o que não acontece obviamente. Agora vamos mentir falando que estupradores e pedófilos são condenados por causa de um caso? E as estatísticas?
Anônimo 10:11,
Na minha opinião, abordar essa questão como se fosse uma disputa MF versus WA já indica uma má vontade contra a vítima, DF.
A presunção de inocência é um direito para qualquer pessoa que está sendo acusada de alguma coisa.
É um direito!
Porém, não consigo presumir que um estuprador/abusador é inocente se eu acredito na vítima.
Pra mim é um conflito em que eu tenho que escolher um lado, e eu escolho ficar ao lado da vítima.
Acredito que a vítima tem o direito de ver seu abusador pagar através da justiça pelo crime que cometeu.
Do mesmo jeito que o acusador tem de defender da acusação. Sim, temos que engolir esse sapo, afinal estamos num sistema em que todas as partes envolvidas na questão devem ser ouvidas.
Escutar o acusado não quer dizer que você, cidadã/cidadão e espectadora/espectador, irá concordar com o acusado, afinal você acredita na vítima.
Infelizmente, no caso da Dylan, tudo foi investigado na época e no final "não deu em nada", como acontece na maioria dos casos. E ela tem que conviver com as lembranças do abuso, com a falta de punição de seu abusador e com as pessoas admirando o trabalho de seu abusador, indiferente do comportamento reprovável e criminoso do mesmo.
É f*da, você, vítima, ver seu abusador se dando bem, enquanto você tem que lidar com todas as consequências dos atos de um criminoso insensível. Talvez, a possível premiação de mais uma obra de seu abusador a tenha deixado tão revoltada (de novo) com tudo que aconteceu, que ela não se conteve e teve que se manifestar: - Como as pessoas conseguem gostar e admirar o meu abusador?! Como?!
Assisti poucos filmes do WA e não consigo achar a "genialidade" do diretor. Sorry! Depois dessa retomada de histórias antigas, aí que eu não vou perder meu tempo dando audiência pra esse cara.
A sua opinião em cima do muro, Lola, me deixou chateada como sua leitora, mas você tem o direito de expô-la até porque a essa altura do campeonato não há o que se fazer do ponto de vista legal. Não tem o que fazer mesmo (além do blog ser seu, né).
Fiz um comentário inicial que ficou meio sem sentido, mas lendo mais comentaristas, lendo mais sobre o assunto e a repercussão dele na internet, queria pontuar algumas coisas:
1) Sobre o caso Woody Allen, nunca saberemos a verdade. Tem indícios fortes tanto para o lado do abuso quanto para o lado da alienação parental - inclusive, não são realidades que se excluem, de ter havido, sim, abuso, ocorrido no processo de alienação. E sobre "não ouvir a vítima", a Dylan SEMPRE foi ouvida. Foi ouvida, levada a médicos para procurarem provas físicas do suposto abuso, a psicólogos, e também foi inconclusivo. E dizer que está se duvidando da palavra da vítima nesse caso, não, ela foi levada em consideração, mas tem todo um contexto muito pesado e complexo em torno do caso que não deve ser desprezado. Novamente, repito, bato na tecla: o contexto. Dylan com certeza é uma vítima, isso em momento algum é questionado (não vi EM NENHUM MOMENTO ~NINGUÉM~ a desqualificando como vítima). Só o alerta de que a história é extremamente complexa, que, de novo, está dentro de um contexto muito complicado.
2) De novo porque acho importante repetir: O DEPOIMENTO DA VÍTIMA NÃO. ESTÁ. SENDO. DESQUALIFICADO. Por ninguém e muito menos pela Lola nesse post.
3) A partir de 2: não vejo razão nenhuma para os comentários de decepção, de traição, de "esse espaço deveria dar voz à vítima". Todas as centenas de outros posts então não valem nada? Se esse blog aqui não é dar voz a quem nunca teve é o que então?
(segue)
4) Sei que estupro/abuso são assuntos muito delicados. Sei que são a atitude que mais ilustra o machismo, o patriarcado. Sei que muitas mulheres (e não só mulheres) possuem suas feridas abertas até hoje, nutrem ódio pelo estuprador. Mas... poucos assuntos unem tanto pessoas de movimentos sociais, que são ou deveriam ser bem informadas, e comentaristas de portal. Querem corte de cabeças, ancinhos e tochas em punhos, justiça com as próprias mãos. Essa é uma visão que me apavora. Me lembro até hoje de dois posts: o sobre o adiamento do julgamento do New Hit e o guest post do estuprador. No primeiro, lembro de alguma comentarista falando do direito à defesa dos estupradores e sendo massacrada nos comentários (ela se colocava contra o ato, evidentemente, a favor da condenação, sim, MAS que fosse obedecido o devido processo legal - o que inclui... ampla defesa). Ela foi chamada de machista, validadora, estupradora, misógina e por aí abaixo simplesmente por lembrar que os criminosos possuem, sim, direitos. Que devem ser respeitados. Outro foi todo o furor a respeito do corajoso guest post do estuprador. Gente, acompanho esse blog desde 2010 e nunca, repito, NUNCA, vi a Lola pedir a cabeça de ninguém. Então esse argumento de "presunção de inocência e ampla defesa servem pra todos". Sim.
4.5) Estupro é e sempre será pauta delicadíssima. Pela sociedade, no geral, não acreditar na vítima e desqualificar seu testemunho (sobre especificamente Dylan Farrow, voltar ao tópico 1). Pela falta de punição aos culpados, pela falta de uma resposta legal ao crime. Entendo também a posição de vítima, de algumas pessoas quererem, sim, se vingarem de seu estuprador da pior forma possível. Então entendo perfeitamente as reações apaixonadas que o tema desperta, até pelo que disse antes, por parecer que todo o machismo se concentra na figura do estuprador, e que vingar-se daquele é vingar-se do machismo (porque muitas vezes vejo mais sede de vingança do que de punição). Tudo me remete às origens do próprio direito penal, da ideia de uma justiça estatal - se deixarmos cada um fazer justiça com as próprias mãos, dar a retribuição que entende justa, onde vamos parar? Já que ninguém está isento de cometer crime nenhum - e quando for nossa vez? Por mais que haja falhas sistêmicas, que este caso mesmo (sim, o sistema legal dos EUA é diferente do nosso, mas não é esse o ponto) tenha sido arquivado como inconclusivo, ainda prefiro a segurança de viver num sistema jurídico do que em um onde cada um decide o que é certo ou errado conforme as próprias regras.
4.5.5) Sim, sei que a prova de crimes sexuais é complicadíssima, que é um limitador do sistema penal, e que é muito importante para quebrar a cultura de estupro onde vivemos ouvir a vítima, acreditar na vítima, encorajá-la a procurar denunciar (caso ela na individualidade dela assim o entenda cabível - eu entendo perfeitamente o que leva uma mulher, mesmo com uma rede de apoio, a não denunciar um abuso. Mas essa rede de apoio PRECISA, com toda ênfase do mundo, existir). É fazer a autoridade dar-se conta que a grande maioria das mulheres está falando a verdade quando relata abusos, e tratá-las a sério e não com o desdém, desprezo e violência que vemos nas delegacias e judiciário por aí.
5) Acho a discordância importantíssima. Acho a discussão desse ponto importante. Afinal, vivo numa sociedade dialética, numa cultura dialética - e ela é importante para o fortalecimento de certezas. Odiar a Lola (ou a qualquer um) porque ela pensa diferente é o primeiro caminho para entrar no emburrecimento e na manipulação. Discorda? Ótimo, por que a discordância existe? O que posso aprender com ela? Por que o outro está errado? São posturas muito mais construtivas do que odiar e perseguir os outros que não seguem as exatas mesmas cartilhas e palavras.
6) Não acredito em maniqueísmos, nunca. E os acho limitadores e potencialmente perigosos para qualquer construção ideológica e social.
Lica, concordo totalmente com seu comentário.
A discussão se invertou nos comentários como se todos ou quase que se posicionaram contra o post quisessem linchar o Woody Allen ou a Lola.
O problema do post, repito, não foi presumir a inocência do Woody Allen. Foi presumir a loucura (mentira? imaginação? manipulação?) da Dylan.
Soon-Yi não era filha adotiva de Allen.
André, também concordo contigo. Acho que muitas pessoas aqui não convivem muito com crianças ou, por algum motivo, visualizaram uma criança bem mais nova na situação.
Sobre o relacionamento da Soon-Yi com o Woody Allen a questão não é - apenas - a diferença de idade entre os dois, mas a natureza da relação. Se ambos tivessem se conhecido quando ela tinha seus 17, 18 anos, seria um caso totalmente diferente, mesmo que ele ainda fosse casado e tivesse 20, 30 ou 40 anos a mais que ela.
Agora, eles se conheceram quando ela era uma criança. E ele não era apenas um amigo da família, um conhecido, ou mesmo um professor, era o marido da mãe dela. Mesmo que eles não tivessem um contato diário estreito, mesmo que não se dessem bem, ele ainda era padrasto da Soon-Yi. O pai dos irmãos dela. Assim o foi, por vários anos. Woody Allen era sim uma presença de autoridade na vida dela, e uma autoridade de natureza paternal. Eu não vejo como essa relação inicial tenha se tornado um relacionamento amoroso e sexual sem passar por uma disfunção. E eu dificilmente acredito que possa ser um relacionamento construído de forma saudável.
Para "piorar" a situação, os dois mantiveram o relacionamento enquanto ele ainda era casado com a Mia Farrow, à base de mentira e dissimulação. Mais do que imoral ou amoral, a postura do Woody foi claramente irresponsável. Ele era o adulto da situação, ele era a figura de poder, deveria ter sido o primeiro a levar o relacionamento de maneira honesta - tanto em relação à mulher e aos outros filhos quanto a ele mesmo, e à Soon-Yi. Woody podia muito bem ter escolhido "sair dessa" de uma forma mais sincera, terminando o casamento com a Mia e então assumindo a Soon-Yi, já que a intenção dele era mesmo se casar com ela. Ou seja, a despeito de toda a problemática da relação desigual, para dizer o mínimo, entre eles - ela, a enteada que ainda não havia entrado na vida adulta; ele, o padrasto muito mais velho, mais experiente, pai dos irmãos dela - ele ainda teve um comportamento muito bizarro.
É claro que isso não faz dele um abusador ou pedófilo. O que mais me preocupa é a interpretação que ele mesmo parece fazer do caso, encarando uma relação disfuncional como se fosse algo muito "normal". Não vou nem entrar no mérito de "certo" e "errado", mas o fato dele não ver o dilema moral aqui e não ter considerado os problemas gravíssimos que poderia trazer (e trouxe) para a sua família, especialmente o relacionamento com os filhos, é algo a se levar em conta. No mínimo, ele tem um caráter um tanto dúbio, não é?
Outra coisa, há controvérsias sobre a idade da Soon-Yi, claro, mas eu acho que a gente deve tomar por base a idade "declarada". Explico: é um conceito não apenas físico (embora esse aspecto seja, sim, muito importante), mas cultural. Se quando a Mia adotou a Soon-Yi ela tinha nove anos, por exemplo, mas ela foi considerada uma criança de sete anos, então ela foi criada de acordo com essa idade. O que significa que se ela iniciou o caso com o Woody Allen ao 17, ela era tratada e encarada por todos à sua volta como uma adolescente de 17 anos (mesmo que, "na prática", ela tivesse 17 anos). Inclusive, era ela (ou devia ser) percebida pelo próprio Woody Allen como uma garota de 17 anos. Eu sei que de 17 para 19 são só dois anos, e parece uma diferença pequena, mas eu acredito que seja relevante.
Camila Fernandes
Lola, você foi sim extremamente incoerente nesse post. Vou compara-lo ao coso New Hit (mas só porque foi o único caso de estupro que repercutiu pra valer nas mídias): mesmo antes de sair os laudos da perícia que provaram o estupro contra as meninas, você já afirmava que que é claro que eles eram estupradores, que nunca se pode duvidar da vítima, que eles tinham que ser presos e condenados, que era um absurdo alguém defender eles , que a carreira deles tinha que acabar. Em nenhum momento você falou sobre presunção de inocência, que eles não podiam ser acusados sem provas, que eles eram inocentes até que se provasse o contrário, nada disso.
Você bateu várias vezes na tecla de que a perícia não encontrou vestígios de estupro, mas e se não houve penetração? E se ele "só" tocava nela, mandava ela tocar nele, coisas do tipo? Até onde eu sei, isso não deixa vestígios.
"Não havia evidência física de abuso sexual e, portanto, nenhuma chance de Woody haver sexualmente molestado sua filha" Sério mesmo que você acredita numa psicóloga que fala uma coisa dessas, Lola?
Além do que, perícia, juízes, são realmente confiáveis? Aqui mesmo no blog você falou sobre um caso de estupro onde o cara foi inocentado porque a vítima vestia calça jeans, que só poderia ser tirada se ela abrisse o botão, portanto se ela abriu ela consentiu.
Outra, ele, como a pessoa extremamente inteligente e fria que é, pode perfeitamente ter manipulado os psicólogos para acreditarem no que ele queria, que ele era um cara normal, que amava sua filha. Detector de mentiras é outra coisa que também pode ser manipulada.
Como alguém falou aí em cima, pra mim também faz todo o sentido que ele tenha escolhido essa época do escândalo para abusar da filha, já que estava sob grande stress e tudo mais, seria alguém em quem ele descontaria a raiva. Aliás, eu não acredito que ele tenha abusado dela somente nesse dia, provavelmente era uma coisa que vinha de anos atrás e só ficou pior com todo o escândalo.
E ele pode ter ido para a casa de campo justamente pensando em usar essa desculpa se fosse acusado, de que não faria sentido ele ir lá pq ninguém lá gostava dele, tipo "ninguém vai acreditar que eu fui realmente lá, então será o lugar perfeito."
Outra, por que criticar o fato dela ter falado sobre isso agora? Isso é suspeito? Então, por esse raciocínio, a Xuxa, quando falou no Fantástico que foi estuprada, também estava inventando, por que falou sobre isso só depois de anos? Também era uma memória falsa?
Eu acredito sem dúvidas na Dylan, e acho que você está sim defendendo o Wood, mesmo que não perceba isso. Acho que você não consegue acreditar que um cara que fez coisas tão boas (os filmes) pode ter sido capaz de fazer uma tão horrível, então fica arranjando desculpas para defende-lo.
Fiquei extremamente decepcionada com esse post, com o seu "dois pesos, duas medidas", com os seus esforços pra arranjar motivos pra defende-lo, com a sua dúvida sobre a palavra da vítima e por colocar a Mia como a mulher doida e histérica que queria vingança. Você agiu de maneira contrária do que sempre defendeu aqui no blog sobre casos de estupro, defendendo o estuprador e pondo em dúvida a palavra da vítima. Nunca esperaria um texto desses vindo de você.
Lola, ainda sobre a questão do timing, penso que ele vale para o outro lado também.
Será que após saber sobre Soon-Yi e, mais importante, saber que se tratava de algo reprovável, Dylan se deu conta de que o que o padrasto fazia com ela também era errado? Será que isso não ocorria constantemente em casa, tanto com a irmã mais velha quanto com ela?
Sobre ela só descrever os eventos do dia tal (desculpe, não lembro a data), poderia ser tanto pela mesma razão quanto por ter sido o único dia em que havia adultos "de olho" e dispostos a testemunhar.
Imagino ainda o desespero da mãe, ao ponto de levar ao pediatra na esperança de que tudo não passasse de um engano. O medo. Deve ser um horror descobrir que a pessoa com quem você se casou é/pode ser um abusador.
Não me preocupa a questão moral do tipo "que horror, chifrou a esposa com a enteada", nesse caso da Soon Yi. Me preocupa muito mais o fato de que dificilmente ele terá sido um excelente, afetuoso e inocente pai e que subitamente, quando ela se tornou maior de idade, eles se apaixonaram. Isso deve vir de longe, e muito provavelmente teve início com abusos e muita, muita manipulação. Existe uma relação de poder, de hierarquia, como deve estar careca de saber.
Você disse que Dylan foi ouvida. Quanto? Quando? Seria a primeira vez que ela tocava no assunto? Os guests posts falam bastante sobre a falta de capacidade de escuta das pessoas "de fora".
Ana Carolina,
Mesmo sendo bastante ponderada na maioria do post, antes do julgamento dos integrantes do New Hit, a Lola escreveu isso:
"... as fãs planejam fazer uma passeata em defesa da banda, desde já chamada por quem é contra culpar as vítimas de Marcha dos Estupradores."
"Sério mesmo, Marias Hiteiras, que vocês conseguem ler notícias como esta e continuar acreditando na inocência de seus ídolos? Juram que a lealdade que vcs têm a uma droga de grupo de pagode é maior que a lealdade ao seu gênero?"
(http://escrevalolaescreva.blogspot.com.br/2012/08/meninas-adolescentes-estupradas-culpa.html)
Cadê o princípio da presunção de inocência? Se for ver os comentários, eles são ainda mais agressivos.
Num outro guest post a Lola deu a maior força para as meninas que fizeram isso:
"Algum tempo depois os estupradores chegaram e de imediato, guiadas pela indignação, furamos o bloqueio policial e fomos pra cima deles. Nesse momento a força que explodia em nossas vozes e corpos fez com que 2, 3, até 4 policiais fossem necessários para segurar cada uma de nós."
(http://escrevalolaescreva.blogspot.com.br/2013/02/guest-post-feministas-protestam-no.html)
Cadê a preocupação em não linchar as pessoas? Eu acho que estuprador tem que ser fervido em óleo quente, mas esse post do WA foi totalmente atípico da linha do blog.
Sobre a questão do "linchamento" que os defensores do Woody Allen diz que ele está sofrendo.
O que se entende como linchamento?
Eu não vejo.
Diante de uma notícia onde uma menina de 7 anos que se diz abusada sexualmente, por um cara tão famoso como o Woody Allen, a reação esperada seria o espanto, o choque, o nojo, o escândalo, não seria?
A reação esperada (reação não machista), não é a creditar na vítima?
Se puderem me explicar qual e o linchamtno que ele está recebendo seria melhor. Os jornais mesmos escreveram "suposto caso de estupro". Ele não será preso. Mesmo na época, caso houvesse denúncia, haveria uma investigação.
Tirando as "feministas raivosas" (como querem fazer parecer) que boicotam o Woody Allen e estão sentindo ódio por ele por uma questão de simpatia de gênero, todo o resto do mundo continuará a amá-lo, venerá-lo. Suas obras continuarão rendendo muito dinheiro e poder para ele.
Sério, onde está o linchamento? Me explique por favor.
Eu me sentiria MUITO mais incomodada se diante desta carta de Dylan, todas nós ficássemos comportadinhas, em cima do muro, sem nenhum espanto e sem nenhuma emoção diante de MAIS UM CASO de estupro e manipulação.
Acabei de reler este post aqui:
http://escrevalolaescreva.blogspot.com.br/2013/12/guest-post-hoje-sei-bem-o-que-aconteceu.html
Com toda a argumentação veemente que a Lola fez defendendo um estuprador só porque é um cineasta famoso, ela desqualificou tudo o que a menina passou neste relato. Segundo a Lola, "podem ser memórias falsas"... se houvesse uma investigação, provavelmente não seriam encontradas provas... e aí por diante. Leia os gust posts anteriores, lola, e reflita. Você n~]ao está sendo razoável, está defendendo abusadores nojentos !
Muito obrigada pela defesa, Ana Carolina! Obrigada por dizer isso: " Gente, acompanho esse blog desde 2010 e nunca, repito, NUNCA, vi a Lola pedir a cabeça de ninguém". Não sei como não tem mais gente que repara. Tem muito post aqui sobre estupro, mas quase sempre são guest posts sem nomes (nem da vítima nem do acusado/condenado). Imagina que vou dizer -- mesmo acreditando totalmente na vítima -- que, sei lá, Pedro Paulo Silva estuprou alguém. Sem ter provas? Sem o cara ter sido condenado? Além do mais, há poucos posts de estupros que estão na mídia (o New Hit é uma das poucas exceções, e não sei se vcs notaram, que ele está junto a uma outra notícia que não tem a menor importância). Eu detesto escrever posts pra dizer o óbvio, e não entro na onda de "todo mundo tá falando dos Nardoni, então eu preciso falar dos Nardoni". Se não for pra falar algo minimimamente diferente, não vou escrever. E essas notícias midiáticas, essas que "só se fala nisso", são aquelas típicas em que as pessoas lincham. Aí ficam me cobrando pra que eu escreva um post linchando também, e não escrevo. Vcs não vão encontrar no blog ou no meu twitter alguma menção àquele vídeo da mulher que matou um cão em frente à câmera. Eu nem vou ver um vídeo desses, muito menos escrever sobre isso. Vou escrever o quê? Que estou indignada? Que quero que essa pessoa arda no inferno?
E também não sei se vcs notaram que meus posts são muito mais sobre reações preconceituosas a um fato que sobre o fato em si. Por exemplo, goleiro Bruno. Escrevi sobre ele. Mas é sobre os preconceitos
Sobre o New Hit, isso que eu falo está no update, André. Depois que saiu o laudo médico comprovando o estupro. Mas vcs não acham que existe diferença entre escrever um post sobre algo que acabou de acontecer, que aconteceu naquela semana, e um escrito sobre um caso de 21 anos atrás? Nenhuma diferença?
E o guest post sobre o New Hit foi escrito sei lá quantos meses depois de ter saído o laudo comprovando o estupro. O grupo continuava solto, fazendo shows, enquanto as duas meninas menores de idade tinham que ficar presas em casa. Aliás, o julgamento ainda não aconteceu.
Oi, anon das 14:32, <a href="http://escrevalolaescreva.blogspot.com.br/2013/12/guest-post-hoje-sei-bem-o-que-aconteceu.html>isso é um guest post, </a>e é um ótimo exemplo de como eu dou apoio às vítimas sem necessariamente pedir a cabeça do estuprador. Tá cheio de guest post sobre abuso sexual infantil, vc vai ficar relendo todos? Fique à vontade. Mas vc não está usando qualquer tipo de raciocínico lógico. Primeiro, se fosse a Dylan que tivesse me mandado a carta, se eu publicasse a carta dela como guest post, iria dar todo o apoio possível, como sempre faço. Já falei umas 5 vezes nos comentários que a única diferença que faz do acusado ser o Woody Allen é que estamos falando nisso agora, 21 anos depois. Eu gostar dos filmes dele não afeta minha opinião que o abuso, pelo menos aquele narrado de 4 de agosto, não aconteceu. E eu não disse em nenhum momento que foi a Mia que "implantou" as memórias na menina ou a forçou a inventar a história. Eu só acho que é possível, principalmente em casos de alienação parental, no meio de muito stress, no meio de um escândalo, uma criança criar uma fantasia, ou exagerar um ato, e transformá-lo em algo que não aconteceu exatamente. Mas isso quer dizer que todos os casos de abuso sexual são assim? É óbvio que não! Onde que eu disse isso? Saber que existem denúncias de estupro falsas não é o mesmo que dizer que todas as denúncias de estupro são falsas! E não estou nem dizendo que o caso de Dylan se enquadra nessa categoria de "denúncia falsa", porque ela acredita que aconteceu, então pra mim não é falso, não é mentira. Mas vamos dizer que uma pessoa, pra ferrar com outra, inventa mesmo uma história de estupro falsa. Pode acontecer! Segundo os mascus, 99% das denúncias de estupro são falsas. Segundo o FBI, cerca de 2% são falsas. Já ouvi números falando em 8% também. Mas enfim, todas sabemos que o número de denúncias falsas é extremamente baixo. O que não quer dizer que não existam. Dizer que esta memória de Dylan pode ter sido uma fantasia criada no meio de uma situação de stress (que foi a conclusão da clínica de psicólogos, e que eu acho que entendem mais de casos de abuso do que eu eu e vc) não equivale a dizer que TODOS os casos são fantasias. Vc não acha a sua argumentação um tanto desonesta não?
O linchamento está em dizer "morra Woody Allen" (ou, né, Morra Lola Morra, como foi dito várias vezes ontem e anteontem), em dizer que ele é um pedófilo (quando ele nunca foi julgado por isso -- acho uma acusação gravíssima de se fazer), em dizer que quem deveria ter morrido deveria ser ele, não Philip Seymour Hoffman, em dizer que, como ele é com certeza definitiva um estuprador, todos seus filmes são uma droga, em se negar a discutir fatos, baseado num pré-julgamento, enfim, por todas as "certezas raivosas" que a gente vê na internet -- não só neste caso específico, mas em TODOS que têm grande repercussão. O Sakamoto escreveu sobre isso ontem, e concordo totalmente com ele. As pessoas agem como se linchar fosse terapêutico. E não basta linchar o protagonista, tem que linchar todos que não concordam com o linchamento. Eu quero justiça. Mas não quero fazer justiça com as próprias mãos.
Lola, fui eu que perguntei sobre o que se entende como “linchamento”. Entendi o que disse.
Me desculpe, mas vejo uma desproporção e inversão em sua análise.
Eu vejo:
1) Sim, algumas poucas pessoas estão com ódio, querem sua cabeça, a morte de W. A. e sua (de vc lola) tb. Injusto, precipitado, mas até certo ponto compreensível a raiva para com W. A. Não concordo tb. Nest caso, há linchamento por parte destas pessoas. Porém, vale lembrar que a maioria dos meios de comunicação importantes (e que interferem na opinião pública) não estão querendo a morte de W.A.
2) Uma parte (principalmente as feministas que acreditam no lema: “não duvidar da vítima”) das pessoas estão chocadas, com certa raiva, com pena e empatia com a Dylan, acreditam nela e defende a vítima. Nem por isso querem o W.A. morto, nem por isso querem linchamento, nem por isso querem uma prisão imediata sem investigação.
3)Uma grande parte se diz estar em cima do muro (com tendências a dar mais crédito pra W.A. do que a Dylan. Pq quase todos os textos que li que dizizam “não se pode saber” no final da leitura, deu a impressão de pender para W.A.)
4) Os que acreditam piamente no W.A. Pois o psicólogo disse que não houve abuso (comentário mais machista possível, pois abuso não supõe penetração, tampouco pode se confiar piamente em 1 diagnóstico de muitos anos atrás, sem uma investigação de fato)
Diante deste contexto, dizer que o W.A. está sofrendo linchamento eu acho injusto. Diante do poder que ele tem e prestigio. Diante de um mundo onde mais se duvida da vítima, dizer que ele que está sofrendo linchamento é injusto e inverte a realidade. Mas é claro que haverá pessoas com ódio e sede de linchar, mas é a minoria, a exceção. A regra é a mulher sofrer linchamento, a regra é o homem estuprador sair ileso. Este caso é antigo, e o que aconteceu cm ele? Ele deixou de ser poderoso, rico e prestigiado por isso? Não. E ele que está sendo linchado? Claro que não. Se uma minoria está querendo sua morte, não equivale dizer que ele está sofrendo linchamento, pelo menos não pela opinião pública. A forma como este post está estruturado, dá entender que os que condenam W.A. automaticamente querem linchar.
E o texto do Sakamoto que vc postou é uma crítica do linchamento, só que ao contrário. Não se pode comparar. O texto do Sakamoto se refere ao linchamento que a opinião pública (conservadora) tem a respeito do linchamento para com o lado oprimido. Não o contrário, que é uma minoria (sem poder de influenciar a opinião pública) que está querendo linchar o W.A. que está do lado do poder, por ser homem e rico.
abraços
Lola, não sei se você viu, mas hoje saiu uma notícia sobre o irmão da Dylan afirmando que na época ele acreditava piamente que a menina tinha sido abusada e hoje não. A culpa? Da Mia que teria feito a cabeça dele e de todos querendo sangue e vingança. Queria falar algumas coisas sobre o que eu li dos comentários, Não todos, obviamente.
a) Independentemente da Dylan ter sofrido abuso ou não, fato que nessa altura do campeonato não dá mais pra provar, ela SENTE e VIVE como se tivesse sido abusada pelo pai. E isso me parece ter sido colocado em segundo plano. POrque esta é a verdade dela. Da mesma forma que vários guest posts para mim me parecem uma bobagem, mas eu respeito porque consigo sentir a dor de outra pessoa.
2) Na minha opinião, acho impossível recobrar a verdade dos fatos, ainda mais por tudo que você narrou. Mas há uma verdade inegável que é a traição e casamento dele com uma menina que ele ajudou a criar. Dificilmente esse "amor" começou quando ela fez 17 ou 18 anos, não é? E, sim, isso é um comportamento de pedófilo.
3) Se podemos julgar e criticar outros comediantes por piadas racistas, sexistas etc, porque não posso julgar o comediante Woddy Allen por uma piada de estupro feita nos anos 70?
4) E a coisa que eu acho mais horrível nisso tudo. Se um filho meu achasse que eu tivesse cometido alguma violência e eu fosse inocente. não iria querer saber de provar minha inocência, mas de recuperar o amor de meu filho. De lutar contra todos que fizeram a cabeça dele. Woddy Allen vem a público dizer que o depoimento de Dylan é "vergonhoso e mentiroso?" Só isso? Nenhuma palavra sobre eu sinto muito, amo minha filha, blá blá blá? Que raio de pai é esse?
4) Não boicoto os filmes do Woddy Allen e sou feminista. Mas acho que se o você Lola sempre privilegiou a voz das vítimas, e isso é maravilhoso, sem precisar "checar" se era verdadeiro ou falso, também não entendo tanto empenho em levantar dúvidas sobre Dylan. Que é algo bem diferente do que acontece em "A caça" e poderíamos também lembrar do caso da Escola Base.
Giovanna
Olá, Lola, leio seu blog diariamente e quase sempre concordo com vc. Inclusive nesse caso. Obrigado por trazer esse importante debate à tona. Vc acaba sendo atacada por isso, mas saiba que vc faz muita gente refletir, inclusive aqueles que discordam de você. Por sinal, saiu essa noticia hoje no g1: "Filho de Woody Allen defende cineasta: 'Não molestou minha irmã'" http://g1.globo.com/pop-arte/cinema/noticia/2014/02/irmao-da-filha-adotiva-de-woody-allen-nega-acusacoes-de-abuso-sexual.html
Lola,apenas citar as diferenças de tratamento que você deu para duas situações IGUAIS, só que uma delas envolve um cineasta famoso, não tem nada de desonesto, afinal quem publicou os dois posts foi você, não eu. E sugiro que todos leiam esses dois posts : o que envolve o cineasta famoso e o que é referente a um cidadão não famoso:
http://escrevalolaescreva.blogspot.com.br/2013/12/guest-post-hoje-sei-bem-o-que-aconteceu.html
, e vejam como a Lola argumentou de maneira diferente nos dois. Aonde está a desonestidade ? Na minha argumentação ou na sua?
Giovanna,
A fala do irmão da DF e de sua tia são tão típicas de familiares que querem por panos quentes num escândalo familiar enquanto tentam culpar a mãe da vítima (que desde o início ficou do lado dela) por histeria que, para mim, mais que desmentir, corroboram a versão da DF.
Giovana, esse mesmo irmão tbm diz q W.A. simplesmetne ~se apaixonou~ pela Soon-yi, como se não fosse nada demais e basicamente fala q foi tudo mentira como se ele estivesse grudado na Dylan 24/7
Sem falar que se Moses está com Woody, Ronan está com Mia e a irmã (Não sei bem dos outros)
Eu só acho estranho como todos preferem acreditar numa conspiração envolvendo Mia fazendo tamanha lavagem cerebral numa criança q dura décadas e absolver o pobre Allen, q na época fez piada com estupro, chamou Mia de louca, disse q tudo bem ir pra cama com meninas de 12 anos, defendeu Polanski, fez par romantico com adolescentes em filmes, aquele script fazendo graça de pedofilia, trocou cartas com uma menina de 13 anos e é claro, ficou com a enteada, não sentir remorso e ainda dizer q o relacionamento era paternal e q era bom porque tinha uma diferença de poderes
E ainda tem gente aqui que acredita na justiça americana, q mesmo após toda essa confusão deixou ele anos mais tarde adotar meninas, hoje adolescentes.
"I'm open-minded about sex. I'm not above reproach; if anything, I'm below reproach. I mean, if I was caught in a love nest with fifteen 12-year-old girls tomorrow, people would think, yeah, I always knew that about him. Nothing I could come up with would surprise anyone. I admit to it all." - ALLEN, Woody.
Fonte: Arquivo da People's Magazine (http://www.people.com/people/archive/article/0,,20066950,00.html)
o meu abusador era amicíssimo da família. eu o conheci ainda criança. qdo eu tinha dez anos, o comportamento dele comigo começou a mudar: ele não me fazia carícias sexuais stricto sensu, mas me abraçava muito, me beijava perto da boca, era sempre muito atencioso, dizia que eu era bonita, que estava cheirosa. e, com onze anos, ele passou a me chamar de mulher, às vezes. eu estava crescendo e era uma menina diferente: gostava de mpb, p.ex., enquanto as meninas gostavam de baladinhas, sertanejo, pagode. ele se aproximava de mim, me dava atenção e falava sobre as coisas com as quais eu não tinha com quem falar. cantava músicas de amor olhando pra mim. eu fui me apaixonando. quando eu tinha 13 anos, ele me beijou. eu estava parada, sentada a uma mesa, escrevendo. ele chegou e veio cumprimentar e me beijou na boca. meu universo era ainda infantil e eu só tinha beijado em brincadeira de criança. eu me apaixonei. pouco depois, ele disse que estava apaixonado. eu tinha certeza de que íamos ficar juntos e me revoltei com o mundo - que não entendia nosso amor (pq a gente não podia contar). mas ele casado. eu era tão ingênua que achava que ele não tinha se casado por amor, mas porque sua mulher estava grávida. então é isso, gente: o cara tinha 30 anos, me conhecia desde criança, era casado e tinha um filho e se apaixonou por mim, quando eu tinha 13. tá certo. eu me mudei de cidade. e esporadicamente nos víamos, mas nos falávamos às vezes por telefone. ele pedia pra eu ligar. o casamento dele acabou e pra mim era a confirmação de que ele não amava a mulher. ele me amava. com 16 anos, finalmente chegou o grande dia. ele foi me ver, pra ficarmos juntos. eu era virgem e ele foi tão bruto que eu sangrei durante 1 dia e meio. depois, era como se eu não existisse mais. ainda aconteceram outras coisas, porque eu não percebia, ou não queria perceber que ele tinha me enganado todo esse tempo. ele passou a me tratar como se eu fosse dele. ainda bem que eu estava crescendo e passei a evitar e a fugir. o estrago já tava feito, contudo: depressão, tentativa de suicídio, relações conturbadas. muitas mulheres casam com seus abusadores. eu não casei com o meu, ainda bem, senão hoje eu seria a mulher que ele trai com outras meninas (como eu sei que ele faz). acho que essa história do WA ainda vai feder. ele não deixou de ser quem sempre foi - e ele tem duas filhas adotadas adolescentes.
WA fazendo piada sobre o estupro que sua mulher sofreu: http://www.youtube.com/watch?v=vnW0sqykulM&feature=youtu.be
Lola, em primeiro lugar, parabéns pela sua coragem de abordar um assunto tão espinhoso numa posição fácil de ser condenada. Pra mim o fato de uma polícia das mais corretas e eficientes do mundo ter concluído que não houve abuso, pesa muito em favor do Allen, mas ainda assim não "bato o martelo". Acho que jamais saberemos a verdade. Continuo gostando dos filmes do Allen, mas não o admiro como pessoa, e não dá pra considerar ele um santinho.
Lola, você é minha musa inspiradora!
Também tenho um blog e algumas vezes deixo de falar de certos assuntos pela quantidade enorme de informação e links que tenho que organizar, acabo ficando sem tempo e não faço. Por isso admiro tanto teu blog e teu esforço em sempre colocar toda a informação, como neste post, que sinceramente eu não sei nem o que pensar...a única coisa que lembro me chamou a atenção foi que muitos anos depois Woody deu uma entrevista em algum lugar e questionou o fato de terem dito que ele abusou de uma criança em um sotão ou porão, não lembro bem, mas o ponto é que ele é famoso pelas suas neuras e sua claustrofobia e quem sofre disso sabe que não coloca os pés em um lugar fechado...
Enfim, pelo lado que se puxar a história é sórdida e infeliz, eles poderiam ter se matado se quisessem, mas envolver crianças e a saúde mental delas é absolutamente criminoso.
Lola, obrigado pelo blog e agradeça sua mãe por ter te colocado no mundo, você muda e melhora muitas vidas! Beijo!
Finalmente, alguma coisa inteligente sobre o assunto. Love U Lola, sempre uma boa leitura. Você resgata o feminismo por um viés contemporâneo.
Concordo. Assino embaixo desta opinião também. Repito comentário que já fiz acima: A presunção de inocência é um princípio jurídico que deve ser observado, todavia admiro ainda mais a coragem do procurador que teve a coragem de continuar investigando, porque se sabe que em casos assim, de diversos sentimentos misturados, sabemos que pode ocorrer justamente o contrário quando se procura pela verdade. A própria vítima por vergonha, culpa e pela confiança que depositava no abusador, pode se desdizer e evitar reavivar as memórias no momento em que está sendo inquirida. Daí a mistura de lembranças nubladas e fatos tanto tempo depois. Concordo também com quem disse que o comportamento de Alen já era abusivo com a outra garota, tendo ele assumido com ela ou não, relacionamento posterior. Ela era maior inclusive, pode ter consentido, mas o comportamento ainda me cheira a sujeito que olha para o outro em primeiro plano como objeto de desejo para o qual tem licença na "apropriação" por ter " intimidade", por presumir que pode usar dela para mais facilmente investir. Tenho histórico de abuso com pessoas próximas, as quais interpretava erroneamente como interesse genuíno por mim. Eu com 12 e os parentes em questão com 22, além de um pai de uma amiga para o qual me fazia de sonsa quando ele dizia que "eu já estava no ponto" com 14. Fora os amigos que por saber de nossas histórias com outros caras se sentem no direito de forçar a barra. De amigas e amigos gays tenho incontáveis exemplos, gente que foi abusado por pai, por tios, com raros casos de haver quem acreditasse que eles queriam dar fim àquilo. Então, entendo que em um processo judicial deva haver presunção de inocência, também não sou favorável à violência como punição, mas, me desculpem os que acham que o contraditório da época igualmente midiático seja suficiente para elucidar os fatos, porque abusadores não só não se comportam de maneira ingênua como a cultura valida seus comportamentos.
Achei admirável a posição de ponderação adotada pela Lola, autora do post.
Não bastasse os acontecimentos em discussão terem como protagonistas pessoas famosas e muito distantes da nossa realidade, tudo isso é agravado em razão da época em que tudo aconteceu, há mais de vinte anos.
A discussão é saudável, sempre. Mas acho que não temos capacidade de emitir juízo de valor, por ora. Temos que nos basear nos fatos, no que foi apurado no sistema judicial, e no máximo considerá-lo justo ou vicioso. Decidir se o Woody Allen é culpado ou não é tarefa infrutífera, de mera especulação.
E é triste ver tanta gente inteligente incomodada com o simples fato do conteúdo da postagem não coincidir com o que desejavam, fora a maneira como expressaram esse descontentamento.
Infelizmente, tá faltando muita maturidade para certos frequentadores deste blog. Mas faz parte.
querer falar em fatos fatos fatos o tempo todo quando se fala em abuso sexual infantil é querer enterrar todas as vítimas, porque em 99% dos casos só há a palavras das vítimas. o que as pessoas esperam, que todo abusador de crianças as estupre e deixe sêmen? maravilha: a maioria das crianças estupradas morre. que pessoas boazinhas vocês são.
Onde tem o guest post do estuprador? Não achei, alguém pode me mandar o link, por favor.
Lola, a Dylan respondeu e tocou nos seus pontos de lavagem cerebral
Dylan says she knew she would be taking on one of the most powerful and esteemed forces in Hollywood. Indeed, some of Allen's defenders claim she wrote the letter – during awards season, no less – to sabotage her father, whose film Blue Jasmine is nominated for three Oscars. Others have said she wrote it to vindicate her mother. (Mia did not see the piece before it ran, a family friend says.)
"I've been hearing that a lot," says Dylan. "I'm happy to answer that. My intention in writing that piece was to put the truth on paper from a voice that was not able to speak before."
"People are saying that I am not actually remembering what I remember. People are saying that my 'evil mother' brainwashed me because they refuse to believe that my sick, evil father would ever molest me, because we live in this society where victim blaming and inexcusable behavior – this taboo against shaming the famous at the expense of their victims – is accepted and excused."
Mais:
http://www.people.com/people/article/0,,20784292,00.html
"Contrariando o senso comum, ser formalmente acusado de ter violentado alguém é provavelmente causado por, de fato, ter violentado alguém, assim como em qualquer outro crime. Assumir que no caso da violência sexual é diferente, em detrimento das estatísticas, é causado pela cultura do estupro e pelos desvios sistemáticos que a cognição humana comete da racionalidade—os chamados vieses cognitivos."
https://medium.com/p/4e3cb94da098
Pior post de todo o blog. Porém talvez a melhor discussão. A Lola mandou mal, mas foi salva por seus leitores
Sim, eu reparei. Eu fui estuprado na infância e vejo no rosto dela a mesma falta de expressão que vejo nas minhas fotos de criança. É doloroso e triste. Só quem passou por isso entende e reconhece.
Como mulher que, quando criança (dos 3 aos 8 anos de idade) foi reiteradamente abusada pelo "pai", pessoa de grandes posses na época e que silenciou meio mundo usando a paga do dinheiro, que silenciou até mesmo a minha mãe, falecida em circunstâncias jamais esclarecidas completamente, sinto-me humilhada, invadida, agredida e massacrada novamente por ver em um site feminista a defesa de um estuprador. Até os neomachistas reconhecem a monstruosidade do Woody Allen e parecem repudiar a pedofilia de forma mais aberta e veemente.
Se isso é ser feminista, então podem ficar com a minha carteirinha.
não entendo essa reação em massa - não só em, mas principalmente por - blogs feministas. Super me abriram os olhos para como estamos constantemente culpando a vitima, e dando desculpas para o agressor. E simplesmente todos os blogs nos quais li materias sobre esse caso, ele está sendo tratado dessa mesma forma. Desculpa, acho meio dificil uma pessoa criar que foi molestada pelo pai "out of thin air", como se diz, só por "influencia" da mãe. Isso soa exatamente como o tipo de desculpa que escutamos de pessoas menos esclarecidas sobre a maior parte dos casos de abuso.
Não sei qual é o objetivo da familia em revisitar a historia depois de todos esses anos, mas pode ser - pasmem - por seguirem inconformados com o fato do acusado sair não só impune, mas vangloriado mundialmente. Ainda que tenham os motivos menos nobres para fazerem isso, fico chocada com essa reação em massa de proteção ao acusado se não houverem provas (tirando se você considerar testemunho da vitima, claro). provas realmente jamais haverão, mas eu esclho dar o beneficio da duvida para a vitima, e não ao acusado.
ah, deixei um comentário inflado a pouco, mas ressalto que, mesmo se o cara for culpado, isso não automaticamente não torna todos os filmes dele horriveis e ainda podemos ser fãs de sua obra. caso alguem tenha dúvidas e tal. Tá ai essa orientação pra vida.
Tem novidades...
http://radaronline.com/exclusives/2014/02/woody-allen-dylan-farrow-sexual-abuse-secret-report-exonerated/
http://amradaronline.files.wordpress.com/2014/02/yale-new-haven-hospital-allen.pdf
mais detalhes sobre o caso
http://www.cartacapital.com.br/blogs/outras-palavras/woody-allen-condenado-por-sensacionalismo-3363.html
Obrigada Lola, pelo post! Obrigada pela honestidade que teve com o caso . Você é a única blogueira que analisou com cuidado toda a questão, evitando ao maximo julgamentos ou linchamentos! Eu não estava viva no momento do escândalo e acho muito bom alguém esclarecer tudo isso! Acho que independente de quem está errado (Mia ou Woody), a vítima sempre vai ser Dylan, e ela merece, antes de tudo, ser ajudada e tratada com compaixão. Abraços!
Lola, Dylan respondeu a esse texto de Allen:
http://www.hollywoodreporter.com/news/dylan-farrow-responds-woody-allen-678552
Toda essa história é muito triste. Mas quem dera que todo acusação de abuso infantil ou de mulher adulta, fosse tratado com tanta minúcia, equipes de psicólogos envolvidos, acusado passando por detector de mentiras, enfim... Se fosse assim, com certeza um número bem maior de estupradores e abusadores estaria na cadeia.
Agora, quanto ao caso do Woody, não há dúvidas de que é uma pessoa extremamente narcisista e egocêntrica.
Agora, se houve o abuso, não sabemos, mas não podemos reclamar de que não houve uma investigação minuciosa, porque houve.
Infelizmente acho que nunca saberemos a verdade, mas acho realmente que tem muita feminista que está confundindo as coisas, que acha que ser feminista é sempre achar que se um homem diz uma coisa e uma mulher diz outra, é sempre a mulher que está certa, e nem sempre é.
Temos sim que lutar pra que vítimas denunciem, que denúncias sejam bem apuradas, que se comprovado o abuso criminosos sejam presos. O caso da New Hit é um exemplo de estupro comprovado devidos às provas e os acusados aí, dançando pra lá e pra cá, como se nada tivesse acontecido.
A maioria das denúncias de casos de estupro e abuso é verdadeira, mas e se no caso do Woody estivermos diante de um caso em que realmente não aconteceu?
Não consigo ver Mia como esse monstro manipulador que muitos tentam retratar nem como essa má mãe que outros dizem. E Woody só piora as coisas pro seu lado ao dizer que não considerava Soon Yi como uma filha nem como criança. Ela chegou na vida dele ainda pequena, por favor! Se Woody fez ou não, sou a favor de acreditar na vítima, que precisou de muita coragem pra desabafar tudo isso, e quanto ao resto, Woody precisa rever um pouco do seu Eu social...
Esquire lisa alguns momentos de pedofilia de woody
http://www.esquire.com/blogs/culture/dylan-farrow-woody-allen-movies
lola dÊ só uma olhada no que a vítima do Polanski disse sobre o assunto;
http://www.eonline.com/news/508795/roman-polanski-victim-discusses-dylan-farrow-s-woody-allen-accusations-can-this-help-anyone-else
Fiquei impressionada porque ela soa muito como vc, dizendo que nem todas as vítimas tem a oportunidade de publicar sua história numa revista como vanity fair e sobre perdão e cura
Lola, eu não vejo como você. Não acredito nessa investigação absoluta, que descobriu toda a verdade e ninguém pode discordar. Nem concordo com o cenário que ele quer criar. Para mim, um homem frio como ele, bem poderia ser um sujeitinho vingativo que escolhe aquele momento para abusar da filha pequena e transtornar ainda mais a ex-mulher. Algumas pessoas nascem crápulas!
Pesquisei bastante e descobri que a equipe de profissionais que avaliou Dylan era composta por 2 asssitentes sociais e 1 pediatra, sendo que o pediatra nunca viu Dylan. Essa avaliação não foi considerada imparcial pelo juiz!
"O caso da Escola Base foi a junção da irresponsabilidade de um delegado maluco por fama com uma imprensa marrom, não pode servir de desculpa para se duvidar do depoimento de uma vítima."
Oi? O delegado maluco e a imprensa marrom se basearam nos depoimentos das supostas vítimas. Aliás, o caso desabou exatamente por que os depoimentos das supostas vítimas eram inconsistentes. Particularmente por que as vítimas (é, crianças pequenas, que "nunca mentem", mas que foram levadas por seus pais a contarem uma história da carochinha) narraram que os abusos aconteceram num compartimento subterrâneo da escola, e quando a perícia foi verificar, não existia subterrâneo algum. Portanto, é exatamente o caso: duvidemos dos depoimentos, seja dos acusados, seja das supostas vítimas, até que eles se mostrem verdadeiros.
mia farrow bancou a mulher traida a vida toda e agora diz que o filho de woody allen, pode ser do frank sinatra.
ela tem todo motivo rpa ter odio dele, mas acho mal caratimso dela ter bancado a vitiam se tmbém tinha um caso extra conjugal. e vale lembrar que ela defendu o Polaski que foi provado que
Porra, essa historia de ficar dizendo que a Dylan não mentiu "realmente acredita que foi abusada numa fantasia infantil" é uma desonestidade, sério. Coisa de quem quer botar panos quentes na historia sem se responsabilizar tomando um lado.
Dylan tem 30 anos agora e afirmou categoricamente que foi abusada SIM. Com 7 anos a gente se lembra das coisas, principalmente das traumaticas. Pode não lembrar dos detalhes ,confundir algum aspecto mas a mão dele nas partes intimas dela... isso ela vai lembrar sim.
Tenho amigas que foram abusadas por essa idade e nunca duvidei do testemunho delas.
Achei de uma insensibilidade tremenda, Lola.
se ela diz que foi abusada, ela foi.
abuso não precisa ser genital,
e assim ter a comprovação científica.
se ele tiver levado ela para um porão e mexido na sua barriga, no seu ombro, de um jeito abusador, isso já é abuso.
Se uma das feministas em que eu tinha mais e mais referência posta um texto diante da carta de uma mulher adulta que afirma categoricamente um estupro que vivenciou, com detalhes de sordidez, e então pede para que não façamos "linchamento do acusado".. I rest my case. Acho que essa foi a minha primeira grande decepção desse ano.
Você fez uma investigação de boteco. Pegou todos os recortes a que teve acesso, fez a sua geléia e com toda a sua dedicação ficou cega e desprezou o depoimento de uma mulher sã, hoje adulta, e de uma babá sã, à época, que afirmam quanta merda que aconteceu.
Queria desver esse julgamento todo. Nojo. Desse porco e de quem se vê no direito de fazer texto pra julgar uma mulher cuja única referência na mídia é conviver com a dor de ter sido estuprada por um "astro".
Por favor pegue toda a sua grande capacidade de analisar conjunturas para ficar bem quieta diante de uma mulher que alega abuso.
Tem esquerdomacho dando de 10 em sites feministas como isso daqui.
Espero que você consiga imaginar como deve ser DURO ser julgada e setenciada por alguém que se julga porta voz de uma unidade ao se deparar com "mimimi não saiam julgando".
Como massacra, destrói, esvazia, assalta, humilha. Espero que você repense. Mil vezes julgou. Mil vezes condenou.
Pode dizer que gosta do filminho do monstro. Acho que seria bem justo você fazer open bar desse seu tino fílmico. Seria mais honesto pra fundamentar essa teia que você montou pra pedir mais amor por favor para Woody Allen.
Olha, pouco me importa. Escreva muito mesmo, Lola, porque tem que sair de dentro. A coisa boa e os pensamentos de merda também.
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