quinta-feira, 17 de outubro de 2013

GUEST POST: FEMINISMO E MATERNIDADE

A J. me enviou este texto polêmico e me pediu para que fosse publicado anonimamente. Não briguem comigo! (aliás, quem quiser contestar este texto, é só mandar um guest post pra cá). 

Lola, fiquei muito intrigada com uma discussão secundária que permeou um guest post publicado no seu blog e resolvi me posicionar, dando o meu testemunho. Aviso, desde já, que para legitimar minhas escolhas não pretendo desqualificar as demais. Falo por mim, e só.
Venho de uma família de mulheres intelectualmente proeminentes. Minha avó cursou medicina, nos idos de 1930. Exerceu de fato a profissão, embora com adaptações convenientes à época: atendia senhoras e crianças, e seu consultório funcionava em casa. Era também mestra e doutora.  Minha mãe, de igual forma, exerceu com muito sucesso a medicina. Formei-me em direito e fui aprovada em muitos concursos públicos. Hoje exerço uma função pública relevante, disputada por concurso, para o qual estudei incansavelmente, dedicando todo o meu tempo disponível durante um ano.
Paralelamente a tudo isso, casei com um homem que amo e tive dois filhos. Eles nasceram saudáveis e de parto cesáreo. Tirei as licenças maternidade a que tive direito, amamentei o quanto pude, estruturei minha casa com pessoas de confiança e com muita vigilância e voltei a trabalhar, imensamente feliz por fazer algo de que gosto tanto, por que tanto lutei, com tanto amor, e que tanto contribui para a distribuição da justiça na sociedade.
Hoje me espanta  a quantidade de discursos panfletários de mulheres que fizeram outras opções de vida e querem convencer a todxs de que aquele é o único caminho a seguir. Qualquer parto cesáreo equivale a uma “violência obstétrica” ou “extração cirúrgica do bebê”. Nem parto é mais! A mãe que trabalha e/ou contrata creches ou babás “terceiriza a infância dos filhos”. Até um novo verbo surgiu para explicar esse fenômeno, da renúncia à vida própria e do resgate da função de cuidadora da família: maternar. O certo, então, é largar a profissão, o emprego, e se dedicar com exclusividade a cuidar de marido, casa e filhos, sob pena de se causar dano irreparável à criança.
E os riscos que essa opção traz? Qualquer relacionamento é maduro ou democrático o suficiente para suportar essa desigualdade financeira, em que um dos parceiros depende integralmente de outro? O feminismo já está tão absolutamente consolidado em nossa sociedade, a igualdade entre mulheres e homens já é tão inquestionável, que a mulher já pode se dar ao luxo (novamente!) de depender do seu marido, sem risco de submissão e inferiorização? 
Seu relacionamento é assim, mulher “empoderada” (esse é o termo utilizado nas redes sociais de mães  para definir a mulher que “retomou as rédeas da criação dos filhos”)? Beleza! Deite e role, sem medo de uma separação conjugal em condições desiguais, pois para você não há riscos ao abdicar de uma carreira, para cuidar de casa e filho.
Mas essa não é a realidade de todas as mulheres brasileiras... Nem todas podem se dar ao luxo de viver como as suas avós (ou bisavós, no meu caso), sob pena de correrem o sério risco de pagar um alto preço, no futuro, por suas escolhas de hoje.
Se já senti culpa por não ter tido parto normal? Nenhuma! Não me sinto vítima de qualquer tipo de violência obstétrica, não me sinto iludida pelo sistema, que supostamente me condicionou a fazer uma opção inconsciente, não sinto que fui persuadida a sofrer uma intervenção cirúrgica desnecessária, não sinto que a minha obstetra tenha sido desleal ou preguiçosa, apenas para se “livrar do incômodo” de conduzir um parto normal.
Absolutamente! A escolha foi minha, e se dela pudesse derivar qualquer prejuízo para mim ou para meus filhos, tenho médicos que me amam em número suficiente na minha própria família para me convencer a fazer outra opção. Tive bebês grandes, com mais de quatro quilos, e preferi mil vezes a intervenção cirúrgica sofrida do que as possíveis consequências do parto normal a longo prazo (dentre as quais cito o prolapso de útero/assoalho pélvico, incontinência urinária e por aí vai). Por favor, parem de tentar me incutir uma culpa que não sinto!
Se me sinto culpada por trabalhar fora e deixar meus filhos sob o cuidado de terceiros? De jeito nenhum! Me realizo profundamente com o meu trabalho, e reconheço a sua importância social. Sou a melhor mãe que posso ser. Embora não execute pessoalmente todas as atividades do cuidado com crianças, delegando parte dessas tarefas às minhas ajudantes, permaneço atenta e vigilante, emocionalmente disponível, tenho muita paciência com eles  e sei que não há nenhuma sombra de dúvida em suas mentes acerca da intensidade do meu amor. 
Quero que eles tenham um modelo igualitário de mulher, que aprendam, em casa, comigo, que a mulher é tão capaz quanto o homem, que sintam orgulho da mãe deles, que sejam meus amigos e que usufruam de conforto, boa educação e boas oportunidades, para os quais a minha remuneração  é indispensável. Cresci assim, tendo como modelo uma mulher forte, intelectualmente ativa, que sempre trabalhou fora e que, ainda hoje, é a pessoa com que mais conto na vida. Nenhum trauma, só motivo de orgulho da mãe que tenho e da mãe que sou.
Percebo, contudo, que a dúvida acerca das próprias escolhas faz com que muitas mulheres que hoje abdicam de suas carreiras em prol da família passem a questionar a conduta daquelas para as quais a “queima de sutiãs” há mais de cinquenta anos atrás não foi em vão.  

Minha breve resposta: Eu defendo que as mulheres (as que têm escolha, o que por si só já é um enorme privilégio) trabalhem fora. Acho arriscado ser financeiramente dependente de alguém. Mas ninguém nunca verá neste blog um post meu condenando uma mulher (ou um homem) que fez a opção de abdicar da carreira para cuidar da família.
Eu acho temerário que o Brasil seja recordista mundial no número de cesáreas. Países bem mais avançados que o nosso insistem que cesáreas só devem ser realizadas em casos excepcionais, ou seja, em menos de 15% dos partos, e não na imensa maioria deles, o que acontece por aqui por motivos culturais. Creio que, como feministas, devemos questionar um sistema que força as brasileiras a fugir do parto normal. 
Mas ninguém nunca verá neste blog um post meu condenando uma mulher que fez cesárea de ser "menos mãe" ou qualquer coisa que o valha. 
E por aí vai. Eu critico o sistema, não as pessoas afetadas pelo sistema. E acho que, como feministas, devemos sempre questionar o status quo. No Brasil, o que é o status quo? Quem faz cesárea ou quem faz parto normal? 
Mas o que eu acho é que não precisamos brigar. Não há um modelo de mulher nem o jeito certo de viver a vida. Mulher que é mãe e cuida dos filhos, mulher que é mãe e trabalha fora, mulher que opta por não ter filhos, mulher que faz cesárea, mulher que tem parto normal, mulher que amamenta, mulher que não amamenta -- o feminismo pode ser empoderador para todas nós.

Leia a resposta da Ligia: Em sua luta contra o resto do mundo, de que lado você está?

281 comentários:

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Josi disse...

Sugiro assistir:

http://www.youtube.com/watch?v=3B33_hNha_8

O Renascimento do Parto

Anônimo disse...

Lola, libera os comentários!

Josi disse...

Gente, não existe problema algum em bancar, como muitas fizeram nos comentários "eu sei que não tem respaldo científico, mas eu banco minha escolha e sou feliz assim". Ponto final!
Ativismo que ofende e julga diretamente não me representa!! Agora não venham me dizer que o discurso devidamente respaldado sobre amamentação e parto falando de evidências e benefícios é opressor, pq não é! Se der/ quiser colocar em prática faz parte da história de cada uma.
Vamos nos apoiar mais! Está com dificuldade de amamentar, vamos conversar, vamos ver oq está acontecendo... Não adianta xingar as ativistas que colocam as nossas expectativas lá em cima! Queria PN e o médico deu desculpa esfarrapada, o sistema venceu? Vamos trocar informações, nos acolher. Não esperem acolhimento de ativista pra cesárea eletiva, claro! Mas obviamente, sempre tem que haver respeito!! De todas as partes!
Já somos julgadas pelos partos, criação, amamentação pela sociedade... e por sermos mulheres! Não vamos deixar isso acontecer entre nós! Precisamos nos fortalecer. Pra isso serve o feminismo. Pra empoderar e fortalecer!

Anônimo disse...

Josi, de 1% para 3%, não vejo tanta diferença assim... A taxa de complicação é, de qualquer modo, pequena. E há de se convir que " na conta" da cesárea estão as complicações inerentes às hipóteses de gravidez de alto risco, que não "inflacionam" as taxas do parto normal. Além das complicações pós tentativas infrutíferas do parto normal.

Anônimo disse...

Eu fui uma das xiitas do PN e da humanização - não que isso seja ruim. Mas ao perceber do que é se alimenta este sistema (só quem tem muita grana consegue um parto humanizado) e que ele é tão mercenário quanto o médico cesarista, e do quanto as mulheres podem ser cruéis umas com as outras, saí fora e fui ser feliz. Os blogs maternos (vila mamífera, entre outros) destilam preconceitos contra tudo que se desconhece e levam enxurradas de "informações científicas" que de científicas mesmo nada tem. São puros preconceitos disfarçados de informações.
Triste tudo isso, nunca vi homens se atacando desta forma. Por isso me solidarizo com a autora do post.
Beijos, Lola

Feminista capitalista disse...

Oi Juba, realmente,ontem depois de postar eu li o meu comentário e achei que ele pareceu um tanto agressivo sim, como se eu estivesse dando um chilique com raiva e atacando as mães dona de casa, rsrsrs, mesmo assim eu o mantenho porque de fato ele reflete o que penso.

Acontece que só agora eu li os comentários e vi que a caixa estava tão pesada, como se estivessemos em um campo de batalha, ontem postei tendo apenas lido o texto e ignorando os comentários,tomando por base única e exclusivamente aquilo que a autora escreveu.


Ah,antes de começar, na parte onde eu escrevi “essas mulheres’’ , eu não estava desdenhando não, muito menos o fiz por maldade como se estivesse dizendo : ‘Essas fulanas...’ ou então ‘Essas sujeitinhas...’, NADA DISSO, eu apenas precisava me referir a elas de alguma forma, e por isso chamei-as de ‘essas mulheres’, poderia muito bem ter dito ‘essas mães’; mas aí eu me incomodaria de imediato, porque ia sentir como se estivesse reduzindo-as apenas ao papel de mãe, e isso eu não gosto, primeiro porque a sociedade já faz isso o tempo todo, segundo que mulher não é sinônimo de mãe,apesar de muitos ainda acharem que sim, terceiro porque elas são sim mamães, e eu acho isso ótimo,maravilhoso e muito alegre, mas elas não se resumem a isso. Na parte onde escrevi “essas mulheres” substitua por “Essas pessoas que a autora critica em seu próprio texto”,pois dá o mesmo sentido e não altera em nada o efeito de meu texto. :)

Na realidade eu concordo com a Maria Valéria de que a licença maternidade brasileira é ridiculamente curta (a paternidade então... nem se fala) e pessoalmente acredito que ela deveria durar cerca 12 a 18 meses, se possível um pouquinho mais até, porque acho a presença da mãe CRUCIAL na vida do bebê quando ele ainda está nessa etapa do primeiro ano/primeiro ano e meio, realmente não é fácil, e quem sabe um dia não lutemos por uma mudança na lei, o feminismo bem podia sugerir isso não? Uma reforma da licença-maternidade, mas num país misógino desse a batalha provavelmente seria complicada, os homens diriam que estamos de “vagabundagem’’, mas não existe mudança sem conflito né?


SÓ QUE uma pausa de 3 anos na carreira como a Maria Valéria citou, pra mim é apenas isso uma breve pausa,mais nada, pra mim é como se fossem umas férias prolongadas de 36 meses ( rsrsrrs,adoro!) situação BEM diferente de uma ‘pausa’ de uma década, ou doze ,ou treze, ou quatorze anos que deixa a mulher desatualizada em sua área, e pode deixá-la pra trás,como se ela tivesse abandonado toda a vida profissional e possa tornar o recomeço muito mais difícil, pior ainda é o ABANDONO TOTAL da carreira, e era isso que estava criticando em meu comentário,pois ainda hoje em dia essa opção é muito evidente, ainda existem muitas mulheres que esquecem de si para se dedicar integralmente a família, e acho que é aí que mora o grande risco.
Pois vivemos em uma sociedade onde a mulher é enxergada como a grande cuidadora, aquela que deve se doar aos outros, e sua vida pode ficar restrita a família, isso seria muito bonito, SE não tivessem acontecido tantas injustiças e se na história, tantas mulheres não tivessem entrado pelo cano por conta desse estereótipo.

É a velha história, a mulher cuida da família a vida inteira... mas e quem cuida dela? Vive de respirar marido,filhos, lar,família,receitas... e esquece dos próprios hobbies,atividades,amigos,carreira... e depois que os filhos crescem e saem de casa, e depois que o marido pede divórcio ,a troca por uma mulher mais nova ou pela amante,como muitos fazem? O que sobra na vida dessas mulheres, que viveram fechadas nisso por tantos anos? Um vazio? Uma depressão? A tristeza do abandono?
É isso que sempre me perguntei, é com isso que me preocupo, pois é uma boa armadilha do patriarcado para pegar as mulheres, e muitas foram injustiçadas nisso.

Feminista capitalista disse...

VEJA BEM, eu NÃO estou afirmando que é isso que vai acontecer com você ou com qualquer dona de casa, sequer afirmei que isso é regra, mas infelizmente É COMUM (ainda que aconteça com uma minoria) comum o suficiente em pleno 2013 pra eu não enxergar, e não ver que existem muitas mulheres atualmente passando por essa dor, ou se sentindo perdidas na vida porque foram engambeladas pelo discurso patriarcal.

A minha critica foi nesse sentido mesmo, e o PRINCIPAL que eu viso atacar não é a mulher enquanto individuo,enquanto aquela que faz uma escolha INDIVIDUAL mesmo ciente dos riscos,muitos menos incomodar aquelas que abandonaram o emprego pra estender a licença maternidade (apenas um reflexo do machismo da nossa sociedade).


O que eu odeio, não é fato de haverem mulheres que querem ficar em casa, ou que sentem que precisam, o que eu odeio, é aquilo que o texto critica:
Que essas mulheres sim estão tomando a decisão melhor ‘mais natural’,mais ‘saudável’ pros filhos, que estão ‘voltando as origens’, que seus filhos serão ‘mais disciplinados’, de que estão cumprindo seu ‘papel natural’, que os filhos precisam eternamente da mãe em casa e bla bla bla....

Nem li isso em blogs da maternagem exclusivamente, mas meus ouvidos já ouviram essa conversa por aí, essa noção generalizada de que é assim, e francamente, isso me irrita SIM, porque atento para o fato de embora essa conversa possa vir toda travestida de uma certa modernidade, na realidade ela é bem antiga e uma propagadora do patriarcado, porque essa noção de que a mulher é melhor dentro de casa,que do lado de fora, e que essa é posição mais confortável, ‘natural’, e adequada pra elas, em frente do fogão, sempre cozinhando pra filha AO MEU VER não é uma opção empoderadora de fato,pelas razões já citadas anteriormente. E isso já é bem mainstream, pode parecer novo,pode parecer fabuloso, mas é bem início do século passado em minha opinião.

Pois a sociedade já treina as mulheres pra se verem como donas de casa e mamães a vida toda, isso já é induzido socialmente desde os primeiros anos quando a menina ganha bonecas, bebês de brinquedo, vassourinhas, loucinhas, fogãozinhos, conjuntinhos de chá,talherzinhos, liquidificadorzinhos,casinhas,ursinhos e outras fofurinhas enquanto os meninos NÃO; simplesmente não passam por esse processo de ‘domestificação’. Tanto que as mulheres em sua maioria consideram coisas como cozinhar e ser bem ‘prendada’ (ai como odeio essa expressão...) importantes, e os homens não acham, por mais espantoso que seja, acho que ainda hoje em dia,a maioria deles (me refiro aos brasileiros) pensa assim :

“ Não preciso treinar ou saber bem nada disso... pois terei uma mulher que faça isso por mim”

Foi isso que disse em meu primeiro comentário, a minha crítica não é a mulher dona de casa como cidadã abaixo de alguém, nada disso, até porque sou filha de uma, da qual tenho profundo orgulho, MAS a essa sociedade patriarcal que direciona as mulheres nesse sentido e até as força, e principalmente a glorificação desse tipo de discurso no melhor estilo :

“Vamos voltar as origens... pelo bem de nossos filhos’’

Pode até ser pelo bem dos filhos, mas e o bem das mulheres, onde fica?

Quanto a questão da mulher ser oprimida fora e também dentro de sua casa, jamais associei a culpa disso a carreira e a escolha profissional, mas sim ao sistema de papéis de gênero que é a norma em nossa sociedade.

Feminista capitalista disse...

E francamente, o texto não me pareceu polêmico, ou invocado, eu estou de pleno acordo com o que li, há alguns meses atrás,bem por acaso mesmo, sem querer, eu caí num desses blogs de maternagem (só que até ontem não sabia que tinha esse nome) e sabem como é a curiosidade né.... uma leitura puxa a outra e de bloguinho em bloguinho posso dizer, que embora eu aprecie a causa nobre, do pouco que vi, achei muitas coisas exageradas sim, e outras até desagradáveis.


Por exemplo, vi mães defendendo coisas como amamentação até os seis ANOS de idade, e isso me espantou sim, não escondo, muitas me dirão pra não dar palpite nenhum, que isso é lindo,natural,mas acho isso um retrocesso.
Retrocesso porque acho que isso pode atrasar o desenvolvimento natural da criança, e não estimular nem um pouco o processo de independência, o qual eu acredito ser crucial, visto que todos nascemos livres, pra sermos livres, e a independência é fundamental nisso, e acho que independência funciona melhor quando ela é conquistada aos poucos, na base dos pequenos passos, a cada ano de vida, ao invés de esperar que a criança cresça e as coisas se resolvam sozinhas.
Pra mim, isso é como se fosse manter uma criança de quatro anos usando fraldas, quando ela já está em uma idade em que suas capacidades neurológicas a permitem ter controle total dos músculos pélvicos e reter a urina e as fezes (ainda que de vez em nunca ela faça xixá nas calças, ou na cama, o que não é problema algum e já aconteceu com a maioria das pessoas na infância)


O que me pareceu é que essa mães do apego,querem é ter um eterno bebê,como se a criança nascesse pra ser 100% dependente dela o resto da vida, e por experiência própria eu acho isso nocivo.

Vi gente defendendo que a criança durma na cama dos pais, que se sinta mais segura, e eu acho essa uma má idéia, fui superprotegida a vida toda, e como sou a caçula,meus pais me criaram como se fosse um eterno bebe, e francamente isso me atrapalha.

Eu dormi muito anos da infância na cama de meus pais, e embora isso tenha sido importante naquela época, hoje eu acho que teria sido muito melhor se minha mãe tivesse me ensinado a dormir na própria cama mais cedo, ao invés de subestimar minhas capacidades e julgado que eu era uma coitadinha que PRECISVA dormir com ela e não ia conseguir enfrentar meus desconfortos e o medo que tinha do escuro, apenas pra anos depois ser enxotada do quarto dela e ter que dormir sozinha de qualquer jeito kkkkk, evidentemente com mais maturidade, mesmo assim,acho que isso teria talvez me ajudado a ser uma pessoa mais madura e independente hoje em dia,além de que isso também atrapalha a vida sexual do casal né,sejamos francas.


SEI que isso não se trata de mim, ou da minha educação, ou qualquer falha possível de minha mãe,mas quero apenas elucidar da onde estou vindo, e como as escolhas que as mães fazem cheias de boas intenções as vezes podem ter um revés, podem ter seus efeitos colaterais.... certamente tiveram pra mim.

Feminista capitalista disse...

E nem sempre vi um clima de debate,de troca de informações,de companheirismo e apoio nessa blogsfera materna, longe de mim querer cagar regrinha no blog dos outros, mas fiquei abismada que em certos momentos e até mesmo aqui nessa caixa de comentários pareceu mais um desfile das vaidades,de quem é a mãe número um, a mais esperta e amável do que um debate sadio.

É como uma comentarista disse ali em cima (esqueci o nome dela rsrsr) o patriarcado está por trás disso, pois desune tanto as mulheres, que elas passam a apontar o dedo a atacar umas as outras por serem diferentes, ao invés de serem solidárias.

Entendo perfeitamente o incomodo das supermães ao serem criticadas, ninguém quer se sentir atacada, ninguém quer ser constantemente questionada e ninguém quer os outros dando palpite em suas vidas, e nisso elas estão com a razão,mas é justamente esse o X da questão, elas estão sendo atacadas...porque deixaram as outras se sentindo atacadas em primeiro lugar,que reagiram,como a autora do post e assim se perpetua o ciclo do desentendimento.

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A respeito do parto cesáreo versus o parto normal, não quero dar palpite nisso, pois desconheço os prós e os contras de cada um,mesmo achando o parto normal mais ‘bonitinho’ e uma opção mais óbvia,visto que as mulheres sempre tiveram filhos assim e a humanidade chegou até aqui rsrsr, eu jamais julgaria mal uma mulher que optou pela cesárea,até porque desconheço as necessidades dela e até porque nasci de uma cesariana,nunca achei nada de negativo a respeito de minha mãe por conta disso, até porque ela é uma mulher pequena de quadril pequeno,acho que no caso dela era o mais óbvio.

E se uma mulher não quer enfrentar o parto normal apenas pelo pavor da dor, qual o problema? Quem sou eu pra chamá-la de covarde e qualquer outra coisa?
Se o corpo é dela, ela tem o direito a decidir qual dor vai enfrentar ou não, o que ela quer para si mesma.

Feminista capitalista disse...

Acho mais importante discutir sobre a violência obstétrica e pelo que entendi isso não é exclusividade das mulheres que optam pelo parto normal,também já ouvi histórias de maus tratos terríveis de mulheres que optaram pela cesariana e isso realmente tem que ser bem combatido, até porque serei titia pela primeira vez ano que vem ,e não quero que minha irmã depois de passar uma gravidez precise passar por alguma grosseria, incomodo ou desaforo bem numa hora tão bonita,significativa e importante quanto a hora de dar luz.

Novamente culpo o patriarcado por isso, que trata as grávidas como simples pessoas que estão cumprindo o seu dever ‘de mulher’ e como as supostas ‘pecaminosas’ que tiveram uma relação sexual e por isso não deve reclamar...
Acho que é bem isso que se passa no inconsciente da população e nesse trato desumano com as gestantes.

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Quanto a Roxy Carmichael achei os questionamentos dela bem pertinentes e que infelizmente não me pareceram ter sido respondidos adequademente (mas vou reler as respostas) e quanto ao meu nome, o objetivo é causar polêmica mesmo visto que as pessoas não entendem como uma feminista pode achar o capitalismo empoderador as mulheres, mas isso é assunto pra outro dia rsrs, em outro tópico mais a ver com o assunto.


E a respeito da mulher que diz se sentir mais fêmea por ter tido o parto normal, francamente eu ri, kkkkkk, longe de mim querer invalidar ou desmerecer as experiências alheias...
Até entendo o comentário caso ela esteja se comparando com si mesma, agora caso ela esteja se comparando com as outras ,esse tipo de comentário me confunde o cérebro....

Pois tipo assim, se a pessoa só passou por um parto normal,ou teve todos os partos normais... se não fez uma cesárea e se é apenas ela mesma, não está na pele da outra...
Então como ela pode saber que se sente ‘mais fêmea’ em relação a outra mulher? Esquisito não?



Ah e o comentário de que o parto é o ápice sexual da mulher,sei lá, me incomodou um pouco... parece uma idéia que não consegue desvincular a sexualidade feminina de seu fator reprodutivo, me parece um retrocesso.

Feminista capitalista disse...

Pra finalizar um adendo... me desculpem, pois a tal da paternagem e a blogsfera paterna existem sim, ontem falei no calor da emoção,sem saber... kkkkkk, mas peço desculpas parciais...

Pois a pulga continua atrás da minha orelha... será que a paternagem é tão popular e estimulada quanto a maternagem?
Será que os blogs de paternagem são tão numerosos e populares quanto os de maternagem?
Será que os papais também escrevem textos pros outros falando sobre abandono da profissão em prol dos filhos?
Será que os papais também cuidam 24h/dia das crianças?


Se alguém responder não para os meus questionamentos acima,então POR QUE SERÁ né?
Coincidência? Eu acho que não!

Eu sei que eu que não pretendo ter filhos antes do final da década de 20/ início dos anos 30 não deveria estar dando tantos palpites, mas acho que esse assunto mexe com todas nós,todas que sonham com a maternidade (e mesmo as que não sonham) e que antes de sermos mãe, somos todas FILHAS, e acho que com isso a gente também aprende.
Um beijo a todas as mamães do tópico.

Ana disse...

Ainda não sou mãe, porém encontrei muitas respostas nos blogs sobre parto humanizado. Um texto foi suficiente para gerar curiosidade e me fazer ir atrás de informação. Até então, nunca tinha entendido o porque de tanta cesárea, o porque de tanta mulher falar horrores de parto normal quando minha vó que teve quatro filhos de parteira, na cama de casa, falava maravilhas, que uma hora depois estava de pé fazendo comida.

A nossa sociedade é muito pró intervenção, pró tecnologia. A palavra de 1 médico é a palavra de Deus, quando as pessoas esquecem que eles são seres humanos: que erram, que estudaram segundo uma escola, que carregam toda uma carga de preconceitos e vivências pessoais. Todos estes fatores vão interferir e muito no que o médico vai indicar como melhor. E eu vou acatar cega? Sem questionar? Sem uma segunda, terceira, opnião? Pena que tem gente que sim.....
Quanto a militância, sempre que tenho uma amiga grávida, tento colocar uma pulguinha atrás da orelha. Questionar como é o médico, planos para o parto, etc, sem nunca pressionar. Acho que é uma época delicada, e se a pessoa realmente se incomodar com o estado que as coisas estão, se questionar o porque as mulheres não conseguem mais parir, uma sementinha vai ser o suficiente para descobrir o que há com o sistema. E resolver se o melhor é seguir com as coisas do jeito que estão ou procurar alternativas.

Anônimo disse...

Lola, a discussão sobre o assunto bombou, né? Até ofuscou os posts seguintes, que não receberam tantos comentários... Acho que os posicionamentos pro texto e contra texto foram mais ou menos na mesma quantidade. Talvez uns 60% pro e 40% contra, não sei.
Mas fiquei curiosa com a sua introdução ao texto" Não briguem comigo! (aliás, quem quiser contestar este texto, é só mandar um guest post pra cá).". Você achou que ia ser crucificada pelas leitoras? Ou discorda de antemão da autora? Senti que você teve receio de publicar. Por que? Seu blog ja enfrentou temas tão mais polêmicos?
Um beijo!

lola aronovich disse...

Anon, tanto o post é polêmico que os comentários bombaram. E foram excelentes. Adorei! Mas o post é polêmico sim, sem dúvida, porque a autora se coloca contra o ativismo materno. Mas enfim...
Eu não sou mãe, nunca quis ser, nunca serei, então tem muitos assuntos que eu desconheço. Mas entendo que discutir maternidade e feminismo é fundamental. E durante muito tempo achei que não havia muito diálogo entre feministas e blogs de mães. Tanto que fiz meu segundo concurso de blogueiras justamente sobre este tema (aliás, já tem uns 3 anos que estou devendo um outro concurso). Meu blog está sempre aberto para guest posts sobre parto domiciliar, violência obstétrica, amamentação, cuidar dos filhos... e sobre qualquer outra coisa relacionada à maternidade. A maior parte do público-alvo aqui do blog é jovem e (ainda?) não é mãe. Mas sempre que tem post sobre maternidade aparecem muitas leitoras mães. Pra mim não há a menor dúvida que maternidade é um assunto feminista. E sei também que há muita polêmica a respeito.

Anônimo disse...

Legal, Lola! Obrigada pela resposta! Sempre nos sentimos importantes quando você responde!!!!! :) Adorei os comentários, li todos. É uma realidade paralela que se descortina, né? E gostei muito do texto, porque concordei com a linha de pensamento da autora. Estamos aguardando os próximos capítulos da saga... Talvez um guest post de alguma ativista, defendendo que só parindo se atinge a plenitude da mulher.E com dados científicos... Hahaha!

Roxy Carmichael disse...

que bom que alguém perguntou
porque tambem fiquei curiosa com essa recomendação na introdução do post. post esse que rendeu até duas ombudsman: eu que fiz uma compilação de comentários e a anônima que fez as estatísticas dos comentários a favor e contra o guest post.
excelente debate, parabéns lola por manter esse espaço que desperta o entusiasmo das comentaristas mais interessantes e engajadas da internet brasileira!
beijo pra vc!

Anônimo disse...

Notei que sobre o assunto não teve nenhum mascu trollando no blog. Quando começaram os comentários endossando o determinismo biológico, que a mulher ao parir encontra sua verdadeira essência, etc, pensei que ia chover comentário masculinista, ou machista... O que será que aconteceu com eles? Se assustaram com o embate entre as mulheres, polarizadas entre quem apoiou e quem criticou o texto (e a autora)? Ou o assunto é muito complexo para a cabecinha deles?

Anônimo disse...

Um texto das xiitas:
http://vilamamifera.com/dadada/mae-nao-pode-ser-bicho-cheio-de-mimimi/

"Mãe não pode ser bicho cheio de mimimi

Desde quando entrei para a Confraria das Mamas, me impressiona como todas as decisões que tomamos são interpretadas como uma ofensa direta às outras mães, que têm posturas diferentes com seus filhos. Isto começa no parto e só acaba… hum… nunca! Existe uma espécie de tradutor automático, que causa sérios problemas de comunicação e faz crescer um enorme mimimi no maior estilo belém-belém-nunca-mais-fico-de-bem.

Funciona mais ou menos assim:

Alguém diz: “Meu filho nasceu de parto natural.”

A amiga ouve: “Você é um monstro-sem-coração, uma ignorante-que-não-ama-seu-bebê por isso deixou que o arrancassem numa cesárea!”

A outra, toda orgulhosa, fala: “Fulaninho anda desde os dez meses”. Na rodinha isto é interpretado como “seu bebê é preguiçoso.” Ou, numa versão pior ainda, capaz de acabar com a amizade: “você não estimula seu filho como deveria.”

A conversa, que já não estava boa, continua assim: “meu neném não come açúcar”. O tradutor trabalha, ronrona e solta: “que porcaria é você, que deixou o menino provar aquele bolo?? MENAS MÃE. MENAS!!! M-E-N-A-S!!!”

Parece brincadeira, mas acontece o tempo todo. Com o bebê, nasce um bicho cheio de mimimi: a mãe. Nossos filhos são o que temos de mais precioso, qualquer coisa que os atinja nos fere de morte, por isso, por um lado, é natural que fiquemos mais sensíveis às críticas. Eu disse às críticas, vejam bem: nem tudo que se fala no mundo diz respeito ao nosso umbigo. Às vezes, quando nossa amiga está falando do jeito que ela cria o filho, está, realmente, apenas falando dela mesma, se vangloriando do que mais se orgulha. Não é nenhuma indireta, pode não ter nada a ver com você. Normalmente não tem.

Eu MORRO de orgulho do parto do João. Me acho FODA. Só eu sei o quanto tive que estudar, me dispor de preconceitos, abrir mão. Só eu sei o quanto doeu e como foi libertador. Acho tão, tão bom, que quero, do fundo do coração, que outras mulheres tenham a chance de viver a experiência. E tento espalhar. E, sem querer, algumas vezes, ofendo as pessoas.

Esta é a parte pior do mimimi entre mães: ele impede que sejamos boas parceiras. É óbvio que, por sermos pessoas diferentes, cada uma tem uma aptidão. Eu estudo sobre parto, minha amiga sobre nutrição, a outra inventa mil brincadeiras super estimulantes. Fulana amamentou com muito sucesso, Sicrana se dedicou horrores para escolher uma escola, uma é boa com limites, outra com acolhimento e apego. Todas temos mil talentos. Um milhão de coisas para aprender milhões para ensinar.

Ensinar para os nossos filhos. Aprender com eles.

Ensinar para outras mães. Aprender com elas."



Letícia disse...

Eu acho muito triste reduzir um movimento a favor das mulheres em discurso de "mais mãe, menos mãe".
Já existe um modelo do senso comum, todos fazem as mesmas coisas (com ou sem questionamentos), e aquelas que trazem outros pontos, outras reflexões, experiências e questionamentos que podem somar, agregar são automaticamente interpretadas como "super mães que oprimem as outras mães que não fazem igual".
Vamos concordar então com tudo e manter o status quo? Ou vamos questionar os padrões impostos pela sociedade? Vamos desnaturalizar nossas práticas, aprendermos umas com as outras, nos unirmos? Ou vamos continuar achando que a defesa de outros paradigmas quer dizer necessariamente que outras escolhas estão automaticamente deslegitimadas?
No mundo perfeito não precisaríamos ter esse debate acalorado, pq de fato haveriam opções para todas! Licença maternidade maior, mais homens "paternando", partos sem violência, mulheres feministas, igualdade e cada pessoa bancando suas escolhas com segurança e tranquilidade.

Juba disse...

Anônimo, sobre a anestesia que não pegou, foi exatamente o que aconteceu. Passou mal e desmaiou de dor, ficou com o corte torto :(

Ana Beatriz disse...

Anônimo das 18:02

Tenho a mesma dúvida. E realmente sempre é escrito "menAs mãe"...

Thalita disse...

"e quem sabe um dia não lutemos por uma mudança na lei, o feminismo bem podia sugerir isso não?"

mas gente, quem disse que não tem gente/gente feminista lutando pela melhora da licença maternidade e paternidade? Tem sim. Só que ninguém ouve!

Tem um PL da dep. Erika Kokay rolando pra aumentar a LP para 30 dias. Ainda é pouco, mas é um avanço.

Não estou achando numa googlada rápida, mas sei que teve um deputado que escreveu um parecer contra esse PL dizendo que o pai não tem vínculo o suficiente com o bebê a ponto de precisar de 30 dias em casa (!!!!!!!!!!!!!!) Mas teve tão pouca repercussão que nem no Google eu consigo achar. Então tem luta sim, mas ninguém leva a sério.

Para informação sobre o PL, tem o site http://www.erikakokay.com.br/licencapaternidade/

Quem sabe esse post não ajuda a dar uma visibilidade a mais para essa questão?

Juba disse...

Feminista Capitalista, agora seu ponto de vista ficou mais claro.

Penso apenas que os blogs e comunidades não são exatamente para atacar as opções diferentes, e sim para validar as próprias escolhas. Não acho que seja uma decisão simples ficar em casa, nem que seja objetivo sufocar e superproteger os filhos.

Eu sou uma que dormiu com os bebês na fase de aleitamento. Não são crianças superprotegidas (ainda são mais do que eu gostaria, mas a vida em uma grande metrópole por vezes exige isso) ou sufocadas, dormem tranquilamente em suas camas, são bastante independentes para a idade... era uma demanda MINHA e também de meu esposo esse cuidado 24h no início. É uma fase específica, que tem começo, meio e fim. Por isso, continuo pensando que você usa de algumas práticas das quais discorda para julgar negativamente algo que talvez não tenha como avaliar.

Quem fica em casa nem sempre pensa 24 horas no bem-estar dos filhos. Vou te dizer que pode ser enlouquecedor ficar em casa e que amo ter tempo para mim mesma. E digo também que ter dois bebês que nasceram com problemas de saúde coloca muitas coisas em perspectiva. Felizmente, no meu caso, são doenças que em geral regridem até os 3 anos. E cada furo dado por quem cuida pode reiniciar a contagem, sensibilizando novamente, de forma que terceirizar nessa fase é um risco imenso. Como você disse, uma pausa de 36 meses ;)

Aqui todos cuidam de todos, mas creio que isso só seja viável em uma família onde todos sejam feministas.

Anônimo disse...

Tai um assunto que não se esgota jamais... Talvez a blogosfera materna seja dominada pelas ativistas porque, ao abrirem mão de uma carreira profissional, necessitam mais de "janelas" para se expressar, para estabelecer conexões sociais e diminuir um pouco a solidão que bate em que só convive 24hs por dia com os próprios filhos e se ocupa apenas de demandas domésticas. Deve ser mesmo enlouquecedor. Talvez dai a necessidade de reafirmar para o mundo o acertamento da escolha...

Anônimo disse...

as mães em tempo integral vêem na rede um local de convivência social, convivência com adultos, ja que passam o dia a dia na estrita esfera dos cuidados com casa e filho. Acho que deve ser muito difícil deixar a convivência com outros adultos. Mas será que não é dai que deriva a necessidade de reafirmar o acertamento da própria escolha?

Roxy Carmichael disse...

bonito texto das xiitas...
mas ao parecer essa caixa de comentários deixou evidencias suficientes do contrário. significa que representa todo o movimento? obviamente que não. mas eu prefiro assumir o confronto, o antagonismo e a contradição que ficar nesse mundinho cor de rosa, e pior, bradando que o inferno são os outros.
determinismos biológicos e essencialismos (abundantes aqui nesse espaço) a parte, vai aí um textinho bem interessante:
http://outraspalavras.net/posts/potentia-para-mulheres-que-nao-se-auto-sabotam/

Roxy Carmichael disse...

e thalita depois de 220 comentarios
209 falando de parto (e as tentativas de provar por a + b qual é o melhor, de provar por a + b que quem não é adepta do "a" é desinformada, que com informação geral vai optar pelo a, que a mulher sobe de nível, se descobre mulher de verdade e maratonista com a)
dá pra ver claramente que tem muita gente que não escuta o argumento do paternar da licença paternidade.

Thalita disse...

Ah, Roxy, não seja tão radical na leitura dos comentários aqui. O assunto parto mexe com muita gente e acaba dominando várias discussões (mexe muito comigo tb). Mas não é por isso que as mesmas pessoas que discutem o parto não se interessem pelos outros lados da questão.
Nós (todas) conseguimos defender várias ideias, não?
Acho, inclusive, que qquer post sobre licença paternidade não teria nem 1/4 dos comentários pelo simples fato de que não é polêmico entre mulheres. Não conheço uminha sequer que seja contra. Mas falta visibilidade mesmo... Precisamos ver isso aí...

Josiane Pinheiro disse...

Roxy, fui eu quem escrevi que com informações reais sobre riscos e benefícios das vias de nascimento, provavelmente menos mulheres escolheriam cesária. Pois hoje não há escolha de verdade, pois as opções são parto normal violento ou cesariana.
Sinto muito, mas ainda consideramos que o médico sabe mais e tem mais poder sobre o nosso corpo do que nós mesmas. E as mulheres, num geral não são informadas sobre esses riscos e benefícios, e para interesse de quem? Quem é que ganha com cesárias agendadas e bebês nascendo prematuros? Quem é que ganha com todo o material utilizado com cirurgias e medicamentos pra dor?
Não há interesse em manter as mulheres informadas.

Bom, mas como eu tinha dito antes, existe a subjetividade. Todas as histórias de parto horrorosas que ouvimos, o mito de que parto é ruim e doloroso, o medo... E tantas outras coisas que fazem parte da subjetividade e dos aspectos emocionais de cada uma... Sim, essa vai querer ser operada. É melhor que ela passe por isso sentindo-se segura do que por um parto com medo.
E vice versa: Uma mulher desejar muito um parto e ter uma cesária com uma indicação duvidosa é muito frustrante.
Ambas se informaram e estão escolhendo de acordo com o que acham melhor. Mas a segunda mãe tem muito mais chances de sair sofrer, pois 90% de cesárea no suplementar e mais de 50% no público, enquanto o ideal é 15%, quer dizer que muitas mulheres são levadas à cirurgia desnecessariamente.
Veja, não é culpa da mulher. Mas a primeira, tem todo um sistema a favor dela. A segunda vai ser obrigada a se informar muito para poder contestar intervenções que são feitas rotineiramente nos partos. Ou vai ter que saber as indicações reais de cesariana pra não cair nos índices de 90% ou 50%. Ela vai ter que se informar muito. Parir hoje em dia, com o mínimo de dignidade é uma luta.
Definitivamente o sistema não contempla todas as mulheres. O dia que contemplar, poderemos falar de escolhas verdadeiras. Então, tudo bem escolher a cesariana, parto natural, parto com analgesia, parto com doula, parto com obstetriz, parto na água, parto em casa, parto de cócoras, parto com intervenções necessarias... Por isso eu acho que se tiverem mais opções, as mulheres vão escolher menos a cesariana, pois poderão ser contempladas (objetivamente e subjetivamente) em outras formas de parto, sem modelo pronto, de acordo com a sua demanda. Não precisarão se submeter a uma cirurgia pra fugir da violência.

Mas veja bem, cada uma faz o que quer do seu corpo! Lutamos por mais opções de qualidade, por escolhas de verdade. O que cada uma faz, diz respeito somente a ela.

Anônimo disse...

Esse ativismo todo está deixando as mulheres que queriam PN e que por algum motivo não tiveram, frustadas e deprimidas.

Após o nascimento do bebê é regra essas mulheres fazerem relato dos partos mostrando como foi humanizado, como foram respeitadas, como deu tudo certo, etc. E a mãe que participava disso, mas que não teve o PN idealizado se sente muito mal, principalmente após o julgamento das "amigas"que sempre dizem que ela não esperou ou insistiu o suficiente.
Já vi mulheres planejando nova gravidez para tentarem novamento o PN e resolverem essa situação.

Lara disse...

" Mas estamos falando que num grupo de 1000 mulheres, 30 morreram na cesárea, 10 no parto normal, 120 bebês nasceram prematuros, etc... " (comentário da Josi)

Sobre os dados de mortalidade por tipo de parto... realmente nunca fui atrás das fontes oficiais... Mas sempre fico na dúvida sobre como estes números foram obtidos. Pois do jeito como está escrito, não leva-se em consideração que partos de alto risco ocorrem por cesárea. Se o parto normal ocorrer alguma complicação, é feita uma cesárea de emergência. Então, queria saber se morre-se realmente mais na cesária devido ao procedimento cirúrgico, ou porque estas já são situações de mais risco mesmo??? Para mim devia-se comparar mortes em cesáreas eletivas e mortes em parto normais (e se for feita uma cesárea de emergência e ocorrendo o óbito, deve-se contar como morte de parto normal). Acho que vou procurar esses estudos para ver como é feita esta contabilização.

Lara disse...

E ontem no facebook, perfil do maternidade da depressão... mais um embate... entre mães que usam fralda de pano e mães que usam fraldas descartáveis. Umas chamando as outras de preguiçosas, as outras chamando de porcas... uma tristeza!

Anônimo disse...

Isso está um pouco fora da discussão do post, mas vamos lá!
sinceramente..... TODO obstetra sabe que parto normal e natural é bom, e cesariana BEM FEITA também! Ela oferece riscos quando é feita no Congo, ou em Ruanda, ou no meio do mato sem panos cirurgicos. TODO obstetra sabe que a maior taxa de mortalidade em cesariana se deve ao fato que ela é justamente indicada em casos onde há maior risco prévio! Comparando uma gestante e bebê saudável e a termo, ambos possuem taxas identicas de mortalidade.

Como dizia aquele comercial antigo da Folha, é possível falar um monte de mentiras dizendo só a verdade.

Josiane Pinheiro disse...

Roxy, adorei a indicação do "Potentia".
Continuo achando que grupo de mulheres trocando experiências e informações de forma menos idealizada é mais produtivo. Acredito que mulheres unidas tem um poder muito grande e acho que a opressão do patriarcado é que nos afasta, nos faz acreditar no mito da "competitividade". Nos faz acreditar que se a outra tá feliz e orgulhosa das suas escolhas, ela está querendo dizer que as nossas escolhas são menos válidas.
Não existe um modelo de maternidade que dê 100%certo, até pq estamos lidando com crianças. Cada filho, ou cada criança é diferente de outra. Uma coisa dá certo pra um, não dá certo pra outro. Acredito também que as chances de acertar nas escolhas e nos sentirmos mais seguros (mães e pais) com elas é se informando, questionando "tem que ser assim mesmo?". Não dá pra fazer no automático. Criar filhos é uma puta responsabilidade. E não dá pra querer agradar todo mundo.
E precisamos sim questionar mais a paternidade. A participação do pai, afinal casa e filhos são dos dois. Como alguém disse num comentário anterior, já tem pessoas fazendo isso. Vamos buscar isso e agregar no movimento, levantar debates.
O que levo desse debate é um olhar mais atento sobre os meus discursos maternos. Acredito estar fazendo o melhor que posso, dentro das minhas possibilidades. Estou tranquila, mas já me senti "menos mãe" em muitos momentos! Já tive raiva das xiitas, já amei elas, já aprendi muita coisa, outras ignorei. A minha maternidade sou eu quem faço do jeito que posso.

Anônimo disse...

Lola, esse post vai para o top 10 dos artigos mais comentados? O número de comentários ja ultrapassou Amanda Todd..

Josiane Pinheiro disse...

Dois estudos sobre mortalidade (ambos com referência)

http://estudamelania.blogspot.com.br/2012/11/estudando-cesarea-desnecessaria.html#!/2012/11/estudando-cesarea-desnecessaria.html
Antes que alguém questione o currículo da Dra Melania Amorim: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4701186A6

Outro estudo, com fontes:
http://www.euqueropartonormal.com.br/eqpn/cesarea-x-parto-indices-de-seguranca-baseados-em-evidencias/

Anônimo disse...

Josiane, talvez, refletir que as pessoas tem o direito de pensar diferente e que nem todo mundo quer ser "salvo do obscurantismo" ja seja um bom começo.

Josiane Pinheiro disse...

Esse é do Ministério da Saúde:
http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/arquivos/pdf/2013/Fev/21/saudebrasil2011_parte2_cap16.pdf

Unknown disse...

muito boa a indicação da potentia! só ler o texto do link já vale muito a pena.

Josiane Pinheiro disse...

Mais 3 estudos da Dra Melania Amorim.

http://guiadobebe.uol.com.br/parto-normal-vs-cesarea-parte-1-a-magnitude-do-problema/

http://guiadobebe.uol.com.br/parto-normal-vs-cesarea-parte-2-por-que-as-taxas-de-cesarea-sao-tao-elevadas-no-brasil/

http://guiadobebe.uol.com.br/parto-normal-vs-cesarea-parte-3-principais-pretextos-para-cesariana-sem-respaldo-cientifico/

Anônimo disse...

Lara, tem isso de fraldas de pano x fraldas descartáveis também, bem lembrado!

É preciso estudar o motivo dessa vontade intensa do "retorno ao natural". Isso inclui o parto "natural", sem assistência médica e se possível domiciliar, o uso de fraldas de pano, do sling, da amamentação muito prolongada, da cama compartilhada e, muito importante e que ninguém mencionou até agora, de ser contra o uso de vacinas.

Anônimo disse...

Xiitas?

Um viva as Xiitas para equilibras o desequilibrado!!!!

Vamos levar como um elogio!!!

Aline disse...

Bom, o que eu sei é que tem blogs muitos bons na blogosfera materna, sim. E gosto de saber que existem outras opções fora do mundo mais padrão. Se vou adotá-las ou não, vai depender de cada caso, da minha realidade, do que avaliar que vai ser melhor pra mim e pra minha família. Mas saber que existem opções, que dá pra fazer do jeito que achar melhor e mais adequado à minha realidade, seja adotando a opção padrão, a opção alternativa ou fazendo um mix, me fez me sentir muito mais livre em relação à maternidade, não mais cobrada. Enfim, não frequento fóruns de discussão, só blogs, mesmo, vai ver é isso.

E sim, ainda tem muita coisa pra mudar neste mundo...

Pra finalizar, recomendo dois blogs, um sobre feminismo e maternidade e outro sobre parto humanizado:

http://femmaterna.com.br/
http://estudamelania.blogspot.com.br/

Anônimo disse...

Uma coisa que me impressiona é isso das pessoas ficarem querendo interferir na vida das outras pessoas em coisas que não interferem em NADA na vida dos outros.
Se alguém nasce por parto normal ou cesárea, isso não diz respeito às outras mulheres. Decidam como seus próprios filhos vão nascer e pronto!

Suzi

Anônimo disse...

Vejam esse post no Vilamaífera:

"A questão é MANEIRA que ela está sendo usada hoje. E isso tolhe o direito do bebê de chegar á esse mundo sendo respeitado,de nascer no seu tempo, no tempo da sua natureza. Quando isso NÃO é possível por questões de riscos á vida mãe/bebê é feita a cesariana.
Agora você tocou em uma questão; a violência do mundo.
Será que essa violência não tem sua raiz no nascimento que está sendo imposto á cada ser-humano que nasce??? Como um ser vai aprender á respeitar limites e a liberdade de cada um, se a dele não foi respeitada no primeiro momento de sua vida?? (no caso de uma cesariana eletiva, com hora marcada)
Tenho certeza que o modo como nascemos tem conseqüências para toda a vida."

Tem gente que acha que o modo como a pessoa nasce tem consequências para a vida toda. Pode até explicar a violência no mundo... Tá explicado porque essas mulheres querem interferir no modo de nascimento dos filhos dos outros...

Suzy

Josiane Pinheiro disse...

Anônimo 14:45. Vou pensar sobre o que disse, analisar meu discurso, mas juro que a intenção não é essa.
vc se refere a um comentário específico?

Anônimo disse...

Josiane, e o seu blog de ativismo? Não vai divulgar?

Anônimo disse...

Ótimo comentário, Suzy! Então, traumas muito maiores que se vive, necessariamente, ao longo da vida tem mais impacto que os poucos minutos que separam a vida uterina da extra - uterina? Que loucura! Essas mães "new age" querem criar uma bolha imune ao sofrimento para os seus filhos: livre demanda, cama compartilhada, criação com apego, amamentação prolongada! O que vejo como prognóstico futuro dessas crianças: total despreparo para lidar com a menor frustração que sofram. Nossa! E depois, ainda falam em equilíbrio...

lola aronovich disse...

Anon das 14:42, perguntando se este post é um dos top 10 mais comentados do blog: eu não faço a menor ideia como o blogspot conta e organiza os posts mais visitados, mas a conta é o número de acessos gerados pelo post, não o de comentários. Este guest post sobre feminismo e maternidade, pelas contas do blogspot, "só" tem 5 mil e alguma coisa acessos únicos ou diretos ou sei lá. Deve ser um dos posts mais comentados dos últimos meses, mas 250 comentários nem de longe o coloca entre os top 10. Só pra vc ter uma ideia, tem mais de 30 posts no ano passado que geraram mais de 250 comentários. Este ano os comentários caíram, decerto, até porque eu os modero (ano passado eu só passei a moderá-los na metade do ano).
Mas estou muito feliz com os coment deste guest post! E publicarei outros guest posts com esta temática (já me chegaram duas propostas).

Josiane Pinheiro disse...

Lola!!

Que maravilha! Mais duas propostas!! Curiosidade é pouca!

Quando publica? =)

Josiane Pinheiro disse...

Anônimo 15:38, nao tenho blog... Criei um título, sempre penso em começar mas vou adiando, adiando e nunca escrevo.

Aline disse...

E quem pretende usar fraldas de pano (modernas, são parecidas com as descartáveis no formato e forma de usar) E fraldas descartáveis (de preferência as biodegradáveis, mas essas são mais caras, então, já viu), faz o quê? Leva pedrada dos dois lados? Não, né, gente!

Slings me parecem muito práticos e gostosos de usar, pra mãe e pro bebê. Carrinho às vezes é meio trambolho, mas pode ser útil também, depende da situação. Carregar bebê só com os braços é que não sei se consigo, pq eles pesam. :-P

Anônimo disse...

Massa, Lola! Essa discussão da muito pano pra manga! A autora deu algum feedback? Sabe se ela acompanhou as discussões sobre o texto que produziu?

Aline disse...

Só pra não deixar passar, talvez alguém já tenha comentado isso antes, mas não lembro: em relação a polêmica entre mães que trabalham fora e que não trabalham fora, a discussão é muito maior do que comparar ou criticar opções individuais. Deveria ser, pelo menos.

Não digo pela questão da melhor ou pior criação dos filhos, pq pra mim, sinceramente, não faz diferença se a mãe trabalha fora ou se fica direto com a criança em casa; dá pra criar bem ou mal, com apego ou sem apego de qualqeur forma.

Mas além de questionamentos sobre a participação masculina nisso tudo, será que não é o caso de discutirmos o papel que o trabalho, o mercado de trabalho, as relações de trabalho tem em nossa sociedade? Por que só valorizamos o trabalho remunerado? Será que só temos este modelo de organização de trabalho para adotar? É essa a sociedade que a gente quer? Não só para as mães, mas para todo mundo.

Anônimo disse...

Sobre a paternidade... Vou relatar algo que aconteceu comigo. Meu marido participa de tudo. Claro que sobra mais para mim (afinal, eu amamento e estou de licença). Mas se ele está em casa, faz questão de trocar fraldas. Ele que dá os banhos no bebê. Fica com ele se eu preciso ir na rua sozinha. Minha mãe fica indignada com isso. Já falou que se eu não der banho, e ficar deixando meu marido fazer muita coisa, meu bebê vai gostar mais dele do que de mim (já que é menino e já naturalmente se aproximaria do pai). Já reclamou n vezes que ela que tinha que estar me ajudando com fraldas e banhos. Eu acho surreal. Minha mãe é "modernete", mas bem conservadora nisso. Sei lá, parece que ela acha que é um clubinho onde só mulheres participam. Outro dia veio um casal de amigos aqui em casa, que também tem um bebê. Quando o rapaz foi trocar as fraldas do bebê, minha mãe e minha tia não pararam de repetir "nossa, mas esses homens de hj estão mudados, como pode, trocar a fralda!!!!". Ainda bem que ela não teve filho homem, teria criado um super-machista!

E outro dia estávamos no shopping, e meu marido foi trocar a fralda do bebê (no banheiro masculino tinha trocador). Mas ele falo que se sentiu superincomodado, pq no trajeto até o banheiro, e no banheiro, ficou todo mundo olhando pra ele.

Antes de ter filho, eu achava que essas coisas eram naturais, mas agora vejo que não. Temos muito o que evoluir ainda. Não só os homens, como as mulheres. Pq se queremos participação masculina, vamos ter que abrir espaço também!

Roxy Carmichael disse...

aline, eu acho o seguinte:
obviamente que numa sociedade machista o trabalho atribuído às mulheres não será valorizado. eu super acho essa hipervalorização do trabalho remunerado em detrimento da subvalorização do trabalho não remunerado (e aí entra não só as mães que cuidam dos filhos, como as mulheres que cuidam dos idosos) uma grande distorção, pra não dizer um mecanismo bastante perverso.

mas do meu ponto de vista, aceitar a divisão sexual do trabalho, como se a questão fosse que ambos precisassem ter o mesmo reconhecimento não me parece tão interessante quanto a ideia de que os dois sexos podem realizar as duas atividades sem medo de ser feliz (ou seja, o fim da dicisão sexual do trabalho)

não sou nem de longe dessas que prega que trabalho dignifica qualquer pessoa. mas me impressiona a facilidade com que as mulheres se dispõem a deixar seus trabalhos, seja pra mudar com o marido pra outro lugar, seja pra se dedicar em tempo integral à maternagem. então fica a impressão de que ou as mulheres estão escolhendo o trabalho muito mal (porque se dedicar a qualquer outra coisa é mais compensador), ou as mulheres não escolhem tanto assim, afinal as mulheres ainda recebem menos pra desempenhar a mesma função e são desincentivadas a lutar por seu lugar ao sol, convertendo (ou mantendo) o casamento na decisão mais importante na vida delas. qualquer que seja a resposta eu acho isso MUITO grave!

eu não sei se vc leu o link que postei aqui, mas uma parte bem chocante do texto fala como uma garota que acabou a graduação estava no maior "dilema" porque não sabia se queria seguir a vida academica (embora essa opção fosse atraente) porque achava que era incompatível com essa maternidade aí full time que garante à mamãe a medalinha de super mãe. detalhe: a garota não estava grávida, não estava namorando, não havia no horizonte qualquer indício de que ela precisaria se aperriar naquele momento, como se fosse a decisão da vida dela.

então assim, thalita e josi que foram bem pacientes comigo, mando aqui um beijão e um muito obrigada pras duas pelo debate adulto e gentil, mas é que às vezes eu fico realmente preocupada quando me deparo com certas opiniões.

Roxy Carmichael disse...

olha suzy,
à autora do post do vila mamífera sobre a relação entre cesarea e violência do mundo (???????????!!!!!!!!!!!!!!!),
eu digo o seguinte:
se a ideia é fazer o possível e o impossível pra satisfazer todas as necessidades dos filhos, nem que pra isso se tenha que "lutar como uma leoa", eu como FILHA, quero mais é que a minha mãe se sinta cômoda. quero mais é ver ela tranquila, feliz e não se sentindo obrigada a passar por qualquer experiência que pode lhe resultar traumática pra poder cumprir com o mito da mãe perfeita

Anônimo disse...

Lola, excelente debate! Parabéns! Apesar de não ser adepta do ativismo materno bruto (tal como a autora, tive filho por parto cesáreo, trabalho e tenho baba), descobri seu blog através de blogs maternos. Você consta sempre na lista de blogs seguidos por muitas das mamães da blogosfera. Acho que todo excesso é prejudicial, então há que se respeitar as escolhas individuais. Nem toda mãe não ativista o é por ignorância. Na maior parte dos casos, é opção mesmo.

Anna disse...

"Anônimo disse...
(...) Essas mães "new age" querem criar uma bolha imune ao sofrimento para os seus filhos: livre demanda, cama compartilhada, criação com apego, amamentação prolongada! O que vejo como prognóstico futuro dessas crianças: total despreparo para lidar com a menor frustração que sofram. Nossa! E depois, ainda falam em equilíbrio...

22 de outubro de 2013 15:44"

eu fiz cesarea, nao tenho culpa, trabalho, meu filho esta na creche, usou fralda descartavel, mas teve livre demanda, amamentação prolongada, muito apego e cama compartilhada. e para trilhar esse caminho foi muito importante ouvir as xiitas. e viva as xiitas! :)

Ana disse...

Anna, é isso aí: diante da informação disponível nos blogs, depurar o que ajuda e dispensar o que não serve. Mas sem esquecer que as pessoas podem pensar diferente e não são mães de qualidade inferior, segunda categoria, ou piores que as outras (abomino a expressão "menos mãe" e mais ainda a sua versão pejorativa "menas mãe"', que dói nos meu ouvidos!).
Bjs

Josiane Pinheiro disse...

Roxy, um beijo pra vc também! Adorei o debate contigo, notei que estavas interessada em questionar... Obrigada pela oportunidade!
Sobre parto e violência no mundo. Bom, olhando esse recorte que a Suzi trouxe, parece muito sem sentido que a forma que nasce tem a ver diretamente com a violencia do mundo. Qualquer um sabe que um fator isolado e um pequeno(s) grupo)(s) de indivíduos não quer dizer muita coisa. Não adianta nascer de um parto natural e ser uma criança abandonada! Ou então uma criança nascida de cesariana, tendo uma criação boa, carinho, amor não irá gerar violência no mundo.
Mas de onde saiu a ideia de relacionar parto e violência? Michel Odent, cientista francês, médico ginecologista e obstetra foi quem relacionou estudos relacionando os hormônios do parto, especialmente a ocitocina, com comportamento.
No momento do nascimento, durante o trabalho de parto, parto, pós parto, amamentação e também na relação sexual o corpo libera ocitocina que é um hormônio relacionado ao amor e altruísmo. Seria o nascimento um momento único de liberação desse coquetel de hormônios, que tanto mãe e bebê recebem e contribuem para a "capacidade de amar". Voltando a contextualização lá de cima, isso não quer dizer que quem nasce de cesárea não vai desenvolver sua capacidade de amar, pois este é somente um fator isolado. Mas, a meu ver, se pode contribuir e pode ser bom, é algo a ser levado em consideração. Entretando, se olharmos no ponto de vista de humanidade, espécie, esses hormônios tem uma função importante de sobrevivência relacionada a socialização. E se a humanidade deixar de nascer sob o efeito desse coquetel de hormônios (com o uso de ocitocina sintética e cirurgias fora do trabalho de parto), o que vai ser desse sistema se ele for considerado inútil? (isso é bem resumo do resumo, eu sugiro ler o artigo completo de Michel Odent http://www.ongamigasdoparto.com/2011/07/o-parto-e-as-origens-da-violencia.html).
Agora pensando na coisa lógica (ou nem tão lógica assim): O bebê é gestado durante suas 40 semanas. É um ambiente perfeito, sem nenhuma necessidade, pouca luz, barulho, posição fisiológica, apertadinho, confortável. Existe uma programação evolutiva para que esse bebê nasça e esse processo de nascimento vai adaptá-lo ao mundo aqui fora. Se tirar ele fora dessa "programação", submetê-lo a força mecânica de tirá-lo do seu ninho, onde ele está no "paraíso", submetê-lo a luz forte, frio, barulho, manuseio, corte do cordão umbilical e portanto oxigênio... Essa criança, que teria um trabalho de parto de horas pra ir se adaptando ao mundo aqui fora, em menos de 5min é tirado do seu espaço e tem que se virar por conta própria. Essa é a primeira experiência de vida dele, será mesmo que não deixa nenhuma marca na sua formação psíquica?
Nesse mesmo contexto, mesmo nascendo de parto normal, mas o parto de sempre, abaixo de hormônio sintético, sendo empurrado, tirado a "força" também... E ambos os bebês passando, em seu 1º minuto de vida, por aspirações, sonda enfiada no seu sistema gastro-respiratório e anus/ vagina, colírio cáustico, vacinas... Será mesmo que isso não deixa nenhuma marquinha no seu psiquismo. Todo amor do mundo atenua isso, certamente, mas será que apaga?
Bom, tem aí dois aspectos: um biológico (hormônios) e outro cultural ou comportamental que é a forma como essa criança tem sido recebida na sua primeira experiência aqui do lado de fora.
Como disse antes, é um fator, tem muito mais coisas. Mas considero importante pensarmos tb no bebê, pois ele também sente, ele tá se formando, se desenvolvendo...
Antes que me apedregem e critiquem, sugiro se aprofundarem nessas ideias. O trabalho de Michel Odent (e Janet Balaskas) mudou o sistema obstétrico na Inglaterra, que hoje é exemplo.

Josiane Pinheiro disse...

Outros links para saber mais (dei uma busca rápida, tem outras leituras, os próprios livros de Michel Odent):

http://partoalegre.wordpress.com/2012/05/15/parto-extatico-o-modelo-hormonal-naturalmente-previsto-para-o-trabalho/

http://www.terceiromilenionline.com.br/artigos/o-parto-e-os-hormonios-do-amor

http://www.institutonascer.com.br/para-refletir---/uma-visao-critica-do-%22parto-humanizado%22

Aline disse...

Roxy, concordo contigo, a divisão sexual do trabalho não tem nada de natural e deveria acabar, as pessoas deveriam poder fazer o que as fizesse feliz independente do gênero.

Li rapidinho o teu texto, mas me parece que a Sandberg falou algo parecido no livro dela, que as mulheres se sabotam na profissão muito antes de efetivamente engravidar. E ela não estava falando de maternidade ideal, só maternidade.

Mas não era nisso que estava pensando quando fiz meu comentário. Penso, na verdade, que conheço muita gente, homens e mulheres, com filhos e sem, que não estão satisfeitos com seu trabalho, ou mais ainda, com o esquema de vida tão focado no trabalho, pq gostariam de ter mais tempo para investir em sua vida pessoal e em outros projetos mais significativos para eles.

Não é nem o meu caso, mas eu consigo entender quem resolve largar um emprego que exige muito (tempo, dedicação, energia) e dá muito pouco em troca (seja dinheiro ou satisfação) para ficar um tempo com os filhos, se tiver esta opção. Sim, esta opção acaba sendo feita mais por mulheres pelos motivos que vc apontou, mas acredito que se pudessem, alguns homens também fariam isso.

Então o meu ponto é: não é só o modelo de maternidade perfeita opressora (seja qual for esse modelo, pq definitivamente não é só o modelo das ativistas) que devemos questionar, mas o modelo de profissional perfeita/o também. A maioria das nossas relaçoes de trabalho não foi formatada pensando na felicidade nas pessoas, foi formatada pensando nas empresas, na máquina, no sistema.

Não sei se me fiz entender, e talvez o assunto esteja meio fora do post, mas enfim.

Thalita disse...

ai,queria poder continuar essa discussão pessoalmente. Tem muita coisa pra ser esclarecida e aprofundada, de ambos os lados.

Roxy, é raro um debate assim em caixa de comentários, foi bacana. Aliás, depois de mergulhar na maternidade profundamente por um tempo, foi ótimo ver outras questões que ainda não se haviam apresentado para mim, pelo menos não dessa maneira.

Só queria falar uma coisinha a mais sobre livre demanda e tals. Não é pra vida toda, né? É quando é bebê e criança pequena. A sociedade vem exigindo "independência" da criança cada vez mais cedo, e hj de acordo com os manuais nem colo mais um bebê de 6 meses pode ter. Tem que deixar chorar pra aprender. Só que bebês ainda não estão prontos pra viver em sociedade,isso acho q parece óbvio pra todo mundo, não? A criação com apego defende que a criança aprenda a ser independente qdo seu cérebro estiver preparado pra isso (bom, livre interpretação, mas é por aí). Bebês largados por seus cuidadores, que só tem levadas a sério suas necessidades físicas, sofrem demais e isso tem consequências futuras.
Pais super-protetores existam em qualquer lugar. Mas não é disso que se trata não, acho bom ficar claro.

Roxy Carmichael disse...

a comentarista que falou sobre parto e sexualidade, eu dei um pití, mas o fato é que nos meus estudos de gênero, já tinha me deparado com o conceito de fusão libidinal da mãe e do bebê, acho que talvez da julia kristeva, teórica que admiro bastante.

também admiro muito a camille paglia, apesar de ela ser odiada entre as feministas justamente por revindicar essencialismos e determinismos biológicos. da mesma forma que admiro a judith butler que é o oposto. o que eu quero dizer é que apesar de ter pegado no pé de todo mundo aqui com isso, eu não sou totalmente entusiasta da construção cultural em detrimento da biologia.

mas voltando ao tema, o nascimento é importantíssimo e se não me engano a própria psicanalise se preocupa justamente com isso, como sair do paraíso e ser jogado na terra, o trauma original. mas eu gostei josi, de você ter falado em "fator isolado". imagino que a cirurgia é muito recente em termos de história da humanidade. já a violência, não. e insisto em algo que já mencionei aqui. eu realmente fico com a impressão de que rola uma nostalgia desse estado natural, menos corrompido, mais justo em diversos âmbitos (agora a pouco mesmo falávamos do estado útero-fora do útero). e eu particularmente sou um tanto quanto cética em relação a isso. mas como eu não sei nada sobre esse médico, essa proposta dele e esse hormônio, vou ler os links que vc me passou. muito obrigada!

sobre a criação com apego, thalita, a escritora que escreveu o texto sobre a derrota do feminismo no facebook que linkei aqui (foi muito criticada por esse texto inclusive), num outro texto compara a relação da mãe com o bebê recém nascido, com a relação de dois namorados no começo da relação, onde rola esse desejo descomunal de estar junto, esse pensar no outro mais que em si (a partir da propria experiencia), então eu acho que esse é um fator que eu desconheço porque não tenho filhos, e que talvez seja importante também para analisar certas escolhas e renúncias por parte das mães, justamente evitando o simplismo da "opressão".

levei essa discussão pra uma amiga que é mãe e que eu admiro bastante e a primeira coisa que ela respondeu (quando perguntei sobre o que achava do ativismo pró-parto humanizado) foi:
eu apoio a causa porque nos hospitais públicos só existe a opção do parto normal, e nos hospitais particulares só existe a opção da cesarea. achei bem sensato, porque mostra como nos dois contextos, a mulher não pode escolher. e fica subentendido também a relação de classe social e tipo de parto. e fica subentendido também até a relação entre desejar certo tipo de parto e classe social.

Roxy Carmichael disse...

aline
entendo o que você quer dizer
eu sou totalmente contra esse modelo
e se tem uma luta que tem total meu apoio e engajamento é pela redução da carga horária laboral. não acho que seja suficiente para reformular esse modelo atual, mas acho que é um bom começo.

Anônimo disse...

Adorei o post e me identifico muito...

Quem frequenta blogs e grupos sobre maternidade entende bem o desabafo da autora... Acho que ela não se sente culpada, mas sim está de saco cheio de tanta gente que para defender suas escolhas ofende as demais...

Aliás, é só ler a maioria dos coments acima para entender...

E sim, este termo "menos mãe" é muito utilizado para se referir a quem fez cesariana, não amamentou, deu papinha industrializada, trabalha fora, etc... é só olhar alguns grupos do face...

Fernanda

Thalita disse...

Roxy e todo mundo
Olha que bacana esse texto

http://www.partonobrasil.com.br/2013/10/maternidade-feminismo-e-estudos-alem.html

E Roxy, pô, sacanagem, vc me fez ficar dias matutando sobre pq eu não tinha problemas com algum determinismo biológico, me achando "menas feminista" (hahahaha) e só depois falou q não é bem assim. Não sou acadêmica, tô por fora das teorias!

Unknown disse...

Eu sou mãe e tive parto cesariano de emergência e trabalho fora, sou blogueira e faço mestrado. Quando alguém me pergunta o que eu sou, a primeira coisa que eu respondo é que sou mãe. Quando fui contratada na atual empresa em que trabalho, quando o gestor pediu para dizer quem eu era respondi, na época: "sou mãe de um bebê de 8 meses, sou nutricionista..." Porém, achei muito ruim a colocação neste post da J. Eu até tinha um posicionamento de que a mulher tem que continuar a trabalhar, mas quando meu filho nasceu tudo mudou! Meu marido e eu, embora trabalhando fora, somos maternais e paternais. Optamos por não escolarizar o nosso filho naquilo que consideramos "cedo". Amamento até hoje, mesmo com a jornada cansativa. Além de trabalhar e fazer o mestrado, eu não tenho ninguém para me ajudar nas tarefas de casa. Optei por não ficar neurótica se tem ou não louça para lavar pois o meu tempo livre é do meu filho. Não sei dizer se me senti violentada na minha cesária, por que quando foi pra maternidade com 38 semanas estava com pressão alta. O que eu mais queria era meu filho, fosse parto normal ou fosse cesaria. Mas sou a favor do parto normal pelos inúmeros benefícios que traz para a mãe a para o bebê. Sou a favor da amamentação prolongada. Sinto culpa por trabalhar fora na mesma intensidade que me sinto feliz por ter atividades minhas. Não me acho mãe melhor que outra. Acho que cada mãe tem que saber atender as necessidades do seu filho. Eu acho que meu filho precisa muito de mim na sua atual fase e não vou delegar isso a ajudantes. Um dia eu sai para trabalhar e deixei ele chorando... Eu pensei.. hj ele precisa de mim, quer ficar comigo... daqui alguns anos ele vai falar que tá indo pra balada e eu vou ficar sozinha em casa. Eu optei por ter filho. Eu tenho que atender as necessidades dele. Fim.

Anônimo disse...

Parabéns pelo post J.! A minha vida é exatamente como a sua e não me sinto "menas mãe" pelas minhas escolhas. E só quem não conhece as discussões havidas nos blogs sobre maternidade não entende a importância do que foi dito. Mas, principalmente, concordo, ser uma temeridade uma mulher escolher deixar a profissão para cuidar integralmente dos filhos, pois em caso de separação ficará totalmente desamparada, como vemos acontecer diariamente por aí. Não sei qual a sua profissão, mas imagino que Promotora ou Juíza, como eu. Parabéns, para mim, feminismo é exatamente isso, tomar as rédeas da vida pessoal e profissional, sem depender de ninguém, nem hoje nem nunca.

Laura disse...

1- Claro que o bb tava sentado com 39 semanas, a maioria dos bbs estão, eles podem mudar de posição até o momento do parto, alias as contrações servem pra isso tbm.
2 - não tem como saber o peso do bb por exame, só o tamanho 'e olhe lá', é mt no 'olhometro'.

Se e SÓ se a sua "escolha" foi baseada nesses "argumentos", vc foi mais uma vítima do sistema.
sinto mt

Anônimo disse...

Tenho a seguinte opinião, talvez um pouco pessimista.

Não dá para ser tudo. Nós podemos até fazer várias coisas, mas é impossível atingir um nível de excelência em todas elas, afinal, mesmo com muita organização e disciplina, o dia não deixa de ter 24 horas.

Logo, se a mulher quiser estar entre os melhores profissionais em alguma área, ou terá que abdicar da maternidade ou terá que se contentar em ser uma mãe ausente.

Não dá para ser a melhor neurocirurgiã do país e ao mesmo tempo uma mãe presente, nem ser um neurocirurgião também incrível e um pai presente.

A grande questão é que para os homens é aceitável ser ausente, aliás, basta que joguem meia hora de futebol com os filhos aos domingos para serem considerados bons pais.

Anônimo disse...

Talvez não dê para ser "O" melhor do país, ou "A" mãe mais presente e mais completa... Mas será que é necessário, mesmo, exigir-se a perfeição em qualquer tarefa? Será que não é possível conciliar os papéis, usando-se a "cláusula do possível"? Por que nossas escolhas tem que ser tão extremadas, tipo, ou sou a melhor profissional do mercado, ou não posso ter uma carreira? Acho que dá para conciliar os papéis e ser razoavelmente bem sucedido neste desiderato. Minha mãe foi assim comigo, eu sou assim com meus filhos. Às vezes só falta tempo ... Para mim, enquanto indivíduo!

Ric Jones disse...

O post é bagunçado e cheio de culpas, mas incorre na chatice insuportável de bater numa tecla gasta, que é o "menos mãe". Por outro lado, a Sra Lola termina o texto com a única frase que me parece digna de atenção (o resto é mais do mesmo, um texto enfadonho e chato de alguém que faz a defesa da própria cesariana).
"Eu acho temerário que o Brasil seja recordista mundial no número de cesáreas. Países bem mais avançados que o nosso insistem que cesáreas só devem ser realizadas em casos excepcionais, ou seja, em menos de 15% dos partos, e não na imensa maioria deles, o que acontece por aqui por motivos culturais. Creio que, como feministas, devemos questionar um sistema que força as brasileiras a fugir do parto normal."

Por que não escreveu só essa frase, e nos livraria do peso de ler o resto, tão cheio de lugares comuns do "menos mãe"? Será que ainda não perceberam que este tipo de retórica é cafona? O Movimento de Humanização do Nascimento - no Brasil e no Mundo - nasceu de propostas claramente FEMINISTAS, que apoiam o PLENO PROTAGONISMO da mulher, inclusive para as escolhas consideradas "equivocadas" (no sentido estritamente médico e estatístico)como a opção pela cesariana, que tantas vidas levas mundo afora. Entretanto, ao invés de reconhecer a verdade inquestionável da violência institucional - na sua versão obstétrica - contra as mulheres e seus bebês, a Sra Lola perde o seu tempo (e o nosso!!) com o discurso de defesa de suas escolhas PESSOAIS. Ora, esqueça essas pessoas que você pensa que te agrediram com suas palavras (ou exemplos). Se você está satisfeita com suas cesarianas... ÓTIMO!!! (mesmo, sem ironia...) Mas lembre apenas da sua última frase, pois é APENAS por elas (as que sofreram cesarianas desnecessárias, e não por mulheres como você que se sentem bem e seguras tendo seu ventre aberto por um médico)que o Movimento de Humanização luta. Desejamos dignidade para os milhões de mulheres no mundo todo que são enganadas pelo sistema para realizarem uma cesariana que é mais cômoda e financeiramente sedutora para os profissionais, porém mais arriscada para o binômio mãe-bebê. Lola, deixe de atacar as mulheres que se insurgem contra a violência explícita e alienante aplicada diuturnamente contra a mulher e o feminino. Concentre-se naquela frase, a tal que salva o seu texto da mesmice. Chega de ver sempre alguém que determina o que as mulheres devem fazer: permitamos que elas escolham. Se você acha inadequado que as ativistas determinem que você deva ter um parto normal, então faça o mesmo: deixe que elas defendam os seus pontos de vista. Afinal, mesmo que TODOS concordemos que o protagonismo é da mulher, as evidências clínicas estão com elas, e não com você.

Lórien disse...

Eu acho que você devia ter simplesmente rejeitado esse guest post que não acrescenta nada, é só #mimimi e mais do mesmo, e não colabora com as postagens - normalmente boas - do seu blog. Te garanto que é possível encontrar mulheres que têm coisas mais interessantes para dizer como guests...

Ana disse...

E ao rotular a autora como ignorante (já que Toda a razão esta com as ativistas) e cheia de culpas (possivelmente você conhece a autora pessoalmente, para extrair tal conclusão), você também não está fazendo julgamentos? Não está definindo que suas escolhas (aliás, suas, não, porque nem mulher vc é) são as únicas válidas?
E ainda tem gente que questiona o motivo da autora estar tão de saco cheio desse discurso arrogante de quem se acha o detentor da razão e do conhecimento.
Vale aqui o slogan das campanhas pro aborto: meu corpo, minhas escolhas... A mulher não é mero receptáculo do feto, meu senhor....

Anônimo disse...

Lorién, discordo de você. O texto estimulou um amplo debate, basta ver o número de comentários da caixa. Estimulou um post resposta, muito bem escrito, com pontos de vista bem interessantes. Então, mesmo para quem eventualmente discorda com tudo o que disse a J (o que não é o meu caso), trazer à lume tal tipo de discussão ja valeu a postagem.

Anônimo disse...

Vou contra o desabafo da J, mas vou tentar explicar pq:
Qdo eu engravidei pela primeira vez achei que o parto seria normal, e na minha cabeça (de quem nunca parou pra pensar em parto, gravidez, bebês, crianças, etc) o parto normal é o que hoje é chamado de humanizado.
Fui perguntar pras amigas e amigos que já tinham filhos e tive uma surpresa: apenas 2 tiveram parto normal, pq chegaram parindo na recepção. Tds demais tinham nascido por cesárea. E olha que eu perguntei pra umas 35 ou 40 pessoas!
E a resposta, exceto de 2 amigas que nunca pensaram em parto normal era sempre assim: "eu até queria PN, mas teve que ser cesárea pq..."
Aí entrei em 2 grandes fóruns de maternidade on line, já que pessoalmente somente 2 amigas tinham conseguido, e tive outra surpresa: a maioria das mulheres tinham cesárea pelos mesmos motivos que as minhas amigas tiveram (bb grande, circular de cordão e pq não entraram em trabalho de parto).
Paralelamente comecei a procurar um médico pra fazer o pré-natal que fizesse parto normal, e os 4 primeiros médicos quiseram agendar a cesárea mesmo eu tendo procurado eles antes de 20 semanas!
Eles ainda fizeram comentários relativos à dor, que era insuportável, que eu não aguentaria, que o parto deixa a vagina frouxa, que é pra mulheres de outras gerações, que a minha geração não foi feita pra parir. Gente, médicos dizendo esse tipo de coisa!
O 5. médico disse que faz preferencialmente parto normal, mas tinha algumas condições (somente até 40 semanas, deitada, com soro, episiotomia, kristeller) e o último que disse que faria parto humanizado, mas indicou uma "parteira" (enfermeira obstetriz) e disse que eu era uma "forte candidata ao parto domiciliar".
Foi perfeito! Era exatamente o que eu queria! E aconteceu, não uma, mas duas vezes, pari uma filha no chão do meu quarto, com minha família inteira, e a segunda na banheira.

Voltando às listas de maternidade.
Bom, lá é o único lugar onde eu posso conversar sobre parto domiciliar, sobre amamentação, sobre não dar chupeta nem mamadeira, sobre não medicar em excesso, usar fraldas de pano, cama compartilhada e outras coisas sem ser enxergada como um ET!

Ainda na gravidez, mesmo antes de falar que queria parto domiciliar, qdo uma mulher fica grávida ou tem um bebê pequeno fatalmente alguém (ou todo mundo) pergunta do parto!
Qdo eu falava que queria normal 99% das mulheres (e homens) diziam que eu não ia conseguir, e as respostas gerealmente começam assim: "vc quer pq vc não sabe como é! eu (ou minha mulher) tb queria mas ela teve... -bb grande, circular de cordão, não entrou em trabalho de parto, etc

Anônimo disse...


Isso qdo não falavam que parto normal deixa a mulher toda "arregaçada", ou contam histórias horríveis de crianças com sequelas e a culpa é SEMPRE do parto (e não da assistência inadequada ao parto).

Eu não falo, não pergunto, fujo de qualquer assunto relacionado à maternidade pq sei que vou me irritar!
Hoje, quando a pessoa insiste em perguntar do parto, eu só falo que foi normal. E escuto que fui corajosa seguido por "eu tb queria normal mas (complete com motivos que não são indicação para cesárea)"
Se eu falar que foram domiciliar as pessoas perdem a compostura, me chamam de louca, inconsequente, e mais um monte de besteira, portanto não falo disso fora dos grupos, pq é desgastante!

Sobre amamentação é a mesma coisa! Não falo, mas as pessoas insistem em perguntar se eu quero esquentar água pra dar mamadeira, eu agradeço e qdo vou amamentar começam os comentários.
O mais inconveniente é quando dizem que fico "escrava" da criança.
Po***, são SOMENTE 6 meses de aleitamento exclusivo. Não é uma vida! Apenas 6 meses. Eu mantive a amamentação da mais velha até 2 anos e 6 meses e a mais nova ainda é amamentada exclusivamente.
Eu escolhi usar fralda de pano. E não acho nada demais. Nem critico quem usa descartável, mesmo pq uso descartáveis em algumas ocasiões.
Eu escolhi usar homeopatia, escolhi não medicar com alopatia, escolhi profissionais que me proporcionassem manter essas escolhas e só pude escolher graças ao meu trabalho. Nunca fui criticada em nenhum grupo por trabalhar fora de casa (trabalho em casa tb é um trabalho, não?).

Agora, uma coisa que é chata pra caramba é isso: eu não posso falar nada a respeito das minhas escolhas que sempre vem alguém falar que não é "menos mãe" pq fez diferente!
E por um acaso alguém comparou?
Mas só falar que fez escolhas diferentes da maioria que já vem alguém falar que não é pior que eu ou quem fez as escolhas mais normais!

Agora sim, depois de parir eu virei militante do parto humanizado!
Me senti muito feliz por ter conseguido, e pra mim, se tivesse tido uma cesárea não teria o mesmo gosto. Foi extremamente satisfatório estar no controle e trazer minhas filhas ao mundo pelas minhas mãos.
Acho maravilhoso que tenham inventado a cesárea e acho demais as mulheres que tem as vidas e as vidas de seus filhos salvas por essa cirurgia quando bem indicada.
Mas acho um desrespeito o que tentaram fazer comigo e o que fizeram com quase todas as minhas amigas que tiveram cesáreas sob indicações falsas, inclusive com algumas que tiveram partos normais violentos e sem nenhum respeito.
Se o atendimento à saúde da mulher fosse levado a sério, se os partos fossem respeitosos, acredito que a maioria das mulheres teriam partos normais, e não cesáreas mentirosas.

Por isso acho um post mimimi.
Quando eu procurei de apoio e de informações sobre parto achei sobre parto e sobre cesárea, mas fiquei onde me identifiquei, onde encontrei informações e evidências científicas.

Ana Luisa Ochs de Muñoz disse...

Putz! Sou burra, xiita, devo me envergonhar de me dedicar mais a minha casa e aos meu filhos, sou perseguida por ter minha filha de parto normal( ela pesou quase 4 kg). Tenho que me orgulhar das mulheres que queimaram o sutia? Sou machista e o que mais mesmo?

Anônimo disse...

Ana Luisa,
Só o tempo dirá, pro bem ou pro mau, se suas escolhas são acertadas. É assim com todo mundo... Enquanto isso, o importante é escolher com autonomia, sem se preocupar com a opinião alheia, e sem desqualificar as demais escolhas.

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