Esses dias li um artigo em inglês que me pareceu muito honesto e impactante, e pensei: as meninas jovens, essas que sonham em ser modelos, precisam ler isso. Então pedi para o querido Flávio Moreira traduzir.
O artigo foi escrito por Carré Otis, uma modelo famosa nos anos 80 (tão famosa que tentou uma carreira não muito bem sucedida como atriz; seu filme mais conhecido é o péssimo Orquídea Selvagem, com Mickey Rourke, com quem foi casada).
Hoje Carré tem 45 anos, é embaixadora da Associação Nacional de Distúrbios Alimentares, e está escrevendo um livro sobre imagem positiva do corpo e nutrição. Em 2011 ela publicou suas memórias, Beauty Disrupted (Beleza Perturbada).
Aqui vai a tradução do Flávio:
A modelo americana Carré Otis conta a verdade para a Vogue sobre airbrushing (maquiagem com aerógrafo), inanição, dentes amarelos e abuso sexual...
Quando eu tinha 18 anos e estava começando a vida de modelo no meio da década de 80, a atenção do público surgiu de forma súbita e surpreendente. Depois de dar duro na adolescência tanto na Europa quanto nos EUA, depois de muitas rejeições e reprovações em escalações de elenco, após incontáveis sugestões nada sutis de profissionais da indústria de que eu talvez não tivesse “aquilo” (‘it’), fiquei chocada quando minha carreira começou a ser acompanhada pelas pessoas.
Quando ia ver meus agentes e me entregavam uma pilha de cartas, eu olhava para trás, por cima dos ombros, para saber se eram para alguma modelo famosa em outra sala. “Carr”, dizia minha agente, com as mãos firmes sobre meus ombros, “Você é uma celebridade, agora. Acostume-se.” Havia as cartas que elogiavam a direção de arte ou a estética de um ensaio fotográfico. E havia algumas obscenas em que homens contavam com detalhes o que eles gostariam de fazer com meu corpo e –- tão perturbador quanto -– o que eles faziam enquanto olhavam a minha imagem.
Apesar dos aspectos mais alarmantes deste tipo de carta, eu me sentia lisonjeada por, ao posar para uma foto, inspirar pessoas totalmente desconhecidas a gastar seu tempo me enviando suas opiniões.
Mas havia um tipo de carta que me fazia sentir constantemente desconfortável e que representava aproximadamente 80% da correspondência dos fãs. Era aquela das meninas entre 10 e 15 anos que buscavam meu conselho sobre como tornar-se aquilo que eu apenas fingia ser.
Elas queriam minhas dicas e “segredos” de beleza. Mas eu não estava muito a fim de revelar os verdadeiros segredos: comportamentos destrutivos e tormentos interiores. Eu escondia esses segredos não somente das minhas fãs mais ardorosas, mas de mim mesma. Assim, eu só mandava uma foto autografada e esperava que, evitando responder às perguntas, eu poderia evitar encarar a minha própria realidade obscura.
Recentemente encontrei uma caixa cheia de algumas dessas mesmas cartas. E embora eu não possa voltar no tempo para responder a essas meninas, espero dar algumas percepções ao respondê-las agora. Abaixo estão algumas resposta que eu não tive coragem de mandar na época.
"Querida Carré,
Tenho 10 anos. Qual é a sua rotina de exercícios e o que você come? Eu queria ter o seu corpo. Como é ter esse visual? Eu morreria para parecer com você.”
Sempre que me perguntavam sobre minha dieta/exercícios, eu mencionava uma rotina saudável, do tipo apregoado pelas revistas femininas. “Jazz três vezes por semana e pesos leves”, eu dizia. A verdade fortemente guardada era que eu fazia exercícios pelo menos duas horas por dia, sete dias por semana. Nos dias em que não estava trabalhando, ia duas vezes à academia -– jornada dupla. Eu dizia que comia aveia no café da manhã, frango com legumes no almoço, peixe com salada na janta, e lanchinhos saudáveis como iogurte.
Mas, na verdade, minha grande dieta eram quatro a seis xícaras de café preto por dia, evitando até mesmo uma gota de leite desnatado, já que eu tinha pavor de calorias extras. E, para evitar a fome, fumava alguns maços de cigarro diariamente. Cigarro e café aumentavam minha energia. E todo aumento de energia era bem vindo porque meu corpo estava perpetuamente fatigado por causa das poucas horas -– ou nenhuma –- de sono, músculos sobrecarregados, fome e a implacável torrente de críticas de dentro da minha própria cabeça.
Eu me certificava que ninguém soubesse da minha rotina real, protegendo-a ferozmente de forma que eu pudesse manter um corpo que simplesmente não fora feito para mim. Quando fiquei bem magra recebi um monte de reforço positivo: mais elogios e mais oportunidades de trabalho. Por causa dos estimulantes cafeína e nicotina, e das alucinantes dores da fome, eu raramente dormia. Mesmo quando eu deitava estava alerta e inquieta, praticamente incapaz de fechar os olhos. Então eu tomava comprimidos para dormir.
Que existência distorcida. Eram tantos círculos viciosos que era impossível determiná-los. Eu dormia uma hora por noite. Mas às vezes eu estava tão cansada por causa das festas, do jet lag e da absoluta falta de alimentação que dormia quinze horas seguidas. Como você pode ver, a insegurança e o eterno desejo de parecer perfeita eram as únicas coisas consistentes da minha vida.
As modelos não têm sindicato que as represente, assim não havia nem intervalos nem refeições eram comuns. Mas se acontecia de alguém pedir comida para mim eu ficava paralisada de medo de comer, imaginando que mesmo uma salada iria me fazer inchar. “Não, obrigada”, dizia enquanto tomava meu café. “Acabei de comer.” Ou pedia alguma coisa “sensata” e quando chegava eu nem tocava.
Meus dentes foram ficando gradativamente amarelados por causa do monte de café, nicotina e do esmalte desgastado pela bile (por causa da acidez do estômago devido aos longos períodos de fome e até vômitos). Mas graças ao maravilhoso poder do branqueamento feito por pintura de aerógrafo, em todo ensaio meu sorriso falso mostrava dentes ofuscantes. Sem manicures e pedicures que eu tinha no set, você veria que, assim como meus dentes, minhas unhas também estavam amarelas e quebradiças.
Certa manhã fui parar na sala de emergência de um hospital com palpitações e arritmia cardíaca –- o ponto culminante de vinte anos passando fome. Aconteceu que eu criei três buracos no coração e precisei de uma cirurgia ablativa de emergência [cirurgia para retirada total ou parcial de um órgão; ela não especificou o que foi feito no coração dela – NT]. Na sua carta você diz que “morreria para se parecer comigo”. Bem, foi quase isso que fiz. Como eu me sentia com aquele visual, você me pergunta. Eu me sentia, literalmente, de coração partido.
"Querida Carré,
Queria dizer que seu cabelo é tão brilhante e volumoso. Como você trata de seu cabelo? Gostaria de suas dicas para meu cabelo ficar igual ao seu! (A propósito, tenho 13 anos).”
Engraçado que meu cabelo parecesse tão “brilhante e volumoso”. Porque na verdade ele era muito seco e quebradiço de tanta escova e secador, todos os dias, em sessões de fotos em que eu posava por horas sob lâmpadas infernalmente quentes. Como eu não me alimentava direito, perdia tufos de cabelo para a minha escova e debaixo do chuveiro. De fato, às vezes os estilistas tinham que colocar apliques de cabelo na minha cabeça ou me fazer usar perucas para compensar aquilo que faltava na minha cabeça.
Em relação a produtos, eu usava qualquer coisa que estivesse no banheiro do hotel. Mas se eu conseguia um contrato para uma marca de xampu, então mentia para todo mundo e dizia que aquele era o único que usava e de que sempre gostei.
Eu queria conseguir flertar com os meninos do jeito que você flerta com a câmera. Aposto que você consegue ficar com qualquer carinha do mundo. Qual é a sensação? Tenho 15 anos e eu morreria para ser sexy assim para que os meninos gostassem de mim. Alguma dica?”
Eu só olhava para a câmera e fingia que era confiante e feliz. Mas logo abaixo da superfície eu estava sufocada por sentimentos contrários: assustada e muito, muito infeliz. Eu sabia como mentir para a câmera, mas era uma defesa, uma performance para mascarar a vergonha e a insegurança que brotavam de múltiplos incidentes de trauma e abuso sexual. Meu namorado e eu não fazíamos sexo em meses e quando fazíamos eu fingia ter um orgasmo -– fingindo satisfação sexual do mesmo jeito que eu fingia ser sexy para as câmeras. Eu conseguia enganá-lo, e a você também.
"Querida Carré,
Você é minha inspiração. Você parece tão descolada ("cool") nas suas fotos. Como posso ficar descolada como você?”
Descolada. Pode colocar na conta do meu olhar congelado e da jaqueta de couro ocasional. Meu estilo de vida “descolado” me fazia andar com pessoas que gostavam de carregar armas, e um deles acidentalmente atirou em mim. Não foi muito legal ir para a emergência tentando me agarrar à vida. Durante a maior parte das minhas sessões de fotos “descoladas” eu estava preocupada se meu namorado estava me traindo e, ao mesmo tempo, planejando quais comidas eu ia eliminar da minha dieta para perder mais dois quilos para a) manter meu namorado por perto, e b) conseguir mais um trabalho.
“Você está linda, Carr!”, o fotógrafo gritava para mim a cada clique. “Este é o seu momento!” Mas nunca senti como se fosse o meu momento. Eu me sentia como todo mundo. Lá estava eu, supostamente uma modelo bem sucedida, mas que não sabia como administrar minha identidade profissional, muito menos a pessoal. Poucos dias depois de uma sessão de fotos que seria conhecida como meu anúncio mais icônico, acabei em um hospital por causa de um tiro que passou raspando pelo meu coração. Foi aí que me dei conta que estar viva era muitíssimo mais importante do que ser “descolada”.
"Querida Carré,
Eu quero o seu guarda-roupa. Onde você faz compras? Você teria algumas sugestões sobre como posso parecer melhor nas minhas roupas?"
As roupas que você me viu usar ou pertenciam às revistas ou aos designers que as conceberam. Elas eram selecionadas por estilistas, não por mim. (E aquelas roupas costumavam ser tão apertadas que machucavam! Elas eram normalmente presas com alfinetes nas costas para que ficassem ajustadas corretamente e não importava que os alfinetes perfurassem minha pele. Só um dos muito truques totalmente não-glamourosos da profissão.)
Se você desse uma espiada no meu closet rapidamente se daria conta de que eu não tinha a menor ideia sobre moda. Eu era uma garota hippie que comprava roupas nos brechós. Até hoje não sei nem mesmo pronunciar “haute couture” [alta costura], muito menos como comprá-la.
Mesmo que eu tivesse qualquer desejo de usar essas roupas na vida real, na maior parte da minha carreira eu não tinha condições financeiras para comprá-las, mesmo. A única razão pela qual eu podia possuir meu traje de alta costura era se ele me tivesse sido dado pelo estilista em troca do meu desfile para ele. Mas as roupas -– não importa quão elegantes -– não pagavam as contas.
Então, como você pode parecer melhor em suas roupas? Agora você sabe que eu não sou nenhuma expert, mas posso dizer o que funciona para mim hoje: tecidos confortáveis que são agradáveis à minha pele e cores bonitas que levantam meu astral. Se um anúncio ou ensaio fotográfico inspira você, ótimo. Mas cuidado ao se comparar com essas modelos. Boa parte delas são como eu. Elas não sabem nada sobre as tendências indispensáveis da estação. Elas são –- como eu fui –- pagas para serem cabides.
"Querida Carré,
Sua pele é impecável! Tenho 14 anos e tantas espinhas. Eu as odeio! Como posso ter uma pele perfeita como a sua?”
Então, você tem espinhas? Bem vinda ao clube. Como conseguir uma pele “perfeita” como a minha? Boa pergunta. Você conhece algum bom maquiador?
"Querida Carré,
Como é ter um estilo de vida tão glamouroso? Você tem um iate?”
O negócio é o seguinte em relação ao meu assim-chamado “estilo de vida glamouroso”: eu nunca possuí um iate. Nem mesmo uma casa. Na verdade, alguns meses eu nem era capaz de pagar o aluguel do meu apartamento. Consegui alguns contratos ótimos que pagavam bem, mas eu gastava de maneira frívola. Então havia meses em que não tinha trabalho. No início da minha carreira, eu dava tudo de mim em uma sessão de fotos –- 20 horas sem intervalo –- mas não via um centavo. E se o cliente não gostasse do resultado, então, bem, meu agente não responsabilizava o cliente. Diziam-me para engolir o sapo e usar isso como uma lição a ser aprendida. Às vezes eu não recebia porque a agência achava que eu devia para eles -– débitos de sessões fotográficas de teste, despesas de portfólio e quartos de hotel.
Com exceção de alguns trabalhos, havia muito pouca badalação. Na maior parte da minha carreira eu voei de classe econômica e na chegada era recebida, simplesmente, por um babaca que me dizia que eu estava muito gorda, muito inchada e com olhos muito vermelhos para trabalhar naquele dia. Muitas vezes eu ficava em hotéis úmidos dividindo o quarto com várias modelos. Ia para o set de madrugada e me diziam para fazer poses malucas. “Salte sobre essa duna de areia... mais alto! Agora você é um cervo feliz e sexy!” Então eu saltava como cervo, muito embora eu fosse apenas uma garota muito cansada, com saudades de casa, e faminta, que queria poder visitar a Torre Eiffel ou curtir um croissant no café sem me preocupar com contagem de calorias.
O trabalho de modelo parecia um exercício constante de esconder meus verdadeiros sentimentos. Quando ficava menstruada inchava e ficava de mal-humor, tinha que tirar quase toda a roupa e parecer sexy para a câmera. Quando soube que meu cachorro tinha sido atropelado, tive que ocultar minha dor e parecer que estava no sétimo céu. Não havia qualquer conversa sobre cuidados consigo mesma, sentimentos honrados ou necessidades de comunicação. Era brutal.
Não posso negar que tive algumas experiências extraordinárias nessa indústria. Depois que “cheguei lá”, pude fazer mais exigências e estabelecer mais limites. Mas mesmo assim eu ainda era parte de um sistema temerário e imperfeito. Continuei, por exemplo, a suportar assédio sexual sem entender que isso não tinha que ser exigência do trabalho. Ao mesmo tempo em que existem muitas modelos que podem dizer que tiveram experiências maravilhosas a maior parte do tempo, que prosperaram dentro e fora da indústria, sei que muitas ainda lidam com os mesmos obstáculos com os quais eu tive que lidar –- tentar atingir padrões impossíveis de perfeição e aceitar dinâmicas de poder abusivas como “apenas parte do trabalho”.
Tenho orgulho de ter me envolvido com a Model Alliance, uma organização que recebe relatos de abuso, que desafia agressivamente o código de silêncio, e que continua a lutar por um mais que necessário sindicato de modelos. Eu encorajo as pessoas a olharem para modelos através de lentes realistas, a desafiar essas concepções automáticas sobre o mundo interno de uma modelo baseado em sua (altamente doutrinada) aparência externa.
Hoje, ainda bem, minha felicidade não tem nada a ver com meu peso ou com o que os outros pensam. E a perfeição de qualquer tipo já não é mais o objetivo. A noção de que a perfeição pode ser atingida é uma mentira que nos contam e que contamos a nós mesmas. Essa é a verdade horrorosa. Eu gostaria de poder ter dito àquelas jovens fãs o que finalmente aprendi a dizer a mim mesma: é na realidade, na imperfeição, em que está a verdadeira beleza.
Que história triste... :(
ResponderExcluirPor um mundo em que as adolescentes preferirem lerem esse blog ao invés da revista Capricho.
ResponderExcluirTextos assim valem mais do que muitos manuais de autoajuda. Eu mesmo, que já sei de cor que não tenho muito do que reclamar da minha vida, cheguei ao ponto final até muito agradecido por tudo o que tenho e tudo o que sou. Não sou superlativo em nada, nem na beleza, nem na feiura, nem na inteligência, nem na bondade, nem na maldade, nem na conta bancária... Ah, é muito bom ser mediano e anônimo. Ter todas as contas pagas, um dinheirinho na poupança, uma vida sem luxo, mas decente, e a consciência tranquila toda santa noite, que me permite deitar e adormecer alguns poucos minutinhos depois. Para as mulheres um texto desses devia servir de alívio. Pra que fazer tanta questão de buscar reproduzir mentiras, a mentira da mulher perfeita? Deviam todas se preocupar com ser felizes, e não com ser bonitas. Felicidade é eternemanete aprimorável. A beleza, além de algo muito subjetivo (subjetivo em termos, porque é impressionante a quantidade de pessoas com o "gosto pessoal" igual...), mesmo quando real é fugidia. Com certeza a ex-modelo é bem mais feliz e mais saudável agora, que o pesadelo dela acabou.
ResponderExcluirdaqui a pouco as feministas daqui vão começar a culpar o maldito homem hétero pela existencia miserável das modelos.o que não falam é que o mundo da moda é controlado por gays que tem um ódio incontrolável da beleza feminina e tudo o faz para destrui-la.os héteros em geral DESPREZAM mulheres magras ao ponto de parecerem meninos esfomeados.é terrível olhar para uma modelo.
ResponderExcluirAh, se vc tivesse um decimo da maturidade de Grao da Noite....
ExcluirGrão da Noite, que homem admirável você é. Dá até um alento no coração ouvir/ler homens tão maduros e serenos. E eu sou como você, por isso também seu comentario pôs um sorriso no meu rosto: toda vez que leio esses depoimentos sinto uma profunda gratidão por ser esta pessoa tão simples, tão desprovida de qualquer excesso, e tão anônima, vivendo uma vida com pura dignidade e só.
ResponderExcluirO alimento está dentro, gente. Simples assim.
Vendo isso, me sinto triste pelas garotas que são estimuladas a quererem entrar nesse mundo obscuro que é o mundo artístico. Dá dó.
ResponderExcluirLola, o que quero falar não é sobre o post. Lola, fico muito feliz em ver que seu blog continua ativo, apague da cabeça aquela ideia de acabar com ele, por favor!! Você faz um excelente trabalho e continue com ele! O Brasil agradece! :) <3
ResponderExcluirSimplesmente chocante...
ResponderExcluirComo a industria da moda é perversa e falsa!
Precisamos mais do que nunca desestimular as meninas a quererem entrar nesse meio e a apararem de quererem ser igual a essas modelos.
Há, que felicidade seria ver esse texto publicado nas revistas para adolescentes...
ResponderExcluirQue bad =/
ResponderExcluirAnon das 12:46,
ResponderExcluirEu tbm gostaria. Mas estas revistas JAMAIS vão fazer isso, no máximo vão dizer para as garotas não seguirem dietas malucas, não quererem ficar iguais as modelos, etc. O que é uma contradição, pois essas revistas vivem de "vender" sonhos frustrados para adolescentes vítima de um sistema opressor e ditadura da beleza. Então, sem chances.
Fui modelo durante dez anos.
ResponderExcluirVoltei da minha primeira viagem à China para fazer engenharia.
Apesar de ter ficado tanto tempo, nunca gostei realmente. Algumas coisas mudaram da época da Carré pra cá, mas tem muitas outras coisas sombrias que também não foram ditas.
Sempre assim,quando estão no auge do sucesso fazem de tudo pra passar essa imagem de poder,sucesso e superioridade,mas quando ficam velhas vem com esse papo de conscientizar as pessoas da verdade.
ResponderExcluirDesculpem,mas não acredito em nada do que essa ex-modelo fala.
Caracaas, fiquei impressionada!!!!
ResponderExcluirSempre imaginei algo mais ou menos assim pra modelos e atrizes chegarem a ser famosas, quilos e quilos de maquiagem e uma guerra declarada ao seu proprio corpo para se manter positivamente diante da midia.
Mas não sabia que chegava a esse ponto.
Uso as palavras do Thiago Souza: Por um mundo em que as adolescentes preferirem lerem esse blog ao invés da revista Capricho.
Beijos e otima postagem!
Anônimo das 14:08:
ResponderExcluirE quem disse que ela está tentando lhe convencer de alguma coisa? Ela nem sabe que você existe e nem quer saber...
Belo e triste relato da Carré! Só faltou mencionar o consumo de drogas no mundo glamuroso da moda. Ela deve ter presenciado isso, ou sabido de algumas histórias...A supermodelo Gia Carangi, por exemplo, teve sua vida arruinada pelas drogas e morreu vítima da AIDS (ela usava drogas injetáveis e, em decorrência disso, se contaminou com o vírus HIV, segundo algumas fontes).
ResponderExcluirInfelizmente a indústria da moda e a propaganda vão continuar a vender essa imagem falsa da mulher perfeita, não se importando que umas das principais vítimas dessa lavagem cerebral sejam meninas de 10 anos (não é a toa...). Seria bom que outras ex-modelos fizessem o mesmo que a Carré.
Eu acho que hoje em dia algumas meninas já tem noção do que é entrar pro mundo da moda. Mesmo assim, é triste ver que mesmo as mulheres consideradas perfeitas tem que submeter a todo o tipo de atrocidade para estarem dentro do padrão e poder trabalhar. Eu achei estranho ela não ter dado destaque a questões como o assédio sexual, porque também é super grave e deixa feridas para sempre.
ResponderExcluirA história é verdadeira, com certeza. Minha filha foi modelo da Elite e da Ford , as agências queriam disputar seu contrato. Ela teve que se mudar para São Paulo para poder trabalhar mais, e , um pouco antes de viajar para a Europa para uma série de desfiles, me telefonou e disse "Pai, vem me buscar". Larguei tudo o que estava fazendo e a trouxe de volta para casa . Ela voltou à faculdade que havia interrompido, formou-se, casou e agora é feliz, com família e filhos.
ResponderExcluirNão aguento com essa estratégia ridícula de se jogar a culpa nas mulheres ou nos gays. É tão infantil. As mulheres sofrem na industria da moda pq ela é controlada por gays que exercem seu ódio as mulheres? Ai me poupem!Imagino que a intenção de um post desses é mais no sentindo de compreender do que em buscar culpados, mas a cabeça infantil de certas pessoas não percebem isso, querem logo jogar a culpa nas mulheres ou nos gays para poderem acreditar que "eu não tenho nada a ver com isso".
ResponderExcluirMuito triste.
ResponderExcluirMas o que me chocou mais ainda é perceber que essa modelo é "gostosa" perto das modelos (e atrizes) de hoje em dia.
Esse relato nunca seria publicado em revistas como Capricho? Sei não. Saiu na Vogue, até parece que a Vogue é exemplo de revista. Talvez se saísse na capricho o tom seria mais "juvenil", não brutal, mas não duvido que publicassem. Quem nunca escutou essas histórias que ela contou? Não é uma graaande revelação. O problema é que o apelo pela aparência e glamour é maior, por isso é importante que ela fale, que muitas falem, e que as famílias de garotas de 10 anos escutem, pq muitas vezes é a própria família que coloca essas coisas na cabeça das crianças.
ResponderExcluirIsto por que ela foi uma modelo "bem sucedida" imagina as 95% das outras que acabam a vida sem nem o sucesso que ela teve....
ResponderExcluirLendo esse relato pensei na minha pré-adolescência, quando comprava enlouquecidamente essas revistas de dieta. A modelo que mais me marcou na época foi a Adriane Galisteu. Eu que era apenas cheinha, me sentia uma obesa mórbida porque pesava cinquenta e sete quilos, mas tinha mais peso que uma mulher feita, de quase trinta anos, que era considerada perfeita por essas revistas, vendiam aquele tipo de corpo como o único modelo possível de beleza e de felicidade.
ResponderExcluirLembro das dicas malucas de alimentação dela, da rotina exaustiva de exercícios com um sorriso no rosto, de uma dieta maluca de tomar só sopa durante duas semanas pra perder oito quilos...
Uma menina de doze anos lê essas coisas e não tem senso crítico pra discernir o quanto aquilo fazia mal.
Enquanto eu estava fazendo a tradução fui ficando cada vez mais assustado e indignado com o que estava lendo. Meninas de 10 anos pensando em dieta! E isso na década de 80 em que, me parece, o apelo não era tão grande quanto hoje. Eu era jovem nessa década (rs) e, como sempre gostei do mercado editorial - trabalhei em uma editora de revistas -, prestava muita atenção em bancas de jornais. Acho que foi a partir do final dos anos 80 que começaram a surgir zilhões de revistas de moda - antes só havia Claudia, Desfile e algumas importadas. De repente houve uma avalanche e as revistas para adolescentes mudaram seu foco e tudo começou a ficar muito mais glamourizado, programas infantis eram apresentados por pessoas como Xuxa, Angélica, já com apelo para roupas ousadas e chamativas.
ResponderExcluirSó lendo o texto da Carré é que me caiu essa ficha, de como foi forte o movimento da moda para atingir meninas cada vez mais jovens.
E hoje parece que isso tudo ficou tão banal - as modelos "ideiais" têm o quê, 13, 14 anos... é assustador, porque se com a Carré já foi pesado, como não será hoje?
Às vezes tenho medo do ser (des)humano.
ResponderExcluir"mas a cabeça infantil de certas pessoas não percebem isso, querem logo jogar a culpa nas mulheres ou nos gays para poderem acreditar que "eu não tenho nada a ver com isso".
primeiro vc diz q n deve se culpar ninguém,depois diz que de alguma forma todos tem culpa,contraditório.
então ninguém tem culpa? nem as pessoas que fazem exigências insanas as modelos? e também não é culpa delas que aceitam,pelo sonho de glamour,viagens,o sonho de ser top model...?
hj em dia com tanta informação n tem como dizer q as meninas e mulheres que querem ser modelos n tem a mínima idéia do que vão ter que aguentar.
eu tb queria quando eu tinha 16 anos mas só de ver o que era necessário em uma revista desisti,pele perfeita,sem estria,espinha, parecer um palito,eu teria que perder uns 10 kg e eu já estava no meu peso normal mas para o mundo da moda, eu era praticamente obesa,n tinha a altura certa,nunca ia alcançar isso.
esse lado do feminismo de que ninguém nunca tem culpa de nada é irritante,sinceramente.
Ótimo texto
ResponderExcluirSe um dia eu tiver uma filha, eu faria questão de mostrar esse post a ela se começar a falar em ser modelo. Afinal, imagino que seguir um padrão de beleza praticamente impossível de ser alcançado seja sacrificante para as modelos. Ainda que existam maquiadores e Photoshop.
ResponderExcluirE com relação ao sindicato das modelos, não acredito que as suas revindicações sejam atendidas com uma simples greve. Até porque o modelo de trabalho delas é parecido com o autônomo, só que piorado. As agências vão demiti-las, alegando que está cheio de meninas por aí querendo ingressar nessa carreira. Isso não é mentira, embora essa desculpa seja usada por vários patrões de várias outras categorias que conseguem vencer apesar do assédio moral.
Mas eu espero e torço que esse sindicato seja criado. E, ainda mais, que elas consigam encontrar a sua forma particular de lutar pelos seus direitos enquanto trabalhadoras. E, mais ainda, que a luta delas consiga inspirar outras classes de mulheres trabalhadoras a fim de conseguir melhorias reais.
Melissa
ResponderExcluir"hj em dia com tanta informação n tem como dizer q as meninas e mulheres que querem ser modelos n tem a mínima idéia do que vão ter que aguentar."
Só no mundo perfeito onde todo mundo tem de fato acesso (e incentivo!) a se informar e ter senso crítico das coisas ao seu redor. E como alguém já disse, muitas vezes a garota fica sabendo que é uma carreira complicada mas a mídia e a sociedade jogam tanto na cabeça dela que compensa mais aguentar tudo de ruim para fazer parte desse mundo (supostamente) glamoroso e maravilhoso. Esperar que todas as meninas de 13 anos que são expostas desde muito novinhas tentam todo esse discernimento, é muita ignorância.
@Melissa:
ResponderExcluir"esse lado do feminismo de que ninguém nunca tem culpa de nada é irritante,sinceramente."
Existem pessoas com culpa no cartório, é verdade. Nesse caso e em minha singela opinião, a culpa é mais dos empresários (independente de sexo biológico, gênero, orientação sexual, identidade sexual, raça, idade, etc) do que de qualquer outra classe.
Penso que essa exploração visa criar nas meninas e mulheres mais jovens a necessidade de seguir um padrão de beleza difícil de alcançar. E para alcançá-lo é preciso consumir remédios para emagrecer, consumir as roupas da moda (que daqui a 6 meses estarão obsoletas o bastante para que elas consumam novamente), consumir as revistas para pegar os próximos passos, consumir as comidas "diet" da marca x, consumir, consumir, consumir...
Imagino que, ao denunciar esse ciclo consumista, bem como a vida das modelos (que são mostradas como exemplo de como as meninas deveriam ser), o feminismo está tentando acabar com uma das várias formas de opressão que as mulheres sofrem, mesmo sem perceber. E acho que o ataque do feminismo seja contra o sistema em si e não contra as pessoas que o mantém de pé. Até porque se derrubar apenas essas pessoas, outras tomarão o seu lugar e o sistema permanecerá intacto.
Por favor, se eu estiver errado em minha opinião, me corrija.
Todo mundo quer dar uma de heroína,reveladora da verdade,salvadora das menininhas inocentes,quando a carreira acaba.Não tem mais holofote,não tem mais contratos milionários.
ResponderExcluirSe estivesse em alta na carreira,duvido que abrisse a boca pra falar alguma coisa.
Geralmente esse é um problema "feminino" e talvez por eu conviver tempo demais com meninas eu passe por isso também.
ResponderExcluirTenho tentado há dias escrever sobre como me sinto em relação ao meu corpo, mas eu sempre deixo pra lá. É doença de mulher e viado.
Bem, eu sou gay, ou bi, já que gay que só pega homem eu não sou, mas notei que é tão normal para mim ficar com a barriga encolhida que já faço isso automaticamente, não importa se eu eu estou tomando banho, sentado, deitado, de pé ou fazendo o que for.
Sabe, eu vi aquela cena da Perséfone, da novela, sendo ofendida pela moça cadeirante e fui para o quarto chorar.
Ninguém gosta de gordo. Gordo só serve se for pra fazer piada, pra ser engraçado, pra ter um "rosto bonito" e pra cuidar da melhor amiga nas festas. Gordo só se ferra. Geralmente, o gordo é a piada. Eu não sou gordo, mas não consigo aceitar que eu seja magro. Embora eu tenha emagrecido e, se Deus quiser, eu vou emagrecer mais até perder essa barriga. Porque as pessoas te avaliam, sabe? E se você é gordo, você não serve. Às vezes, elas olham pra tua barriga, ou então você está parado quieto e alguém chega e bota a mão na tua barriga e faz piada e você leva na brincadeira, mas né.
Coisas assim, mas falando só superficialmente, claro.
Um texto muito, muito profundo.
Abraço,
{http://www.duasgotas.com.br/}
Não é só o mundo da moda que é "difícil". Todo mercado de trabalho o é, e acredito que há modelos que trabalham de forma consciente e fazem o que amam, de coração.
ResponderExcluirHá profissionais desonestos em todos os lugares. Mas há os que trabalham com honestidade. Sempre há!
{Geralmente esse é um problema "feminino" e talvez por eu conviver tempo demais com meninas eu passe por isso também.
Tenho tentado há dias escrever sobre como me sinto em relação ao meu corpo, mas eu sempre deixo pra lá. É doença de mulher e viado.
Bem, eu sou gay, ou bi, já que gay que só pega homem eu não sou, mas notei que é tão normal para mim ficar com a barriga encolhida que já faço isso automaticamente, não importa se eu eu estou tomando banho, sentado, deitado, de pé ou fazendo o que for.
Sabe, eu vi aquela cena da Perséfone, da novela, sendo ofendida pela moça cadeirante e fui para o quarto chorar.
Ninguém gosta de gordo. Gordo só serve se for pra fazer piada, pra ser engraçado, pra ter um "rosto bonito" e pra cuidar da melhor amiga nas festas. Gordo só se ferra. Eu não sou gordo, mas não consigo aceitar que eu seja magro. Embora eu tenha emagrecido e, se Deus quiser, eu vou emagrecer mais até perder essa barriga. Porque as pessoas te avaliam, sabe? E se você é gordo, você não serve. Às vezes, elas olham pra tua barriga, ou então você está parado quieto e alguém chega e bota a mão na tua barriga e faz piada e você leva na brincadeira, mas né. Coisas assim, mas falando só superficialmente, claro.
{http://www.duasgotas.com.br/}}
Eu gosto de gordos, acho atraente e atrativo.
ResponderExcluirEsperar que todas as meninas de 13 anos que são expostas desde muito novinhas tentam todo esse discernimento, é muita ignorância.
ResponderExcluiroutro mal das pessoas é subestimar a inteligência de adolescentes,então como a modelo do post se rendeu a esse mundo da moda tendo 18 anos?
era demais esperar discernimento dela também?
"É na realidade, na imperfeição, em que está a verdadeira beleza." -Carré Otis
ResponderExcluirPra aceitar isso é preciso, antes de tudo, amar a si mesmo.
Acho lindo a pessoa ser magra, mas quando é uma coisa natural. Muita gente faz até regime para engordar, então existem magras naturais mesmo.
ResponderExcluirMas toda essa maluquice em busca de um corpo magro é deprimente. Mulheres famosas contam sobre suas dietas e são admiradas. Modelos como ela, que vivem de café e cigarro são populares, enquanto meninas gordinhas são excluídas. Os padrões da sociedade são cruéis e complicados.
Incômoda denúncia.
ResponderExcluirLembro muito bem da multa contratual que a escola Vila Isabel teria se revelasse as medidas da Gisele quando desfilou no carnaval.
Todo mundo sabe dos riscos de saúde que esse mundo glamuroso teima em ocultar.
Parabéns, Lola!
Eu assisti Orquídea Selvagem em 1991' com 17 anos,
ResponderExcluirNaquele dia, meu mundo desmoronou ,porque a Carrie era tudo o que eu queria ser : o cabelo era parecido com o meu, os olhos claros como os meus,so que meu cabelo era " desgrenhado" ao contrario do dela que era " ajeitado" , e meus olhos ficavam escondidos atras dos óculos.
Mal sabia eu o que ela tinha que fazer para ficar com o cabelo " ajeitado "
Este post e triste e ao mesmo tempo lindo,
"outro mal das pessoas é subestimar a inteligência de adolescentes,então como a modelo do post se rendeu a esse mundo da moda tendo 18 anos?
ResponderExcluirera demais esperar discernimento dela também?"
Por isso eu escrevi TODAS. Sempre terá garotas que saberão diferenciar, mas para a indústria da moda e mídia essa meia dúzia de garotas não muda nada se milhares de outras acompanham. E foi por isso também que escrevi que é importante ter incentivo a ter uma visão crítica. Toda adolescente tem totais condições de separar as coisas, mas como ninguém a avisa ou ela não consegue repara por conta própria, toma aquilo como verdade. Atire a primeira pedra quem nunca pelo menos pensou em fazer alguma loucura que prejudique sua saúde para se encaixar no padrão de beleza e só depois de muito tempo percebeu ou alguém avisou como aquilo é perigoso.
Nossa, sério que tem gente achando que se nem mulheres deixam de acreditar que as modelos são seres felizes com uma vida perfeita, adolescentes e até mesmo crianças vão entender isso porque hoje temos acesso a informação? Justamente o contrário, acho que com a internet tudo isso só piorou.
ResponderExcluirSem falar q quantos textos como esse aparecem em sites que adolescentes frequentam? Óbvio q tem adolescente no blog da Lola, em sites feministas, etc mas é ingênuo achar que é uma regra, e mesmo quem vem aqui e está ciente de tudo isso, ainda pode se afetar pelo que é jogado na nossa cara diariamente.
E de novo, pra quem acha que modelos com mais de 18 são por natureza responsáveis pelo próprio abuso, leiam o que a modelo Katia Elizarova relatou recentemente:
"When I was in Japan they weighed me every day after lunch, so I felt horrible, but I did know girls who were bulimic, who used cocaine to make their cheeks hollow. Some girls pulled out their teeth to look thinner. There are people who try to bring you into clubs to attract the attention of older men. This is not a nice part of our job.. If you’re a model and your agency hasn’t paid you in months, you don’t have anything to eat -- and then someone comes over and says, ‘We’re doing free dinners in the club, come and bring your girlfriends,’ of course you go. Then you have 20 men perving at you, but you’re so hungry you don’t care.
When a model who was getting good work in Australia starved herself down two sizes in order to be cast in the overseas shows ... the Vogue fashion office would say she’d become ‘Paris thin.'
I was dressing a model from the U.S. on a beauty shoot, and I noticed scars and scabs on her knees,” Clements wrote. “When I queried her about them, she said nonchalantly: ‘Oh, yes. Because I'm always so hungry, I faint a lot.’ She thought it was normal to pass out every day, sometimes more than once. .”
http://www.ibtimes.com/top-model-katia-elizarova-reveals-models-are-pulling-out-their-teeth-look-thinner-new-expose-1412768
Não me comoveu nem um pouco. Se era tão ruim assim, por que não foi estudar e trabalhar de verdade? Se são vítimas, por que continuam exercendo a profissão? alguém as obriga? são masoquistas?
ResponderExcluirValéria, você acha mesmo que essas coisas não devem ter passado na cabeça dela? Você acha mesmo que várias delas não pensam nisso?
ResponderExcluirVocê acha que é só carreira de modelo que é um lixo, degradante, com pouco controle, abusivo? Já viu trabalho de publicitário? De contador? De telemarketing? De jogador de futebol (acredite em mim, tem casos TÃO HORRÍVEIS em futebol que em modelagem)?
Agora me diga, é fácil assim sair desse ciclo? Você está ali, fazendo o que sabe fazer, lutando para por o prato de comida em casa, por reconhecimento, ou pelo seu sonho, e por pior que seja o percurso, você continua, acreditando que de alguma forma vai melhorar. É o que a empresa, a mídia, a agência, o sistema inteiro te diz "batalhe duro e você será um vencedor, você terá sucesso"...quantas e quantas pessoas morrem trabalhando duro além de suas capacidades físicas sem nunca alcançar o prometido? Isso é sistêmico, não é problema de um ou outro trabalho, uma ou outra pessoa, isso acontece aos milhares de seres humanos. São todos masoquistas? Não, ninguém ali disse que tá adorando sofrer. A autora do texto em nenhum momento disse que gostava da sensação, pelo contrário, vivia em dilema consigo mesma, e apenas quando tudo acabou ela pode se tratar e colocar a vida em ordem.
Vamos criticar com um pouquinho mais de senso? Parar de culpar a vítima pela tragédia?
Ela podia ter largado tudo? Podia. Mas não era o que ela acreditava na época. Depois de toda essa experiência ela reviu seus conceitos e entrou em paz com sua consciência. Quem não muda de opiniões com o passar dos anos? Ou alguém aqui piamente acredita que nascemos todos sábios e sabendo discernir tudo?
O próprio mundo da moda não valoriza os modelos que trabalham com 'alta costura' e revistas fashions, não regulamentam a profissão. Não procuram contratar bons profissionais da área de saúde como nutricionistas e psicólogos para ajudar os modelos. Acho que é uma profissão muito pouco organizada e quando os modelos tentam mudar alguma coisa seus pedidos não são atendidos na maioria das vezes. No Brasil tem algumasgrandes agências com psicólogos e nutricionistas, mas quem definecomo deve ser os modelos são os estilistas e as grifes, as agências fazem mais o intermediário. Não adianta também ficar demonizando os modelos, a profissão de modelo e as mulheres magras em geral como acontece com frequência neste blog. A maioria doshomens preferem as 'panicats' da vida, não as modelos. Em vez de demonizar e querer destruir a profissão poderiam também ajudar, lutar por mais diversidade, sejam pelos magros naturais e pessoas de outros tipos físicos, juntas, unidas e não inimigas, rivalizando, vivendo em uma guerra cheia de rancor e amargura. "Demonizar" a profissão de modelo e a área de moda não vai trazer resultados positivos. Tem um psicólogo brasileiro que faz um trabalho maravilhoso nas agências e tem um pensamento muito crítico a tudo isso, mas sem revolta, raiva e esteriótipos. Este blog tem muito ainda a evoluir a respeito disso e espero que evolua mesmo, pois tem alguns assuntos aqui interessantes até que são debatidos. Boa sorte no seu blog e que as pessoas que comentem não usem apenas da raiva, revolta e generalização contra os modelos e o mundo da moda.
ResponderExcluirEla podia ter largado tudo? Podia. Mas não era o que ela acreditava na época.
ResponderExcluirexatamente podia mas n quis,aceitou ser tratada como um cabide,como uma porcaria,agora quer posar de vitima?
se n largou antes é pq alguma coisa estava ganhando com isso.
para feministas ninguém tem escolha em nada na vida e se algo der errado,a pessoa n tem nada a ver com o fato.
Z, é difícil argumentar com pessoas que nem Valéria que acham que a pessoa só é vítima se alguém estiver apontando uma arma pra cabeça dela pra que ela faça algo, se não ela não tem direito de reclamar, de pedir por direitos, etc.
ResponderExcluirTou até surpreso das feministas ainda não estarem tentando proibir o mercado da moda como fazem com o mercado do sexo.
ResponderExcluirPelo que eu sei, a prostituição. não é proibida no Brasil. O que é proibido é a exploração financeira das prostitutas
ExcluirSe um(a) homem(mulher) quer vender seus favores sexuais, pode fazê -lo livremente em todo o território brasileiro - e em uma infinidade de Paises. Prostituição não é proibida, não . Não vem com esta noia, não , que aqui não cola
religiosos poem a culpa de seus erros no demonio e vcs poem a culpa no sistem,no fim da no mesmo,ninguém quer assumir q tem responsabilidade pela propria vida.
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ResponderExcluircaramba! tem uma galera perfeita comentando aqui, hein?
é evidente que na época ela, apesar dos "problemas" ficava, em função, justamente, dos estereótipos de gênero, das pressões sociais, de acreditar ser privilegiada por fazer parte de um mundo pintado como ideal! não só ela, mas muita gente. até hoje (ou principalmente hoje?), mulheres só são "valorizadas" pela beleza (coloco entre aspas, pois isso é mais maldição que benção).
até hoje se propaga o mito de que mulheres envelhecem pior que homens! não é isso que ocorre. homens e mulheres envelhecem. só que o envelhecimento masculino é "permitido" e "aceito" socialmente, já que o homem não precisa ser belo (= jovem perfeito), ao passo que, à mulher, não é "permitido", não é "aceito", envelhecer. a mulher "precisa" ser bela (= jovem perfeita), pra existir socialmente.
galera não sabe o que é criticar estereótipos de gênero? não sabe o que é criticar cultura? não sabe o que é criticar padrões sociais de comportamento/beleza?
a modelo não diz que a culpa não é dela. é evidente que as decisões (até um ponto ou a partir de um ponto) são pessoais, mas as pressões sociais/culturais não podem ser ignoradas ou neglicenciadas. não vivemos descolados dessas influências. e a mentira serve justamente pra convencer-se a si mesma de que aquilo vale a pena, de que ela é uma privilegiada por fazer parte desse mundo (do qual todos querem fazer parte). nós mentimos pra nós mesmos. e deixar de fazer isso é um longo processo de descoberta e maturidade. alguns percebem logo. outros, demoram mais. e outros ainda, não se dão conta nunca e morrem na ilusão.
o problema não é o mundo da moda em si. o problema é a fantasia que se constrói em torno dele. o mesmo pode-se dizer sobre o mundo do crime. quantos homens questionam esse mundo depois de um tempo mergulhado nele, roubando, traficando, agredindo? mas, em geral, não criticamos tanto quanto criticamos as modelos que fazem o mesmo, não é verdade? pelo contrário. louvamos por eles terem superado "aquela vida" e estarem revelando a verdade aos jovens. mas, eles são homens. a eles se permite o erro e o arrependimento. às mulheres? apenas julgamento desqualificação e críticas. será que tem a ver com es estereótipos de gênero? será? será?
ResponderExcluirsem contar que reconhecer os erros é justamente assumir as responsabilidades pela própria vida.
ela assume justamente que se rendeu às pressões de gênero sem reflexão! assume que é difícil largar algo que te prejudica, mas que é visto e vendido como sonho por muita gente.
ela tá assumindo isso tudo!
ou vocês acham que as panicats da vida não se sentem mal como ela, mas ainda assim se convencem de que são privilegiadas? na entrevista da bahls na gabi, eu só conseguia ver uma guria boba sendo triturada sem dó pelo sistema, sem força pra se proteger contra ele. eu tive dó, coisa que detesto sentir, e não vi a entrevista até o final.
ResponderExcluira violência e a exploração presentes no mundo da pornografia e da prostituição SEMPRE serão alvos de crítica. SEMPRE. falas como a do anon servem só pra varrer o que há de pior na pornografia e na prostituição pra debaixo do tapete.
usufruir das prostitutas o fofo quer. elevá-las à categoria de cidadãs, com direito ao reconhecimento social, ao afeto, ao respeito, não!
cômodo, né?
muito cômodo!!
Lola, muito obrigada por este texto: vou guardá-lo para o futuro, para mostrar para a minha filha quando crescer. Se é que até lá conseguirei convencê-la do contrário, já que a ditadura da perfeição está em toda parte!
ResponderExcluirMelissa:
ResponderExcluirComplementando o que já foi explicado, a disponibilidade de informação não garante, sozinha, que não se irá cometer erros.
Apesar de termos informação disponível sobre prevenção de DSTs, danos do uso de drogas ou sobre a necessidade de uso de preservativo nas relações sexuais, isso não impede que pessoas continuem sendo contaminadas, se droguem ou gravidezes indesejadas.
A formação do senso crítico passa por uma educação de base que forneça aos indivíduos as condições de pensar criticamente e de transformar informação em conhecimento. Não podemos cair na armadilha de culpabilizar a vítima.
Praticamente todas as modelos e atrizes que resolvem fazer revelações contam que tinham sérios distúrbios alimentares. E ainda tem gente que acredita quando lê nas revistas que elas fazem pilates e comem bastante fruta.
ResponderExcluirHamanndah e Cora
ResponderExcluirProstituição ainda é permitida por aqui porque no Brasil o feminismo não tem tanta força quanto na escandinávia e na maioria dos países anglo.
Nestes países, as feministas não tão a fim de elevar prostitutas a cidadã não. Elas querem ERRADICÁ-LAS.
Qual é? Estes Paises querem proteger as prostitutas das agressões feitas pelos clientes e cafetoes. Quem quer agredir as prostitutas não são as feministas, são alguns clientes odiosos. Se vc nunca tratou mal/humilhou uma prostituta porque vc a estava pagando, então esta carapuça não lhe serve.Senão ,
ExcluirVerdade. Alguns comentários aqui lembram muito os dos posts sobre trotes machistas/misóginos nas faculdades que Lola já fez. Um pessoal realmente perfeito vindo comentar que a culpa é de quem participa sem questionar as pessoas que criam essas coisas.
ResponderExcluir(hm, troquei de post! colocando o comentário no post que queria dessa vez!)
Tem razão tudo é culpa dos outros,ela n disse mas com certeza foi obrigada a ser modelo....
ResponderExcluirN é posar de perfeito,todo mundo erra,acontece q vcs e a maioria das pessoas n querem assumir o erro e é mais fácil por a culpa nos outros.
Assim com nos trotes,um mimimi infnito para explicar q ninguem tem culpa de aceitar brincadeiras ridiculas só para terem a ilusão de que vão ser aceitos pelo mundo inteiro,
o mais engraçado é q para vcs a vitima nunca sabe de nada enquanto o agressor tem plena consciência do q faz,se todo mundo é manipulado pelo sistema,os agressores são coitadinhos tb.
Anon 00:09
ResponderExcluirEsperando ANSIOSAMENTE o dia que o feminismo terá essa força no Brasil.
Mas do jeito que você falou parece que as feministas nórdicas estão assassinando as prostitutas.
Não venham com essa de que as meninas que estão no mundo da moda podem escolher uma agência melhor. Isso não existe.
ResponderExcluirSe pudesse, tenho certeza de que elas prefeririam a agência que desse melhores condições de trabalho, melhores ganhos sem a necessidade de ficar contando calorias ou sobreviver à base de café e cigarro.
Mas no mundo real não é assim. Se ela quiser continuar a ser modelo... Melhor dizendo: se ela não quiser ficar desempregada e sem dinheiro para sobreviver, vai ter de se sujeitar ao mercado. Se quiser fazer uma faculdade pra seguir outra profissão, vai ter de continuar a se sujeitar a esses abusos. E explorar as modelos dessa forma é prática de mercado, todas as empresas e todos os cientes fazem isso.
A modelo tem opção? Evidentemente não.
O que acho mais bizarro é que tinha uma epoca que todas as modelos falavam que comiam de tudo, a maioria dizia ser chocolatra.... Rs,,,, isso era lá pelos anos 90-2000.
ResponderExcluirDomingosjornal ,ela poderia muito bem ter procurado outro emprego fora do mundo da beleza mas n quis ,parece q esse povo famoso tem o na riz em pé,cansei de ver atriz aqui do brasil dizendo nunca trabalharia em outra coisa,q é vocação, quer dizer q prefere passar dificuldades do q perder o status de artista,celebridade.
ResponderExcluirachei meio exagerado...
ResponderExcluiruau!sempre soube ouvi falar q modelos sofrem para serem perfeitas...mas nao pensava como elas se sentiam em relaçao a isso,pensava que eram simplesmente belas por natureza e faziam só um esforcinho para manter-se..
ResponderExcluirnossa q historia triste e eu que pensava que fosse diferente a vida de certas grandes modelos...:(
ResponderExcluirEu vi alguns posta acima e de quem é a culpa pela exigencia de tanta magreza? A culpa é da câmera que engorda. Se VC é magro normal já percebeu como sai Forte na foto? Muitas meninas na foto parecem magras normais lindas mais pessoalmente são um esqueleto já imaginou alguem acima de 1,73 com 50 kg. É um palito. A verdade é que esse é o padrão para essa profissão. Hj em dia existem nutricionistas e preparadores físicos que vão traças um dieta e exercícios precisos para manter esse tipo de corpo só que é muito restritiva horrível de fazer ai essas meninas preferem dietas rápidas tomar enibidores de apetite, vomitar o que comeram ou até parar de comer. É fácil criticar as modelos certo. Mais se a gente pensar um pouco vai ver q muitos atletas fazem o mesmo pra conseguir um treino de horas sem descanso dieta rigida um esforço sem limites para conseguir uma marca olímpica. E nos tbm achamos o maximo. As bailarinas sofrem muito para serem esqualidas não pode nem ter seio tem sempre q ter aquele corpo juvenil. E nos tbm achamos lindo elas dançando. Quem escolhe ser modelo sabe q vai ter q ser magra, que vai viajar de avião todo dia, que não tem horário fixo. Escolhe quem quer. Se o padrão de beleza é magro e o resto de mundo é normal sinal q no fundo ninguém esta muito ligando para padrão de beleza.
ResponderExcluirFinalmente verdades e seriedade aqui. Dessa vez está de parabéns!
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