No guest post da A. sobre estupro, a Carla deixou um comentário que precisava ser transformado em post. Então vamulá:
Vocês já ouviram falar do Survivor Stories (Histórias de Sobreviventes)? É só mais um entre vários sites/blogs para desabafos de experiências de violência sexual sofridas tanto por mulheres quanto por homens. Cheguei lá por indicação da fotógrafa do lindo projeto Unbreakable (vejam, vale a pena).
Enfim, um desses desabafos me tocou e eu achei importante compartilhar. Livre tradução minha. Fala sobre aquela estatística americada, de que apenas uma em cada quatro mulheres nunca sofreu nenhum tipo de abuso/violência sexual:
"Eu sou a uma que foi a uma festa, ficou com alguém, e nunca foi pressionada a ir mais longe.
Eu sou a uma que disse não para um namorado quando pressionada para fazer sexo, e foi largada ao invés de forçada.
Eu sou a uma que teve um parceiro que aceitou não como resposta.
Eu sou a uma que dormiu na cama de um amigo, e não foi atacada.
Eu sou a uma que ficou bêbada com amigos e com estranhos, e acordou vestida.
Eu sou a uma que teve amigos dos pais como babás, e eles me leram histórias infantis ao invés de arruinar minha infância.
Eu sou a uma que brincou de médico quando criança, e isso significou apenas receitar suco e ouvir batimentos cardíacos.
Eu sou a uma que saiu para caminhar de noite na vizinhança, e voltou para casa segura.
Eu sou a uma que disse 'tô com dor de cabeça' ou 'tô cansada' e foi dormir tranquila.
Eu sou a uma que foi ignorada pelos amigos do meu irmão mais velho porque eu era criança demais.
Eu sou a uma que teve suas primeiras experiências sexuais consensuais.
Eu sou a uma que teve todos os seus encontros sexuais consensuais também.
Mas mesmo assim...
Eu sou alguém que já ouviu 'se vc realmente me ama...' e 'pare de ser tão chata!'
Eu sou alguém que já ouviu propostas de sexo por $5, vindas de adolescentes de 16 anos, quando estava voltando pra casa às dez da noite.
Eu sou alguém que já ficou machucada e em lágrimas depois de sexo sem lubrificação.
Eu sou alguém que já acordou com amigos pegando na minha bunda.
Eu sou alguém que já ouviu um ex dizendo que ia se matar se eu não continuasse com ele.
Eu sou alguém que teve um primo que tentou 'experimentar' comigo quando eu era criança, mas parou porque nossos pais chegaram em casa.
Eu sou alguém que foi coagida a mostrar partes do meu corpo para diversão de outros.
Eu sou alguém que teve a bunda e os seios apertados em bares.
Eu sou alguém que já ouviu inúmeras vezes que 'homens fazem isso mesmo, normal' e 'isso é um elogio!'
Eu sou alguém que está cansada de ouvir que sou paranóica, me preocupo demais e deveria relaxar.
Eu sou alguém que está exausta de ouvir sempre as mesmas 'piadas' sobre meu corpo, minhas emoções, e meus direitos de autonomia corporal.
Estupro não é uma piada e sexo não é um jogo.
Três em cada quatro mulheres são sobreviventes de abuso sexual. Eu sou a uma que senta aqui enquanto amigas discutem suas experiências, silenciosa e lidando com a culpa por ser tão sortuda. Eu nunca fui penetrada contra a minha vontade. E mesmo assim, quando eu olho pra trás na minha vida, eu percebo que sou alguém que teve experiências onde a penetração não ocorreu, mas ainda sim me senti horrivelmente violentada e envergonhada.
E eu estou aterrorizada em perceber que essa uma não está tão longe das outras três quanto eu queria imaginar."
Fotos do Projeto Unbreakable (Inquebrável), que mostra sobreviventes de estupro carregando cartazes do que ouviram quando foram abusadas.
Vocês já ouviram falar do Survivor Stories (Histórias de Sobreviventes)? É só mais um entre vários sites/blogs para desabafos de experiências de violência sexual sofridas tanto por mulheres quanto por homens. Cheguei lá por indicação da fotógrafa do lindo projeto Unbreakable (vejam, vale a pena).
Enfim, um desses desabafos me tocou e eu achei importante compartilhar. Livre tradução minha. Fala sobre aquela estatística americada, de que apenas uma em cada quatro mulheres nunca sofreu nenhum tipo de abuso/violência sexual:
"Eu sou a uma que foi a uma festa, ficou com alguém, e nunca foi pressionada a ir mais longe.
Eu sou a uma que disse não para um namorado quando pressionada para fazer sexo, e foi largada ao invés de forçada.
Eu sou a uma que teve um parceiro que aceitou não como resposta.
Eu sou a uma que dormiu na cama de um amigo, e não foi atacada.
Eu sou a uma que ficou bêbada com amigos e com estranhos, e acordou vestida.
Eu sou a uma que teve amigos dos pais como babás, e eles me leram histórias infantis ao invés de arruinar minha infância.
Eu sou a uma que brincou de médico quando criança, e isso significou apenas receitar suco e ouvir batimentos cardíacos.
Eu sou a uma que saiu para caminhar de noite na vizinhança, e voltou para casa segura.
Eu sou a uma que disse 'tô com dor de cabeça' ou 'tô cansada' e foi dormir tranquila.
Eu sou a uma que foi ignorada pelos amigos do meu irmão mais velho porque eu era criança demais.
Eu sou a uma que teve suas primeiras experiências sexuais consensuais.
Eu sou a uma que teve todos os seus encontros sexuais consensuais também.
Mas mesmo assim...
Eu sou alguém que já ouviu 'se vc realmente me ama...' e 'pare de ser tão chata!'
Eu sou alguém que já ouviu propostas de sexo por $5, vindas de adolescentes de 16 anos, quando estava voltando pra casa às dez da noite.
Eu sou alguém que já ficou machucada e em lágrimas depois de sexo sem lubrificação.
Eu sou alguém que já acordou com amigos pegando na minha bunda.
Eu sou alguém que já ouviu um ex dizendo que ia se matar se eu não continuasse com ele.
Eu sou alguém que teve um primo que tentou 'experimentar' comigo quando eu era criança, mas parou porque nossos pais chegaram em casa.
Eu sou alguém que foi coagida a mostrar partes do meu corpo para diversão de outros.
Eu sou alguém que teve a bunda e os seios apertados em bares.
Eu sou alguém que já ouviu inúmeras vezes que 'homens fazem isso mesmo, normal' e 'isso é um elogio!'
Eu sou alguém que está cansada de ouvir que sou paranóica, me preocupo demais e deveria relaxar.
Eu sou alguém que está exausta de ouvir sempre as mesmas 'piadas' sobre meu corpo, minhas emoções, e meus direitos de autonomia corporal.
Estupro não é uma piada e sexo não é um jogo.
Três em cada quatro mulheres são sobreviventes de abuso sexual. Eu sou a uma que senta aqui enquanto amigas discutem suas experiências, silenciosa e lidando com a culpa por ser tão sortuda. Eu nunca fui penetrada contra a minha vontade. E mesmo assim, quando eu olho pra trás na minha vida, eu percebo que sou alguém que teve experiências onde a penetração não ocorreu, mas ainda sim me senti horrivelmente violentada e envergonhada.
E eu estou aterrorizada em perceber que essa uma não está tão longe das outras três quanto eu queria imaginar."
Fotos do Projeto Unbreakable (Inquebrável), que mostra sobreviventes de estupro carregando cartazes do que ouviram quando foram abusadas.
"Eu sou a uma que teve amigos dos pais como babás, e eles me leram histórias infantis ao invés de arruinar minha infância." - é de dar frio na barriga!
ResponderExcluir"Eu sou a uma". Desculpe, mas não consegui deixar de reparar nessa tradução. WTF?
ResponderExcluirOi Lola! Li alguns posts do Survivors, mas não consegui continuar... Ver meninas de 12, 13 anos, ou menos, tendo suas vidas arruinadas desse jeito, e pensar que tem gente que ainda acusa elas de terem entrado no quarto do garoto... Com 12 anos você não pensa, definitivamente, em sexo. Pensa que vai beijar o garoto bonito e pronto. Enfim, eu me lembro de ter visto também em teu blog um link com várias moças segurando folhas com escritos sobre o que diziam para elas, como as imagens que tu postou. Queria saber se podes me passar. Voltando ao assunto principal, eu sou a quarta; a única coisa que aconteceu foi terem me embebedado para ficar comigo, o que aconteceu, mas como eu queria também, não levei muito a sério. Depois o garoto deixou clara a intenção dele comigo dizendo que foi um "cachorro", e que nunca tinha feito isso antes. Mas a questão é: eu não achava que ele era um cachorro, porque eu QUIS. Porque ele me vitimizou tanto então? Eu ein. Bom, sempre vejo seu blog, mas quase nunca comento. Adoro tudo o que dizes. Beijo.
ResponderExcluirtrês em cada quatro mulheres foi estuprada ?
ResponderExcluirde onde vem estes números?
Post incrível.
ResponderExcluirLola, gostaria de reiterar o quanto te admiro, o quanto esse blog é importante para mim e para tantas outras mulheres que sofrem com o machismo, a violência, a opressão.
Não sei se utilizas o facebook, mas ontem mesmo vi um post onde linkaram um depoimento onde tu és citada: "-Escrevo isso porque é uma redenção. Aconteceu, não é segredo. Eu não preciso esconder, nem ter vergonha. Quem sabe um dia eu não tenha mais medo. Quem sabe como a Lola me salvou de um limbo, eu possa ajudar alguma menina a se olhar no espelho sem se sentir suja."
O link é esse: http://chadeconsciencia.blogspot.com.br/2012/07/estupro-culpa-e-reencontro.html?spref=fb
Teu trabalho (porque manter um blog atualizado TODOS os dias é um trabalhão) é muito importante para todas nós e espero que ele continue por muitos e muitos anos, não só militando contra o machismo mas também comemorando vitórias feministas.
P.S. Na próxima semana vou fazer o depósito para a compra do teu livro, ando numa correria danada e ainda não consegui ir até o banco.
O pior é que é a mais pura verdade. Nenhuma de nós está tão longe assim. Porque todas nós já fomos assediadas, ofendidas, desmoralizadas, envergonhadas, e tivemos que conviver com isso como se estivesse tudo bem.. É muito triste, e muito revoltante também.
ResponderExcluirPs: não sou a Carla que deixou o comentário para o post.
olá, conheci o blog por acaso, pelas criticas de cinema,muito interessante, mas eu ainda não entendi o objetivo, as mulheres devem temer os homens ?
ResponderExcluirnão somos todos estupradores, mas reconheço que este e um problema grave social, que acaba arranhado a imagem de todos nos, talvez se tivéssemos leis mais duras que protegessem as mulheres do assedio, muitos homens manteriam a devida distancia, e as mulheres ficariam em segurança.
Me identifiquei super! E olha onde o absurdo chega...Sentimos CULPA, por sermos SORTUDAS em nunca ter sido abusadas...É nossa 'incrível' sociedade!
ResponderExcluirAnônimo disse...
ResponderExcluirtrês em cada quatro mulheres foi estuprada ?
de onde vem estes números?
Diretamente da realidade....
Anônimo disse... "Eu sou a uma". Desculpe, mas não consegui deixar de reparar nessa tradução. WTF?
ResponderExcluir13 de julho de 2012 11:04
NWWTF = Nothing Wrong W The fucking
I am the one = Eu sou a uma
Acostume-se a um novo linguajar, um linguajar que movimenta o idioma português tb... caso contrário o idioma fica estagnado.
The translation was very very well done, showing AGF (a good fucking). A tradução foi muito muito bem feita, mostrando 1BF (uma boa foda). Get over it!
A tradução está correta.
ResponderExcluirUMA entre quatro nunca sofreu abuso.
Logo, Eu sou a UMA.
Nesse contexto, cabe perfeitamente.
Os anônimos poderiam pelo menos colocar um nome fictício, né? Pode ser o nome do cachorro, mesmo.
ResponderExcluirÉ, sabemos que nem todos os homens são estupradores. Mas as mulheres são criadas para desconfiar de qualquer um e se manter sempre alerta. Por que? Porque estupro acontece e MUITO. Não adinta o mimimi "eu não sou estuprador, pode confiar em mim". Não sei, não te conheço.
Pelos seu números., posso presumir que mais da metade das comentaristas aqui foi estuprada nos últimos tempos,porque não denunciaram ?não devem se calar.
ResponderExcluirsendo assim, devo também presumir que metade dos homens pelo menos, já cometeu abusos e estupros, qual seria a solução ? cadeia para todos seria economicamente inviável eu acho, talvez o controle químico da população masculina?, ou uma reeducação emocional do homem ?!!
Oi LOla
ResponderExcluirA tradução está ótima.
Excelente post. Não fui estuprada com penetração, mas qtos abusos vivi, desde o cara que se enfiou na minha cama e disse que "sabia que eu qria" pq eu havia ido pra cama com um amigo dele, até os nojentos que me tocaram qdo eu era criança (espero que a vida deles tenha sido uma sucessão de desgraças)
Eu sou uma sobrevivente também. E feliz apesar dos criminosos que não denunciei pq na época eu achava que EU era a culpada, pelo meu comportamento, corpo, etc.
Vc é maravilhosa Lola. Cada vez que entro aqui e leio comentários vejo o quanto você ajuda a curar a auto-estima das mulheres.
Vejo por mim. Quando comecei a ler há uns 2 anos não comentava (uso pseudonimo hoje)e lendo foi muito importante para descobrir que eu não fui culpada de nada.
Esses monstros criminosos que vivem soltos por aí, pq somos amordaçadas eplo medo de falar e sermos, como efetivamente somos, acusadas de sermos culpadas e não vítimas
Mto obrigada !!! Voce é sensacional
Lana
Anônimo disse...
ResponderExcluirtrês em cada quatro mulheres foi estuprada ?
de onde vem estes números?
Anônimo, abuso sexual não é necessariamente penetração; é desde uma passada de mão sem consentimento até os atos mais sórdidos. Ou você acha que é brincadeirinha ficar se esfregando nos outros sem sua permissão?
Lola
ResponderExcluirIdentificação imediata com a autora do post... Antes de me envolver com o feminismo, também era a uma.
Porque hoje sei que sou violentada sempre que a idéia de ser penetrada contra a minha vontade é utilizada como coação. E porque sei que essa idéia continuará sendo usada enquanto a sociedade continuar machista, sei também que a uma não existe, ela é só aquela que ainda não percebeu todas as nuances da violência.
Mesmo tendo certeza de que o anônimo 11:04 só veio trollar, adorei a discussão sobre a tradução que ele trouxe.
Para o anônimo 11:21, uma busca rápida e aritmética mostram que três em cada quatro mulheres americanas sofreram algum tipo de abuso ou violência sexual... Acho que já deixei bem claro que acho que estupro não é a única forma possível de violência sexual.
@Luiza 12:50
Cachorro é um ser muito digno para dar nome para troll, então, acho melhor que eles continuem todos como anônimo hh:mm.
Sobre o Não sei, não te conheço., muitos estupradores são pais, primos, amigos, companheiros das vítimas... E aí o desconfiar de qualquer um e se manter sempre alerta. é desconfiar de qualquer um e se manter sempre alerta MESMO.
Anônimo das 11:58 - Se você não é estuprador, ótimo! Continue assim! Criar novas leis e tornar as punições mais severas seria de grande ajuda, mas o que vai reduzir mesmo o número de vítimas é a noção de que mulher é gente e nao objeto de deleite masculino! É a culpabilização do agressor e não da vítima!
ResponderExcluirE sim meu caro - há muitos momentos em nossas vidas que temos que assumir que todos que nos cercam sao abusadores. Paranóia? Não! Sobrevivência e auto-proteção!
Aninha
Anônimo, creio que o objetivo é conscientizar pessoas a fim de que vivamos em uma siciedade em que as mulheres não precisem temer os homens ;)
ResponderExcluirAnônimo disse...
ResponderExcluirPelos seu números., posso presumir que mais da metade das comentaristas aqui foi estuprada nos últimos tempos,porque não denunciaram ?não devem se calar.
sendo assim, devo também presumir que metade dos homens pelo menos, já cometeu abusos e estupros, qual seria a solução ? cadeia para todos seria economicamente inviável eu acho, talvez o controle químico da população masculina?, ou uma reeducação emocional do homem ?!!
Que tal começar pela reeducação da população para pararem de ver o corpo feminino como brinquedo de domínio público, começando pela mídia que nos usa para vender os objetos mais ridículos?
O post é excelente. Ao tratarmos de estupro, abusos sexuais, às vezes tendemos a imnaginar becos escuros e estranhos, violência explícita, corpo de delito...Não é bem assim. As mulheres passam por violências a vida inteira, grade parte de cunho sexual. Lembrei de uma das minhas últimas experiências sexuais, totalmente consensual, eu tinha grandes expectativas de ser uma experiencia legal, e me vi na cama com um sujeito bruto, que pulou todas as preliminares, eu sem lubrificação, no dia seguinte tive febre, sangrava. Senti-me como se tivesse sido estuprada. Eu me pergunto o quanto falta de educação sexual de fato (não se trata apenas de façar pra usar camisinha e outros métodos contraceptivos) para todos nós, o quanto falta falar de respeito para com seu parceiro (ainda que seja o de "uma noite só")...E enquanto isso a industria pornografica continua vendendo seu show de horrores, na sua maioria de produtos atos violentos e humilhantes, pelo menos acho que para a maioria das mulheres. Beijos!
ResponderExcluirÉ uma realidade muito triste...
ResponderExcluirO pior de tudo é essa história de um crime prescrever após alguns anos, como se um ato criminoso tivesse prazo de validade. Se fosse como nos EUA, hoje essas mulheres poderiam denunciar...
Bem perturbadora a ideia dos cartazes.
ResponderExcluirOi Gente...
ResponderExcluirEu sempre leio o blog, mas nunca comento.
Hoje 'precisei' comentar.
Eu olhei rapidamente o site do Unbreakable. O survivors ainda não vi, mas não sei se tenho 'estômago' pra isso agora.
Histórias de violência, de qualquer tipo, me tiram completamente a esperança na humanidade e apesar de todo o meu ímpeto em lutar, diante desses relatos só tenho vontade de sentar no cantinho e chorar e tentar digerir.
Acho que essa sensação é pq infelizmente tudo isso é real e está muito mais próximo de nós do que gostaríamos de imaginar.
Lendo algumas frases e relatos, uma coisa me assustou muito. Como em níveis diferentes é possível se reconhecer nas histórias...
Acho q a linha que separa o abuso do não abuso é muito tênue. Você não precisa ser estuprada (penetrada) pra ser abusada e violada.
Acho q eu até posso ser considerada a uma sortuda, mas eu não consigo ver como uma coisa tão simples assim.
Sempre que tem um debate sobre estupro, aparece um cara para reclamar que estão tentando fazer as mulheres ficarem com medo de todos os homens.
ResponderExcluirOu seja, parecem que ficam mais revoltados quando é apontado que homens estupram (e não só bebados, psicopatas, ou desconhecido nos becos) do quem o crime em si.
E geralmente são os mesmo que gostam de afirmar que as mulheres tem que se cuidar, evitar roupas, curtas, etc, pq a violencia existe e elas que devem evitar.
Alias, ja apareceu gente dizendo que se uma pessoa não tomou cuidado, ela facilitou, então tem parte da culpa.
É de doer isso.
Eu acho engraçado pessoal aqui ficar hororizado com isso e aquilo e no entanto,defender as práticas machistas que induz o homem a pensar que somos todas corpos disponíevis para abuso.Eu vi genyte aqui defendendo valesca Popuzuda,gente que tenho certeza que nunca ouviu letras de funk afundo,em especial aquelas que parecem ter saído de blogs de mascus,como a que defende sexo com "novinhas";vi gente aqui alegando que a erotização da violência,vulgo BSDB é algo a ser explorado e que é exagero alegar que pronografia objetifica amulher...o que vcs esperam de uma cultura que encaras estas práticas como normal? Os Eua está intupido de striptease,BSDB,pornografia,lap dance clubs,eis as consequêncais de encara práticas de degradação da mulhger como normais! E se vcs defendem,por que se horrorizam?
ResponderExcluirCombater machismo é comabter a raiz do incentivo á estes comportamnetos,é paradoxal defenderem anto lixo contra nós e depois acharem que basta denunciar para coisa se resolva!
Anna Neri
Desculpe, Lola! Tem como excluir meu comentário anterior? A notícia é falsa. Ainda bem... Desculpe, mesmo!
ResponderExcluirEsse artigo: "Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres" trás os dados citados no depoimento. Inclusive este: "Segundo a Unesco, uma em cada três ou quatro meninas é abusada sexualmente antes de completar 18 anos"
ResponderExcluirVale a pena ler inteiro.
Segue link:
http://www.campanhapontofinal.com.br/download/informativo_03.pdf
Quem defende pornografia,defende todos estes horrores.Aqui um site sobre o conteúdo pornográfico com violência real contra nós mulherss( estupros filmados) para que todas e todos auqi pensem bem antes de defender tais práticas.Não tem gravuras,está em inglês,artigo da Forbes:
ResponderExcluirhttp://www.forbes.com/sites/daviddisalvo/2012/07/11/special-investigation-the-horrific-world-of-online-sexual-violence-against-women/
Anna Neri
As mesma que sempre dizem nos debates"nao generalizem" dizem agora "todos sao extupradores potenciais" porque ?
ResponderExcluirAcho essas declarações delicadíssimas. Eu como homem já me vi como sujeito ativo em algumas dessas situações, provocando-as e, ao mesmo tempo, me encontrei também em outras situações como sujeito passivo de comportamentos como estes descritos e sei da minha responsabilidade sobre estes acontecimentos. Nem por isso me senti vulgarizado, envergonhado ou coisa que o valha. Generalizar o estupro ou ter uma definição para estrupo é uma coisa muito pessoal e complicada. Compreendo este tipo de desrespeito, mas acredito que as coisas não podem ser levadas tão ao pé da letra assim. Talvez, minhas experiências próprias sejam muito mais brandas do que estes relatos. Não quero de maneira alguma retirar o direito de reclamação de alguém que recebeu gestos, atitudes ou palavras contra a sua vontade, apenas acredito que o buraco seja mais embaixo.
ResponderExcluirÉ de chorar. O post, as histórias e as fotos do Project Unbreakable.
ResponderExcluirObrigada por nos dar vozes, Lola.
Há mulheres que nunca foram estupradas, mas invariavelmente todas já foram abusadas.
pelo amor de Deus!! Viram a notícia sobre o aumento de estupros no Sul, e a fala da Policial sobre mulheres não se "distraírem nas ruas, como falar ao celular ou ouvir música" para nao correrem risco de estupro? A quantidade de mulheres comentando e defendendo a fala dela, como inocente e normal, negando qualquer machismo, é assustadora!
ResponderExcluirB. de Campos,
ResponderExcluirNos EUA o crime de estupro também prescreve. Em uns estados mais que outros mas prescrevem. Acho um absurdo, mas crime contra a mulher ainda não é levado a serio. Tenho uma amiga que foi estuprada na casa dela quando ela voltava a noite de um nightclub. Ela tinha 30 anos, morava sozinha e estava vestida para ir dançar (em vez de estar vestida de burca). O cara tinha 18 anos, bateu nela e estuprou. Tudo com evidencias. A promotoria não seguiu adiante porque era uma "perda de tempo", afinal ela era bem mais velha que ele, morava sozinha e ia para a balada sozinha e não se vestia modestamente. Ele era um "menino" sem antecedentes. Isso no Colorado.
Lana 13 de julho de 2012 13:16
ResponderExcluir---------------------------------
É bom comprovar que o trabalho do blog é assim valorizado por mulher que de 1 entre as 4, de vítima passou a estar em controle das situações que enfrentam.
Oi, sempre acompanho o blog mas não comento muito (: Tenho uma dúvida off-topic, alguém poderia esclarecer pra mim por favor?
ResponderExcluirA PLC 122 também criminaliza a misoginia/misandria? Porque a proposta de alteração diz "Define os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de [...]gênero, [...]" Se não, o que significa?
"Você não precisa ser estuprada (penetrada) pra ser abusada e violada".
ResponderExcluirPerfeito. E é isso que algumas pessoas tem dificuldade em entender. Nem todos os caras são estupradores ou abusadores, mas TODA mulher sofreu algum tipo de abuso - levar uma "esfregada", uma "passada de mão" ou uma "cantada de pedreiro" é sofrer abuso - e isso nos coloca em permanente estado de alerta, como disse a Luiza. A gente sabe que uma hora ou outra vai acontecer ALGUMA COISA com nossa filha, com nossa sobrinha, com nossa aluna. E a gente torce pra que seja "SÓ" uma cantada pornográfica no meio da rua.
E sabe? Tem muito cara boa gente que nem tem ideia de que tá abusando de alguém. Alguém lembra da cena de estupro em "A Pele em que Habito"? Por aí. E é por isso que falar a respeito, longe de fazer com que as mulheres tenham medo de todos os homens, pode, sim, ensinar aos garotos o que é, verdadeiramente, uma relação consensual - uma questão de EDUCAÇÃO, como alguém também já disse antes.
resposta ao anonimo q perguntou se a gente tava querendo que as mulheres tivessem medo dos homens:
ResponderExcluirQuerido, nós já temos medo dos homens. Nós somos criadas desde pequenas para ter cuidado, ñ ser muito "atirada", ñ usar roupas chamativas, ñ beber, ñ sair de noite, ñ ir a certos lugares, etc...Nós fomos educadas para ter medo.
O que queremos é acabar com isso. Queremos que a sociedade se conscientize de que não somos nós que devemos ser educadas para ter medo, mas sim os homens que devem ser educados para ñ tratar mulheres como objetos. Mulheres são seres humanos com os mesmos direitos.
Entendeu?
O vazio traumático do estupro vai muito além ato, do evento ou das consequências individuais que acompanham a vítima.
ResponderExcluirÉ comum e recorrente ao homem cair na armadilha perversa do "estupradores são monstros, animais que quebram o respeito devido de cada mulher, sua integridade, potencialidade humana. Mas eu não, eu não sou assim, sou um homem bom".
O problema é que estupradores não são animais, não são monstros. Eles são homens comuns.
Para tomar parte na crítica da violência à mulher, cabe ao homem antes de tudo, aceitar sua condição de peça violenta e opressora. O passo mais fundamental na jornada masculina em direção ao auxílio para a emancipação das mulheres é se identificar, plena e completamente, com a ideia de "possuo um pênis e sou, em primeira instância, um estuprador em potencial". Não existe possibilidade de se construir uma crítica masculina em elogio à liberdade da mulher sem cruzar este portão. Toda e qualquer tentativa que apoie os pés na ideia de "eles são monstros, eu sou justo e carinhoso", não passa de um recalque da velha história de que o pai é bom, e protege a filha dos homens ruins. Mesmo que basteada por uma intenção de carinho, a crítica do homem bom SEMPRE retorna à ideia da mulher como propriedade.
Neste ponto a leitura de Dworkin sobre o sexo tem de se tornar ainda mais radical: toda e qualquer relação sexual é estupro, não por ser a representação da dominação inerente à relação homem/mulher. Todo sexo é estupro pois o conceito de gozo É a própria dominação, em sua forma crua.
Todo o suporte do fetiche sexual é opressivo, toda relação sexual é violenta.
Somente a partir da compreensão masculina de sua condição como brutalizante é que se pode conceber um posição justa e igualitária. Para a mulher poder ser livre, o homem como conhecemos tem de ser reescrito.
@Anna Neri
ResponderExcluirBDSM pode envolver a objetificação da mulher ou do homem e, mesmo não sendo especialista, já lí em muitos artigos sérios que a erotização envolve quase sempre algum grau de objetificação do parceiro, então, para mim está muito claro que não é a objetificação temporária em práticas sexuais consensuais que faz com que a sociedade culpabilize a vítima de violência sexual.
Caramba, tô vendo esse Project Unbreakable. Um soco no estômado.
ResponderExcluirTambém sou "a uma" (achei super estranha a tradução, mas está certo, certo? fica feio demais em português). A uma que nunca foi estuprada, mas que já ouviu cantadas e já ouviu "toda mulher gosta"...
Agora a do Survivors eu não consegui ler.
Me identifiquei muito com o post, antes eu pensava que nunca tinha me acontecido "nada", mas ao longo do tempo vamos percebendo as nuanças dos abusos e o que isso causa na nossa personalidade. Isso é chocante, quando eu tomei essa consciência só consegui ser agradecida por nunca ter passado para algo mais "sério".
ResponderExcluirFui criando, sem perceber, vários meios de me afastar de qualquer possível ameaça, isso sem ser incentivada a fazer tal coisa. Tenho um hábito até bem chato, mudo de calçada constantemente, basta ver um cara um pouco mais estranho ou quando a rua está pouco movimentada e tem um grupo grande de homens que eu aperto o passo. Uma sensação horrível.
o comentário WTF 11:04 nada tem a ver com trollagem, como alguém abordou... aqui basta alguém questionar ou discordar o que é escrito no post que já recebe o título de troll por uma ou outra comentarista mais zelosa.
ResponderExcluirWTF 11:04 aprecia a boa escrita e deparou-se com um linguajar incomum ao que está acostumad@ a ler. houve empenho de comentaristas no esclarecimento da translation e tudo ficou OK.
Come on!
Também sou a uma que não sofreu violência com penetração, que teve uma infância muito protegida, e que teve pais que acreditavam em mim e jogavam abertamente comigo.
ResponderExcluirMas também fui bolinada no transporte coletivo, fui chamada de "biscate filha da puta" quando disse "não" a uma cantada. Fui beijada à força por um cara que nunca vi antes, fui menosprezada mais de uma vez por ser mulher... entre tantas coisas que acabamos aprendendo a aceitar como normais, quando não são, quando nunca deveriam ser!!!!!
O que mais assusta é que as formas de volência contra a mulher são tão bárbaras, tão horrendas, que mesmo passando por inúmeras outras situações de volência, ainda nos sentimos sortudas por não passarmos pelas piores formas. E no entanto, as formas "brandas" são pai e mãe das formas piores, já que ajudam a perpetuar o ciclo machista.
Já ouvi, quando me queixei a um policial sobre um "cidadão" que se jogava em cima de mim no metrô, que eu devia me envergonhar de reclamar disso, quando outras pessoas passavam por coisa bem pior. E infelizmente esse parece ser o pensamento reinante, que não reconhece "essas pequenas coisas" como formas de violência.
São violência sim, e são formas de violência que abrem portas para o estupro, o espancamento, o assassinato... ninguém deve se envergonhar de lutar contra elas por "haver coisa pior".
Ana Neri, assim como vc tb já me questionei a respeito de varias das práticas que vc descreveu, mas acabei compreendendo q a sexualidade humana l é um terreno ainda pouco explorado, e muita coisa ainda esta envolta em tabus.
ResponderExcluirEu me considero uma mulher feminista, mas noto em minha sexualidade aspectos passivos e até masoquistas, que sinceramente não sei se foram construídos ou se fazem parte da minha essência.
Não sou praticante de BSDB nem nada do tipo, mas respeito quem faz esse tipo de prática, pq a sexualidade de cada um deve ser resolvida de uma maneira que traga realização para quem esta envolvida nela.
O funk realmente tem letras que beiram o absurdo, mas isso nem é privilégio só desse ritmo não é? O funk é um ritmo que veio da periferia, expressa o sentimento de boa parte da população, e vc goste ou não é contagiante.
Eu só acho triste que vc pense que porque uma garota goste de dançar funk ou mesmo que seja praticante de BSDB ela mereça ser estuprada, ou que porque uma mulher não se coloque frontalmente contra essas praticas ela esta defendendo o machismo que há no estupro.
O problema é justamente esse: ver todos os homens como potenciais estupradores.
ResponderExcluirÉ isso que o pessoal do discurso "é dever da mulher se prevenir de estupros" acredita e repete ad eternum.
Que é impossível educar os estupradores, que a mulher não pode dar mole, etc. O que a mulher deve fazer, de acordo com essa gente, é ver todos os homens como estupradores.
Essa não é a solução. A solução é empatia.
À galera que pede por "penas mais duras para estupradores", eu respondo: peço cadeias humanas. Peço que as pessoas sejam reintegradas à sociedade, recebam acompanhamento psicológico lá dentro, aprendam a fazer outra coisa que não destruir e torturar. (E que, um dia, as cadeias acabem)
ResponderExcluirPeço uma educação igual, uma sociedade justa; peço que meninos não sejam criados para ferir e meninas não sejam criadas para chorar.
Peço muito, mas é só isso, de verdade, que acabará com os estupros: uma sociedade que entenda que nossos criminosos são apenas luzes mostrando problemas na nossa organização social. Nossos criminosos são o que não conseguimos empurrar para o tapete, calar, escamotear.
Peço o fim da opressão, da violência. Peço o fim da violência de gênero e de classe. Peço o fim do gênero, o fim da classe. Peço o fim da pobreza.
Peço muito?
Desculpe escrevi errado o correto é BDSM.
ResponderExcluirNooooooossa!
ResponderExcluirMe identifiquei completamente com esse texto!
Eu sou a uma também... embora um primo uns 15 anos mais velho já tenha mexido muito na minha bunda, quando eu tinha uns 5 anos =/
Queria não ter isso registrado na minha cabeça.
Tem muitos homens doentes, a grande questão é que eles não tem uma cor diferente pra todo mundo saber que eles são uns dementes!
Por isso toda mulher tem uma história de horror pra contar...
Escreva, Lola, Escreva.
Vivian
Se voce de fato acredita que 3/4 das mulheres ja foram estupradas abre um poll anonimo e testa essa teoria.
ResponderExcluirFim do genero ???
ResponderExcluircomo assim?
existem os generos masculino e feminino, nao entendi?!!
@Maria
ResponderExcluirSeu pedido me remete a Adorno:
"Os apóstolos da autenticidade do poder, que impele à circulação, bailam, nos funerais desta, a dança do véu do dinheiro. À pergunta pelo objetivo da sociedade
emancipada recebem-se respostas como a realização das possibilidades humanas ou o enriquecimento da vida. Tão ilegítima a inevitável pergunta quão inevitável a repulsa e o
triunfo da resposta, que faz recordar o ideal socialdemocrata de personalidade dos barbudos naturalistas dos anos noventa, que queriam gozar a vida. O delicado seria assim o mais grosseiro:
que ninguém passe fome." (Minima Moralia, p.148, Edições 70)
@carolinapaiva
A questão é que o discurso deveria ser invertido. Mulheres já são obrigadas a incutir no homem a imagem do estuprador, a violência do cotidiano já faz este trabalho de maneira muito eficiente.
Mas o homem não se vê assim. Este é o ponto.
A empatia tem de ser vista aqui em seus dois radicais etimológicos. Primeiramente, a raiz grega "empatheia", produto de (en)dentro + (pathos) paixão, sofrimento. Empatia não se limita a compreender o sofrimento, mas também partilhá-lo. Em outra raiz, a que formou a palavra no inglês, temos Einfühlung. O significado é levado pela psiquiatria para além da inserção do sujeito no sofrimento do outro; a absorção da dor deve ser imediata, certa.
Portanto, educar os homens não pode esbarrar no limite do distanciamento. Para se estar dentro do sofrimento do outro é necessário que o agente esteja plenamente consciente de que sua brutalidade (passiva ou ativa) é diretamente responsável pela tortura compreendida. Só haverá uma empatia real quando o homem (inclusive os bons) assumirem totalmente a condição vergonhosa de monopolista do sofrimento. Se o estupro é uma violação de todas as mulheres, e não somente da vítima em foco; é necessário que o masculino aceite que todos os homens são os violadores, não apenas o estuprador factual.
Não é uma questão de "eu compreendo a sua dor". A questão é "eu sou o causador da sua dor, mesmo com meu discurso de tolerância e solidariedade".
Não é a mulher que deve ver o homem como estuprador em potencial. Novamente, ela já se vê obrigada a tomar essa posição, diante da barbárie do mundo. É o homem que tem de ser ver assim.
Assim como não existe um perfil para uma potencial vítima de abuso(pode ser qualquer um; crianças, mulheres, homens, héteros ou não), não existe um para o possível abusador. Existe, é claro o pedófilo, o maníaco sexual e o cara “normal que um dia perde o controle” . Evidentemente, o número de mulheres abusadas é muito maior que de homens e que o número de mulheres que abusam é infinitamente menor que o numero de homens que abusam. Mas existem os dois casos, as duas realidades e mulher nenhuma nega isso.
ResponderExcluirEntão, se posso ser a qualquer momento da vida uma vítima de abuso, como identificar um inocente? O pedófilo não tem cara de pedófilo, o maníaco, bem este talvez não seja possível identificar, mas é (segundo a cultura do evite ruas escuras) mais tecnicamente possível evitar. Mas e o outro tipo, o mais comum? Me diz, senhores inocentes, como identificar um homem que sob nenhuma circunstancia abusaria de uma pessoa?
Por que ao invés de gritar (eu entendo sua indignação, afinal, é inocente) com as potenciais vítimas que, por não saber identificar te acusam, vocês não gritam com o amigo ou conhecido, aquele cara que se vangloria de passar a mão na colega, amiga ou desconhecida gostosa, ou aquele que detalha como “traçou” a moça que bebeu tanto que nem lembra o que aconteceu, ou ainda, o que diz o não de mulher é talvez e talvez é sim. Quantas vezes vocês, senhores inocentes, falaram: Pô cara, isso é abuso!? Do que adianta falar que somos injustas se não fazem nada para modificar isso a não ser dizer que não são estupradores?
Tenho a impressão que, enquanto a sociedade não muda essa cultura do abuso do corpo da mulher, só não correrei o risco de cometer tamanha injustiça quando souber identificar com absoluta segurança um inocente. Mas eu ainda não consigo.
PS.: Aos preciosistas da língua, mil desculpas, eu não sou boa com as palavras
Lola, já comentei isso em outro post, mas vou reafirmar aqui porque acho importante,
ResponderExcluirAte pq aquele comentário, na época eu apaguei,
Abuso sexual, na minha opinao, vem muito antes do estupro, e isso e muito triste,
Tem a ver com aquelas famosas " forcadas de barra" que eu e muitas de vcs já experimentaram com marmanjos idiotas.
Já sofri muito por isso quando era mais novinha,
Vc ta lá com o cara, ele fica enfiando a mão e vc diz" nao" e o cara, no- cego, idiota, INSISTE, quando vc já disse em linguagem tanto verbal como nao verbal que NAO quer aquela intimidade.
E tem muito machismo nisso, inclusive vindo de amiga mulher" ora, o que vc foi fazer com ele no cantinho escuro da boate?"
Ora, eu fui dar uns beijos e uns abraços,nao queria mais do que isso.nao e porque concordei e ate amei dar uns beijos no cara que ele pode enfiar a mão onde quiser,pêra lá,!!!
Já vivi tanta situação como essa,( nunca estupro), mas tanto desrespeito com uma intimidade que eu nao queria no momento, que multas vezes achava que a culpa era minha, que tinha algo " de errado" comigo, e só anos mais tarde fui entender que " de errado" tinham aqueles marmanjos fdp, e nao eu...
Já vi amiga minha ser beijada a forca por um cara num bar, na minha frente, enquanto os amigos dele davam risada e batiam palmas.... Se isso nao for abuso, por favor, me diga que outro nome isto tem,porque eu nao sei,.minha amiga saiu de lá super triste, deprimida,
Se rolar uma coisa assim comigo hoje, com a idade e maturidade que tenho hoje, acho que soco o cara, chamo o segurança e nao saio de lá sem policia e BO,mas. Sabe, que essa foi uma das razoes pelas quais deixei de freqüentar baladas .os caras nao tao nem ai pra nos respeitar,
E adivinhe, que engraçado,o homem com quem mais me soltei, no sentido de prazer, etc, foi o ÚNICO que nao forcou a barra, que soube respeitar o meu tempo de fazer as coisas,
Tive um caso tao maravilhoso com esse homem, e que depois acabou por N motivos, entre ele, que sempre tivemos relacao de ficante, nao de namorado.
E depois dizem que mulher nao tem libido, que tem pudores, que tem nao me reles nao me toques,.. Ue,,, basta que o homem de a mulher a CHANCE de ela " se soltar", porque parafraseando uma amiga minha, digo aqui"""" ahhhhhhh, se o cara soubesse como sou soltinha qdo quero mesmo fazer alguma coisa, alias, quando quero nao preciso de ninguem tentando me convencer que sou uma podre coitada reprimida e cheia de pudores"
Se fosse falar mais, iria virar um post inteiro,entao ençerro por aqui, dando o recado a vcs, amigas: abuso sexual acontece todos os dias, e muito antes do estupro( penetração nao consentida) consumado,entao, nao dêem trela pra esses marmanjos idiotas que fazem vcs se sentirem usadas, um lixo, como já me senti quando eu era mais nova,
Fica a dica, espero ter contribuído pra ajudar alguém aqui,
E pra os machistas idiotas que vem com essa" agora pra tentar beijar, fazer um carinho mais intenso, precisa de testemunha, gravação, etc?""" nao, meus queridos, só precisa do CONSENTIMENTO da mulher,e em linguagem nao verbal, quem for inteligente entende e sabe o que isso significa,!!! Puxa, cansei... Já falei demais áqui, Beijao!!!!
"Somente a partir da compreensão masculina de sua condição como brutalizante é que se pode conceber um posição justa e igualitária. Para a mulher poder ser livre, o homem como conhecemos tem de ser reescrito"
ResponderExcluir-
BOA NOITE.
O post e bastante provocador, e tem o claro e perfeito objetivo de tirar-nos de nossas zonas de conforto, logico que estupro e assedio violento e constrangedor são praticas abomináveis, e devem ter penas duras a serem estabelecidas, afinal nossas cidadãs merecem ter o seu direito de ir e vir,sua liberdade de escolha e sua dignidade assegurados, mas seria interessante introduzirmos algumas questões ao debate, para talvez gerar alguma reflexão, afinal muito da solução deste grave problema social, passa pela EMPATIA, e empatia acredito eu seja uma " via de mão dupla"
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não seria mais interessante,ao invés de criminalizar todo comportamento machista retrógado, insistirmos mais na questão educacional ? na reeducação emocional masculina ? criar empatia nos homens, para que não vejam a mulher como um subproduto de sua fantasia,em nenhum extremo, nem como algo a ser endeusado e adorado, nem como um objeto sexual de seu direito, mas como um ser humano, como o outro, e não criar expectativas monumentais em cima do outro, mas sim deixar fluir naturalmente, se desapegar, e não ter sentimento de posse.
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O feminismo se faz necessário, e justa causa,quando cobra melhorias de vida para a população feminina, liberdade de escolha, e direitos iguais, mas peca quando quer mudar a sociedade, sem levar em consideração o que sente metade de sua população, um movimento que tem a justa ( e muitas vezes romântica) intenção de mudar o mundo para melhor, não deveria cometer este equivoco, mas sim tentar entender as angustias do outro,"REESCREVER O HOMEM COMO CONHECEMOS" talvez não seja possível, como sugeriu o comentário do nobre colega, pois o homem tem sua própria natureza característica, a masculinidade
( não confundir com selvageria e falta de senso) o homem tem testosterona, e não andrógenio,isto faz homens e mulheres diferentes, e ser diferente não e ruim , o ruim e não saber respeitar as diferenças, e buscar igualdade de direitos e deveres entre estas diferenças,e estas diferenças são na maioria dos casos o que atrai a maioria das mulheres, não são todas que pensam como as comentaristas daqui, e acham bonito um homem másculo, e sexualmente ativo, mas obvio que nenhuma acha um homem rude, ignorante sem empatia e violento atraente.
Não levar em conta a testosterona do homem, sua masculinidade na reeducação emocional deste homem, e uma violência contra sua natureza, mas tal reeducação pode e deve, lembrar ao homem a ter empatia pelas mulheres, a ter respeito pelo seu tempo, e a exigir respeito pelo seu próprio tempo também, a controlar seus instintos, lembra-lo que ele e um homem, não um animal.
A comentarista Sil, destacou um ponto interessante:
ResponderExcluir"Fui criando, sem perceber, vários meios de me afastar de qualquer possível ameaça, isso sem ser incentivada a fazer tal coisa. Tenho um hábito até bem chato, mudo de calçada constantemente, basta ver um cara um pouco mais estranho ou quando a rua está pouco movimentada e tem um grupo grande de homens que eu aperto o passo. Uma sensação horrível."
Justo salientar que ela foi levada a isto pelo machismo/sexismo que norteiam nossa cultura, nossa sociedade, e tem razões obvias e justas para agir desta forma,afinal não esta escrito na face de ninguém suas intenções, mas vamos ver a questão de outra forma:
isto não seria uma forma inconciente de pré-conceito ?
imaginem se de um lado da rua estivesse vindo um cidadão integro, honesto, bom marido e bom pai, e vindo em sua direção viesse uma moça, que ao avista-lo, atravessaria a rua assustada, será que em seu intimo, este homem compreenderia as justas razões desta moça, ou se sentiria discriminado ?
se ele refleti-se,e tive-se a empatia necessária veria que a moça só esta se protegendo, que foi criada numa cultura machista esta apenas se proteger de um homem estranho,e como foi "programada a fazer"
mas me seu intimo, como se sentiria este homem, que nunca teve a intenção de fazer mau a ninguém ? posto no mesmo patamar de abusadores vis e sociopatas.
vamos mudar as figuras de de cena, se em uma calçada viessem um cidadão de pela branca, e em sua direção um cidadão de pele negra, e se este cidadão de pela branca muda-se de direção,com o argumento de se "proteger" como se sentiria um cidadão honesto de pele negra nesta situação ??
não quero dizer com isto, que a culpa deste comportamento machista e das mulheres, de forma nenhuma e das mulheres, seria como brigar com a realidade, e os numeros mostram isto, centenas de casos de agressão, estupro e violência registrados diariamente contra mulheres,mas será que não esteja na reeducação emocional masculina, uma solução para este mau ?
será que se forem marginalizados, e tendo suas questões internas ridicularizadas, estes homens não seriam presas fáceis para ideologias de extrema direita,não estaríamos, ao exclui-los do debate,e demonizando-os, criando uma "horda de revoltados"
e se infelizmente for sim,quem, e com o que Conseguimos detê-los depois ?
eu apostaria no humanismo, na moderação e empatia, saudações !!
Outro ponto interessante a questionar e, se criminalizarmos qualquer tipo de assedio como estupro, quem vai definir o limite entre uma paquera de um imbecil que não sabe se por no seu lugar, e um assedio violento ? a lei tem muitas formas de interpretação, por exemplo algo estupido como " e ai delicia, me da seu telefone" seria punido com o mesmo rigor que um assedio violento ?
ResponderExcluirAnônimx que ficou chocadx com a proposição de fim do gênero: colocando gênero aqui como uma construção social, como um processo interacional e de apresentação de papeis (Goffmann), não creio que a sua existência seja boa.
ResponderExcluirSe você nasce XX, deve ser mulher, deve agir assim, assim e assado. Se você nasce XY, deve ser homem, deve agir assado, assado e assim.
Mas o mundo não se separa em "homem" e "mulher". E nem as pessoas são só XX e XY. Temos diferentes tipos sanguíneos, que algumas correntes da medicina alternativa dizem que influenciam na nossa constituição física e psicológica, e, no entanto, não temos papeis sociais correspondentes a essa catalogação. Então, por que precisamos de papeis sociais correspondentes ao sexo biológico? Por que precisamos do gênero?
Não precisamos.
E a igualdade só virá quando não tivermos, de fato, essa divisão.
"Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres." (Rosa Luxemburgo)
E, a quem interessar possa, compartilho esse livro com vocês (está em Google Doc, é totalmente grátis): Se chama "Exercício da Paternidade" https://docs.google.com/open?id=0B0LzoYpq0DzbOTYwcjdZSzZBZm8
Rose,( que postou antes de mim)
ResponderExcluirNao há regra pra identificar abusador e pedófilo, etc.
Eles estão ai todos os dias e muitas vezes sao os caras mais simpáticos e gentis que a gente conhece,essa usadas razoes pelas quais ( entre muitas, incluindo. Machismo) ninguem acredita na vitima " mas fulano e tao legal!!! Imagina se ele ia fazer isso com alguém, vc ta maluca, vc que quis" dar" pra ele e ele negou e agora saiu inventando pra se vingar"....
Ok, eu conheço o caso de uma mulher que fez Mas foi um,fato isolado , inclusive com avaliação psicológica e Medica da criança em tribunal, dando o parecer de que nada havia ocorrido .Mas foi UM FATO ISOLADO.
A maioria esmagadora e verdade e ninguem acredita,
Inclusive como sou medica, te adianto o seguinte: e muito importante identificar uma criança abusadas trata- lá com terapia, com psicólogo, por anos.Porque a criança abusada, se nao tratada, corre o risco de se tornar um abusador quando crescer.ja existem estudos comprovando isso, se gr interessar acho iteratura, link e tr mando. Seria como a velha estória," se ele aprendeu que fazer isso era" certo" - entre aspas, por favor- a chance de repetir o padrão de comportamento quando adulto e bem maior,.isso falando de meninos abusados. As meninas sofrem outros tipos de seqüelas,nao menos graves... Depressão crônica, vai pro álcool, drogas, suicido nos casos mas graves... Por isso muito importante identificar crianças que tenham algum sinal de vitima de abuso sexual em casa.pra tratar a tempo e nao deixar virar essa bola de neve horrível no futuro.
Bem, mas isso to falando de abuso sexual de crianças, pedofiilia,coisas muito graves,
No restante do seu post, parece que nos lemos o pensamento uma da outra,( falando dos pequenos ' abusos' sem estupro consumando que acontece todos os dias)porque meu post abaixo do seu disse exatamente a mesma coisa, sem que eu tivesse lido o se antes, parabéns por enxergar isso
Tenho muita amiga mulher que pensa diferente, que acha que isso ai descrito" nao e nada de mais"
Assino embaixo do seu post,!!;)) beijao
Rose, ainda: como medica, posso te dar uma dica preciosa e valiosa pra vc ( se for mae, profissional de saude,da área de educação ou mesmo amiga da família ) pra ao menos suspeitar ou de abuso sexual ou de violência fisica( espancamento) de uma criança.
ResponderExcluir1- uma criança que antes controlava, mas depois de anos sabendo se controlar, fazer xixi na hora certa, de repente passa a fazer de novo, nas calcas, ou na cama.ops... Sinal amarelo!!! Claro que pode ser infecção urinária, diabete infantil,um monte de coisas, mas se isso tudo for afastado e o sintoma de xixi nas calcas persistir, investigue que alguma cosa ai tem. Se nao for abuso, pode no mínimo ser bullying na escola, o que nao considero menos grave,
2- a criança muda o comportamento- antes era calada, e de repente fica agressiva, irritadiça, sem motivo aparente,ou o contrario, era falante e de repente começa a ficar quieta.alguma coisa ai tem machucando essa criança, pode fuçar que vc acha,aqui repito, se nao for bullying na escola,e algum outro tipo de assedio, tanto verbal, como físico,como sexual.nenhuma criança muda seu comportamento do nada sem ger sofrido um trauma forte.
3- queda de desempenho na escola, era a primeira aluna da sala, e de repente, começa a tirar nota baixa.....opa, tem algo errado ai,pode ser doença prganica( anemia, diabete,precisa de óculos, surdez, ok, investiga tudo isso)- ms se nao achar nada procura e fuça porque algum tipo de violência a criança ta sofrendo e nao vai tr falar nunca,a ." violência" pode ate ser ciúme do irmaozinho que nasceu,entendeu???isso acontece as vezes, mas qdo e isso, costuma ser passageiro.
Mas se esses sinais que citei ficarem se repetindo o tempo todo sem nenhuma explicação melhor, procura que vc acha,
Pra reconhecer um pedófilo nao e fácil.
Mas pra reconhecer uma criança que ta sofrendo algum tipo de violência,especialmente quem convive com ela todo dia, presta atenção nesses sinais,sao sinais de alarme e indicam ( na ausência de doença orgânica)que algo ta acontecendo.Pode fuçar que vc acha,mesmo que seja somente o " ciúme do irmaozinho que nasceu", ate isso vale a pena ser fratado- menos mal se for só isso,- mas bom tratar pra criança nao sofrer tanto.
Espero ter contribuído pra responder sua pergunta;))
Vixe, quanto comentário interessante perdi por aqui, porque escrevi meu primeiro post, e em seguida fui dormir,
ResponderExcluirTriste saber que " serve de consolo" saber que eu nao fui a única a passar por isso.( porque isso nao deveria ser " consolo, somente alivia a culpa que eu tinha por achar que eu de alguma forma era " errada" , vulgar" , etc)
O interessante seria perguntar pra esses famosos " tracadores de gostosas em baladas" , " passadores de mão em boate" se eles gostariam que a MAE, IRMA ou FILHA deles fossem abordadas assim,
As respostas seriam surpreendentes... Ou nao???!!!
Eu perguntei uma vez isso ai pra um idiota que queria me beijar e apalpar a forca num bar.Ao que ele( fazendo cara de tristeza e nojo) respondeu: " por favor, nao me pergunta isso"
Isso diz algo a vocês???....
.....?.
Lola, obrigada por linkar o meu blog nesse seu texto lindo!! :) Você é maravilhosa! De repente deu um boom no meu blog e, quando vi, estava vindo tudo daqui! :)
ResponderExcluirPara quem acha que 3/4 das mulheres foi estuprada - leia novamente - 3 em quatro sofreram abuso sexual. É diferente (apesar de hoje, no direito penal, estar tudo no mesmo balaio).
E é triste que tem gente que pensa que "ah, porque não denunciou?"
Amigo, NÃO É FÁCIL denunciar. Mesmo porque 9 em cada dez abusos acontece ou dentro de casa ou por pessoas conhecidas. Acha que é legal você chegar na delegacia e falar "cara, meu pai me estuprou."
Vergonha, nojo, medo, culpa (é, culpa)... Fora uma sociedade que fica dizendo que é a mulher que tem que andar com roupas decentes para não ser estuprada.
Nunca fui "estuprada", mas estou bem ali no meio das 3. Sofri abuso sexual, não o ato da penetração sem ser consensual, apesar de já ter chegado perto.
O Project Unbreakable choca mesmo. Mas tem mais é que chocar. A gente tem que expor essa realidade. Ficar escondendo não está adiantando.
E para quem acha que denunciar é a solução de tudo: nos EUA apenas 4 em cada 100 (isso, 4 em CEM) denúncias acabam com a prisão do estuprador.
E antes que me venham falar que é por causa do número de denúncias infundadas, que fique claro que isso corresponde a uma minoria (tipo, 2%). A maior parte que efetivamente chega aos tribunais não consegue condenação por falta de provas, por dúvida do júri (lá estupro é julgado por júri), por prescrição... enfim, mil motivos.
Isso que lá, assim como aqui, a maior parte das pessoas não denuncia.
Muito fácil a gente pensar no estuprador como o Maníaco do Parque (lembram disso?), como o cara que ataca as mulheres no beco escuro. Isso é MINORIA.
ResponderExcluirA maioria, repito, é cometida dentro de casa, dentro do círculo de convívio da vítima. É o pai, o irmão, o primo, o tio, o padrasto, o avô, o amigo da família, o padre... Às vezes é um cara com quem a menina saiu e ele achou que ela "tinha" que dar para ele. Aí ele força.
Todos os homens são estupradores? Não. Mas muitos têm a capacidade.
Vamos combinar? Passar a mão numa menina na boate é abuso. Não importa o tamanho da roupa. E duvido que exista uma só mulher que nunca levou uma apalpada numa boate. Então, sim, "a uma" está perto pra caramba das outras 3.
Então você, como homem, avalie. Você nunca estuprou ninguém. Mas já não passou a mão naquela "gostosa" da boate? Já não avançou o sinal quando a menina disse "não" ou "aí não"? Nunca deu uma forçadinha com a namorada, pensando que era charme? Então, camarada, sinto lhe informar... você já abusou de uma mulher. Pode não ter forçado o seu pênis dentro da vagina dela, mas abusou.
E aposto que você não é um monstro. Mas a sociedade aceita isso.
E outra - a sociedade ensina as mulheres a não revidarem. A sociedade ensina as mulheres a não criar caso, não fazer escândalo.
E a sociedade ensina que a mulher é propriedade do homem. "Esta é a MINHA mulher, esta é a MINHA filha". Daí para um homem achar que a mulher (ou a filha) tem que dar para ele é um pulo.
Já peguei caso de pastor de igreja que estuprou todas as filhas. Já vi caso de outro homem que estuprou, também, todas as filhas. E eles não viam que tinham feito algo errado. O pastor disse que a mulher estava doente e não podia ter relações, logo (óbvio) ele foi para a cama das filhas. O outro disse (com essas palavras) "galinha que eu crio, eu como".
Agora me conta como uma menina de 9 anos (idade de uma das vítimas) vai pegar um ônibus, ir à delegacia e denunciar o pai. Se a mãe está doente, quem vai cuidar dela?
Gente é MUITO difícil denunciar. Muito. Precisa de coragem, maturidade, força. Precisa ter na cabeça que a culpa é de quem estupra, não de quem é estuprado.
E lembrando... 1 em cada 6 homens já sofreu violência sexual, tá? Número bem menor que mulher, mas existe.
E esse mesmo machismo podre que faz com que o homem se sinta dono da mulher, faz com que o homem, quando vítima, tenha mais dificuldade ainda de denunciar.
Ou seja: machismo é ruim pros dois lados.
"O interessante seria perguntar pra esses famosos " tracadores de gostosas em baladas" , " passadores de mão em boate" se eles gostariam que a MAE, IRMA ou FILHA deles fossem abordadas assim,
ResponderExcluirAs respostas seriam surpreendentes... Ou nao???!!!"
Eu acho que a resposta vai ser sempre não, mas não porque esses caras respeitam a mãe, irmã ou filha como pessoas, mas sim pq eles acham mexer com as coisas deles não pode. É o puro sentimento de propriedade.
E para quem fala que a denúncia é a solução, eu gostaria que parassem pra pensar. Tocar no assunto, é muito difícil, até mesmo depois de muito tempo e com pessoas em que se confia. Agora imagina fazer isso com um completo desconhecido. Além disso tem o fato de a vítima não ser levada a sério...
Essas coisas são aquele tipo de memória que você esconde em um lugar muito obscuro e deixa lá... esperando que um dia suma. Por isso que eu admiro muito as pessoas que quebram o silêncio...
São números assustadores, 3/4 de mulheres já sofreram abusos, levando em consideração isto, qual a porcentagem de pais já devem ter abusado de suas filhas ? não possiveis abusadores, mas abusadores consumados mesmo ? de cada 10 quantos ? 6/7 ? e qual seria a solução pratica e imediata ( quem sofre abuso não pode esperar) para este absurdo ? leis mais pesadas, acompanhamento permanente familiar por psicólogos ? impedir a convivencia de pais com suas filhas ? controle químico da libido masculina ?
ResponderExcluirvarias aqui apresentaram muito bem as causas e efeitos, mas eu gostaria que sugerissem uma solução !!!
Anonim@ 1.28hs achei razoável o q vc escreveu, e tenho certeza que a maior parte das feministas quer buscar um “termo de boa convivência” com os homens.
ResponderExcluirSocialmente as regras impostas a nós mulheres são indiscutivelmente injustas.
No terreno da sexualidade é que fica muito mais difícil definir o que é certo e o que é errado, mas o fato concreto é que da maneira como tem sido desde tempos imemoriais, o exercício da sexualidade masculina tem ferido, humilhado, descriminado, e assassinado mulheres.
Acredito que a sociedade terá que encontrar meios de mudar essa realidade.
Eu como mulher sinto-me atraída sexualmente por um homem como o que vc descreveu, másculo e ativo, mas muitas vezes sinto repulsa ao ver esse mesmo homem reproduzindo atitudes machistas em seu meio social.
Patti disse...
ResponderExcluir"O interessante seria perguntar pra esses famosos " tracadores de gostosas em baladas" , " passadores de mão em boate" se eles gostariam que a MAE, IRMA ou FILHA deles fossem abordadas assim,
As respostas seriam surpreendentes... Ou nao???!!!"
Eu acho que a resposta vai ser sempre não, mas não porque esses caras respeitam a mãe, irmã ou filha como pessoas, mas sim pq eles acham mexer com as coisas deles não pode. É o puro sentimento de propriedade.
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não poderia sr por amor ?? você acredita que um pai possa amar sua filha de forma simplesmente paterna?, um irmão possa amar sua irmã, ter cuidado zelo para com ela ?
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a questão não e exatamente esta também, mas sim estimular que os homens respeitem as filhas e irmãs dos outros, como gostaria que tivessem as suas respeitadas, estimular a empatia, esta seria a melhor solução !!!
moderar os comentários é tudibom! way to go Lola*
ResponderExcluirPois e,Patti.... Se denunciar, falar sobre fosse fácil...
ResponderExcluirEu era ainda novinha, 18- 19 anos e já dois tinham forcado a barra comigo.
Comentei com a minha melhor amiga( da época), pois nos duas mudamos muito e a amizade esfriou,
Mas enfim, ela respondeu: " já sai com um monte de caras, e NUNCA nenhum forcou a barra comigo, com vc já aconteceu duas vezes?"
" vixe, tenta ver o que vc ta fazendo " de errado" porque isso nao e normal de acontecer"
.......
Conclusão, fiquei anos me sentindo usada, suja, um objeto.
E nao culpo e minha amiga da época por ter me falado isso,afinal nos mulheres ( e ela também) somos criadas para pensar assim,
Minha mae sempre foi bacana, cabeça boa,mas com ela eu tinha vergonha e medo de falar com ela e ela pensar mal de mim...depois de anos percebi o quanto ela e maravilhosa pra se falar de coisas de mulher, ela e muito observadora, e entende de relações muito mais do que outras pessoas pensam por ai,
Quem me dera ter tido coragem de conversar com minha mae naquela época, e assim ela ter tirado esse fantasma da minha cabeça....
Hoje já passou, graças a deus,
Enfim, e f** meninas, e ao Lord Anderson( desculpa se errei o nome) mas que foi um comentarista homem que entendeu nosso lado pelo que li.
Beijos !!! E vençam os fantasmas;))
"...A gente sabe que uma hora ou outra vai acontecer ALGUMA COISA com nossa filha, com nossa sobrinha, com nossa aluna. E a gente torce pra que seja "SÓ" uma cantada pornográfica no meio da rua..."
ResponderExcluirPerfeito,traduziu toda a angústia que sinto,sou tia de duas meninase morro de medo delas serem vítimas de algum tipo de abuso,de que alguém as machuque sob o argumento de elas procuraram,isso é triste.
Cética
“O problema é que toda mulher na sua vida inteira tem um único momento onde pensa “Oh, este é meu estupro!” (Ever Mainard)
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=29ArdxWYBGQ
Vejo muitas dicas de como fazer para evitar os abusos e de como proceder diante de um (sofrido ou presenciado), isso é importante, lógico, mas e os rapazes, o que fazem para não serem confundidos com um potencial estuprador? (e olha só, dizer que não é um e apontar a nossa injustiça, não funciona muito)que orientação eles recebem para não abusar? Eu não vejo muito isso, infelizmente. Enquanto a cultura for essa, eu não vejo como uma mulher pode se sentir segura.
As mulheres que nunca sofreram abuso ou foram muito sortudas ou extremamente protegidas (mas protegidas de quem?)e proteção tem muito a ver com cerceamento de liberdade. Eu queria ser livre de verdade, só isso.
PS: Maria Valeria eu não tenho filhos, mas tenho receio de pensar que as minhas netas passarão pelo mesmo terror psicológico que minha minha vó passou (e ela vivia no mais absoluto recato)
Anônimo de 10:05
ResponderExcluira solução é acabar com o machismo. É o machismo que dá ao homem o "direito" de ver a mulher (e qq outro q ele considere como frágil - meninos, gays, por exemplo) como objeto do seu desejo. E, se é objeto, não tem ação. Só o sujeito (homem) tem direito à ação. Então qd uma mulher diz não, não é para levar a sério, mulher não é sujeito. Ela tá ali para o prazer do homem. Se não quer, porque existe?
Não queremos criminalizar mais. Queremos que os homens vejam que eles são os que perpetuam esses comportamentos e que mudem.
E, que parem de culpar as vítimas!!!
É isso que queremos e isso é muito difícil como temos visto.
http://aaroncollins.org/
ResponderExcluirum cara muito muito legal se foi e deixou um maravilhoso ato de solidariedade. a pagina mostra o víeo que está no YouTube em memória ao rapaz maravilhoso, Aaron Collins, que morreu aos 30 anos, semana passada, e a família está cumprindo um dos desejos finais dele.
Anonimo das 10:50
ResponderExcluirPensando em um cara que acha q tem o direito de passar a mão em uma mulher na balada e se impor fisicamente, acho difícil ser amor puro e simples.
Me diga uma coisa, considerando que sera amor puro e simples, por que o sujeito não consegue extrapolar o 'respeito' derivado desse amor para as outras mulheres?
Isso pode parecer confuso, mas pra mim, não tem como separar e pensar: ah essa mulher é minha filha, logo eu respeito, mas a filha do vizinho não, essa é boa pra pegar.
Eu estou dizendo isso pensando só que as duas são mulheres, e não considerando qualquer outro fator.
Então Maria Valéria, eu acho q, no final das contas, sua amiga é só mais um fruto de uma sociedade que ensina as mulheres a verem determinadas atitudes como normais. Aposto que ela tinha passado por alguma coisa desse tipo, mas por causa dessa mentalidade, não tinha nem percebido.
Quando a coisa é mais velada, demora pra gente perceber q aquilo também é abuso. Isso leva tempo e é doloroso pq requer revisitar essas memórias ruins.
Ver relatos de pessoas que passaram por situações semelhantes ou ainda piores incita essa reflexão. Por isso q acho q choca tanto... pq de uma forma ou de outra, vc sempre se identifica com aquilo/com o sentimento ruim e 'revive' um pouco.
Por enquanto os fantasmas ainda assombram um pouco, mas um dia eles vão embora =)
Eu sou uma das três.
ResponderExcluirPra o anônimo que perguntou qual seria a solução pra esse dilema que nos mulheres vivemos,tendo em vista o limite tênue (?)entre uma paquera agradável e um abuso,...
ResponderExcluirNao, nao sou radical a ponto de acreditar em castracao química masculina em massa( e olha que sou medica),entre outras coisas porque gosto de amor, de sexo, de carinho, e acredito que todas nos gostemos - !!! Tirar o sexo da equação,(?)), imagina, acho essa parte da relacao importantíssima ( apesar de nao ser tudo)
E homens gostam também.homens legais, que sabem fazer isso com respeito, com carinho, e nao como imposição.E eles existem;))
Dai e questão e: o que fazer com os que " nao sao legais?"
Nao sei!!!
Eu, 38 anos mês que vem, se encontrar um desses pelo caminho simplesmente ignoro e nao olho mais na cara, se for algo mais grave, dai e BO, policia, meios legais, etc.mas felizmente nunca precisei fazer isso.
A questão e muito mais complexa domar se imagina.Teria que trabalhar com educação.Com conceitos que recebemos da família, em casa, desde criança.Desde cedo o pai ensinando o filho que nao e bacana apalpar uma mulher numa boate,beijar a forca, insistir quando a mulher diz' nao'.Quantos pais ensinam isso aos filhos homens? Porque eu duvido que uma mae discuta sobre sexo com o filho, quem o faz normalmente e o pai.Tem ver com a empatia citada por alguém ai em cima, de pensar" eu gostaria que minha mae, irmã, filha, fosse abordada assim?"- eu nao sei se os que responderem SiM serão sempre respeitosos,afinal eles podem ter conquistado as esposas deles assim, agindo dessa maneira desde o começo sem sequer se tocarem...Mad se vc parar e responder" NAO", que bom vc já deu um grande passo pra saber o limite entre uma paquera gostosa e um abuso,Alias, esse limite vem em linguagem nao verbal na maioria das vezes.Presta atenção na expressão do rosto dela, e especialmente se vc pôs a mão em algum lugar,e ela discretamente" tirou" e porque ela já sinalizou que nao quer, pelo menos nao naquele momento!!! Nao precisa de conversa nem de muita inteligência pra sacar isso.Alias, nem sei por que estou perdendo tempo falando isso, pois sao coisas que na minha opinião, todos os homens já deveriam saber e perceber.
Nao sei se acredito que campanha de educação em massa pros homens que já passaram dos trinta, dos quarenta, dos quinze e vinte anos talvez(?)) porque quando somos mais velhos os conceitos já estão maus cristalizados na mente e e muito mais difícil se libertar deles.
A questão pra mim, e começar a educação em casa.De pais pra filho, ensinando conceitos de empatia,do limite entre o legal e o agressivo....talvez ate aulas de educação sexual na escola?!!!!!
Nao sei....!!!
Meu pai nao tem filho homem,mas tenho certeza que se tivesse, nao incentivaria o filho a sair por ai apalpando mulher em balada.
Isso começa de casa, da educação que vc recebeu.como reverter esses conceitos que já estão enraizados, nao sei....
Eu sou a uma cujos amigos já tentaram embebedar para conseguir algo. Eu sou a uma cujo namorado disse que nunca me trocaria mas ele ficou com outra poucas semanas após terminarmos...
ResponderExcluir"estimular que os homens respeitem as filhas e irmãs dos outros, como gostaria que tivessem as suas respeitadas,"
ResponderExcluirOu seja, um homem deve respeitar mulheres não porque são seres humanos que merecem respeito como qualquer outro, mas sim porque são propriedades de outros homens. Não deve passar a mão, apalpar, dizer grosserias, estuprar uma mulher porque isso é reduzir um ser humano a menos que lixo, mas porque ele tem consideração pelos outros homens, tipo o pai, o irmão, marido daquela mulher.
Tá.
Eu sou umas das três, mas me sinto como se estivesse fora desse alcance. Porque eu fui estuprada, mas no dia seguinte eu estava, apesar do medo e do sentimento de que eu não valia NADA, na delegacia, prestando queixa. Depois fui encaminhada pro Pérola Byington, onde fui acolhida com toda a delicadeza. Quando, dias depois, fui chamada para reconhecer o agressor - que foi localizado graças ao meu BO - fui atendida por policiais extremamente delicados, que não me expuseram a nenhum tipo de constrangimento. E hoje, mais de seis meses depois do ocorrido, estou quase recebendo alta do hospital - ainda estou recebendo acompanhamento médico; o psicológico, apesar de ser disponibilizado, eu acabei dispensando por diversos motivos que não cabem aqui - e fui convocada para uma audiência de abertura de inquérito, se não me engano, marcada para o próximo mês.
ResponderExcluirEu sou uma das três. Não há um dia sequer em que eu não me lembre do que aconteceu comigo. Mas eu não me calei, e por causa disso estou ajudando a outras possíveis vítimas do mesmo "ser humano" que me estuprou. E isso não há indenização no mundo que supere.
Márcia:
ResponderExcluirLola, veja esta notícia, por favor, ela precisa ser divulgada: http://br.noticias.yahoo.com/v%C3%ADdeo-jovem-molestada-gera-ira-telespectadores-%C3%ADndia-141342809.html
Esse último comentário da Drica Leal me lembrou o caso do Rafinha Bastos com a piada do "comeria ela e o bebê". Depois da confusão o Rafinha diz que mandou uma carta (!) de pedido de desculpas para o marido da Wanessa. A primeira vez que soube disso nem me toquei, mas depois eu me perguntei por que ele mandou a carta pra ele, o marido, e não pra Wanessa que ele tinha ofendido? Em momento nenhum ele pediu desculpa pra wanessa. Nem em carta, e-mail, bilhete, NADA. Ele só sentiu necessidade de se retratar com o marido dela.
ResponderExcluirOi Lola!
ResponderExcluirEu nem sei se você ainda presta atenção nos comentários desse post, mas estou fazendo uma aposta.
Um tempo atrás vi esse post num blog (http://blogdohammer.blogspot.com.br/2011/07/o-dia-em-que-conheci-clarissa.html) e acabei me lembrando dele agora que li o "Uma das Quatro", principalmente por causa da parte sobre ter amigos dos pais como babás.
Esse post fala do projeto independente de um autor de histórias em quadrinhos famoso, que resolveu escrever sobre violência infantil. Acaba sendo uma história bem forte e pesada pra quem consegue realmente entender o seu teor, e simplesmente achei que seria interessante acrescentar essa pontinha de conhecimento no seu repertório, caso você ainda não o tenha.
Myuu, obrigada, mas já publiquei esses quadrinhos lindos mas absolutamente deprimentes aqui no blog. Traduzidos e tudo. E por favor, nem mencione esse Hammer por aqui. Ele foi um trollzinho machista que comentou no blog um tempo atrás, depois foi embora, ofendido, porque ninguém lhe dava atenção, e aí passou a escrever um monte de bobagens contra mim (e contra feministas em geral) no blog dele e no Twitter. É um completo idiota. Abração!
ResponderExcluirSabe aquele cliche na 1a fase quando os professores pergunto para voce qual razao voce escolheu o curso? Sem surpresas que tambem passei isso, no curso de Direito, na 1a aula de direito Civil com uma professora. Ela ficou surpresa com a minha resposta, e eu surpresa em dizer a verdade, pois na epoca ainda era muito timida. Mas enquanto meus colegas diziam que tinha escolhido por tradiçoes familiares, por sonhos, pelo mundo melhor, por algum projeto social, um plano de vida, eu disse "por medo".
ResponderExcluirE expliquei para esta professora que parecia nao entener como uma mulher tinha medo, que tudo que eu ja tinha testemunhado e passado, as mulheres viviam com medo, pois ate mesmo quando elas eram as vitimas, quando elas nao tinha feito nada de errado, quando elas procuravam justiça, elas encontravam um antro de machismo e de policiais, advogados, juizes e promotores que a fariam ter vergonha e que manipulariam a situaçao, e esta mulher voltaria para sua casa sem Justiça. Mas com mais medo, porque o que seus algozes avisaram era verdade: ninguem se importa, e ela passaria como mentirosa, como encrenqueira, nao tinha pensando no nome da familia, nas consequencias desta besteira em falar disso.
Por isso eu escolhi o Direito, pois estava cansada de ver como o conhecimento é poder e ver quantos homens com ele e abusando de suas companheiras, suas esposas, suas filhas, primas, maes, tias, avós e amigas.
O medo. A mulher sempre tem medo, ele vem antes da culpa, mas entrelaça os dedos com ela, e condiciona a mulher.
É muito complicado explicar para um homem a cultura do estupro, a cultura do medo, a cultura da inferioridade que somos inseridas no momento que se diz: " é uma menina!" ...E alguem fala, "na proxima vem um menino, paciencia!"...Sim, em pleno seculo XIX, sociedades ditas laicas e ocidentais e super iluminadas.
Onde por lei na existe mais dotes, estatuto da mulher casada, compensaçao a maridos e pais, vitimas de estupros sendo obrigadas a casar com seus estupradores, pois por lei isso é uma reparaçao.
Foi o medo.
Eu nao tenho o mesmo medo, mas fico decepcionada por ainda ter receio de andar sozinha a noite, por ainda me pegar analizando minhas roupas, por ainda ver tanta dor e historias de abusos se repetindo ao meu lado.
E quando voce entra numa discussao com seus amigos, eles dizem que isso nao existe mais. Que isso é exagero das mulheres.
Mas quantas mulheres realmente fazem ouvir sua historia? POis sabe-se muito bem que esta estatistica pode ser ainda pior, e pode ser 1 a cada 2 mulheres...Pois a maioria ainda tem medo de ter voz.
E o que isso diz da nossa sociedade?
Tenho 30 anos. Aos 4 fui abusada por uma menino mais velho, sem penetração, mas é a abuso. Aos 17 fui perseguida por um grupo de homens, consegui escapar. Aos 23, tinha um cara do qual gostava muito. Ele ficou comigo em uma festa, queria que eu fosse para a casa dele. Eu disse que não. Daqui a pouco ele me joga no chão e me segura pelas pernas. Mesmo batendo com a cabeça fortemente, consegui chuta-lo e correr.
ResponderExcluirQuando conto minhas histórias para alguma amiga, elas dividem comigo suas histórias de terror. Amigas de várias partes do mundo.
Para os homens que não creem nesta realidade eu lhes digo: é real. Ela está lá na cara de todos nós escondida por um pano de vergonha, medo, raiva e impotência. Por isso devemos falar sore isso, discutir e expor estas histórias para que homens e mulheres possam enxergar através deste pano que cobre o horror e a hipocrisia da sociedade.